Brooke Dunst escrita por Poliliana


Capítulo 7
Opções do cardápio.




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- Ahhhh! – eu senti o grito sair pela minha garganta. – Não! Não! Não!

- Brooke – vi Aaron vindo em minha direção e Anita logo atrás dele. – O que foi isso? Você está bem?

- Aaron. – Anita disse olhando para o corpo na sacada. – A hora chegou.

Aquilo nunca havia acontecido até aquele dia. Ultimamente as coisas estavam até bem, eu e Aaron estávamos bem e a convivência tinha se tornado normal, mas agora tudo mudou outra vez. Eles haviam me avisado que depois de um ano eu seria sedenta por sangue, mas não ao ponto de ser possuída por um monstro.

Foi tudo tão rápido que eu não consegui nem entender. Em um momento eu estava no parapeito da sacada e em outro momento eu estava no chão com uma pessoa morta do meu lado e aparentemente sem nenhum sangue.

-Brooke. – Aaron começou a falar enquanto andava de um lado para o outro na sala. – Você sabe que chega um momento que o seu corpo começa a necessitar de sangue, seja ele qual for. O sangue animal não mata nossa sede por muito tempo. Mas o sangue humano, de uma pessoa intera, dura pelo menos dois meses.

Minha garganta apertou no exato momento que ele disse a ultima frase. Sinceramente, eu me sentia uma mongol, como eu poderia matar alguém? E o pior, secar totalmente essa pessoa, deixá-la sem sangue.

- Eu sei que é difícil, meu bem, mas é uma questão de sobrevivência. E sem contar que se você não comer querendo, seu instinto vai fazer com que você acabe provocando um massacre.

Eu não disse nada. Fiquei ali sentada, pensando em tudo que eu faria, nas pessoas que eu mataria. Eu não queria aquilo, eu preferia morrer, eu preferia morrer mil vezes dos piores modos possíveis. Eu preferia sentir a dor de virar vampira eternamente.

- O que foi aquilo? – eu perguntei para ele com uma voz morta.

- O seu instinto. Você foi até a cidade mais próxima e pegou uma pessoa e sugou todo o seu sangue.

- Mate-me Aaron. – eu me ajoelhei aos seus pés e comecei a implorar. – Por Deus Aaron, Mate-me.

- Se acalme meu amor. – Ele disse me levantando e me envolvendo com seus braços.

- Não. – eu disse, balançando euforicamente a cabeça. – Como eu poderia? Eu matei uma pessoa, uma pessoa inocente. Por favor, não me deixe fazer isso outra vez. Acabe comigo, agora, acabe com isso agora.

- Não posso fazer isso, eu...

Não fiquei para escutar o que ele falou, me afastei dele e foi para a floresta o mais rápido que pude. Eu cheguei a ouvir Aaron e Anita virem atrás de mim, mas Anita conseguiu impedir Aaron, dizendo que era melhor me deixar sozinha um tempo.

Eu corri, o mais rápido e mais que eu pude, ignorei todos os aromas que senti. Eu corri muito para onde ninguém pudesse me ver, para onde eu não pudesse machucar ninguém.

Quando parei eu estava em um campo, vazio e sozinho. Não havia nada em nenhum lado, só grama e flores. Eu me joguei na grama, deixando a agonia de não poder chorar me consumir e fiquei ali, olhando para o céu, tentando achar algo que me consolasse ali.

Vi a noite cair e o dia amanhecer, nem se que me movi. Quem sabe se eu ficasse ali por muito tempo eu definhasse e morresse. Quem sabe se eu ficasse ali alguém viesse me castigar por ter matado uma pessoa inocente. Quem sabe se eu ficasse ali a culpa passasse e eu pudesse me alimentar normalmente como Aaron e Anita faziam.

Não sei quanto tempo fiquei ali, mas não deve ter sido muito para uma eternidade. A culpa não passou e ninguém veio me matar. A Agonia só aumentou.

Eu vi a certeza de ser perigosa aumentar. Eu cheguei a conclusão que nunca poderia ver meus parentes nem meus amigos sem matá-los. Eu nunca poderia ir para uma faculdade sem matar meus amigos e sem sugar o pescoço do meu professor.

Eu nunca poderia viver.

