— Pronto, agora eu posso ir.

— Ótimo, Pandora! — Bryan se aproximou da mulher e a viu com as vestes de arqueira — Ficou bela.

Ela sorriu.

— Precisa melhorar a cantada, eu já não sou aquela mulher que vende o corpo — Ela o olhou ironicamente — Então eu não preciso me preocupar mais com você — Ele a olhou ironicamente como resposta.

— Não estávamos com pressa?

Os dois saíram do quarto, entregaram a chave para o recepcionista do dormitório e seguiram para o quartel general do Reino de Bluegarden. Há poucos dias, o chefe de Bryan, Lothegard, o convocou para uma missão importante.

Chegando ao quartel general, que era um prédio ocupado pelos militares, subiram para um apartamento que ficava no 3º andar. Um homem de aparência velha os aguardava, estava sentado numa poltrona confortável e com uma xícara de café na mão. O homem viu os dois se aproximarem no longo salão que era o seu local de serviço, colocou a xícara de café no pires e andou até eles.

— Antes desses rituais escrotos, eu peço que sentem no sofá — Sua voz era rouca.

Eles fizeram o que pediu, e o velho sentou-se em uma poltrona parecida com a que estava sentado.

— Vejo que me trouxe uma dama, Armstrong, por isso gosto das suas visitas — Gargalhou cordialmente.

Bryan deu um sorriso sincero.

— Recebi um comunicado em que me chamaste para uma missão, sobre a busca de algum mapa.

— Isso, esse mapa será de extrema importância para nós.

— Por quê?

— Ora, Bryan! Não percebeu ainda? O Rei divulgou para todo o exército que está a procura de um mapa-chave, que vai proporcionar a descoberta de um grande poder, que...

— É ISSO MESMO! — Uma voz estridente ecoou no salão, sem ninguém perceber, Nicholas abriu a porta e estava entrando no salão. Ele estava com uma armadura semelhante às medievais, cinza com detalhes amarelos, estava segurando um elmo, e todos se levantaram para recebê-lo.

— Nicholas... Você...

— Cale a boca, seu velho! Estou aqui por que estou nessa missão, caso você queira ou não!

— Quem lhe deu tal poder?

— O próprio rei.

Jogou-lhe uma folha de autorização real.

— Vamos! Estou com pressa. Já tenho todos os dados desta missão, poderei explicar para você, Bryan.

— Não só para o Bryan — Lothegard respondeu.

— O que? Quer dizer que essa mulher vai nos acompanhar? Acha que...

— Ela é a minha subordinada! Irá comigo caso queira ou não!

— Não levaremos essa prostituta conosco!

Bryan perdeu a paciência, e uma aura mágica começou a ecoar sobre seu corpo.

— Não pretende lutar com o braço direito de seu Rei, pretende?

— CHEGA! — O velho gritou — Peça desculpas a dama, agora!

Ele se virou e seguiu andando.

— Maldito! Me desculpe pelo meu colega, senhorita.

— Tudo bem, mas não pensem que eu vou abandonar essa missão por causa dele, irritar as pessoas é algo que amo.

Bryan deixou escapar um sorriso.

— Não foi isso o que me disse há algumas noites.

Algumas horas mais tarde, Bryan, Pandora e Nicholas estavam em uma nave tripulada automaticamente. Tanto Bryan, como Pandora estavam profundamente quietos, diferente de Nicholas, que conversava com a base em um equipamento que mostrava a pessoa com quem conversava numa tela. Os dois convocados por Lothegard não paravam de pensar nas palavras do mesmo informando a missão em que os confiara.

Algum tempo depois, a porta que levava das poltronas para a cabine do piloto se abriu, e Nicholas se aproximou dos dois, que estavam sentados um ao lado do outro.

— Chegaremos em 5 minutos, estive conversando com a base, o que aquele velho falou para vocês?

Os dois explicaram pacientemente a missão, evitando qualquer confronto com o braço direito do Rei. Depois de concluírem, saíram da nave e andaram cerca de meia hora a pé, em uma trilha que parecia que a cada minuto cresciam mais e mais árvores. O grupo chegou à um estábulo velho e acabado, onde um Elfo os aguardava. Ele mostrou os cavalos, e após uma breve conversa o grupo partiu, adentrando na floresta. Sem trocar nenhuma palavra em horas, o grupo chegou a um lago, e Bryan falou:

— A noite já está caindo, melhor pararmos aqui.

— Acho que podemos cavalgar pela noite, não estamos correndo com esses cavalos, e não seria nem um pouco agradável a recepção dos elfos em relação a nossa presença.

— Nicholas, estamos cavalgando tem 6 horas quase, precisamos que os cavalos descansem. Cavalgar a noite não é nem um pouco atrativo, criaturas selvagens habitam os arredores desta floresta.

— E você tem medo deles?

— Olha — Tirou o cajado da bolsa presa ao cavalo e apontou para Nicholas — Eu sou um dos magos mais bem respeitados de Bluegarden, estudei toda a geografia deste local, conheço-a com a palma da mão, e digo novamente que devemos parar agora!

Nicholas não se intimidou com a ameaça e pulou de seu cavalo. Olhou para ele com um sorriso e abriu os braços.

— Por que não me mostra sua habilidade física?

Ele pulou do cavalo e se aproximou de seu colega audaciosamente.

— Você não gostaria que eu fizesse isso, queria?

Nicholas se irritou e aplicou um soco no rosto, ele passou a mão no rosto para ver se havia sangrado muito e se levantando aplicou um soco bem mais forte, que o fez cair.

