Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Olá moças como vão?

Pois é... eu não iria postar hj, mas resolvi assim mesmo atualizar a fic, espero que vcs gostem deste capitulo.

Obrigada pelos comentários deixados e tbm gostaria de receber novos leitores, att



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[RECAPITULANDO]

Jane subiu a escada para abrir a porta do quar­to enquanto o motorista carregava a mulher embriagada com evidente esforço. Ele deixou a sra. Patrick sobre a cama e respirou fundo, como se precisasse repor as forças que perdera no caminho até ali.

— Creio que vou descansar um pouco antes de trazer a bagagem, senhora.

— Sim, é claro. Vou conversar com Penélope e a sra. Pratt para que elas providenciem um jantar especial esta noite. Ou melhor, seu jantar será especial durante o resto da semana.

Ele sorriu e saiu.

Jane olhou para a mãe de Anne com expressão horrorizada.

E agora?

***

A sra. Patrick não movera um único músculo desde que deixara o quarto. Jane deixou a ban­deja sobre a mesa, jogou mais lenha na lareira e correu aos seus aposentos para vestir-se.

As criadas novas haviam levado água quente e toalhas a todos os quartos ocupados, e por isso ela se banhou, esperando sentir-se melhor. Estivera com Helena apenas para amamentá-la durante todo o dia, e dedicou alguns minutos a pequena.

— Mary já esteve com o bebê hoje? — perguntou a sra. Gardiner.

— A sra. Bingley sempre vem vê-la de manhã e à tarde. Helena será a criança mais mimada de todo o estado de Hertfordshire.

— Ótimo.

Estava farta de usar negro, mas vestiu um dos trajes elegantes e olhou-se no espelho, desejando ter alguma coisa com que pudesse quebrar o tédio do luto. Colocou o bracelete de esmeraldas e pren­deu um lenço branco no decote à maneira de leque.

Depois foi ao quarto de Mary.

— Estava com saudade — disse com sinceridade.

Mary estava calçando os sapatos.

— Como foi o encontro com sua mãe?

— Lamentável. Ela está doente.

— Oh, meu céus! E eu as deixei sozinhas. Devia ter ido procurá-las e oferecido minha ajuda.

— Não se preocupe. Ela estará melhor amanhã.

— O que aconteceu?

— Deve ter sido a viagem de trem. De minha parte, ouvir o apito da máquina tem sido sufi­ciente para fazer-me adoecer.

— O medo vai passar com o tempo. Avise-me se precisar de ajuda, querida. Não quero que tra­balhe demais. Já conversamos sobre isso. Gostou do vestido? Estou cansada de usar cores apagadas. Passei anos de luto depois da morte de Templeton, e agora novamente.

— O vestido é lindo.

— Você fica muito bem de negro, mas estou ansiosa para vê-la usando outras cores. Não é sur­preendente o que fazemos pelo bem das aparên­cias? Creio que ainda tenho alguma rebeldia em mim. Quer ver? — E levantou a ponta da saia para revelar um saiote vermelho. — Está chocada?

Jane riu.

— De jeito nenhum. Só me perguntava por que não encomendamos um desses para mim também. Podemos descer e cumprimentar os convidados?

Quando chegaram ao salão, os drinques e canapés estavam sendo servidos.

Os Lucas estavam sentados no divã, e Quinn levantou-se ao vê-las.

— Boa noite, senhoras.

Mary e Charlotte já haviam sido apresentadas antes e trocaram sorrisos de simpatia.

— Ainda não tivemos uma chance de dizer o quan­to sentimos por seu filho — Quinn comentou, virando-se para Jane em seguida. — E seu marido.

— Sim, nenhum de nós jamais será o mesmo — Mary respondeu. — É uma parte de mim que se foi. Também sofri muito quando perdi meu ma­rido, mas o tempo amenizou a dor. Tenho certeza que desta vez não será diferente.

— Espero poder conhecer sua filha em breve, Anne — Charlotte disse. — Estou ansiosa.

— Pedirei a enfermeira para trazê-lo depois do jantar — Mary decidiu. — É uma linda criança. Depois de vê-la, ficará ainda mais ansiosa pela chegada do seu bebê.

