Kaos - A Filha de Simbad escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 14
Por que acabar com o rum?


Notas iniciais do capítulo

Kaos conseguiu ver seu pai, próximo a ela, lhe fazendo carinho e lhe dando aquele olhar afetuoso e paterno de conforto. Mas então, se ela estava vendo e sentido seu pai, isso quer dizer que ela está morta?



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– Senti tanto a sua falta - sorri e mais lágrimas saíram dos meus olhos. Podia jurar que eu ficaria desidratada. - Eu estou morta?

– Não, querida - ele deu uma risadinha. Seu jeito de falar era tão manso e convencido. - Você está bem viva. Isso é apenas um sonho.

– Então não quero acordar nunca - eu disse rindo com ele.

– Estou muito feliz que tenha voltado pra casa.

– Meu coração será sempre do mar.

– Assim como o meu e de sua mãe.

BUM! Uma explosão me assustou e eu levantei do colo do meu pai. Agora sim meus olhos arderam com força, o que me fez espremê-los. Olhei para o lado e meu pai não estava ali. Fora realmente um sonho, um sonho muito bom, devo confessar. Vi Jack deitado no areia, então eu não tinha me afastado tanto assim. Tentei me levantar e minha cabeça doía com tanta força que parecia que ia explodir. Caindo um pouco, consegui chegar até Jack.

– Jack! - gritei chamando-o ainda meio zonza.

Jack mexeu o nariz e então eu o chutei com força e aí ele abriu os olhos rapidamente.

– O quê? Hã? - ele abriu os olhos com dificuldade.

– Elizabeth está fazendo uma fogueira enorme com o rum - eu disse fazendo careta graças à dor de cabeça.

– O quê!?? - ele se levantou rapidamente enquanto Elizabeth jogava mais um enorme barril de rum na fogueira, o que gerou mais uma explosão. - Não!!! - Jack gritou desesperado e correu na direção dela. Tentei acompanhá-lo em meu ritmo lento. - Isso não!!! Para!!! Isso não! O que você está fazendo? - ele perguntou quando Elizabeth se aproximou. - Você incendiou toda a comida - ele foi direto se lamentar na fogueira e Elizabeth se aproximou de mim. - E o rum!

– Sim! O rum acabou! - ela se virou e olhou para Jack séria.

Deve ter acontecido alguma coisa séria quando eu saí de perto para que ela acabasse com o rum desse jeito e com essa fúria.

– Por que acabar com o rum?? - Jack estava indignado.

– UM: porque é uma bebida vil que transforma homens gentis em completos patifes - pelo amor dos deuses, não acredito que ouvi isso. Essa gritaria estava só piorando a minha cabeça. - DOIS: Aquele sinal tem mais de trezentos metros de altura, toda a marinha real está procurando por mim - Oh-oh, marinha real?, pensei - Acha mesmo que há a mínima chance de alguém não nos ver?

– Mas porque acabar com o rum? - Jack disse ainda mais triste.

– Isso não importa - eu disse batendo no ombro dele. - Você não ouviu que a marinha real pode ver esse sinal?

– Exatamente, ela virá nos tirar daqui e...

– Não, Elizabeth. Virá tirar você daqui e levar Jack e eu para a forca. Se você não se lembra, o Capitão Bench me criou como filha, uma pirata, dá pra imaginar o ódio que ele sente por mim agora?

– Se ele te amou uma vez Kay, ele pode te amar de novo.

– Claro que não. Acha que se eu tivesse contado que era uma pirata aos oito anos, eles teriam poupado a minha vida? Essa fogueira e uma besteira! Você não pensou na gente.

– Não vou deixar nada acontecer com vocês, prometo.

– Sei... até parece que vão nos deixar sair depois de roubarmos o Interceptor - eu disse e Jack ainda estava chateado pela bebida.

– Enfim... vamos aguardar Senhores - ela se sentou olhando para o horizonte. - Vamos esperar uma hora, talvez duas e aí verá velas brancas no horizonte - ela disse esperançosa e percebi que Jack estava com vontade de bater nela. Eu também bateria se minha cabeça não estivesse tão pesada.

Então Jack fez pior, ele tirou a arma e apontou para a cabeça dela sem que ela notasse e depois guardou a arma. Ele então saiu andando e eu decidi ir atrás dele, tudo o que eu não queria era voltar a Port Royal.

