Caliente escrita por shussan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeey brother nanananananananananana
Heeeeeeeeeeeeeeey sister nanananananananananana



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Odeio quando as coisas mudam.

Sabe aquele sentimento de que nada mais será como antes? Que nada, nunca, será tão bom quanto era no passado? É exatamente isso que eu estou sentindo agora. Não, agora não, estou sentindo isso há muito tempo. Tanto tempo que não consigo dizer com certeza quanto.

Sempre pensei que se me casasse com Sasuke, minha felicidade seria completa. Pensei que passar todos os anos da minha vida com ele seria como viver em um conto de fadas, faríamos piqueniques ao luar, passeios de mãos dadas na praia, ele me daria flores e diria o quanto me ama... Bem, para falar a verdade foi assim no começo.

Bem no começo, antes de virem as noites que ele virou trabalhando, antes de virem compromissos estranhos, antes de ele colocar seu trabalho antes de mim, na verdade, seu trabalho antes de tudo. Antes de ele agir como se nada mais importasse, a não ser dinheiro.

Agora ele é o presidente da empresa multinacional Uchiha, comanda tudo pessoalmente, viaja muito e praticamente não me olha nos olhos.

Tsc, e pensar que alguns anos atrás eu daria tudo para viver com ele.

Não sabia o que tinha na cabeça.

Eu posso estar falando assim “anos atrás” e “no começo” como se estivesse muito velha. Na verdade, não estou, e nem ele está, e isso é mais um dos fatores que estão me levando a pensar que eu estaria muito melhor se vivesse sozinha, com meus pais ou com um hamster. Eu poderia estar vivendo a vida adoidada, com dezenas de homens de uma vez, mas não, me guardei só para ele, nunca estive com outro homem senão ele, e ele nem ao menos deu o mínimo valor a isso.

Agora, como na maior parte do tempo ultimamente, eu estou sozinha em casa. Meu celular está em mãos, o numero de meu marido está discado, mas eu já podia ouvir a voz fria dele dizendo “estou em reunião, deixe o recado depois do bip”.

Suspirei comigo mesma, jogando a porcaria do celular na parede. Eu não precisava daquilo, poderia estar muito melhor. Não precisava de dinheiro. Precisava de alguém que não me trocasse por dinheiro, que não me deixasse para ir numa maldita reunião. O celular começou a tocar e meu coração deu um salto quando eu corri para atender.

- Sasuke-kun? – eu disse, e ouvi a voz fina e esganiçada da minha amiga rindo do outro lado da linha. Revirei os olhos e bufei. – O que quer, Yamanaka?

- Sasuke-kun? Sério que você ainda chama aquele bastardo assim? Faça-me o favor, né Sakura! – ela voltou a rir, parecia que tinha ouvido a piada mais engraçada do mundo.

- Ligou pra falar alguma coisa importante ou só pra ficar me enchendo?

- Desde quando eu te ligo pra falar “alguma coisa importante”? Sou sua amiga, oras, eu te ligo para conversarmos trivialidades, como sempre. Falando nisso, como você está?

- Como você acha que eu estou? – suspirei, ela riu de novo.

- Cheia da sua vida medíocre e finalmente disposta a vir me visitar?

Não respondi durante alguns segundos e ela também se manteve em silencio. Mas o silencio dela não era realmente um “silencio”, ao fundo de sua linha sempre tinha o barulho de muita gente gritando, água, musica de festa e risadas. Por isso eu gostava de falar com ela, não que conversássemos sobre alguma coisa legal, mas porque Ino me lembrava de meus tempos bons. Aqueles que eu não aproveitei direito e deixei de lado para ficar com Sasuke.

- Alô? – ela quebrou o silêncio.

- Onde você está, exatamente? – ela riu.

- México, chica! Você não tem ideia de como os caras são calientes por aqui... Ah, desculpa, não devia falar coisas assim com uma mulher casada – ela zombou das duas palavras como se já fizesse piada delas há séculos, mas nunca na minha frente. O que não era verdade, ela fazia questão de esfregar na minha cara minhas escolhas erradas.