Um cheiro estranho invadiu minhas narinas. Tive medo de se um humano, eu não queria matar mais ninguém. Então eu me levantei subitamente e corri contra o cheiro, mas ele só se aproximava.

Foi ai que percebi que não era humano, pois o cheiro não era de sangue e sem contar que pelo tempo que eu estava sem comer meus instintos iria atrás do cheiro e não contra.

- Outro vampiro. – eu pensei.

Parei e virei-me para traz, sentindo o cheiro se aproximar. Vi um rapaz alto e com a pele corada se aproximar, ele tinha os cabelos cor pretos e os olhos cinza, como os de Aaron. Seus lábios eram levemente cheios e rosados e tinha umas sobrancelhas muito grossas. E seus cabelos pareciam bagunçados propositalmente.

Ele não se vestia muito bem, na verdade ele se vestia muito estranhamente. Estava com uma blusa de frio xadrez branca com azul, uma calça azul escura desbotada e rasgada nos joelhos e um tênis preto.

Mesmo assim ele era absolutamente lindo e muito forte.

Ele parou a alguns metros de mim, parecendo hesitante. Depois ele sorriu.

- Quem é você? – eu perguntei com uma voz firme.

- Lucas, Lucas Patterson. Mas pode de me chamar de Luke.

- Não entendo por que eu faria isso.

- Tudo bem. – ele disse levantando os braços como se estivesse se rendendo.

- Não quer saber quem eu sou? – eu perguntei.

- Eu sei quem você é, - ele fez uma careta. – Brooke Dunst, minha protegida. A qual eu deixei ser mordida e virou uma vampira.

- Vampira. – eu repeti, tentando absorver aquilo sem me lembrar de sangue.

- Você está bem?

- Sua protegida? Eu sou sua protegida? Desde quando?

- Você era até o maldito do Aaron te transformar.

Flashback-on:

Levantei-me e fui até a porta, mas fiquei com medo de abrir, principalmente de ouvir o que o estranho tinha dito. Eu olhei no olho mágico e vi Aaron e na sua frente o homem estranho, mas não tão estranho assim. Ele era o cara que me ajudou no parque quando cai.

- Você sabe que eu a amo, eu to fazendo isso porque a quero comigo pra sempre.

- Você não pode ser egoísta a esse ponto, você tem que dar a ela a opção de escolher. Ela tem direito de escolher.

- Você não tem nada a ver com isso.

O estranho voou no pescoço de Aaron, batendo-o na parede. Eu dei um pulo, desesperada.

- Se você encostar um dedo nela, sem que ela queira, eu juro que te corto em pedacinhos e te queimo.

Aquilo era demais, eu não poderia ficar vendo aquilo sem fazer nada. Eu abri a porta e sai, ficando de frente para os dois.

- Solta ele agora, antes que eu chame a polícia. – disse para o cara que pressionava Aaron na parede.

Ele soltou Aaron e se afastou de mim rapidamente. Vi seus olhos negros me olhando desesperado, como se eu fosse algum tipo de monstro. Ele se virou para Aaron com um olhar duro.

Flashback-off:

- Meu Deus! Você... - eu levei a mão até a boca. – Você queria evitar que eu ficasse com Aaron aquela noite, você queria me salvar. E eu te expulsei, eu te mandei embora.

- Não foi culpa sua, eu deveria ter ficado, eu deveria ter matado aquele idiota. Ele acabou com sua vida, acabou com você. – seus olhos ficaram negros instantaneamente.

- Não tem mais volta. – eu abaixei a cabeça, triste. – Agora eu não posso mais ser uma humana, agora eu vou ser para sempre um monstro.

- Eu queria tanto ter impedido isso enquanto eu podia, mas eu não fui capaz de te proteger de verdade, eu não consegui te manter longe dele. Era para eu ter feito tudo, mas eu fui fraco.

- Você parece um idiota, fica repetindo a mesma coisa. – eu disse fria. – Agora não tem mais como, agora já passou 1 ano e eu já matei uma pessoa.

- Você já matou? – ele disse assustado.

-Eu preferiria morrer ao dizer isso, mas sim. – deixei meu corpo cair sentado no chão, eu não agüentava mais. Eu estava me entregando a muito tempo, só precisava de alguém que me dissesse como acabar com isso.

Ele se aproximou hesitante e sentou-se do meu lado.

