Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas como vão? Que bom que vcs deixaram comentários, e obrigada por eles.

Bem não sei se vou postar mais esta semana, mas em todo caso semana que vem estarei aqui att.

PS: Peço mais uma vez aos fantasmas deixarem recado, pois não custa nada né?



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[RECAPITULANDO]

Mais um pensamento invadiu sua mente. Fora tolo ao beijá-la, mas fora esperto o suficiente para resistir às próprias reações e lembrar quem ela era e o que tinha a perder. Mas um beijo como aquele podia transformar qualquer homem em seu aliado...

Teria ela beijado Darcy também?

***

A casa dos Coughlin era tão elegante quanto a dos Bingley; no entanto, era possível perceber um toque feminino nos pequenos detalhes de cor e graça. O almoço foi serviço na ensolarada ala de música onde rendas portuguesas em vasos exu­berantes e begônias coloridas emprestavam um toque exótico ao ambiente.

Georgiana apresentou Jane às outras mulheres assim que foram chegando. Todas expressaram simpatia e demonstraram amizade. Aparentemen­te, o nome Bingley e a associação com os Coughlin eram passaportes seguros para a aceitação social.

Ela bebeu chá, conversou e teve sua primeira oportunidade de falar com outras jovens mães so­bre bebês, amamentação e educação de filhos. Por algumas horas, esqueceu sua situação e sentiu-se como qualquer outra mulher em uma tarde de atividade social.

A oradora convidada pertencia à Sociedade de Auxílio às Mulheres. Ela falou sobre muitas das necessidades da comunidade, e como cada dona­tivo em tempo ou dinheiro seria usado. Descreveu um trabalhador da indústria do ferro que fora afastado do trabalho recentemente, e cuja esposa adoecera. Mais que fundos, a ajuda com a cozinha e as crianças era necessária naquela situação.

Seria esse o mesmo trabalhador sobre o qual ouvira Charles e Gruver conversando? O mesmo para o qual Charles enviara suprimentos?

A Fun­dição Bingley não era a única indústria do ramo instalada no vale.

Depois do discurso, Jane abordou a oradora.

— Um dos funcionários de Charles foi ferido em serviço — disse. — O nome dele é Crane.

— O mesmo de quem falei. Minha criada contou-me que a esposa desse homem está muito doente.

Jane não dispunha de dinheiro para doar, mas tinha muito tempo. Especialmente à tarde, quan­do sua filha dormia por horas seguidas. Lembrou-se do desejo de retribuir a generosidade de Fitzwilliam valendo-se de seu próprio conselho: Certifi­que-se apenas de fazer o mesmo por alguém quan­do surgir a oportunidade.

— Pode me dar o endereço? — pediu. — Gos­taria de ir à casa dos Crane.

— Mandarei um mensageiro ir levá-lo ainda esta noite. — A sra. Graham prometeu.

Jane agradeceu. Tinha certeza de que Charles já teria enviado alguém se soubesse sobre a doen­ça da sra. Crane. A preocupação com os empre­gados era uma de suas maiores qualidades.

Naquela noite, durante o jantar, Charles rela­tou um evento recente.

— Três de meus associados e suas esposas fi­carão hospedados aqui em nossa casa por cerca de uma semana. Espero que tome todas as pro­vidências para recebê-los. E não esqueça de pla­nejar uma noite de entretenimento. Quinn Lucas é um importante corretor de ações. Monty Gallamore e Sherwood McCaul são dois de nossos maiores clientes.

Jane assentiu e olhou para Mary. A mulher sorriu com ar encorajador.

— Vai gostar deles, querida. E eu estarei aqui para ajudá-la.

— Cuidarei de todos os preparativos.

Assim que Charles deixou a mesa, Jane vol­tou-se para Mary.

— Vamos precisar contratar criados extras para essa semana?

A sra. Bingley confirmou seus pensamentos.

— Eu cuidarei disso, e discutirei os cardápios com a sra. Pratt hoje mesmo, mas tenho um com­promisso amanhã à tarde.

— Oh?

Ela explicou sobre a mulher de Crane.

— Anne, querida, por favor, não descuide de sua saúde e segurança. Charles pode mandar al­guém até lá.

— Não se preocupe. Estive tentando encontrar um jeito de me tornar útil e...

— Mas você tem sido muito útil para mim.

— Receio que Charles que não tenha a mesma opinião. Isso é algo que preciso fazer.

— Nesse caso... faça o que julgar correto e adequado.

Num impulso, Jane inclinou-se para a frente e beijou-a no rosto.

— Deixe a noite de entretenimento comigo. Pen­sarei em algo adorável.

— Tenho certeza que sim.

O sorriso que trocaram foi afetuoso.

***

Gruver apresentou-se às doze e quinze, confor­me solicitara. O condutor conhecia a área onde os Crane moravam, e deixou-a diante da casa e ajudou-a a descer da carruagem.

— O sr. Bingley não vai precisar de mim até tarde. Posso esperar pela senhora.

