Never More escrita por Matheus Henrique Martins


Capítulo 2
Lembrança Inquietante




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– White? Chegou cedo!

Austin Red, meu colega da classe de trigonometria, me recebe na porta de sua casa, e está todo verão com uma bermuda jeans e uma camiseta arregata enquanto caminha até mim para abrir seu portão batido de bronze.

– Hey, - eu cumprimento. - William chegou?

William é nosso outro colega de classe, mas da classe de História.

– Qual é, - ele revira os olhos. - É do William que estamos falando.

– É verdade - eu concordo. William pode ser inteligente, mais é tão relaxado quanto a tartaruga de meu irmão, Lizzy.

Enquanto ele me encaminha até sua casa, uma mulher baixinha, de cabelos escuros e olhos azuis bem penetrantes, me cumprimenta. Presumo que ela seja a mãe de Austin, mas fico confuso com suas próximas palavras:

– Olá, você deve ser um dos colegas de Austin, meu nome é Miranda, sou avó dele.

Eu arregalo os olhos ao ouvir sua voz grave e perceber que ela não tem nenhuma ruga no rosto amendoado. Nenhuma mesmo. Nenhuma leve ruguinha.

– Ah... - eu nem sei o que dizer. - Sou White, colega de trigonometria de Austin.

– Entre, entre - ela pede. - O quarto dele é no segundo andar e você pode...

– Vó - Austin diz duramente. - Eu me encarrego daqui para frente - ele dá um sorriso forçado a ela.

Enquanto ela se vira para a cozinha, ele desfaz o sorriso e me olha de um jeito que diz "pois é" enquanto damos risadas e entramos no quarto dele.

– Senta aí, eu só vou falar com meus pais um segundo - ele gesticula para a cama dele com lençol verde-mogno.

– Claro - eu me sento enquanto encaro o familiar quarto que eu visitei apenas uma vez.

Enquanto encaro uma medalha pregada na parede, me perguntando do que deve ser, eu tento me lembrar dos acontecimentos do dia anterior.

Até onde eu sei, Patty e Kate chegaram na minha casa completamente bêbadas, seguidas pelo meu irmão que voltara para casa e seu amigo alto e magro, James.

Depois de Griff me ajudar a arrumar a casa, me lembro também de uma breve conversa com Patty na cozinha antes de ela voltar para o quarto e se deitar.

E então, depois... nada.

Parece que todas as cenas antes de eu me deitar e dormir na minha cama foram deletadas estranhamente, assim como minhas preocupações, que agora nem me lembro quais eram.

Bem, ao menos hoje de manhã, acordei e me lembrei que hoje era o dia marcado na minha agenda para eu e meus amigos da escola, Austin e William, nos reunirmos para fazermos um trabalho de História.

E aqui estou eu, sentado na cama de meu amigo e encarando seu quarto repleto de coisas, ainda sentindo que falta algo na parte de minha noite anterior que eu deveria me lembrar.

A porta se abre e eu me viro para ver quem é. Uma garota jovem, alta e atlética entra no quarto. Pelo cabelo escuro e os olhos verdes, deve ser a irmã mais velha de Austin, provavelmente.

– Olá, - sua voz é aveludada. - Me chamo Natasha, sou mãe de Austin, você deve ser um dos colegas dele, certo?

Eu engasgo e arregalo os olhos na hora. Como ela é jovem! Posso notar que ela usa jeans Sawary e camisetas leves de flanela. Caramba, ela se veste como jovem também!

– Si-sim - eu gaguejo e fico surpreso pela segunda vez no dia. - Sou White, colega de trigonometria de Austin.

– Hum, nome interessante White - ela parece gostar mesmo de meu nome. - E quais são seus planos White?

– Como? Ah... eu gosto de literatura, então... quero me dedicar em algo na área. - eu paro, não sabendo como soltei isso de repente.

– E meu filho é um bom amigo?

– Ele é um dos melhores - eu sou compelido novamente a dizer a verdade, o que ela tem, hein?

– Mãe - Austin entra no quarto e a encara de uma forma indiferente. - Para de assustar meu amigo.

– Ora, querido, não estou o assustando, estou?

– Está sim, na verdade - eu confesso.

– Ah, sendo assim, acho que vou deixá-los trabalhar.