- Não faça isso comigo, eu sempre vou carregar a culpa de ter deixado você para ele.

- Mate-me.

- O que? – ele disse assustado.

- Por favor! – eu olhei para ele derrotada. – Me mate, agora, acabe com isso. Você nunca me quis ver sofrer, não é? Então acabe logo com meu sofrimento, me ajude. – eu vi um soluço sair da minha boca, mas meus olhos continuavam secos. – Nem chorar eu consigo.

Senti seus braços me embalarem com força, eu senti o calor dos seus braços, um calor humano que eu não sentia fazia muito tempo. Aquilo me assustou. Como ele podia ser um vampiro e ser quente como um humano, quer dizer, bem mais quente. Tentei me soltar e ele não me prendeu.

- Eu sei o que você está pensando. – ele disse.

- Você é quente, como um humano. – eu disse assustada.

- Sim. Eu sou mestiço.

- Mestiço? O que é? Como?

- Sou meio Vampiro e meio humano. Meu pai é vampiro e minha mãe era humana quando eu nasci.

- Meu Deus!

- Sou bizarro eu sei. – ele disse com seu sotaque britânico abrindo um meio sorriso.

- E você cresce? – pergunta idiota. Apesar de eu esperar um não porque ele era enorme. – Digo. Você fica mais velho?

- Sim e não. – minha sobrancelha de confusão se levantou e ele riu. – Eu cresci até a idade que meu pai tinha quando ele foi transformado. Tenho 26 anos.

- E quanto tempo faz que você parou de crescer?

- Um ano, eu acho.

Pra ser sincera eu senti uma pontada de inveja dele, a vida dele parecia absolutamente perfeita, tinha seus pais por perto, podia ficar com uma vampira se a amasse, ou com uma humana. Talvez ele pudesse viver entre os humanos sem matar ninguém, talvez ele nem precisasse de sangue.

- Você está sozinha por quê? Não creio que Aaron já tenha deixado você.

-Quem me dera. Ele só ta me dando um tempo por causa do que aconteceu.

- O que aconteceu? – eu fechei os olhos e soltei um gemidinho de dor. – Ops, desculpa! O humano.

- É. Como eu pude ter sido tão animal, quando eu me toquei do eu estava fazendo ele já estava morto na minha frente. – balancei a cabeça pra tentar afastar a cena. – Não dá pra esquecer. Por que temos que ser assim? Quer dizer, por que eu e os vampiros somos assim?

- Não vá pensando que eu também não sou, eu também preciso de sangue. Porém eu e minha família temos outro cardápio.

- Outro cardápio. - Eu fiz uma careta.

- Sim, somos “vegetarianos”, vamos dizer assim. Nós não matamos os humanos, pois afinal eu sou um meio humano, minha mãe foi uma por muito tempo enquanto namorou meu pai e meu pai respeita muito isso. Nós só matamos animais, não mata totalmente a nossa fome e nem é tão satisfatório quanto o sangue humano e precisamos caçar com mais freqüência, mas nós nos sentimos bem melhores sem matar as pessoas. E com essa nossa dieta nós acabamos criando uma espécie de proteção contra o sangue humano, por exemplo, eu nem me lembro direito como é o gosto do sangue humano.

- Por que o Aaron também não faz isso?

- Porque ele é egoísta e vaidoso o bastante pra querer tudo de melhor e como o sangue humano é mais saboroso e o deixa mais forte ele prefere.

- Meu Deus!

- É... Ah! Você pretende voltar pra ele? – ele pareceu ansioso para a resposta.

- Não sei. – eu disse, tentando esquecer o assunto. - Eu gostei dessa sua opção, sinceramente, eu nunca quis matar ninguém. Pode me contar mais?

- O quanto você quiser! – ele disse sorrindo.

Foi incrível como ele me fez esquecer todos os problemas que eu estava enfrentando naquele momento. Ele foi como minha luz na escuridão, minha ultima chance e eu queria me agarrar nas opções que ele me desse, eu não queria levar uma vida de assassina, eu não queria matar pessoas, qualquer coisa que ele me oferecesse para substituir isso eu aceitaria.

Ele me contou tudo que ele sabia sobre se alimentar de animais, ele me mostrou até quais os animais que o deixavam mais satisfeito e conseqüentemente o deixavam mais tempo sem caçar. Foi como se ele tivesse me tirado de um mundo obscuro e me mostrasse tudo que eu mais queria ver.

