Eu vivo nessa casa há 16 anos. Ainda me lembro como se fosse hoje como foi que eu e minha mãe aparecemos aqui.

Eu tinha 5 anos quando minha mãe decidiu finalmente fugir de meu pai. Ele batia muito nela, mas para me proteger de apanhar uma surra, ela aguentava. Só que naquela noite foi diferente. Ela estava grávida novamente de minha irmã caçula e depois de mais uma tareia, ela decidiu fugir. Esperou que meu pai enchesse a cara e quando ele ficou inconsciente do porre, pegou em mim e fugimos, apenas com as roupas do corpo.

Quando nos vimos o longe suficiente de casa, entramos mata adentro e corremos. Na verdade apenas minha mãe correu, pois carregava-me no colo. Acho que ela correu mais por medo que meu pai acordasse e desse pela nossa falta do que por necessidade.

Não tínhamos parado nem há 5 minutos quando começou chovendo. A princípio era chuva miudinha, mas logo virou torrencial.

 Mais uma vez tivemos de correr. Dessa vez eu corria também, pois minha mãe não aguentava mais com o peso da barriga e, por acréscimo, com o meu peso também.

Corremos algumas horas até que avistamos uma casa. Apertamos o passo e paramos na porta. Minha mãe teve receio de bater, mas estávamos encharcadas até os ossos, não tínhamos outro remédio se não bater. Logo que ela bateu uma criada negra, já velha, veio nos atender. Quando viu o nosso estado chamou logo o dono da casa.

-Sinhôzinho, sinhôzinho… - gritou ela olhando por cima do ombro sem sair do lugar

Prontamente o seu chamado foi atendido e um homem, com uns aparentes 30 e tais anos apareceu.

Quando nos viu nem hesitou e logo nos mandou entrar. Ordenou à criada que fosse pegar roupas secas e toalhas. Eu tremia por todos os lados, mas não tanto como minha mãe, que ainda sangrava do olho da surra que meu pai lhe havia dado. Levantei-me e fui abraçá-la.

O homem da casa tinha-se ausentado por um tempo e quando voltou, regressou com uma maleta de pele marrom. Eu e minha mãe nos assustamos, mas logo que ele notou nossa aflição, tratou logo de nos acalmar.

-Não se assustem, eu sou médico, vai ficar tudo bem. Aqui vocês estão a salvo. – nos garantiu

Minha mãe esboçou um sorriso, não muito convincente para mim, pois eu continuei com medo daquele desconhecido.

A criada negra pegou em mim ao colo e me envolveu numa toalha. Me levou até um banheiro com uma banheira cheia de água e me despiu. Ainda me lembro de como a água estava quentinha e cheirosa. Quando sai, outra roupa, um pouco mais pequena, me esperava, mas como eu era bastante pequena para a minha idade, a roupa me serviu na perfeição. As roupas tinham um cheiro leve e gostoso, tal como o cheiro da água da banheira. Era um cheiro a rosas e alfazemas.

 A criada pegou de novo em mim e desceu as escadas até à cozinha. Lá serviu-me um pão bem quentinho e fofo e um leite com chocolate saboroso.

Queria muito ver minha mãe, mas como estava esfomeada tive que esperar. Quando acabei corri ao encontro dela. Ela continuava na sala, com o tal homem, e agora também já vestia outras roupas.

-Bella, venha cá. – chamou ela com a voz mais doce que tinha

Eu corri até ela e ela me sentou em suas pernas.

-Querida, você não precisa mais ter medo. Agora estamos a salvo. Nunca mais ninguém nos fará mal. – garantiu afagando os meus cabelos

Olhei para os olhos dela e percebi que era verdade. Analisei o seu rosto e percebi que não sangrava mais. No lugar das feridas haviam curativos.

O senhor nos indicou um quarto para passarmos a noite. Dormi que nem um anjinho, e pela primeira vez, vi minha mãe dormir descansada.

Quando acordamos e descemos para tomar o café da manhã, um banquete nos esperava, e na mesa, não estava só o doutor. Ao lado dele se encontrava outra criada negra, jovem, com uma criança no colo. Uma criança magnífica, diga-se de passagem. Um ser angelical. Mais nova que eu, loira, de um oiro ofuscante, pálida e dois olhos que mais pareciam safiras. Seus cabelos tinham uns cacheados extremamente perfeitos, que pendiam sobre os seus ombros. Ela era totalmente o meu oposto. E era isso que eu odiava em mim, era muito parecida com meu pai. Meu cabelo é castanho e liso, minha pele é branca, mas não pálida como a da garota e os meus olhos são de um verde acastanhado. Essa é a única caraterística que herdei de minha mãe. Os olhos.

Nos sentamos na mesa e logo o homem se pronunciou.

-Esme, essa é minha filha Rosalie. – falou com a maior das informalidades e à vontade

Pareciam já conhecidos e minha mãe não se importou com isso. Cumprimentou a garota com o olhar mais doce e depois olhou para mim, talvez reparando na minha curiosidade sobre a menina.

-Bella querida, essa vai ser sua nova amiguinha. – falou calmamente

Eu estranhei. Será que iríamos ficar naquela casa por muito tempo?

Bem, ainda cá estamos. Há 16 anos. E como minha mãe havia dito, eu e Rose nos tornamos muito amigas.

Agora eu tenho 21 anos, Rose tem 19 e Renesmee, minha irmã mais nova, tem 16.

Como irei descrever Renesmee. Posso dizer que ela é um misto meu e de Rose. Seu cabelo é arruivado, um ruivo claro e ondulado. Sua pele é branca e cheia de sardas. Seus olhos…bem seus olhos são a única coisa que me fazem ter lembranças do meu passado. Ela herdou os olhos de nosso pai. Castanhos chocolate. São lindos, se não fosse o fato de eu já os ter visto inúmeras vezes no rosto do meu pai, transbordando de raiva e espancando minha mãe.

Desde que mudamos para cá e minha irmã nasceu, as três nos tornamos inseparáveis.

Minha mãe, Esme Swan, casou com doutor Carlisle assim que soubemos que meu pai havia morrido de overdose alcoólica. Carlisle era viúvo, sua mulher havia morrido ao dar à luz Rosalie.

Agora somos todos parte dessa família. A família Cullen. E aquele homem do qual outrora tive medo, é o meu pai. O único que reconhecerei como tal.

O passado antes da chegada a essa casa foi totalmente esquecido, e eu dou graças a Deus por Renesmee o  desconhecer.

FOTO DA CASA ONDE BELLA E ESME MORAVAM

FOTO DA CASA DO DOUTOR CULLEN E DE ROSE

Continua...