Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 15
Seguindo a Maré


Notas iniciais do capítulo

Jack parece ter um plano em mente, um plano que Kaos está tentando acompanhar e compreender, ela só sabe que até então, ela ficar viva faz parte do plano, afinal, Jack não a tira de seu encalço por um segundo sequer.



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Conseguimos então chegar à Isla de Muerta pela noite. Comodoro escolheu a dedo os marujos/soldados que iriam conosco no bote. Sim, conosco porque Jack me puxava com ele pelo punho onde quer que ele fosse. Eu sabia que ele não estava fazendo isso para me proteger simplesmente, mas sim porque ele me usaria para alguma coisa mais tarde. Contando que eu ficasse viva, longe de Port Royal, para mim estava ótimo. Um outro bote com mais marujos/soldados e o Capitão Bench no comando, nos seguia. Era um saco ter ele ali me encarando o tempo todo.

Nossos botes passaram por entre a névoa leve do mar enquanto adentrávamos para a caverna que passamos anteriormente com Will.

– Não estou gostando nada disso - disse Comodoro seriamente e eu fiquei pensando no que um homem era capaz de fazer por uma mulher, quanta idiotice. - Na tentativa de entrar nas grutas, podemos cair numa emboscada.

– Não se o senhor armar uma emboscada - disse Jack que estava ao meu lado e atrás de Comodoro. Comodoro pareceu interessado - Eu e Kaos entramos e convencemos Barbosa a mandar seus homens em seus barquinhos. O senhor e seus homens retornam ao navio e nós mandamos todos à bordo para vocês acertarem com seus canhõezinhos, hem? O que tem a perder?

– Nada que eu pudesse lamentar, meu caro - Comodoro disse tirando a mão de Jack de seu ombro usando uma pistola.

– Agora, pra ser sincero com o senhor - Jack começou. - Há ainda um risco para alguém à bordo do navio que inclui a futura Senhora Comodoro. Ela ficou muito tempo com eles, muito tempo no mar e como ela não está acostumada com isso, o sol pode ter fritado seus miolos e ela pode delirar sobre os tripulantes serem imortais ou coisa do tipo, então sugiro que a mantenham segura para que ela não atrapalhe as coisas.

Voltamos em direção ao navio e foi ordenado que Elizabeth ficasse segura na cabine do Capitão. Jack e eu ficamos no navio. Bench não estava conformado.

– Vai mesmo deixar os dois irem? - disse Bench. - Não é melhor ficar com um deles como garantia?

– Alex - disse Comodoro à Bench com superioridade. - Sei o seu ódio pela garota, mas se ela for útil, como uma peça de barganha, por exemplo, não vejo problema algum.

Peça de barganha, acho que não sou, mas não vou falar isso, vou deixar que pensem que sou tão importante assim para Barbosa ou Jack, afinal, é o único jeito de sair dali. Jack e eu entramos no bote e voltamos sozinhos para a caverna. Jack remava e eu estava sentada de costas para o navio.

– Esse Bench te odeia mesmo hem? - disse Jack se divertindo.

– Pois é. Ele odeia piratas. Acho que alimentar, vestir e cuidar de um foi demais pra ele - brinquei e Jack riu comigo.

Chegamos na parte de terra da caverna, eu desci primeiro, sem ajuda de Jack e sem cair dessa vez, eu simplesmente pulei para dentro da água e saí andando para a terra. Era o mesmo lugar com a janela gigante. Fui andando em direção a ela até que Jack puxou meu braço para perto dele.

– Okay, o plano é o seguinte - ele começou, então havia realmente um plano. - Você vai fugir, não importa o que acontecer comigo.

– O quê? - comecei a rir.

– É sério Kaos. O Pérola Negra vai ficar em suas mãos, então assim que eu falar pra você ir, você vai.

– Não, Jack. O Pérola é seu, não posso pegá-lo.

– Se eu não conseguir meu navio de volta, ele ficar nas suas mãos é melhor do que em um desses piratas traidores.

– Mas do que você está falando, você vai voltar e vai me ajudar com o meu navio.

– Kaos, por enquanto esse é o plano e eu gostaria muito que você seguisse ele.

Respirei fundo, aquilo era loucura.

– Eu não sei...

– Preciso que você pegue o navio e vá embora com ele, não deixe esse pessoal de Port Royal destruí-lo. Pode fazer isso?

– Você pode fazer isso - eu disse.

– Kaos! - ele apertou meu braço impaciente.

– Tudo bem. Não gosto do plano, mas tudo bem - eu disse por fim.

– Obrigado. Vamos.

Começamos a andar pelos túneis da caverna, até que começamos a ouvir os marujos vibrando em um ritmo único, ansiosos para derramar o sangue de Will e quebrar a maldição. Achei que Jack esperaria ali escondido, mas ele então começou a andar no meio dos piratas furiosos, sujos e fedidos e eu fui logo atrás dele. Ele passava pedindo licença e eles nos olhavam como se fossem nos matar, até que os marujos foram parando de vibrar à medida que nos viam. Barbosa, que estava começando seu discurso, parou com a faca na mão e nos olhou sem acreditar que estávamos mesmo ali. Will estava com a cabeça inclinada por cima do baú dos medalhões e suas mãos presas para trás com dois piratas segurando-o.

– Jack! Kay! - Will disse animado.

– Não é possível - disse Barbosa olhando para nós dois.