– Deve ter sido terrível ter ficado preso nessa ilha aqui, Jack - ele fazia uma voz fininha, provavelmente imitando Elizabeth na conversa da noite anterior. - Deve ter sido horrível pra você, não é? - Então ele se virou, quando já tínhamos caminhado um bom pedaço e gritou para o fogo: - Pois é, agora é horrível mesmo! E você, por que está me seguindo?

– Porque eu não quero ir com as companhias de Port Royal. E também porque eu disse que não ia largar do seu pé até me dar um navio. - a cabeça doeu mais devido à claridade da areia.

– E você não desiste desse navio - ele disse nervoso.

– Hey! Foi a razão pra eu ter deixado você dar o Interceptor para aquela mulher!

– Ah claaro, você deixou– ele ironizou.

– E por que diabos estamos brigando? - perguntei nervosa.

– Eu não sei - ele gritou comigo. - Estou com raiva, aquela garota acabou com o rum!!!

– Pelos deuses - eu disse olhando para o horizonte e Jack se virou.

Lá estava um navio das companhias de Port Royal. Droga, droga, droga.

– Agora que ela vai ficar insuportável - disse Jack revirando os olhos.

– Jack - ele me olhou. - Ou morremos aqui, ou em Port Royal enforcados.

– Ou entramos no navio e planejamos uma fuga para outro navio.

Nós nos olhamos. Senti que isso poderia dar muito errado, mas mesmo assim era até melhor do que ficar na ilha. Então nós fomos levados à bordo do navio da companhia e Elizabeth encontrou seu pai.

– Nós temos que salvar o Will - ela disse.

– Elizabeth, você está salva, é o suficiente - disse o pai dela. - Vamos para Port Royal imediatamente, não vagabundiar atrás de piratas.

Enquanto isso eu e Jack estávamos sendo amarrados.

– Kaos! Por que estão amarrando você? - perguntou o pai de Elizabeth.

Era a minha deixa para conseguir ficar livre e tirar Jack de lá e podermos fugir. Era a hora perfeita pra me fazer de coitada, até que...

– Por que ela também é uma pirata Senhor - disse o Capitão Bench.

– Bench! Mas ela não era sua filha?

– Não Senhor, eu a encontrei no mar, em um navio pirata. Ela, com oito anos, fingiu ser uma garotinha indefesa para não ser morta. Ia fazer isso de novo, Kaos? - ele se aproximou com superioridade e ódio nos olhos.

– Depende, você vai acreditar de novo? - eu disse de maneira sexy e ele ficou ainda mais puto. Eu ri. - Mas Senhor, a questão do Will é verdade, vamos condená-lo à morte se não buscarmos.

– Cale a boca! - disse Bench nervoso.

– Não! Ela fala a verdade - disse Elizabeth.

– O destino do rapaz é lamentável - disse o pai de Elizabeth ao lado de Comodoro. - Mas também o foi em sua decisão de abraçar a pirataria, assim como a sua amiga Kaos, que poderia ter largado tudo isso, mas preferiu retornar a esse mundo vil.

– Pelos deuses - eu ri e revirei os olhos. Mundo vil, foram eles quem mataram meu pai e me deixaram órfã e depois eu sou a vilã. Acho que vou começar a virar a vilã pra fazer jus a esse pensamento ridículo.

– Ele fez isso para me salvar, para evitar que alguma coisa acontecesse a mim– disse Elizabeth quase chorando.

– Se me permitem a ousadia - disse Jack saindo de perto dos marujos e me puxando pelo punho junto com ele, o que deixou Bench bem nervoso e os guardas/marujos foram em nosso encalço -, de expressar minha opinião profissional, o Pérola está capengando um pouco depois da batalha. Seria muito difícil manterem a velocidade - Comodoro o olhava com desdém. - Pense nisso - Jack sorriu. - O Pérola Negra. A última verdadeira ameaça do Caribe, amigo.

– Ficaria até mais famoso do que o Bench que conseguiu destruir Simbad, a lenda dos sete mares - eu disse. Desculpe pai, mas aquele navio é de imortais e também porque eu preciso sair daquele navio e não ir para Port Royal.

– Teria muito mais glória - disse Jack. - Não vai deixar isso passar, não é mesmo?