Quase pulei quando ele me falou que os leopardos eram muito apetitosos, fiquei perguntando como ele matou um leopardo. Logo ele me explicou que pra eles, digo, nós vampiros era muito fácil por causa da nossa força instinto e de tudo mais.

Ele contou qual animal cada um de sua família preferia, seu pai gostava de tigres, sua mãe de veados, seu irmão de ursos e ele de leopardos. Ele dizia que adorava a velocidade dos leopardos e correr atrás deles lhe dava ainda mais vontade de “sugá-los”.

- Que coisa mais estranha. – eu comentei.

- Pois é! - Ele disse sorrindo. – Eu também não entendo, mas meu organismo age assim. Acho que é por cauda da adrenalina. – ele suspirou. – Faz quanto tempo que você saiu da casa de Aaron.

- Não sei. – Levantei os ombros. – Acho que uma semana.

- Estranho ele não ter vindo te procurar ainda. - ele ficou pensativo

- Anita deve estar prendendo ele por lá por um tempo, ela me entende bem melhor que ele.

- Anita. Eu tinha me esquecido dela, fruto de outro egoísmo de Aaron.

- Mas ela também quis.

- Mentira. – ele balançou a cabeça. – Ele fez com ela exatamente o que fez com você. Mas você não parece tão dependente dele como ela.

- Nós duas somos muito dependentes dele, sempre seremos.

- É, tem coisas que eu não posso evitar.

- Não mais. – eu sussurrei. – Você também a protegia?

- Não. Aaron ficou encarregado dela.

- Como assim?

- Longa história.

- Bem, acho que nós temos uma eternidade pela frente. – eu sorri. Nem acreditava que estava sorrindo outra vez.

- Você tem razão. – ele sorriu. - Na verdade não são poucos os vampiros recebem essa função. Da geração dos que tiveram 20 aos 30 anos como humanos tem um humano para protegem, os homens protegem as moças e as mulheres os garotos. Protegemos porque os vampiros mais velhos não respeitam nada e são bem mais “sangues frios” do que nós dessa geração, nós somos mais “humanitários”. Podemos escolher, eu escolhi você porque minha mãe foi sua professora do primário e ela gostava muito de você e Aaron escolheu Anita porque ela sempre fora a sua melhor amiga.

“As regras são simples, proteger de outros vampiros e evitar que elas se machuquem seja lá como for. A partir do momento que a pessoa que você protege é transformada em vampira você não pode mais ter contato com ela e perde a sua localização. A não ser é claro que a pessoa tenha sido transformada por seu próprio protetor.”

“Meu pai era o protetor da minha mãe e foi ela foi transformada por ele, mas ela já sabia de tudo, tanto é que ela tinha acabado de me ter e como foi uma gravidez muito a critica foi transformada para não morrer.”

“Aaron era o protetor de Anita, ele a transformou e ela se entregou totalmente a ele, como amiga é claro. Mas ela é apaixonada por ele, por isso aceitou seguir com ele para onde ele fosse.”

- Ela é apaixonada por ele? – eu disse me despedaçando. – Coitada, ela... Oh meu Deus. Como eu não percebi?

-Se nem ele percebe. Ela também não demonstra, é discreta. Ela acha que seria uma humilhação muito grande se declarar por ele e não ouvi o mesmo de volta, mas eu acho que ele a aceitaria. Quer dizer, achava, antes de você ficar com ele.

-Hum... – eu abaixei a cabeça envergonhada. – Como você sabe disso tudo?

- Eu era amigo do Aaron, na verdade ele e meu pai foram transformados pela mesma pessoa, nós fomos amigos desde sempre.

- E por que se separaram?

- Porque eu te apresentei pra ele e ele se apaixonou por você. Ele sabia desde o inicio que iria te transformar e ele sempre quis isso. Entramos em confronto quando ele entrou no seu colégio e depois disso, nós nunca mais nos falamos como amigos, apenas para brigar.

- Incrível como tudo de ruim que aconteceu a vocês até agora foi por minha causa. Acho que sua mãe deveria ter escolhido outra aluna.

Eu senti seus dedos quentes segurarem meu rosto e virarem meu rosto pra ele.

