Não Sou Quem Você Imagina! escrita por Gilraen Ancalímon
Notas iniciais do capítulo
Olá meninas como vão? Obrigada pelos comentários deixados para a minha pessoa.
Bem tenho que dizer que as minhas provas estão chegando e eu tenho que começar a estudar, então não estranhem se eu postar só uma vez na semana tudo bem?
PS: Por favor aos fantasmas deixem recados dizendo o que estão achando da fic por favor, isso não vai cair o dedo de vcs e tbm não vai me deixar desanimada em continuar postando a fic, bjs
[RECAPITULADO]
— Desculpe, mas não estou com fome. Mande-me para casa e Gruver voltará para buscá-los.
— Anne, isso seria rude. Somos convidados dos Coughlin.
Ela se virou para o casal.
— Georgiana, tenho certeza de que compreenderá se eu partir. Não tenho o hábito de passar tanto tempo longe de Helena.
— É claro que entendo, querida. Tenho dois filhos, e ainda me lembro de como são esses primeiros meses. Pode partir sem receios de estar sendo grosseira. Marcaremos outro jantar. Oh, e estarei esperando por você na quinta-feira da semana que vem.
Aliviada, Jane despediu-se, apoiou-se nas muletas e saiu apressada.
****
Ela estudou a rua, iluminada por lamparinas de gás, e partiu num passo apressado. Charles surgiu a seu lado e acompanhou-a até a carruagem.
Gruver abandonou prontamente o jogo de cartas com dois outros condutores e correu ao encontro do patrão.
— A sra. Bingley quer partir — Charles anunciou.
— Lamento que tenha de voltar para buscar o sr. Bingley — Jane desculpou-se.
— Não. A viagem é muito longa para que o pobre Gruver tenha de refazê-la a esta hora da noite. Já me despedi dos Coughlin.
Ele guardou as muletas, colocou-a na carruagem e sentou-se diante dela. Em seguida, partiram.
— Sinto ter arruinado sua noite.
— Você não arruinou nada. Só aceitei o convite para distraí-la e apresentá-la à esposa de Edward.
— Oh, eu... Obrigada — disse. — Apreciei o espetáculo, e também gostei muito de conhecer Georgiana. Será bom poder conversar com uma mulher da minha idade.
— Foi o que pensei. As peças de Fitzwilliam eram melhores que a que assistimos, não?
— Viu as peças de Fitzwilliam? — perguntou incrédula. Sempre tivera a impressão de que ele havia ignorado a profissão escolhida pelo irmão.
— Algumas delas.
— E ele sabia disso?
A tristeza tornou seu rosto ainda mais duro e ele negou com a cabeça, virando-se para a janela.
Charles tinha tantos pesares quanto ela. Estavam representando papéis impostos pelas contingências. Mas Jane admitia a encenação. Conhecia a platéia. Charles, por outro lado, fazia um grande esforço para enganar-se. Lembrou-se das palavras de Fitzwilliam e soube que ele amara o irmão. Portanto, compreendia a profundidade da angústia que o atormentava.
— Sei que não aprovava as escolhas de Fitzwilliam — disse. — Mas também sei que o amava muito.
— Como pode afirmar com tanta certeza?
— Tenho sido testemunha do seu sofrimento. Sei que a desconfiança e a constante atitude defensiva resultam do desejo de proteger sua família. Não sei o que aconteceu entre você e Fitzwilliam, mas estou certa de que só queria o bem dele.
— O que nem sempre é o bastante...
— Está falando como se carregasse alguma culpa, como se fosse responsável por alguns dos problemas.
— Não sabe nada sobre mim ou sobre o relacionamento que mantinha com meu irmão.
— Estou começando a pensar que sei.
Ele suspirou, e Jane soube que a conversa havia chegado ao fim. Charles não gostava de ser questionado.
Toda aquela farsa terminaria de maneira miserável, a menos que encontrasse um jeito de tornar sua estadia valiosa para a família Bingley. Talvez pudesse fazer alguma coisa para provar que era mais que uma oportunista. Fora feita com duas mãos: uma para receber, outra para doar.
O que poderia dar aos Bingley que eles já não tivessem?
A pergunta a fez pensar durante a longa noite que se seguiu.
***
Fitzwilliam se mostrava retraído nos últimos dias. Charles o conhecia há tempo suficiente para saber que algo o incomodava. Ergueu os olhos da correspondência que examinava e estudou-o do outro lado da mesa. Com a precisão de sempre, seu assistente verificava os números de um relatório.
— Algum problema com os dados? — Charles perguntou.
— Não.
— Atingimos nossa cota de produção?
— Conseguimos excedê-la em alguns milhares de libras.
— Então, qual é o problema?
Fitzwilliam passou a mão na cabeça, reclinou-se na poltrona e respirou fundo.
— Anne...
— Eu sabia. O que aconteceu? O que aquela mulher andou fazendo?
— Que eu saiba, ela não fez nada além de se casar com seu irmão e depois deparar-se com circunstâncias infelizes. Por isso não entendo sua atitude desconfiada com relação a ela.
— Que bobagens Anne enfiou em sua cabeça?
— Investigou o passado da moça?
