Caliente escrita por shussan


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

whos gonna be the first to say goodbye?



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– Certo... – Gaara responde, coçando a nuca por nervosismo, mas com um sorriso estampado no rosto. – Como eu já disse, estou indo para... – ele se esgueira colado no batente da porta, tomando cuidado para não tocar em Naruto, como se o loiro tivesse algum tipo de doença ou coisa assim. – Encontrar minha musa inspiradora. Fui.

E então ele sai de meu campo de visão, me deixando sozinha com meus pensamentos. E com Naruto.

– Olha – começo a falar, me levantando e colocando as mãos para cima, me defendendo -, se você quiser brigar, por favor, volte mais tarde. Agora eu finalmente consegui deixar isso de lado e não quero...

– Eu não quero brigar – ele me interrompe, em voz baixa. – Só quero conversar.

O observo durante alguns segundos, percebendo que alguma coisa realmente ruim aconteceu, mas não sei se foi o que Hinata disse, alguma coisa que eu fiz ou alguma outra coisa.

Ele trocou de roupa, mas não consigo dizer com certeza que tomou banho. Usa calças jeans claras que são largas demais para ele e a regata branca de sempre, com um casaco fino azul completamente amassado. Olheiras profundas mostram o quanto ele está cansado, e eu nunca o vi com a voz tão fraca. Como se não falasse há muito tempo, ou se não tivesse forças para falar.

Ele entra e fecha a porta, se sentando no mesmo banco onde estou, mas um pouco afastado de mim. Não exatamente longe. Mas... Vê-lo tão perto e naquele estado me fez ter vontade de... Eu não sei, fazer qualquer coisa que pudesse ajuda-lo a voltar a ser o Naruto brincalhão e divertido de sempre.

– Eu pensei muito sobre tudo isso – ele começa, encarando pequenas irregularidades no chão. Ou as formas das linhas em suas mãos. Ou qualquer coisa que não fosse eu. – Pensei sobre os Uchiha, pensei sobre nós, pensei... Bem, pensei sobre tudo.

– Você não parece estar muito bem – eu respondo. – Precisa de alguma coisa? Tem alguma coisa que eu possa fazer por você?

– Eu preciso terminar de falar enquanto ainda me resta coragem – ele diz, e então suspira. – Não, eu estou errado, não posso falar. Não me resta coragem nenhuma.

– Então você não precisa falar isso – me aproximo dele, mas não muito. Tenho medo que ele fuja de mim. – Só me explique o que aconteceu.

O que aconteceu? – ele pergunta, ainda encarando o nada.

– Entre você e os Uchiha.

Os olhos dele mostraram um brilho diferente do normal. Sem piadas escondidas. Sem nenhuma cantada barata. Apenas aquilo. Ele suspira, se ajeitando no banco. Passa as mãos pela própria calça, como se elas estivessem suadas.

– Acho melhor não...

– Por favor – peço, o interrompendo enquanto seguro uma de suas mãos. Não estava suada.

Ele fixa os olhos nos meus. Não tenho mais certeza se quero saber o que aconteceu.

– Talvez... Talvez você tenha razão. – ele desvia os olhos e puxa sua mão de volta. – Talvez você mereça saber.

Ele fica em silencio, como se ponderasse se eu realmente merecia ou não saber. Tento não pressioná-lo ainda mais. Fixo minha atenção no ritmo de minha própria respiração, tentando não ficar ainda mais nervosa do que estou.

Qual é o seu problema, Sakura?, uma voz pergunta em minha mente. Mas eu não sei o que responder para mim mesma. A maneira como isso mudou Naruto... Seja o que for, será que eu realmente mereço saber?

– Eu ainda morava com os meus pais no Japão quando isso aconteceu – ele começou de repente, me tirando de meus pensamentos. – Vivíamos em uma cidade pequena e as pessoas não gostavam muito de mim, mas admiravam os meus pais. Eu não sei dizer se era por eles serem pessoas legais ou por me aguentarem o dia inteiro.

– Mas tinha uma família que nunca gostou dos meus pais, nem por eles serem legais e nem por me aguentarem o dia inteiro. Eles detestavam meus pais por não venderem para eles o único pedaço de terra em toda a cidade que não os pertencia. Meus pais pensavam que era tudo uma questão de negócios, que eles só não gostavam de nós quando se tratava de papéis e coisa do tipo, mas eu sabia que era algo maior. Ou então...

Ele fica em silencio, encarando as próprias mãos. Solto o ar, percebendo apenas naquele momento que estava prendendo a respiração.

– Ou então...? – pergunto, o incentivando a falar, e sinto vergonha no mesmo instante. Quem sou eu para incentivar ele a falar alguma coisa? Quem sou eu para continuar o pressionando?

– Ou então eles são simplesmente frios. Simplesmente não se importam com nada mais além de dinheiro. – ele responde, dando um sorriso sem humor.

Sinto um calafrio e fecho os olhos.

– Seis anos, Sasuke! – berro, o seguindo pelo quarto enquanto ele procura alguma coisa. Ele não me olha nem uma vez. Não faz a mínima questão de prestar atenção em mim ou pelo menos ouvir o que eu estou dizendo. – SEIS anos, isso não significa nada para você?