Ela saí do quarto e Austin me olha de novo daquele jeito enquanto eu tento clarear minha mente.

– Não ligue, ela é assim meio...

– Persuasiva? - eu completo e Austin confirma.

– Okay, - ele pega seu notebook e se senta na cama comigo. - Vamos começar, qual o tema da pesquisa?

– Grécia Antiga e a guerra de Peloponeso - eu respondo olhando em minha agenda de bolso.

– Peloponeso - ele digita em seu computador e começa a fazer um resumo sobre o que sabe sobre os Espartanos.

A campainha toca e ele se levanta me deixando sozinho no quarto de novo.

Em seguida, ouço uma voz rouca e posso ver pela janela William entrar na casa com Austin, com uma camiseta do super-man e de bermuda também.

Logo me sinto deslocado com meus jeans folgados e meu corpo esquelético.

– White! - ele dá um tapa na minha mão e se senta ofegante na beirada da cama. - Não está sentindo esse calor dos infernos? Quase não consegui respirar dentro do meu 4x4!

– Imagina como deve ser pra mim - Austin liga um ventilador ao lado de seu armário. - Estar nessa casa quente!

– Eu não sinto nada - eu digo honestamente.

– É porque você é um ET de várginia - William provoca e assim começamos mais um típico dia estudos seguidos de apelidos e provocações naturais.

– Sabe, eu acho que seria com a Brenda - diz William, dando uma dentada furiosa em sua pizza de calabresa. - Ela é o tipo dele!

– Meu tipo? - eu questiono.

– Não, acho que ela é muito séria para ele - Austin discorda.

Com nossa pesquisa acabada, resumos prontos e os slides de apresentações terminados por William, nós estamos aproveitando o fim de tarde de domingo com pizza, refrigerante (suco de uva, no meu caso) e o som do Dj Next vindo do computador enquanto eles ficam cogitando que garota eu pegaria se eu desse mole na nossa escola.

– Palmer, Palmer Dallywoood - Austin sugere.

– Quem? Aquela garota nova que entrou na sala no fim do ano? - William questiona.

– Não! - eu arquejo. - Eu nem sequer gosto dela, ela é mais burra que uma loura artificial!

– Mas você fica todo ah-ah quando para pra conversar com ela na frente do seu armário! - Austin acusa.

– Nada a ver! Eu sou educado!

– Sei, sei - William dá uma risadinha. - Se bem que acho que se a Jane desse mole...

– Você não está falando da Jane da aula de química está? - questiono.

– Estou sim, ela tem um corpão e vocês são próximos...

Eu balanço a cabeça.

– Somos próximos porque o namorado dela é um amigo de infância.

William desmorona na hora e murmura algo inteligível no travesseiro de Austin.

– Ei! Para de babar, mané! - ele o chuta e William caí pesadamente no carpete do quarto. - E essa você errou! Minha vez!

Eu espero que Austin vá fazer algum palpite ao menos coerente e possível dessa vez, porque esse jogo de Com-quem-devo-ficar não vai dar em nada.

Não é por eu ser anormal, mas é que fazia tempos que eu não sentia uma atração por alguém e, desde que andei ocupado salvando o mundo, quase nem penso nessas coisas. Quase.

Meus pensamentos vão para a noite dos gêmeos-lobisomens e...

– Carmen! Professora Carmen! - ele me tira de meus pesadelos.

– Por favor - eu me deito de costas na cama e fecho os olhos. - Digam algo que ao menos faça sentido!

William volta a se sentar na cama e me encara com um olhar muito sério, avaliando-me dos pés a cabeça de uma maneira que quase me deixa constrangido. Quase.

– Honestamente, White, você é gay? - ele pergunta e Austin fica paralisado.

É apenas o William, eu digo a mim mesmo, não me permitindo perder meu controle e fazer a casa toda tremer. Em vez disso, penso em como responder essa pergunta.

Tudo bem que eu tive uma queda por Aaron, o meu antigo vizinho que se mudou a dois anos atrás, mas eu realmente sentia algo por ele, uma sensação, não uma atração.

E eu meio que me envolvi com um cara em uma missão, uma missão que quase colocou meus amigos e minha família em risco por causa de meus sentimentos.

