Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas como vão? Obrigada pelos comentários deixados para a minha pessoa.

Bem tenho que dizer que as minhas provas estão chegando e eu tenho que começar a estudar, então não estranhem se eu postar só uma vez na semana tudo bem?

PS: Por favor aos fantasmas deixem recados dizendo o que estão achando da fic por favor, isso não vai cair o dedo de vcs e tbm não vai me deixar desanimada em continuar postando a fic, bjs



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[RECAPITULADO]

— Desculpe, mas não estou com fome. Mande-me para casa e Gruver voltará para buscá-los.

— Anne, isso seria rude. Somos convidados dos Coughlin.

Ela se virou para o casal.

— Georgiana, tenho certeza de que compreen­derá se eu partir. Não tenho o hábito de passar tanto tempo longe de Helena.

— É claro que entendo, querida. Tenho dois filhos, e ainda me lembro de como são esses pri­meiros meses. Pode partir sem receios de estar sendo grosseira. Marcaremos outro jantar. Oh, e estarei esperando por você na quinta-feira da se­mana que vem.

Aliviada, Jane despediu-se, apoiou-se nas mu­letas e saiu apressada.

****

Ela estudou a rua, iluminada por lam­parinas de gás, e partiu num passo apressado. Charles surgiu a seu lado e acompa­nhou-a até a carruagem.

Gruver abandonou prontamente o jogo de cartas com dois outros condutores e correu ao encontro do patrão.

— A sra. Bingley quer partir — Charles anunciou.

— Lamento que tenha de voltar para buscar o sr. Bingley — Jane desculpou-se.

— Não. A viagem é muito longa para que o pobre Gruver tenha de refazê-la a esta hora da noite. Já me despedi dos Coughlin.

Ele guardou as muletas, colocou-a na carruagem e sentou-se diante dela. Em seguida, partiram.

— Sinto ter arruinado sua noite.

— Você não arruinou nada. Só aceitei o convite para distraí-la e apresentá-la à esposa de Edward.

— Oh, eu... Obrigada — disse. — Apreciei o espetáculo, e também gostei muito de conhecer Georgiana. Será bom poder conversar com uma mulher da minha idade.

— Foi o que pensei. As peças de Fitzwilliam eram melhores que a que assistimos, não?

— Viu as peças de Fitzwilliam? — perguntou in­crédula. Sempre tivera a impressão de que ele havia ignorado a profissão escolhida pelo irmão.

— Algumas delas.

— E ele sabia disso?

A tristeza tornou seu rosto ainda mais duro e ele negou com a cabeça, virando-se para a janela.

Charles tinha tantos pesares quanto ela. Es­tavam representando papéis impostos pelas con­tingências. Mas Jane admitia a encenação. Co­nhecia a platéia. Charles, por outro lado, fazia um grande esforço para enganar-se. Lembrou-se das palavras de Fitzwilliam e soube que ele amara o irmão. Portanto, compreendia a profundidade da angústia que o atormentava.

— Sei que não aprovava as escolhas de Fitzwilliam — disse. — Mas também sei que o amava muito.

— Como pode afirmar com tanta certeza?

— Tenho sido testemunha do seu sofrimento. Sei que a desconfiança e a constante atitude de­fensiva resultam do desejo de proteger sua famí­lia. Não sei o que aconteceu entre você e Fitzwilliam, mas estou certa de que só queria o bem dele.

— O que nem sempre é o bastante...

— Está falando como se carregasse alguma culpa, como se fosse responsável por alguns dos problemas.

— Não sabe nada sobre mim ou sobre o rela­cionamento que mantinha com meu irmão.

— Estou começando a pensar que sei.

Ele suspirou, e Jane soube que a conversa havia chegado ao fim. Charles não gostava de ser questionado.

Toda aquela farsa terminaria de maneira mise­rável, a menos que encontrasse um jeito de tornar sua estadia valiosa para a família Bingley. Talvez pudesse fazer alguma coisa para provar que era mais que uma oportunista. Fora feita com duas mãos: uma para receber, outra para doar.

O que poderia dar aos Bingley que eles já não tivessem?

A pergunta a fez pensar durante a longa noite que se seguiu.

***

Fitzwilliam se mostrava retraído nos últimos dias. Charles o conhecia há tempo suficiente para sa­ber que algo o incomodava. Ergueu os olhos da correspondência que examinava e estudou-o do ou­tro lado da mesa. Com a precisão de sempre, seu assistente verificava os números de um relatório.

— Algum problema com os dados? — Charles perguntou.

— Não.

— Atingimos nossa cota de produção?

— Conseguimos excedê-la em alguns milhares de libras.

— Então, qual é o problema?

Fitzwilliam passou a mão na cabeça, reclinou-se na poltrona e respirou fundo.

— Anne...

— Eu sabia. O que aconteceu? O que aquela mulher andou fazendo?

— Que eu saiba, ela não fez nada além de se casar com seu irmão e depois deparar-se com circunstâncias infelizes. Por isso não entendo sua atitude desconfiada com relação a ela.

— Que bobagens Anne enfiou em sua cabeça?

— Investigou o passado da moça?

Não tinha motivos para sentir-se culpado por proteger os interesses da família?