Não tinha motivos para sentir-se culpado por proteger os interesses da família?
— E claro que sim. Teria sido tolice não investigá-la.
— E o que descobriu serviu para influenciar seus sentimentos por ela em algum sentido?
— Sem dúvida. O pai dela foi operário de uma fábrica em Londres. Morreu quando Anne ainda era muito nova, e a mãe assumiu todas as responsabilidades. No entanto, os rendimentos dessa senhora eram questionáveis.
— E Anne?
— Foi trabalhar em uma fábrica de roupas quando tinha treze anos, mas deixou o emprego para costurar figurinos de produções teatrais. Manteve ligações íntimas com pelo menos três homens antes de conhecer Fitzwilliam, todos envolvidos com o teatro.
— Não acha que Fitzwilliam era perfeitamente capaz de julgar o caráter das pessoas com quem se envolvia? Acredita que ele teria se casado com uma mulher que só estava interessada em dinheiro? E isso que pensa?
— É claro que sim. O que não entendo é por que não consegue enxergar quem é essa mulher. Ela morou em um apartamento na Slay Street antes de ir viver sozinha!
Fitzwilliam fechou o livro contábil e levantou-se.
— Pensei que o conhecesse, mas vejo que me enganei. O lugar onde uma pessoa mora não a torna melhor ou pior que as outras.
O tom frio de Darcy o surpreendeu. O que Anne havia dito para conquistar sua confiança?
— É claro que não, mas pode definir seu caráter.
— Como?
— Ela não entrou em contato com a mãe uma única vez desde que chegou aqui. Se fosse uma pessoa de caráter, como quer me fazer acreditar, não estaria tomando todas as providências para que a mãe fosse assistida? Ela deixou a cidade sem olhar para trás! E apesar de não ser um gênio da matemática como você, meu amigo, posso calcular que Anne não era casada com meu irmão quando Helena foi concebida.
— E acha que isso é suficiente para duvidar de que tenha amado Fitzwilliam?
— Não... se Helena for realmente filha de meu irmão.
Fitzwilliam apertou a mandíbula e ergueu os ombros.
— Tem motivos para crer que ele não é o pai de Helena?
— Tenho motivos para questionar a paternidade. Pense bem, Fitzwilliam! Anne era pobre. Fitzwilliam era rico. Através do casamento, ela também se tornou rica. E manteve relacionamentos com outros homens antes de conhecer meu irmão.
— Nada do que disse serve como evidência.
— Por isso ela está aqui — Charles respondeu irritado, desferindo o punho cerrado contra a superfície da mesa. — Porque não posso provar nada.
— Pensei que ela estivesse aqui por ser esposa do seu irmão.
Charles engoliu a raiva que atingia um patamar perigoso.
Por que o amigo defendia aquela mulher? Por que Fitzwilliam se casara com ela?
— Toda essa desconfiança contra Anne não é apenas contra ela — Fitzwilliam acusou-o. — É contra Fitzwilliam, porque nunca aprovou as escolhas de seu irmão nem o respeitou como indivíduo. Mesmo que ele houvesse se casado com a filha da mais ilustre família da capítal, você teria encontrado razões para desaprovar.
— Não é verdade.
— É claro que é. E se olhar além dos muros da Fundição Bingley, verá que tenho razão.
— Não precisa me dizer que enganos cometi com Fitzwilliam. Nada me faria mais feliz do que voltar atrás e corrigi-los. Mas é impossível.
— Tem razão. Não existe um jeito de desfazermos os enganos que cometemos. Portanto, não cometa um erro ainda maior com Anne.
Charles refletiu sobre as palavras e sentiu a raiva diminuir. Se alguém além de Darcy as houvesse pronunciado, teria expulsado a pessoa de seu escritório. Ele sabia disso. E se falara com tanta veemência, era porque confiava na força da amizade que os unia.
— Está bem, entendi seu ponto de vista — Charles respondeu. — E já que estamos tendo uma conversa franca, quero lhe dar um conselho: fique atento para não cometer um grande engano com ela também.
Darcy pensou, como se quisesse compreender a que engano o amigo se referia. Depois assentiu a caminho da mesa.
Charles voltou à correspondência, disposto a passar o resto do dia concentrado no trabalho, não em Anne. Darcy colocara algumas ideias bem importantes. Mas seus sentimentos por Darcy haviam influenciado a reação a Anne. As escolhas de Fitzwilliam nunca foram as melhores para a Fundição Bingley. Era difícil esquecer um passado de erros e aceitar cegamente essa última e ainda mais ultrajante escolha.
Anne encontrara um aliado. Esperava que o aviso que dera fosse suficiente para impedir que Fitzwilliam adotasse sua causa a ponto de provocar interferências no relacionamento profissional.
A ideia o deixou em estado de alerta. Se ela fosse diabólica o bastante para usar Fitzwilliam a seu favor, ele seria o maior prejudicado. Não podia permitir que isso acontecesse.
Mais um pensamento invadiu sua mente. Fora tolo ao beijá-la, mas fora esperto o suficiente para resistir às próprias reações e lembrar quem ela era e o que tinha a perder. Mas um beijo como aquele podia transformar qualquer homem em seu aliado...
Teria ela beijado Darcy também?
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!