No fundo, talvez eu fosse.

Mas eu nunca gostei de me vestir como mulher, nem nunca quis ser uma. Nunca gostei de musicais da Broadway e não frequento nenhuma boate gay.

Porém, não posso deixar de pensar que já me envolvi com homens antes. E a sensação, ao invés de assustadora, parecia... interessante, como uma experiência.

Então, sendo assim, eu era?

– Não me pergunte agora - eu digo. - Eu venho andado tão confuso, tão cheio de outras perguntas, que essa é a última que eu devo fazer a mim mesmo.

Não é totalmente mentira, eu vivia me perguntando onde minha mãe estava e se meu pai estava bem. Sem falar das inúmeras questões não resolvidas.

O que eu era? E como conseguia fazer o que consigo fazer?

– Saiba que... seja lá se você for ou não, ainda somos seus amigos - William diz com sinceridade. - Sem discriminação.

– É, mas não toque em mim, cara. - Austin zomba e começamos a rir, não conseguindo evitar que o clima fique mais leve.

De repente, a porta do quarto abre, e um cara entra com um notebook nas mãos. Pelo cabelo ruivo e os olhos castanhos, eu suponho que seja o pai de Austin. E, para nenhuma surpresa, ele também é jovem.

– A - ele chama Austin, num apelido carinhoso. - Você sabe onde eu deixei meu pen-drive?

– Huuum, estava no seu quarto - ele responde vagamente.

– Tem certeza? - ele pergunta, e então nota eu e William. - Hey, vocês devem ser os colegas de Austin, não?

Nós respondemos que sim e ele balança a cabeça, parecendo admirado, mas não tenho como ter certeza. O sr. Fields sai do quarto e, de costas, parece ter a minha idade.

– Seus pais são muito... - William começa.

– Jovens? - Austin pergunta. - É, eles são.

– Eles tiveram você muito cedo? - pergunto.

– Na verdade, não. - ele responde sinceramente.

– Tem certeza? - William questiona.

– Tenho.

Ele parece não querer falar sobre o assunto então nós dois nos calamos.

– Então, qual vai ser o tipo de apresentação? Só slide mesmo?

– Pode ser slide sim, mas também podemos ficar na frente da sala falando. - William sugere.

– Boa Justin– Austin zomba quando William move o cabelo castanho escovinha para um lado.

E então, por alguma razão, eu sinto meu estômago revirar e uma lembrança vem a mim. Eu consigo ouvir a voz de Kate me dizendo algo : Posso ver o cabelo escovinha e os ombros musculosos.

Eu arquejo e meus dois amigos me encaram.

– Você está bem? - William pergunta, sobressaltado.

– Eu estou, e-eu - começo a suar muito e vejo os pontinhos pretos se formando na minha frente. - Aonde fica o banheiro?

– A direita - Austin indica enquanto eu já estou abrindo a porta.

Uma náusea irritante me atinge e eu tento me concentrar em meus pés para não cair enquanto entro no banheiro claro e enorme. Olho a jacuzzi num canto distante e jogo um pouco de água no meu rosto.

As lembranças estão voltando.

Agora eu me lembro. O garoto da visão de Katherine, era isso que estava me preocupando. Ele aparece no jardim dos fundos da minha casa e eu pergunto a ele se ele está bem.

E depois o raio, caindo no do céu enquanto eu e ele nos abaixamos assustados, e então... ele some.

Mas o que? Kate não me disse que eu teria que esperar até sexta-feira pela visão se concretizar? Ela se enganou? Então me lembro de que não estava chovendo ontem, não tinha chuva nenhuma.

Apenas um raio brilhante quase caindo em cima de mim, e não no garoto.

– Até quarta!

Eu aceno para Austin e eu e William entramos em nossos carros parados no meio-fio. O interior de meu Vectra está bem quente e confortável enquanto eu ligo o rádio.

Há definitivamente muito em que pensar, eu digo a mim mesmo, tentando pensar com calma dessa vez para que não aconteça nenhum acidente na rodovia.

O dom de Katherine parece realmente estar falhando e eu reúno as provas desse fato na minha cabeça. Primeiro, ela teve uma visão incompleta sobre o garoto. Segundo, ela não teve nenhuma visão que avisasse a chegada de meu irmão Miles. Terceiro, ela errou o dia da visão, embora eu não tenha certeza se estava chovendo naquele desenho de ontem.