— E claro que sim. Teria sido tolice não investigá-la.

— E o que descobriu serviu para influenciar seus sentimentos por ela em algum sentido?

— Sem dúvida. O pai dela foi operário de uma fábrica em Londres. Morreu quando Anne ain­da era muito nova, e a mãe assumiu todas as responsabilidades. No entanto, os rendimentos dessa senhora eram questionáveis.

— E Anne?

— Foi trabalhar em uma fábrica de roupas quando tinha treze anos, mas deixou o emprego para cos­turar figurinos de produções teatrais. Manteve li­gações íntimas com pelo menos três homens antes de conhecer Fitzwilliam, todos envolvidos com o teatro.

— Não acha que Fitzwilliam era perfeitamente ca­paz de julgar o caráter das pessoas com quem se envolvia? Acredita que ele teria se casado com uma mulher que só estava interessada em dinhei­ro? E isso que pensa?

— É claro que sim. O que não entendo é por que não consegue enxergar quem é essa mulher. Ela morou em um apartamento na Slay Street antes de ir viver sozinha!

Fitzwilliam fechou o livro contábil e levantou-se.

— Pensei que o conhecesse, mas vejo que me enganei. O lugar onde uma pessoa mora não a torna melhor ou pior que as outras.

O tom frio de Darcy o surpreendeu. O que Anne havia dito para conquistar sua confiança?

— É claro que não, mas pode definir seu caráter.

— Como?

— Ela não entrou em contato com a mãe uma única vez desde que chegou aqui. Se fosse uma pessoa de caráter, como quer me fazer acreditar, não estaria tomando todas as providências para que a mãe fosse assistida? Ela deixou a cidade sem olhar para trás! E apesar de não ser um gênio da matemática como você, meu amigo, posso cal­cular que Anne não era casada com meu irmão quando Helena foi concebida.

— E acha que isso é suficiente para duvidar de que tenha amado Fitzwilliam?

— Não... se Helena for realmente filha de meu irmão.

Fitzwilliam apertou a mandíbula e ergueu os ombros.

— Tem motivos para crer que ele não é o pai de Helena?

— Tenho motivos para questionar a paternida­de. Pense bem, Fitzwilliam! Anne era pobre. Fitzwilliam era rico. Através do casamento, ela também se tornou rica. E manteve relacionamentos com ou­tros homens antes de conhecer meu irmão.

— Nada do que disse serve como evidência.

— Por isso ela está aqui — Charles respondeu irritado, desferindo o punho cerrado contra a su­perfície da mesa. — Porque não posso provar nada.

— Pensei que ela estivesse aqui por ser esposa do seu irmão.

Charles engoliu a raiva que atingia um pata­mar perigoso.

Por que o amigo defendia aquela mulher? Por que Fitzwilliam se casara com ela?

— Toda essa desconfiança contra Anne não é apenas contra ela — Fitzwilliam acusou-o. — É contra Fitzwilliam, porque nunca aprovou as escolhas de seu irmão nem o respeitou como indivíduo. Mesmo que ele houvesse se casado com a filha da mais ilustre família da capítal, você teria encontrado ra­zões para desaprovar.

— Não é verdade.

— É claro que é. E se olhar além dos muros da Fundição Bingley, verá que tenho razão.

— Não precisa me dizer que enganos cometi com Fitzwilliam. Nada me faria mais feliz do que voltar atrás e corrigi-los. Mas é impossível.

— Tem razão. Não existe um jeito de desfazer­mos os enganos que cometemos. Portanto, não co­meta um erro ainda maior com Anne.

Charles refletiu sobre as palavras e sentiu a raiva diminuir. Se alguém além de Darcy as hou­vesse pronunciado, teria expulsado a pessoa de seu escritório. Ele sabia disso. E se falara com tanta veemência, era porque confiava na força da amizade que os unia.

— Está bem, entendi seu ponto de vista — Charles respondeu. — E já que estamos tendo uma conversa franca, quero lhe dar um conselho: fique atento para não cometer um grande engano com ela também.

Darcy pensou, como se quisesse compreender a que engano o amigo se referia. Depois assentiu a caminho da mesa.

Charles voltou à correspondência, disposto a passar o resto do dia concentrado no trabalho, não em Anne. Darcy colocara algumas ideias bem importantes. Mas seus sentimentos por Darcy haviam influenciado a reação a Anne. As escolhas de Fitzwilliam nunca foram as melhores para a Fun­dição Bingley. Era difícil esquecer um passado de erros e aceitar cegamente essa última e ainda mais ultrajante escolha.

Anne encontrara um aliado. Esperava que o aviso que dera fosse suficiente para impedir que Fitzwilliam adotasse sua causa a ponto de provocar in­terferências no relacionamento profissional.

A ideia o deixou em estado de alerta. Se ela fosse diabólica o bastante para usar Fitzwilliam a seu favor, ele seria o maior prejudicado. Não podia permitir que isso acontecesse.

Mais um pensamento invadiu sua mente. Fora tolo ao beijá-la, mas fora esperto o suficiente para resistir às próprias reações e lembrar quem ela era e o que tinha a perder. Mas um beijo como aquele podia transformar qualquer homem em seu aliado...

Teria ela beijado Darcy também?


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