— Entenda, eu tenho a mente e o corpo mais desenvolvidos do que você poderia imaginar, meu caro.

Nicholas perdeu o controle, se levantou e partiu para cima dele, porém, foi surpreendido com uma pedrada na cabeça, que o fez perder a consciência imediatamente.

— Pandora?

Ela sorriu.

— Vamos descansar ou não?

No dia seguinte, todos acordaram antes do nascer do sol, torcendo para Nicholas continuar sem se lembrar do que aconteceu para “apagar do nada” como ele mesmo disse. Alimentaram-se com os mantimentos que trouxeram da nave e seguiram a cavalo rumo ao homem que indicaria a masmorra que abrigava o mapa que o Rei tanto procura.

— Tenho medo que esse dragão esteja lá — Ela disse.

— Não se preocupe, você não vai entrar na masmorra, ficará lá de vigia.

— Mas, até eu sei que comunicador nenhum funciona nesta área deste mundo.

— Sua idiota, fará do jeito antigo — Nicholas entrou na conversa, não disfarçava seu sorriso zombeteiro.

— Tudo bem — Ela se retraiu

— Olha só o que temos à nossa frente, meus amigos — Bryan disse.

Eram dois orcs, todos devidamente vestidos com armaduras, e espadas em punhos. Os dois homens saíram do cavalo e foram direto para os orcs parados. Até que um deles falou:

— Se quer passar por nós, além de dinheiro, vocês terão que nos prometer uma coisa: Nunca nos viram aqui.

— Vocês já começam um diálogo dessa forma? Será que não percebem que...

Bryan se abaixou e Nicholas aplicou um golpe com sua espada enorme, foi tão rápida que cortou a cabeça de ambos com uma facilidade imensa. O homem em baixo não controlou a risada, e antes de se levantar tomou um chute do seu parceiro, que o fez cair.

— Por que fez isso?!

— Ah, eu lembrei por que eu apaguei ontem. E Mulher! Apesar de prostituta, não vou te bater não — Ele riu ironicamente e ela desviou o olhar.

— Levante-se, vamos depressa rumo ao tal do Lorian.

No salão, Lothegard pegou o livro que estava no meio da sua enorme prateleira. Sentou-se no sofá e folheou até uma página qualquer, estava escrito “Capítulo 16 – Wolfrain” e em baixo mostrava uma imagem que ocupava quase a folha toda. Ele a analisou e passou para a próxima página, onde começou a ler tudo o que estava escrito, até que notou uma parte sublinhada:

“A fera será libertada por um feitiço, que envolverá um pequeno, mas valioso artefato, cujo nome é Wolfric, o sobrenome da pessoa que o trancou, o Rei Edward. Somente o ser com sangue da sua linhagem será capaz de prendê-lo novamente, essa predestinação foi obra do mago mais poderoso de seu tempo, a pedido do próprio Edward”

— É exatamente por isso, que preciso do artefato.

— Oh! Majestade, não tinha visto o senhor!

Logo que o viu, há sua frente, se ajoelhou. O rei riu, e falou:

— Bem, como você sabe, não há descendentes de Edward. Eu mesmo fiz a ultima procura, enviei meus melhores pesquisadores em todas as partes do mundo, e nada... Não há maneiras de eles conseguirem destruir o Wolfrain.

— Majestade...

— Se levante!

Ele o obedeceu.

— Eu gostaria de saber o porquê que enviou o Nicholas para esta missão, sendo que nós temos problemas pessoais.

— Eu entendo que você e ele têm seus problemas, mas eu não quero que haja nenhuma divisão em meu exército. Se um time estiver com problemas pessoais entre si, jamais será um time, eu fui claro?

Ele abaixou a cabeça.

— Sim.

Nos arredores da floresta, passado algumas horas, Nicholas não disse uma palavra sequer com Bryan ou com Pandora, além de estar com raiva de estar compartilhando esta missão com pessoas comandadas de seu inimigo intimo de muito tempo, estava obcecado em concluir tudo sozinho, sem a ajuda do mago das sombras e de sua prostitutazinha.

No caminho, apareceu um homem totalmente encapuzado, sentado encostado em uma árvore, lendo um livro. Quando o grupo se aproximou, Nicholas começou a falar.

— Oi amigo, sabe onde encontro um elfo chamado Lorian?

— Talvez você esteja falando com ele — Sua voz era serena, como todos os elfos — Como você é ridículo, se algum elfo radical ver vocês, estarão mortos — Mostrou o seu rosto, ele era inteiramente branco, até seus cabelos longos, seus olhos eram verdes vivos, sua expressão era fria e inocente.

— Não por que temos noticias que interessam seu líder.

— Eu duvido muito que o rei irá ouvi-los, mas enfim, a masmorra que estão procurando fica no norte, aqui está o mapa — Entregou um pedaço de papel velho surrado para Nicholas, nele tinha um desenho bem elaborado e um circulo onde estava a masmorra — Este mapa foi desenhado pelo próprio Edward, e acho que são cerca de 3 dias de viagem a pé, acredito que 1 dia a cavalo.

— Muito obrigada — Disse Pandora.

— Não me agradeça, e sim a Lothegard. Mande lembranças a ele, é um bom homem.

Nicholas perdeu a paciência, e saiu trotando com seu cavalo.

— O que deu nele? — O elfo se questionou.

— Perdoe meu companheiro, ele realmente é muito chato — Disse sentindo certa irritação.

Pandora e Bryan saíram atrás de Nicholas, que saiu apressado, alguns minutos depois, os dois o acharam parado no topo de uma escarpa. Até chegarem ao homem imóvel, viram o motivo porque o mesmo tinha parado.