– Não comece de novo – ele responde, frio como sempre. Abre o armário e tira uma gravata preta dali, fazendo o nó enquanto anda, ainda procurando alguma coisa -, eu sei que hoje não é nosso aniversário.

– Agora precisa ser nosso aniversário para eu pedir um pouco de atenção? Somos casados, Sasuke. CA-SA-DOS. Se você não se importa comigo, por que não pede logo o divórcio?

Ele olha embaixo da cama e finalmente acha o que estava procurando. Tira de lá sua maleta prateada completamente impecável. Passa a mão pelo terno quando levanta, tirando um fio de poeira dali.

– É mais difícil me livrar de você do que te ter por perto, então prefiro que as coisas continuem como estão – ele ajeita a gravata e abre a porta. – Não me espere antes do jantar.

– Sakura – Naruto me chama de volta à realidade, seus olhos azuis pareciam apagados sem ter aquele brilho que eu tanto gostava de olhar. – Você está bem?

– Eu... – estou cansada de ter que aguentar tudo isso, primeiro passar a vida inteira apaixonada pelo mesmo cara idiota, casar com ele e transformar os melhores anos da minha vida nos piores possíveis por causa dele, e finalmente quando consegui deixa-lo para trás, até do outro lado do mundo ele consegue estragar a minha vida! – Bem, estou bem...

Estalo os dedos, tentando extravasar um pouco o nervosismo. Por que eu estava pressionando Naruto a falar? Eu não teria coragem de dizer tudo o que me fez ir embora, por que me acho no direito de pedir para que ele fale?

– Sakura – ele me chama de novo, e dessa vez se aproxima, seus olhos ganhando um pouco de brilho. – O que aconteceu? Você não parece bem.

Você não parece bem – respondo. – O que aconteceu com você?

Ele se afasta outra vez, mas eu o sigo e coloco a mão em seu rosto, o impedindo de fugir e o obrigando a olhar para mim.

– O que aconteceu com o nós?

Seus olhos estavam arregalados e ele parecia assustado. Como se eu o tivesse encurralado, exatamente como Gaara disse que eu deveria fazer. Durante um segundo penso em tudo que eu gostaria de dizer a Naruto.

– Quando eu cheguei aqui, pensei que fosse apenas morar na casa da minha melhor amiga maluca e conhecer muitos caras, mas tinha certeza que não teria coragem de ficar com nenhum deles, quem dirá realmente me envolver com eles – digo e sorrio, vendo sua expressão mudar a cada palavra que digo. – Mas então você apareceu para mim. Você mudou a minha cabeça, você me deu coragem. Você fez que fosse possível existir o nós. Isso nada e nem ninguém vai mudar.

– Mas... – ele pousou a própria mão em cima da minha e afagou meus dedos. – Eu não disse o que aconteceu entre mim e os Uchiha. Eu não te disse sobre o meu passado.

– O que você acha de... – olho para as mãos dele, pensando em como gostaria que elas estivessem entrelaçadas nas minhas. – Nós tentarmos deixar o passado no passado? – respondo, e chego ainda mais perto dele.

– Mas você não sabe... – olha para mim. Ele ofegava, sua respiração era audível. – Você não quer saber?

– Não quero que alguma coisa mude entre nós. Não quero saber de nada se isso vai mudar o nós.

Ele se ajeita no banco, se aproximando mais de mim. Sua boca estava entreaberta e eu podia sentir sua respiração quente sob o meu rosto. Seus olhos pareciam estar mudando a cada segundo, a cada aproximação. A cada segundo ele voltava a ser o Naruto de antes. O meu Naruto.

– Nada nunca vai mudar o nós – ele responde, sorrindo pela primeira vez. Coloca uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha.

Ele coloca uma mão na minha nuca e fixa os olhos nos meus, e por um segundo eu vejo aquele Naruto de volta. Aquele cara divertido, engraçado e maravilhoso por quem eu me apaixonei. Eu só vi durante um segundo, porque um segundo depois meus olhos também estavam fechados.

E mais um segundo depois aconteceram as explosões, os sinos, as batidas de carro. Os vulcões, os fogos de artificio, os foguetes. Tudo, tudo acontecendo ao mesmo tempo.

Mas entre tudo aquilo que acontecia, tudo que acontecia à nossa volta, nada importava. Enquanto nossos lábios se encontravam, nada mais importava.

A outra mão de Naruto pousou em minha cintura, desenhando círculos invisíveis ali enquanto eu circulava seus ombros com os meus braços, acabando com o que restava de distância entre nós. Ele foi me empurrando para trás, me fazendo deitar no banco, minha cabeça apoiada nas roupas jogadas ali. Meus dedos se entrelaçavam em seus cabelos e eu ofegava.

Não nos separamos até o ultimo instante possível. Quando eu abri os olhos outra vez, aquelas grandes orbes azuis foram tudo o que eu vi. Não era mais alguém preocupado com o passado que estava ali, não era mais alguém com segredos, era alguém firme em suas decisões, era alguém seguro e confiante nele mesmo.

– Você está de volta – eu digo, sorrindo.

– Eu nunca vou te deixar – ele responde, apertando minha cintura.

Aquele era o meu Naruto outra vez.

E então tudo voltou ao normal.


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Notas finais do capítulo

acabei com vocês, aushuia sem segredo algum por enquanto >



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