Caliente escrita por shussan


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

whos gonna be the first one to stop to fight?



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O tempo passa de uma forma impressionantemente lenta quando toda a sua vida foi destruída e a bateria do seu celular acabou.

Encaro o relógio na parede, observando o ponteiro dos segundos andar vagarosamente, um pontinho após o outro e me pergunto o que eu estou fazendo sentada aqui, vendo o tempo passar enquanto a vida continua do lado de fora deste hospital.

Naruto decidiu que Ino não tem nada a ver com o ódio que ele sente pelos Uchiha – e por mim, claro – e resolveu cuidar dela. Durante a tarde levou-a de volta para casa e até agora nenhum dos dois ligou, coisa que eu prefiro encarar como um sinal de que ele a jogou em uma banheira de água fria, deu nela alguns tapas e a trouxe de volta à realidade.

Shikamaru saiu faz algumas horas e também não deu nenhuma noticia, o que eu acho que foi uma ótima escolha, visto que Gaara apenas não avançou nele porque isso é uma área hospitalar, mas não consigo afirmar quanto tempo mais ele conseguiria se segurar.

E agora restamos apenas eu e Gaara aqui, cada um encarando o próprio celular sem bateria e observando as enfermeiras incrivelmente amistosas andarem de um lado para o outro enquanto esperamos acontecer alguma coisa que nos tire dessa angustiante espera.

Me levanto e passo a mão pelo vestido, tentando limpá-lo, mas tudo que consigo fazer é deixar minha mão grudada em alguma coisa na parte de trás da minha coxa que eu tenho medo de olhar, então apenas me sento outra vez.

Observo Gaara, percebendo que ele, nem de longe, está tão forte quanto aparenta. Seu terno está completamente amassado e aberto, e sua gravata se perdeu há muito tempo. Seu cabelo está ensebado e despenteado, enquanto seu rosto aparenta cansaço e olheiras profundas.

– O que acha de tomar um banho? – pergunto, me levantando e parando à sua frente. Ele foca os olhos em mim com dificuldade. – Você está mesmo precisando.

– Eu preciso é de um apoio para carrega-los – ele aponta a própria testa, onde estão chifres invisíveis.

– Não, você precisa parar de se fazer de vitima – seguro sua mão e o obrigo a se levantar – e de um banho.

– Não estou me fazendo de vitima, eu fui traído pela única mulher que amei na vida.

– Certo, certo, como quiser – eu digo, colocando a mala na mão dele para que ele a carregue. – Agora vamos ao que interessa...

– Você não vai dar em cima de mim – ele cerra os olhos -, ou vai?

– Só porque você está frágil e vulnerável? Nem pensei nisso – faço piada, mas não sei se ele leva na esportiva ou não. Vou até a recepcionista. – Onde podemos tomar banho?

– Lá dentro, mas... – ela se aproxima de mim e fala em voz baixa: - o banheiro é unissex.

– Sem problemas – respondo. – Pode nos dizer onde é?

A mulher me encara durante alguns segundos, tentando decidir se eu estava mesmo dizendo a verdade. Depois olha para Gaara, aparentemente procurando o motivo por eu querer dar em cima dele. No final apenas suspira.

Finalmente ela diz passo a passo de como chegar ao lugar e eu conduzo Gaara, que parece um boneco de pano e se deixa levar de um lado para o outro sem dizer nada.

O banheiro não é muito grande e tem apenas cinco cabines retangulares minúsculas, além de três pias, um espelho grande, uma cadeira quebrada e um banco no meio do lugar. Alguns armários exclusivos para os funcionários estão na parede oposta.

Para a minha sorte, o lugar estava completamente vazio. Entro e puxo o ruivo para dentro, fechando a porta e a bloqueando com a cadeira para evitar surpresas. Me sento no banco, coloco a mala ao meu lado e a abro, e então começo a separar as coisas para os dois banhos.

– Você prefere xampu de eucalipto ou de erva doce? – pergunto, tirando os dois da mala e separando algumas roupas.

– Como você consegue estar tão calma? – ele pergunta, tirando o blazer e jogando na pia junto com a camisa branca que agora parecia cinza e tinha dois botões a menos. – Tipo, fazendo perguntas sobre xampus?

– Em primeiro lugar eu sei mais do que deveria, em segundo sei menos do que precisava – jogo para ele algumas roupas e uma toalha e pego as minhas. – Então continua exatamente como estava. Você fica com o de eucalipto – entrego o xampu a ele e entro em uma das cabines, pendurando as roupas limpas na porta e a roupa suja do outro lado, com a toalha na porta.

Ligo o chuveiro e minha pele praticamente grita de felicidade por finalmente estar sendo limpa.

– Exatamente como estava? – ele pergunta, entrando na outra cabine e ligando seu chuveiro. – Achei que você e Naruto estivessem brigados.

– E estamos – respondo, sentindo um aperto no peito ao pensar no assunto.

– Só isso? Vocês estão brigados e pronto? Nada demais?

Sinto vontade de falar tudo o que está na minha cabeça. Quero dizer que estou confusa, que estou cansada e principalmente que estou com raiva. Que gostaria de saber mais, e poder voltar a conversar com Naruto, e de matar Hinata bem lentamente com uma faca de manteiga.

Resolvo guardar meus pensamentos para mim mesma.

