The Only One escrita por Tabs, Mellodye


Capítulo 1
Elsa — A Carta


Notas iniciais do capítulo

Então, oi!
É a primeira vez que ao invés de escrever apenas para mim, eu escrevo para, bem, o público. E também é a primeira vez que eu publico o que escrevi, então eu estou bem... receosa, animada e insegura. Tudo ao mesmo tempo.
Acho que sabem bem como é e espero que levem isso em conta ao ler o capítulo.
Enfim, espero que goste



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516092/chapter/1

Quando a carta chegou, já a esperávamos há dias. A publicidade de quê Jackson Frost, o herdeiro do trono de Iléa, estava fazendo aniversário fora alta. E a de que a Seleção estaria sendo feita, fora maior ainda.

Isso me deixou com uma ansiedade. A do tipo boa, que te deixa com frio na barriga só de pensar. Não que eu tivesse alguma expectativa de ser escolhida, é claro. Digo, em minha província haviam milhares e milhares de garotas. Garotas de castas mais altas que eu, garotas que tinham ainda mais chance de serem escolhidas por isso, principalmente levando em conta toda a burocracia presente neste nosso país ressurgido das cinzas. E por mais que nada fosse dito nos jornais sobre as chances de garotas comuns serem escolhidas para a Seleção, eu sabia que as minhas eram poucas. E já havia explicado isso para a minha família, cada vez que o assunto era tocado.

Mas isso não deixava minha irmã menos animada. Seus grandes olhos verdes brilharam ao rasgar o selo da carta na mesa de jantar. A honra estava prometida a ela desde que soube que iriamos recebê-la. Não que qualquer outra pessoa quisesse fazê-lo, mas Anna insistiu tanto que impedi-la não mudaria em nada seu êxtase. Ou o meu receio.

Minha relação com Jackson Frost era no mínimo estranha. Ele tinha olhos muito azuis, cabelos muito platinados e pele alva até demais. A mesmíssima imagem que eu via ao olhar no espelho. Era até assustador.

Saí de meus devaneios ao sentir um toque no ombro e o olhar fuzilante de Anna. Ela estava prestes a ler a carta e queria total atenção. Tive de me conter para não revirar os olhos enquanto minha irmãzinha assumia uma postura exagerada e um sorriso tão trincado que suas bochechas duplicaram de tamanho.

— "Para a família Arendelle" — começou, lançando um olhar para mim, a voz quase cantando — "Confirmamos no último censo que uma mulher solteira entre dezesseis e vinte anos reside atualmente em sua residência. Gostaríamos de informá-los sobre a gloriosa oportunidade de honrar a grande nação de Illéa"! — continuou, as sobrancelhas arqueadas, a voz clara e os olhos concentrados para não tropeçar em nenhuma palavra.

Podia sentir os olhares de meus pais alternando entre Anna e eu.

— "Como sabem, nosso adorado príncipe Jackson Frost atingirá a maioridade este mês. Para adentrar nesta nova fase de sua vida, um evento de grande porte estará sendo realizado, para que nosso príncipe tenha ao seu lado uma companheira, uma amiga, uma parceira ao seu lado. Uma verdadeira filha de Illéa. Se sua filha, irmã ou protegida elegível estiver interessada na possibilidade de tornar-se parte d'A Seleção, há muito tempo uma tradição prezada, por favor, preencha o formulário anexo e entregue-o no Departamento de Serviços Provinciais de sua localidade. Uma jovem de cada província será escolhida aleatoriamente e convidada a hospedar-se no agradável palácio de Illéa, em Angeles, enquanto durar sua estada, como de costume" — a leitura de Anna fora impecável e eu estava quase que orgulhosa por ela, mas não tanto quanto ela estava de mim — "Atenciosamente, governo de Illéa" — concluiu, suas mãozinhas rápidas logo retirando o formulário do envelope. A aparência oficial dele era tão elegante, como eu já havia percebido, antes mesmo de Anna tagarelar sobre isso em meu ouvido.

Meus pais começaram a conversar sobre as possibilidades antes mesmo de eu poder falar alguma coisa. Todos consideravam que eu já estava na lista das selecionadas.

A perspectiva de entrar numa espécie de sorteio - ou melhor, concurso - para casar com um garoto que era praticamente meu reflexo não era das melhores. Eu preferia ficar em casa, entrando de cabeça na carreira de professora que eu tanto queria seguir. Nossa família ser casta 3 era ótima para mim, mas nem tanto para Anna. Ela queria ser cantora, por mais que isso seja impossível. No fim, provavelmente ela seria produtora musical ou algo assim. E eu certamente apoiaria qualquer decisão que ela fizesse. Mas não posso afirmar que ela faria o mesmo por mim.

— Como assim você não vai se inscrever?! — gritou, parecendo ofendida, depois que neguei participação, quando ela tentou me entregar uma caneta, que não sei de onde apareceu, e o formulário de inscrição.

— Anna — comecei, com a voz fraca — Anna, eu não quero participar. — recomecei, com a voz mais clara e forte, mas parecendo totalmente calma — Esse negócio de casta um não é para mim, eu... — me interrompi. Olhei embasbacada para a diabinha que preenchia o único formulário. Minha mãe pareceu notar ao mesmo tempo que eu.

— Anna! — exclamou, pegando a caneta da mão dela. Meu pai parecia conter uma risada — Não mexa mais nisso! — seu olhar deu a indicar que não queria mais ouvir falar sobre isso. Como uma advogada, ela prezava muito formulários e como perfeccionista nata, não queria mais que o necessário preenchido neles. — Não temos outro além desse!

— Mas a Elsa não quer ir!

— O quê? — ela pareceu hesitar por um segundo, mas depois desviou o olhar para mim. Ela aparentava estar confusa e meio brava, em partes iguais — Elsa, não me diga que está pensando em não se inscrever para A Seleção. — ela disse, erguendo as sobrancelhas.

Repeti o mesmo discurso que sempre usava toda vez que esse assunto vinha à tona. Disse a eles de que eu nunca nem teria uma chance de ser escolhida para participar, quanto mais ser escolhida pelo príncipe. Ou ao menos gostar dele.

— Mas o príncipe tem que te amar, você é linda! — insistiu Anna — Ele é lindo também!

— Não se trata apenas de aparência, Anna — repliquei, dura demais. Dei um sorriso para amenizar meu tom de voz — Sou eu.

O silêncio reinou sobre a mesa.

Balancei a cabeça negativamente. — Me deem licença por um minuto. — murmurei com o tom um tanto tenso. Me levantei, recolocando a cadeira em seu lugar. Enquanto virava as costas para eles, percebi o olhar confuso e tristonho de minha família que me seguia enquanto eu marchava escada acima.

Eu não iria me inscrever. Não queria nem tocar naquele formulário. Não queria ser d'A Seleção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, gente.
E se tiverem, adoraria que comentassem, por favor. É ótimo saber a reação dos leitores quanto a isso. E caso tenham achado ridículo, comentem também.
Vou gostar de ler a sua crítica. Ou elogio ou qualquer coisa do tipo.
Enfim, vou adorar ler qualquer coisa.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Only One" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.