Senti uma raiva súbita aumentar dentro de mim, até que me vi levantando e abrindo a porta do armário, e jogando todas as minhas roupas na cama. Ino ficou em completo silencio enquanto eu peguei a mala dentro do meu closet e parei pra pensar no que estava fazendo.

Eu estava indo embora.

Deixando para trás Sasuke, uma vida de falsa felicidade, amigos falsos, um lugar que só me traz más lembranças e coisas que eu mais queria esquecer. Bem, acho que não é uma escolha muito ruim.

- Você vai fazer o que eu acho que vai? – Ino perguntou, pela primeira vez seu tom de voz era alguma coisa próxima do assombro.

- Me manda o endereço por mensagem, nos vemos à noite – eu disse e desliguei.

Na mesma hora terminei de fazer minha mala, fazendo questão de não deixar absolutamente nada para trás. Três malas e quatro bolsas, mas nenhum vestígio que algum dia eu já estive lá. Liguei para uma agencia de viagem e comprei uma viagem para o mesmo dia, no próximo voo. A moça tentou argumentar dizendo que “aquele voo estava cheio” ou “a senhora precisa comprar antecipadamente”, mas quando eu disse meu nome, ela apenas falou “está tudo providenciado para as duas e meia da tarde, obrigada por comprar conosco”. Esse é um dos lados realmente bons de ter me casado com Sasuke. O nome Uchiha abre portas no mundo todo.

Mandei os empregados levarem as bagagens para o carro e deixei um bilhete dobrado em cima da cama.

Espero que seja feliz. Não dá mais. Acabou. Adeus.

E então fui embora, sem olhar nem ao menos uma vez para trás. Ok, talvez eu tenha olhado algumas vezes para trás enquanto o carro se afastava. Eram tantas lembranças... Mesmo sem querer, algumas delas eram felizes.

Feliz... Eu só queria isso. Só queria ser feliz. Era pedir muito? É pedir muito alguém sempre comigo? Alguém que não me troque? Alguém que goste da minha companhia do mesmo jeito que eu gosto da dele? Não. Eu acho que não.

Saí do carro quando chegamos no aeroporto. Coloquei um óculos escuro, para esconder meus olhos vermelhos, e entrei no lugar, seguida pelo meu motorista, que carregava minhas malas. Não precisei dizer uma palavra, ele cuidou de tudo por mim, era o que sempre acontecia.

Entrei no avião e peguei meu celular, abrindo a galeria e vendo as fotos. Fazia algum tempo que eu não tirava uma foto de verdade, de modo que as que tinham ali apenas serviam para me lembrar do que eu já devia ter esquecido.

Vi ali fotos minhas com Sasuke, em uma ele tinha as mãos na minha cintura e um sorriso perfeito nos lábios, um sorriso que eu não vejo há muito, muito tempo. Na outra, Ino estava nas costas dele, fazendo um “vê” com os dedos, e Sasuke estava tão feliz... Na outra era Sasuke, apenas Sasuke. Eu sempre adorei tudo nele, até o jeito como ele era bom em não fazer nada.

Ri comigo mesma. Eu não tinha a menor noção de nada.

Desliguei o celular e olhei pela janela, enquanto o avião decolava. As pessoas e prédios ficando cada vez menores, as ruas parecendo linhas e a cidade parecendo um enorme mapa. Eu estava indo para longe. Finalmente me afastando de tudo aquilo. Me afastando dos meus erros. Me afastando de Sasuke.

Fechei os olhos com um sorriso no rosto e dormi como se nunca mais fosse acordar.

Mas acordei. E assim que saí do avião pude perceber o quão diferente o Japão era do México. Ali as pessoas não se importavam se estavam muito perto umas das outras, pareciam todas tão próximas, até mesmo o ar parecia realmente caliente como Ino disse.

Empurrei o carrinho com minhas malas pelo salão do aeroporto, sentindo pares de olhos me seguindo enquanto eu andava. Não sabia dizer se era por eu ter cabelos rosa – maldição que sempre me atormentou – ou porque eu estava com uma roupa quente quando estávamos visivelmente no verão. Tsc, eu deveria ter visto isso.