– Não, claro que não... Quero dizer, sim. Não, espera... – falo e suspiro, percebendo que aquilo não estava dando muito certo. – Eu não faço a mínima ideia do que fazer em relação a isso tudo.

– Tenta falar com ele.

– Parabéns Capitão Óbvio – digo, sem paciência.

– Ele não quis conversar – ele deduz.

Não respondo, sabendo que se eu abrir a boca, outra resposta grossa irá sair, e tudo que eu menos quero é mais alguém com raiva de mim.

– Então não tente conversar – Gaara fala, e eu ouço quando ele desliga seu chuveiro. – Crie um texto na sua cabeça explicando tudo o que você acha que precisa explicar, o encurrale e diga tudo, sem deixar que ele te interrompa. E então pronto, ele volta correndo para os seus braços e vocês viverão sua linda historia de amor.

– Ajudaria se eu soubesse exatamente sobre o quê tenho que me explicar com ele – respondo, suspirando. Me sinto desconfortável falando sobre isso e decido mudar de assunto. – E Ino, você já aceitou o fato de que vocês precisam de um final feliz para sua linda história de amor?

– Ajudaria se eu fosse idiota o suficiente para fazer minha linda historia de amor com uma mulher que vai me pôr chifres sempre, cada semana com um cara diferente.

Ajudaria se você conhecesse Ino – respondo, desligando o chuveiro e me secando o máximo possível. – Ela não faz por mau, mas ela sempre teve muitos namorados e é estranho para ela ficar só com um cara.

Ele gargalha.

– Então você está dizendo que quer que eu tenha minha linda historia de amor com uma mulher que não vai me trair por mau, mas porque é acostumada a fazer isso?

– Deixe de ser idiota – eu digo, colocando a roupa que tinha separado. – Não foi o que eu disse. Eu disse que ela estava acostumada a isso, mas depois de você, alguma coisa mudou.

– Sim, muita coisa mudou. – ele diz, enquanto eu saio da cabine secando o cabelo. Ele está com a toalha amarrada na cintura e não usa camisa. – Estamos nesse hospital apenas para passar o tempo.

– Por favor, coloque uma roupa – peço, e ele revira os olhos, pegando algumas roupas e entrando em outra cabine. – Voltando... Sim, alguma coisa realmente mudou. Ela te traiu, sim...

– Essa parte eu já sabia – ele me interrompe.

– ...Mas foi justamente essa traição que mudou tudo – continuo como se nada tivesse acontecido. – Ela te traiu, mas não sentiu o mesmo que sentia antes. Não sentiu como se sentia com você.

Ele saiu da cabine em silencio, a toalha pousada nos ombros.

– Quando ela te traiu, percebeu que estava completamente apaixonada por você – eu digo.

– É um jeito estranho de perceber que gosta de outra pessoa, não?

– Ino nunca foi alguém muito normal.

Ele ri e se senta no banco, pegando a toalha e a observando com um olhar diferente. Não parecia mais tão nervoso e irritado.

– Eu me lembro da primeira vez que nos vimos... – ele começa, um pequeno sorriso estampado no rosto. – Eu estava procurando uma garota para ir à uma festa comigo e a vi entrando em uma loja de roupas. Fingi que era um dos vendedores e lhe ofereci quinze vestidos diferentes para ela provar, e todos ficaram perfeitos. Acho que ela percebeu que eu não era um vendedor quando eu quis ficar dentro do provador com ela e vê-la trocando de roupa. Então ela me agarrou e ficamos nos beijando no provador... Depois daquilo, nunca mais fiquei com outra garota.

Pigarreio.

– Certo, talvez algumas – ele admite, rindo. – Mas ela sempre descobria e mandava as garotas embora, dizendo que eu era dela e de mais ninguém.

Ele suspira e abaixa a cabeça, os olhos fechados.

– Acho que me deixei levar, desculpe – ele diz.

– Não precisa pedir desculpas. – respondo, me sentando ao seu lado. – Só precisa perceber tudo que acabou de fazer. Você praticamente admitiu que ainda gosta dela.

– Se eu ainda gosto? É claro que gosto. Eu a am... – ele para no meio da frase e suspira. – Eu gosto muito dela, e acho que nada vai mudar isso.

– Então o que ainda está fazendo aqui?

Ele me encara durante alguns segundos, como se procurasse alguma coisa.

– Sabe, você é uma garota legal – ele diz enquanto se levanta, sorrindo. – É uma pena que não tenha dado em cima de mim, eu não sei se teria resistido.

– Talvez na próxima – respondo, rindo.

– Sim, na próxima com certeza – ele tira a cadeira dali e coloca a mão na maçaneta. – Mas se me dá licença, agora eu tenho que encontrar outra mulher. Você me entende, não é, gata?

– Só não demore ou eu vou ficar com ciúmes – digo, entrando na brincadeira.

Ele ri e abre a porta, mas não consegue sair, porque tem alguma coisa impedindo sua passagem.

Naruto está ali, encarando alguma coisa no chão com os olhos vidrados. Olheiras profundas denunciam seu cansaço, e suas mãos estão guardadas nos bolsos casualmente, como se nada tivesse acontecido.

Ele levanta os olhos lentamente e encara Gaara e a toalha em seus ombros, e então seus olhos se fixam em mim.

– Podemos conversar? – ele pede, sua voz mais baixa do que eu estou acostumada a ouvir. Olha para Gaara. – À sós?


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Notas finais do capítulo

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