O Preço de Uma Guerra escrita por Maya


Capítulo 7
Formatura




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Eu estava pirando. Naquele dia, eu iria me formar e daria adeus para a vida de colegial... essa sensação ao mesmo tempo que era boa, era assustadora, eu ainda não tinha decidido o que faria da minha vida. Pensava seriamente em ser enfermeira e servir o exército como tal, seria legal fazer isso já que foi assim que minha mãe Shelby conheceu meu padrasto/pai Burt.

Quando minha mãe tinha 20 anos, meu pai foi convocado para se juntar à guerra, os dois já namoravam há três anos e se amavam muito.

Meu pai Hiram, era o melhor amigo do meu tio Christopher (pai de Finn) então ele e minha mãe cresceram juntos porém nunca se falaram. Meu pai e meu tio foram convocados para um combate na Inglaterra e os dois partiram, ficando lá por quase seis anos. Minha mãe tinha apenas 14 anos quando ele foi embora e ela nunca imaginou que quando se reencontrassem o brilho dos olhos de cada um deles mudaria.

Em 1920, meu pai voltou muito ferido (meu tio continuou na Inglaterra pois o conflito mesmo durou até 1923) e foi encaminhado para a ala hospitalar em que a minha mãe trabalhava... ela conta que assim que se olharam, eles se apaixonaram. Meu pai pediu para minha mãe que saísse com ele quando ele estivesse melhor, e meses depois ele sarou. O amor veio de repente, e como fruto dele, minha mãe ficou grávida. Ela descobriu apenas dois meses depois de meu pai voltar para o conflito. Conflito do qual ele nunca voltou.

O trabalho de enfermeira não parou... então ela conheceu um soldado que viera do Pacífico. Os dois começaram amigos mas a doçura de Burt a conquistou, e pouco antes de eu nascer ele pediu minha mãe em casamento, assim, ele me assumiu como filha dele e me amou como tal. Eu e o filho dele (Kurt) nos tornamos grandes amigos e hoje, somos essa família feliz.

–Filha? Tá pronta?- meu pai abriu a porta do quarto e se sentou do meu lado.

–To sim pai... eu só, estava pensando.

–Pensando em que?- perguntou curioso.

–Em que eu vou fazer... penso em ser enfermeira, mamãe era e conheceu o senhor por isso.

–É verdade. Você quer ser enfermeira então?

–Acho que sim.

–Então seja!- ele me abraçou- uma enfermeira ajuda a salvar vidas.

–E muda muitas também- completei.

–Nem acredito que minha pequena já está se formando- falou em um tom de voz triste enquanto acariciava meu cabelo.

–Sabe que te amo não sabe pai? E que não importa o que a genética diga, você é o meu pai.

–Eu sei filha... também te amo.

Nunca serei capaz de entender minha conexão com ele. Ele me entendia, me apoiava e era um verdadeiro pai... nunca serei capaz de retribuir tudo o que ele fez por mim.

–Filha... você sabe o que está acontecendo lá fora não sabe?

–Tá falando da guerra?

–Isso... você sabe que, mais cedo ou mais tarde, nosso país vai entrar nela, e que vai convocar pessoas pra isso não sabe?

–Onde o senhor quer chegar pai?- aquela conversa estava me deixando com o coração acelerado... eu sabia EXATAMENTE onde ele queria chegar.

–Em lugar nenhum querida, só quero que se prepare. Vamos?- perguntou.

–Vamos.

~~*~~

Eu amei aquela roupa de formatura. Era vermelha e parece que ela foi feita pra mim já que minha cor preferida é vermelho. Santana e Kurt estavam iguais a mim. Santana foi chamada, depois Kurt e finalmente eu.

–SENHORAS E SENHORES TENHO O PRAZER DE APRESENTAR A TURMA DE FORMANDOS DO ANO DE 1941 DO WILLIAM FORTUNE COLLEGE!

Nesse momento eu só era capaz de ouvir palmas. Abracei Santana e Kurt e logo Puck e Finn se juntaram a nós.

~~*~~

O baile de formatura estava incrível! Música alta com ritmos marcantes! Naquele momento tocava American Patrol minha favorita. Eu e Finn tomávamos conta do centro do salão, dávamos cambalhotas no ar e dançávamos com passos bem profissionais. Eu sentia meu vestido voar (sorte que minha mãe selecionou um vestido para tal situação, já que sabia que eu dançaria muito nessa festa). O vestido era vermelho com detalhes brilhantes na região acima dos seios, eu usava uma sandália dourada aberta e tinha meu cabelo preso em um coque alto.

Santana já tinha bebido todas junto com Puck e eu podia ouvir claramente minha tia a repreendendo. Minha prima sempre polêmica! Não que eu não estivesse bebendo,só que eu estava uma santa perto dela! Puck também não estava falando nada com nada.

Nos sentamos todos juntos em uma mesa, e Finn levantou sua taça dizendo:

–UM BRINDE!-gritou

Todos levantamos a nossa taça.

–Um brinde a que? Fala logo que minha mão tá bamba- Santana disse com a voz toda enrolada e fez com que todos rissem menos Finn, que a olhou com raiva.

–Um brinde a esse novo ano. Que todos os nossos sonhos -ele olhou pra mim- se tornem realidade... E que nada nos separe!

Todos brindaram e Finn me deu um beijo apaixonado.

–Estamos bem?-perguntou

–Estamos bem- respondi o beijando de novo.

Um fotógrafo contratado pela escola estava tirando fotos dos alunos.

Agora... 38 anos depois olho essa foto em um dos meus álbuns mais bem preservados. Viro a página e vejo algumas das pessoas que mais amei em minha vida.

Kurt, Santana, Finn, Puck e eu.

Aquela foi a última foto que tiramos todos juntos.


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