Têm algo de errado com Katherine Laundway. Ela nunca errou, nunca falhou em nada, será que ela está doente? Nós paranormais ficamos doentes?

Eu pego meu celular, pronto para discar o número de Kate e exigir algumas respostas, mas quando o faço, a ligação cai na caixa postal. Hello, aqui é a Kath! Lata depois do bipe! Ha!

Quando entro na rua de minha casa, percebo que do lado de fora da garagem tem um BMW estacionado, logo me xingo por dentro. O que Hayley vai dizer quando ver todos os meus hóspedes bêbados em casa?

Entro em casa, já imaginando o que fazer em meu breve castigo que eu provavelmente terei. Hayley pode ser legal e condescendente, mas um bando de garotas bêbadas em casa está além dos limites.

Mas quando paro na sala, quase pisco cem vezes para acreditar no que estou vendo.

Hayley, Bart, James, Griff, Rachel, Patty, Miles e Katherine estão aninhados no sofá em U no meio da sala, cobertos por um lençol quentinho xadrez.

Eu me abraço, só notando agora que o clima esfriou. Encaro intrigado a tv de tela plana e eles estão assistindo O Lado bom da Vida e parecem bastante quietinhos e concentrados.

Griff levanta os olhos quando me percebe.

– White, - ele me dá um sorriso brilhante. - Por que não se junta a nós?

– Ah - eu não sei o que dizer, a casa parece ainda mais impecável que eu deixei e algo esquentando na cozinha, eu sinto o cheiro de café. - Claro.

– Senta aqui - Griff deixa um espaço entre ele e Rachel e eu me reúno a eles.

Espremido ali por uns dois minutos, eu quase me esqueço dos meus problemas.

– Na verdade - eu levanto a cabeça. - Patty, Kate? Posso falar com vocês um minuto?

Elas assentem, os olhos ainda vidrados na tela plana.

– Em particular - acrescento.

Elas suspiram e nós saímos do sofá quentinho e subimos até o meu quarto. Percebo que alguém, provavelmente Griff, limpou ele e fez algo para acabar com o cheiro de vômito.

– Tá legal - eu fecho a porta e elas se sentam na cama. - Precisamos conversar seriamente!

O cabelo castanho de Patty está em um coque desleixado e o cabelo loiro de Kate está em um rabo de cavalo impecável. As duas estão com uma larica da porra.

– Ok - eu recomeço. - Vamos falar sobre ontem. O que deu em vocês?

– Desculpe White - Patty diz. - Não era minha intenção irmos até a casa de Rachel, ela simplesmente... apareceu.

– É, acredite White - Kate insiste. - Nem estávamos pensando em fazer isso!

– Tá legal, e quanto a visão de ontem? Resolveram o problema?

Elas dão um olhar nervoso uma para outra e eu concluo que não.

– Nem tivemos tempo - Patty murmura.

– Mas não deve ser nada - Kate dá de ombros. - Minhas visões voltaram ao normal hoje de manhã.

– Mesmo? - eu questiono desconfiado. - Se esta tudo tão normal, por que uma de suas visões aconteceram antes da hora?

Kate arregala os olhos negros, provavelmente pega de surpresa.

– Espera... a do garoto e o raio? Foi isso que aconteceu com você ontem? Quando te encontramos deitado na cozinha?

Eu estremeço com a lembrança e tento não pensar nos pontinhos pretos.

– Exatamente, - eu respondo. - Ele estava lá... no jardim dos fundos, sua visão estava errada.

– Tá legal, - Patty se mete. - Tem algo realmente errado nessa história. Uma visão aconteceu antes do premeditado? Isso é impossível!

– Eu vi com meus olhos! Ele estava lá, e não foi ele quem estava debaixo do trovão!

– Como assim?

– Você? - Patty arqueja. - O raio acertou você?

– Acalmem-se - eu respiro fundo. - O garoto de cabelo escovinha me savou.

– Ah - Patty parece aliviada.

– Mas e onde ele está? - Kate pergunta.

– Eu não sei. Depois que eu desmaiei ele... sumiu.

– Sumiu como? Como um Vampiro?