Ela olhou para a fileira de cabanas rústicas e experimentou um arrepio. Os quintais eram re­lativamente limpos, e as estruturas encontravam-se em bom estado de conservação, mas vivera sem­pre cercada pelo luxo e nunca vira residências tão miseráveis.

— Não quero que passe a tarde toda esperando — disse. — Deixe-me apenas ter certeza de que este é o lugar certo.

— Não precisa ter medo, sra. Bingley. Eu não a deixaria em nenhum lugar que não fosse abso­lutamente seguro.

Jane atravessou a trilha de terra batida até a cabana. Floreiras sob cada uma das duas janelas continham uma variedade encantadora de botões vermelhos e amarelos. Ela bateu na porta.

Uma criança pequena apareceu para atendê-la.

— O que é?

— Olá. Esta é a casa de Joseph Collins?

— Meu pai ainda não pode atender.

— Eu sei. Por isso estou aqui. Posso falar com sua mãe, por favor?

— Mamãe está doente na cama. Se tem roupas para lavar, pode levá-las à casa dos Paulson. É logo ali. Há um toco de árvore no terreno.

— Não, eu não vim trazer roupas sujas. Quero ajudar sua mãe. — Virou-se para Gruver, que a observava curioso, e disse: — Volte às quatro para apanhar-me.

Ele se despediu com um aceno obediente e partiu.

Jane passou pelo garoto que guardava a en­trada da casa. Ele levou a mão à boca, assustado, e correu para perto do homem reclinado num velho sofá. A camisa aberta revelava as bandagens que imobilizavam suas costelas, e o braço direito, tam­bém imobilizado, estava apoiado em uma tipóia.

O homem encarou-a com a mesma expressão chocada do menino.

— Sr. Crane? Sou J... Quero dizer, sou Anne Bingley. Vim ajudar no que for possível.

— Bingley?

— Exatamente. Cunhada de Charles.

— Oh! Sinto muito por seu marido, sra. Bingley.

— Obrigada. Onde está sua esposa?

— No quarto, bem ali. Nossa filha mais velha serviu o chá antes de sair, mas Lydia não quis que ela continuasse perdendo aulas e mandou-a para a escola.

Jane despiu a capa de veludo e deixou-a pen­durada em um dos cabides ao lado da porta. De­pois dirigiu-se ao quarto.

Ao vê-la, Lydia Crane arregalou os olhos, e mos­trou-se ainda mais assustada depois de ouvi-la anunciar seu nome.

Um bebê de cerca de um ano levantou-se no berço de ferro encostado em uma parede, e um forte odor de urina invadiu as narinas de Jane.

Uma criança maior, uma menina de cerca de três anos, brincava no chão.

— O dr. Barnes já esteve aqui? — Jane perguntou.

— Sim. Ele me deu um remédio para o estô­mago. Estou rezando para que David não pegue a doença. — E olhou para o bebê no berço.

— Consegue comer?

— Talvez. Esta manhã não devolvi o chá.

— Vou preparar o almoço e um bule de chá fresco. Depois limparei David e levarei as crianças para respirarem ar puro. Qual é seu nome, meu bem?

A menina levantou-se, enfiou o polegar na boca é respondeu:

— Elissa.

Jane examinou os armários da cozinha e en­controu suprimentos. Charles havia providencia­do comida suficiente para várias semanas. No en­tanto, tinha a impressão de que muito pouco fora usado, já que Joseph e Lydia estavam impossibili­tados de cozinhar.

Jane não tinha muita prática, mas conseguiu preparar uma refeição quente para a família. De­pois banhou o bebê, trocou os lençóis do berço e mandou Alex, o menino que a recebera, levar as roupas sujas à casa dos Paulson.

— Lava roupa para fora? — perguntou a Lydia enquanto trocava os lençóis de todas as camas.

— Não consigo trabalhar há vários dias — ela respondeu da cadeira onde esperava. — O sr. Bingley mandou comida, mas ainda temos contas para pagar. Nosso aluguel vence dia primeiro.

Não conseguia imaginar quanto aquelas pessoas pagavam para morar em uma cabana velha e des­pojada, mas era evidente que a quantia era grande para os Crane, e aquele lugar era o único lar que conheciam, por pior que fosse.

— Cuide apenas de sua recuperação e não se preo­cupe com o resto — disse, ajudando-a a voltar para a cama e ajeitando as cobertas sobre seu corpo. Ti­nha quase certeza de que a Sociedade de Auxílio às Mulheres pretendia fazer alguma coisa sobre o assunto. Pelo menos imaginava que esse era o des­tino dos fundos solicitados por Phoebe Graham. Lydia fechou os olhos assim que se deitou.

— Obrigada, sra. Bingley — Joseph disse ao vê-la vestir a capa para partir. — Especialmente pela ajuda que deu a Lydia.

Ela acenou para as crianças e dirigiu-se à car­ruagem, onde Gruver a esperava.


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