- SAKURAAAAAAAAAAAAAAAAA – ouvi alguém me chamando de algum lugar, e quando me viro na direção da voz, sou atingida por uma loira de 25 anos que pulou em cima de mim, levando a nós duas para o chão. – AI MEU DEUS, AI MEU DEUS, VOCÊ ESTAVA FALANDO SÉRIO!

- O quê? – não consegui entender o que ela disse, era difícil pensar com alguém me sufocando.

- VOCÊ ESTÁ AQUI!

- PARA DE GRITAR! – ela deu uma gargalhada. – Certo, agora sai de cima de mim.

- Credo, que coisa é essa que você está vestindo... Você se perdeu mesmo nessa coisa de casamento.

- O nome disso é roupa, coisa que você não deve usar há algum tempo – consegui levantar e a olhei de cima a baixo. Ela usava a parte de cima de um biquíni roxo e uma canga azul, um óculos descansava em sua cabeça e ela não tirava o sorriso sacana dos lábios. Não tinha mudado nada. – Não vai me ajudar com as malas?

- Já? Mas eu tenho tanto a dizer!

- Não podemos esperar para chegar ao hotel?

- Hotel? – ela riu. – Querida, estamos na América Latina...

- Na verdade, estamos na América do Norte... – a interrompi.

- ...Aqui as coisas são diferentes – ela continuou como se eu não tivesse dito nada. – Não tem essa de hotel, você fica na casa de amigos.

- Há quanto tempo você está aqui?

- Não sei, uma, duas semanas.

- Então como você pode ter amigos? Pessoas com quem morar? Confiar? COMO?

- Deixa de ser paranoica, viva la vida babe!

E ela começou a contar sobre como tinha conhecido tantos “bofes escândalos” e como as garotas eram “invejosas” e não suportavam o brilho dela... Tentei fixar minha atenção em outra coisa e meus olhos pararam em um garoto perto de nós.

Não, ele não era um garoto. Era um homem. Sua pele era bronzeada e os músculos bem definidos eram visíveis através da camisa branca fina. Tinha cabelos loiros bagunçados, como se tivesse acordado e ido direto para lá, sem fazer nada com ele. E os olhos... Ah, aqueles olhos pareciam uma imensidão azul, e quando eles pararam em mim, eu tive certeza que não teria problema nenhum em me banhar neles.

Credo, o que você está pensando Sakura? Você ainda não é oficialmente solteira, está casada com Sasuke no papel, não pode nem sequer pensar numa coisa assim.

- E então meu cachorro voou até a lua enquanto comia batatas fritas num capacete de moto – Ino disse e ficou me encarando.

- Cachorro... Batatas fritas num capacete de moto?

- Era só pra saber se você estava prestando atenção. Acho que vou considerar isso como um não. Ah, vamos logo pra casa... – ela tentou empurrar o carrinho, mas parou antes dele se mover. – Credo, como carregou isso até aqui? O que trouxe? Um cadáver?

- Hm, não. Só as minhas coisas. Tipo, tudo.

- Interessante. Muitas coisas para conversar em casa. Agora só faltar chegar lá. NARUTO! – ela berrou, e metade do lugar a encarou, assustado.

O garoto loiro abriu um sorriso perfeito e se aproximou, com as mãos nos bolsos. Até o momento eu estivera olhando para ele, me perguntando se valeria a pena me banhar naquela imensidão azul, mas depois de saber que ele e Ino se conheciam, decidi que não tinha a menor chance.

Quando Ino quer um cara, não o deixa ir embora por nada nem ninguém. Nunca.

- Hm, Sakura, esse é Uzumaki Naruto, Uzumaki Naruto, essa é Sakura – ela nos apresentou, ele deu um meio risinho, como se já nos conhecêssemos. Não entendi.

Estendi minha mão para um aperto formal, ele a pegou e me puxou para um abraço, me assustando. O corpo dele era quente. Senti sua respiração no meu pescoço quando ele disse.

- Não precisa ter medo de mim. Eu não mordo. Só se você quiser.

- Solta a garota Naruto, depois você dá em cima dela, agora você é o carregador de malas, anda.

Ele riu e me soltou, e eu me senti estranhamente pequena e fria.

Bem, pelo menos de uma coisa eu sei.

Isso vai ser interessante.


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Notas finais do capítulo

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