— Oh, eu sei que sim. Mal posso esperar.

Quinn sorriu para a esposa e segurou a mão dela. Jane experimentou uma pontada de inveja, mas o sentimento transformou-se em tristeza quando lembrou a última vez que experimentara a mesma coisa. Havia sido no trem, diante do amor e da felicidade de Fitzwilliam e Anne. Pensara na sorte de Anne e em como ela seria feliz com o marido e o bebê que esperava.

Mas o destino reservava outro desfecho para aquele conto-de-fadas.

Mary convidou-a a sentar-se a seu lado em outro divã. Jane pensou no saiote vermelho e sentiu-se menos deprimida.

Gruver apareceu na porta para anunciar a chegada dos McCaul. Jane ameaçou levantar-se, mas a sra. Bingley a impediu de concluir o movimento.

— Fique. Eu mesma irei providenciar para que sejam acomodados.

— Ela gosta muito de você — Charlotte confi­denciou assim que a dona da casa afastou-se. — Creio que sua presença é tudo que ela precisava.

— O sentimento é mútuo — Jane respondeu.

— Espero que você e minha esposa disponham de algum tempo para conversarem com tranqüili­dade. Charlotte é leal demais para se queixar, mas não tem amigas de sua idade, e estou certo de que ela gostaria de fazer centenas de perguntas.

— Encontraremos tempo para uma longa con­versa. — Não que tivesse algo de positivo para dizer à pobre mulher. Estivera sozinha e ame­drontada durante toda a gravidez, e inconsciente no momento em que Helana viera ao mundo. Tal­vez as outras integrantes do grupo pudessem ofe­recer conselhos mais adequados e úteis.

Charles e Fitzwilliam entraram na sala e todos pas­saram a falar sobre a tempestade que se aproxi­mava e a ausência de chuva nos últimos meses. O McCaul juntaram-se ao grupo na sala de jantar, e Charles fez as apresentações.

Os empregados mostravam-se empenhados, e nem mesmo Charles foi capaz de esconder a ad­miração diante do serviço perfeito.

— Cavalheiros, que tal nos retirarmos para al­guns cigarros? — Ele propôs depois da refeição. — Iremos nos reunir às damas no salão dentro de alguns minutos.

As mulheres deixaram a mesa no instante em que os homens seguiam para o escritório de Charles.

Um som no alto da escada alertou-os, e um a um todos foram se virando. Alguém cantava uma versão de "Buffalo Gals" com toda a força dos pulmões.

Jane ergueu a cabeça tomada pelo horror.

Oh, não! Por favor, não! Não naquele momento. Não desse jeito!

— ...vamos sair esta noite e beber, beber, beber!

O silêncio entre os convidados soava tão alto quan­to a voz feminina. Ela apareceu no alto da escada, descendo com passos incertos e usando um vestido de cetim verde. Um chapéu da mesma tonalidade cobria os cabelos vermelhos e encaracolados. Levan­tando a saia, a mulher ensaiou alguns passos de cancã, revelando pernas finas e cobertas por varizes e sapatos que não formavam um par.

O pânico era como uma onda inundando o peito de Jane. Não só a mulher havia acordado, como ainda estava embriagada... ou embriagara-se nova­mente!

O que faria quando ela percebesse que Anne não estava ali?

Pensara em trancá-la no quarto, mas a ideia parecera cruel e perigosa. Mas agora...

A sra. Patrick desceu mais um degrau, parou de cantar e apertou os olhos, tentando focalizar a platéia que a observava atônita.

— Onde está Anne? — gritou com voz aguda. Havia chegado o temido momento.

Jane sentiu que todos os olhos se voltavam em sua direção. Os convidados estavam chocados. Fitzwilliam parecia divertir-se. Mary não escondia a piedade, e Charles... parecia pronto para assassiná-la.

O rosto vermelho lembrava um incêndio devas­tador, e os olhos cravados em seu rosto exigiam respostas.

Jane sentiu uma forte vertigem.

Olhou para a mãe de Anne mais uma vez e lamentou não tê-la trancado no quarto.

O que a sra. Patrick diria a Charles... e diante de toda aquela gente?

Seus dias em Mahoning Valley estavam contados.


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