– Procurem-se lembrar de que eu sirvo a outro, senhores. Não somente a mim - então ele saiu todo orgulhoso.

– Comodoro, eu imploro! Faça isso! - disse Elizabeth passando por nós.

– Acho que agora vai - eu disse baixinho para Jack.

– Os poderes femininos - ele disse. - Por que não usou? Você não tem?

– Eu já usei com eles, quando eu tinha oito anos. Funcionaria de novo se Bench não estivesse aqui.

– Seus poderes femininos têm sido um pouco falhos, não acha?

Soquei o ombro dele com força.

– Não preciso ser indefessa o tempo todo pra conseguir algo, okay? Isso não funciona para uma Capitã, ou uma pirata de verdade - eu disse seriamente.

– Te razão - ele me olhou de cima a baixo com um sorriso.

– Para com isso - eu disse achando aquilo ridículo.

– Por mim - Elizabeth continuou. - Como presente de casamento - Comodoro parou na mesma hora.

Ush... agora pegou. Will não vai ficar feliz com ela, mas tudo bem, pelo menos isso fará com que salvemos o Will.

– Elizabeth, está aceitando o pedido do Comodoro? - o pai de Elizabeth perguntou feliz.

– Estou - ela disse sem tirar os olhos de Comodoro.

Era isso o que eu detestava em Port Royal. Essa coisa de casamento, porque tem a idade certa e aí você fica presa, cuidando da casa, dos filhos, sai para chazinhos, ou então fofoquinhas, exibe seus filhos e ficam dando risadinhas com leques, que coisa ridícula. Sei disso porque Constance me exibia como filha e eu tinha que ser a daminha perfeita. Era o que eu tinha que fazer em troca de ela manter o meu segredo.

– Um casamento! Adoro casamentos! - Jack me abraçou de lado animado e eu estranhei aquilo, mas tentei entrar no clima... vai que fazia parte do plano. - Bebida à vontade! Que maravilha! - Ah sim, agora sim estava agindo como um pirata.

– Capitão Jack Sparrow, acompanhar´esses senhores ao timão e os indicará o caminho até Isla de Muerta - disse Comodoro com um sorrisinho discreto.

– A Kaos vocês podem levar para a prisão - disse Bench.

– Não - disse Jack. - Ela tem que ficar comigo.

– E por que deixaríamos? Porque ela já se entregou pra você?

– Que horrível, claro que não! - eu disse para o Capitão Bench.

– Não. É porque só ela consegue nos guiar para Isla de Muerta.

Comodoro e Bench olharam para nós desconfiados.

– Ou ela vem comigo mostrando o caminho, ou nunca chegaremos à Isla de Muerta.

– Deixem os dois irem - disse Comodoro.

– O quê? Vai mesmo deixar isso acontecer? Eles estão nos enganando e...

– Bench! - o pai de Elizabeth o interrompeu. - Sei que você odeia a garota por ter te enganado durante anos, mas se só ela consegue chegar à Isla de Muerta, então ela vai ficar com o Capitão Jack Sparrow.

Bench ficou possesso e Jack e eu subimos para o timão. Eu peguei a Bússola e ela estava apontando dois caminhos.

– Estou confusa - eu disse baixo pra Jack.

– Pense que precisamos nos livrar daqui e que assim você conseguirá seu navio - disse Jack.

Fiquei olhando para a bússola, ela ainda estava um pouco louca porque eu ainda estava com a memória de ter visto o meu pai na ilha e um pouco de mim queria voltar lá e reviver aquilo, mas então aquietei esse pensamento para pensar que eu precisava sobreviver e então o caminho para Isla de Muerta apareceu e eu indiquei aos marujos.

O restante saiu de perto de nós. Bench me encarava feio, mas eu ignorei, se bem que de certa forma ajudava a querer encontrar logo Isla de Muerta.

– Por que me ajudou? - perguntei.

– Porque você tinha a bússola - Jack disse.

– Sabemos muito bem que você poderia ter tomado ela de mim.

– Mas seu caminho seria mais claro - fiquei olhando pra ele. - O que foi?

Ri e continuei a olhar para a bússola. Jack então fizera o mesmo por mim. Eu sabia que ele não era tão mal quanto Barbosa e que ele sim seria útil para minha vida no mar.


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