– Nem provável - disse Jack ainda andando em direção à Barbosa e eu seguindo seus passos.

– Onde está Elizabeth?

– Olá Kay, como vai você? Que bom que saiu da ilha. Tão bom ver vocês aqui no meu momento de quase morte. Espera... onde está Elizabeth? - assim que suas perguntas deveriam ser seu mau agradecido - eu disse.

– Kaos está certa, podia perguntar como estamos, mas enfim... Elizabeth está a salvo, como eu prometi - disse Jack e nós finalmente chegamos na beirada do monte de ouro que apoiava o baú de medalhões. - Está pronta para se casar com o Norrington, como ela prometeu - Will não gostou, sabia -, você vai morrer por ela, como prometeu e Kaos está colada no meu pé como ela prometeu que ficaria - ficou meio estranho sem ele falar o motivo de eu ficar no pé dele, mas o motivo já é parte de outra promessa, então. - Somos todos homens de palavra, realmente - pigarreei. - Exceto Kaos e Elizabeth, que na verdade são mulheres.

– Calado! - disse Barbosa nervoso. - Vocês, seus montes de merda, são os próximos!

O pirata grandão que parecia o Kyle começou a segurar no meu braço e no de Jack com aquela cara nervosa de que vai nos devorar. Belo plano Jack, por que eu estou seguindo mesmo? Então Barbosa mandou abaixarem Will, pegou o cabelo dele e colocou a faca na garganta.

– Você não vai querer fazer isso, amigo - disse Jack.

– Não... eu acho que eu vou - disse Barbosa.

– Você que sabe - disse Jack juntando as mãos como se não fosse contar o grande segredo que tinha.

– Por que eu não faria? - Barbosa perguntou com impaciência e eu comecei a rir por dentro.

– Bem... porque... - Jack ia começar a andar, mas o grandão o segurava. Ele bateu na mão do grandão, começou a andar, eu assoviei porque ainda estava presa a ele e ele bateu na mão dele para me soltar. - Deixa ela seguir a promessa dela? Por favor? - ele disse um pouco impaciente e o grandão me soltou.

– Obrigada - responde indiferente e comecei a seguir Jack.

– Porque o navio de Sua Majestade, o orgulho da marinha real, está flutuando pertinho daqui - eu eu confirmei com a cabeça. - Esperando por você - Todos começaram a ficar indignados. - Eu só quero que me ouça: ordene a seus homens que remem até o navio e eles farão o que fazem melhor - os marujos adoraram aquilo, era matar o que eles faziam de melhor, é claro. - Com certeza vocês irão ganhar e lá estarão vocês com dois navios - e eu com nenhum, que lindo, pensei. - Formando a sua própria frota - Barbosa ouvia como se fosse a maior baboseira que já ouviu. - Claro que o maior fica sendo do Capitão e ninguém discute, mas e o Pérola? Nomeie-me Capitão e eu navegarei sobre suas cores, lhe darei dez por cento dos meus saques e você se apresentará como Comodoro Barbosa.

– E suponho que em troca me peça que eu não mate o garoto - disse Barbosa.

– Não, não, não, nada disso - Oi?, pensei. Will e eu nos olhamos e eu estava tão perdida no plano quanto ele. - Fique a vontade, pode matá-lo, só que não agora. Espere para quebrar a maldição, até o melhor momento– Jack enfatizou as últimas palavras. - Por exemplo - Jack passou a mão nos medalhões, enchendo a mão com eles -, depois de ter pegado os homens de Norrington, até o último deles - enquanto ele ia falando, ele ia jogando os medalhões um por um de volta no baú, mas eu percebi que ele ficou com dois na mão.

Jack arrumou a calça e colocou um dos medalhões lá atrás. Me aproximei das costas dele, encostando.

– É realmente um ótimo plano - eu disse de maneira sexy enquanto pegava o medalhão da calça de Jack. - Tá certo que ainda não terei o meu navio - me afastei de Jack de costas e fingi arrumar a minha roupa para colocar o medalhão entre meus seios e então desvirei ainda arrumando -, que não serei Capitã de um navio, apenas uma Capitã com dois marujos, mas... é um bom plano - parei de mexer no meu busto e quando olhei para os piratas, eles estavam com o olhar fixo neles, ri. - Ah! Matem principalmente um tal de Alex Bench, um Capitão, fará um favor à vida.

– Então esse era o seu plano todo esse tempo? - disse Will revoltado, mas era um revoltado falso, eu sabia exatamente quando Will ficava revoltado de verdade. - Desde que você soube o meu nome!

– Foi - respondeu Jack com um sorriso.

– Quero cinquenta por cento da sua pilhagem - disse Barbosa, pelo visto, aceitando o plano.

– Quinze!

– Quarenta.

– Vinte e Cinco! E te compro um chapéu. Um bem grande, Comodoro Barbosa.

Barbosa sorriu animado e apertou as mãos de Jack.

– Nós temos um acordo.

Jack sorriu de volta.

– Todos aos botes! - disse Jack animado e todos o olharam calados. - Ah, me desculpe, você é quem dá as ordens - ele deu uma risadinha sem graça para Barbosa.

– Senhores... caminhando!

Caminhando? Oh-oh... todos os piratas saíram animados com desejo de morte.

– Eles não... vão nos botes? - perguntou Jack.

Barbosa sorriu de modo superior. É... o plano estava indo perfeitamente bem para ser verdade, pelo menos do que eu estava acompanhando.


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