– Não, ele só não estava mais ali.

Nós três nos olhamos inquietos por um instante, tentando encontrar alguma explicação boa para o que aconteceu com as visões de Katherine.

– Acho que devíamos investigar mais - Patty começa a dizer. - Nunca deixamos um caso passar, não é mesmo?

Eu engulo em seco, mas finjo que concordo com ela.

– Então vai ser o seguinte - ela começa a ter uma ideia. - Kate, você vai tentar ter mais visões com esse garoto.

– Mas a missão devia ser do...

– Não importa - Patty a interrompe. - Está na cara que essa vez é diferente. Precisamos fazer isso juntos e...

Patty para de falar e eu logo percebo que ela deve estar escutando algo que não está ali. Ela vai até a porta e olha pelo buraco da fechadura.

– Miles - Kate sussurra para mim, os olhos distantes. - Eu posso vê-lo, ele está parado na escada, tentando ouvir.

– Como? - sussurro de volta. - Por que?

Patty apaga a luz e ficamos e nos escondemos no escuro. Segundos depois, eu escuto, os passos dele passando pela porta, voltando e depois parando de novo.

E então ele vai embora.

Patty acende a luz de novo.

– Ele sabe sobre nós - ela diz alarmada. - Ou pelo menos desconfia.

– Como? Ele acabou de voltar! - Kate arregala os olhos.

Mas eu não digo nada. Eu sei bem que ele desconfia, e é tudo culpa minha.

Estaciono o Vectra na frente da casa de Patty, cuidadosamente pensando no garoto de cabelo escovinha e no raio da noite anterior, enquanto tento esconder meus pensamentos.

– Você pode ter segredos, White - ela não deixa essa passar. - Não vou ler seus pensamentos se não quiser.

Essa é nova para mim, eu penso e ela ri, deixando bem claro que está mentindo. Depois que Miles voltou para o primeiro andar, nós fingimos nem ter notado sua tentativa de espionagem, prontos para voltarmos a sala.

Porém, quando chegamos no sofá, Miles tinha saído com James, de um jeito desconfiadamente rápido. Ele sabe e isso é mais uma prova de que devemos ter cuidado. Quer dizer, Miles pode até suspeitar, mas nunca encontraria a verdadeira resposta, certo?

– Não sei não - Patty responde ao meu pensamento. - Achávamos que as visões de Kate eram incorrigíveis, e ela deixou de prever a chegada dele.

– Tem razão - murmuro. - Tome cuidado, não sei se podemos contar com as visões dela mais.

– Não é para tanto - ela saí do carro e acena. - Se cuida, White, e vê se fica de olho no seu irmão!

Eu concordo impotente e arranco com o carro dali.

Apenas quando estou na estrada, me permito voltar aos meus pensamentos privados. Como pude ser tão idiota? Como pude deixar que meus atos idiotas interferissem em minha missão? O que eu tinha na cabeça?

Mas eu sei exatamente o que aconteceu.

Naquela segunda-feira á noite, os postes da rua estão acesos e eu espero silenciosamente atrás de um arbusto enquanto espero a visão de Katherine se concretizar.

E então eles chegam, dois loiros altos fortes e atléticos sem camisetas e olhos brilhantes observando a praça vazia parecendo muito idênticos. São gêmeos e são lobisomens, como isso?

Por anos tentei apagar o que aconteceu em seguida, um dos gêmeos sabia que eu estava ali e dispensou o outro para algum lugar. Ele se dirigiu a mim e, com sua voz hipnótica e sedutora, me conduziu até ele.

Em seguida, me vi sobre o controle dele, fazendo exatamente o que ele pedia, fora de mim mesmo enquanto eu beijava seus lábios. Ele parecia tão seguro, parecia tão certo que nem pensei na possibilidade de estar sendo... controlado.

Miles então entra em meu quarto, abrindo a porta num rompante e depois... o lobisomem se atira para cima dele, enquanto eu ainda estou sendo manipulado pelo poder dele.

Eu quase atropelo um ciclista e então tento me concentrar no volante de novo. Eu não posso mais pensar nisso, esse assunto me deixa desconcertado.

Mas mesmo assim, eu sei que só fico assim porque eu gostei de cada maldito momento daquela noite.


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