- Não fala isso nem de brincadeira. Se aquele crápula do Aaron não tivesse te transformado você estaria tranqüila na sua casa, você não precisaria passar por tudo isso. O único culpado por tudo isso é o Aaron e nada que digam vai mudar isso.

Ele soltou meu rosto e desviou o olhar do meu. Eu fiquei um tempo olhando para ele, mas logo desviei também o olhar. Ele tirou uma carteira de cigarros do bolso e pegou um. Eu olhei espantada.

- Você fuma? – eu disse confusa.

- Não vou morrer mesmo. – ele disse acendendo o cigarro.- E é bom, acalma.

O cheiro do cigarro invadiu minhas narinas, era um cheiro horrível, mas eu não ligava. Ele havia aliviado tanta coisa dentro de mim que eu não me importaria nem se ele cheirasse mal, mas ele não cheirava. Pelo contrario, ele cheirava bem, parecia hortelã com tabaco. Sem contar o calor que ele transmitia, era confortável.

Eu deitei na grama e percebi que já era noite, o tempo nem pareceu passar aquele dia. Ele permaneceu sentado, fumando. O vento passava por ele e trazia a fumaça e seu cheiro junto. Meus olhos pesaram, como se eu estivesse com sono, como se fosse possível. Então eu fechei os olhos como se fosse dormir e percebi que fazia muito tempo que eu não fazia isso, fechar os olhos pra mim era tão desnecessário que eu nem fazia mais questão, mas aquele simples ato de fechar minhas pálpebras apenas por fechar me relaxou.

Fiquei assim por um longo tempo, até que senti o movimento de Luke do meu lado, quando abri os olhos ele estava deitado do meu lado, mas a certa distancia.

- Você se importa se eu dormir? – ele perguntou. – Eu estou exausto.

- Então você pode dormir?

- A maioria das vezes sim. – ele disse sorrindo.

- Sinta-se a vontade. – disse retribuindo o sorriso.

Ele desviou o olhar do meu e fechou os olhos. Não deve ter demorado muito para ele dormir, pois logo eu senti sua respiração mais calma e seu coração bater mais calmo. Era incrível ouvir seu coração, fiquei concentrada naquelas batidas a metade da noite e a outra metade eu fiquei olhando para ele. Os traços dele eram totalmente diferentes de Aaron, ele tinha um rosto mais másculo, com o maxilar mais quadrado e a barba mal feita, Aaron nunca deixava a barba, se é que ele tinha uma.

Luke era tão humano, tão quente. Seu rosto quadrado combinado com aquela barba e aquele cabelo bagunçado, tiveram momentos que me deu uma vontade desesperadora de passar a mão no cabelo dele, era até engraçado aquela vontade estranha.

O corpo dele era sem duvida mais forte, apesar que o de Aaron também era forte, mais Luke era maior, tanto na altura como nos ombros, ele parecia um armário, principalmente perto de mim que era baixinha.

Cada detalhe de Luke naquela noite me chamou atenção, até o movimento que a respiração dele fazia em suas narinas. A sua boca meio cheia e um pouco rosada, sua sobrancelha grossa, suas pálpebras fechadas. Era encantador ver um homem daquele tamanho dormindo, parecia tão inocente tão indefeso.

Fiquei observando o a noite toda, mas até com ele dormindo o tempo passava mais rápido, quando eu dei por mim já era dia e pela cor do céu iria chover, e foi o que aconteceu.

A chuva começou a cair e Luke permaneceu dormindo, mesmo todo molhado, pelo jeito ele tinha um sono pesado. Era maravilhoso sentir as gotas de chuva caírem no meu rosto, tão simples e tão glorioso, não entendia porque as pessoas fugiam tanto da chuva, ela é o milagre mais bonito que se pode ter.

Não consegui me controlar, tirei meu tênis e minhas meias e comecei a andar grama molhada, sentindo as gotas na minha pele. Logo eu já estava apenas com a blusa regata que eu usava por baixo da jaqueta, minha calça jeans e meus pés descalços.

Deixei a minha vontade de voltar à dança me invadir e comecei a fazer minha própria coreografia do balé com meus passos prediletos. O alivio de dançar sem nada que me incomodasse fez sorrir e eu continuei dançando e dando piruetas como quando eu era humana, como quando eu era feliz.


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