Kate abriu os olhos, se deparando com Edgar imóvel diante dela colocando a mão sob seu peito ensanguentado. Imediatamente ela se levantou apavorada, ela estava prestes a ser baleada mas foi Edgar que acabou sendo ferido. Libertando-se pouco a pouco do choque, percebeu Ryan do outro lado da sala, próximo a janela. Ele carregava a arma que havia disparado contra Edgar.

— Você está bem? — indagou ele, ao vê-la se aproximar lhe deu um abraço apertado — Eu pensei que era tarde demais.

— Você chegou na hora certa. — ela sorriu aliviado ao ver que ele também estava bem.

— Agora está na hora de acabar com isso. — Ryan retirou de seu bolso o pequeno dispositivo e o prendeu sobre a mesa de Edgar.

— E o herói chegou para salvar o dia. — resmungou Edgar caindo ao chão, observando o aparelho — Quem diria, vocês criaram a arma. Eu pensei que morreria antes de vê-la pronta.

— E agora, a arma que você tanto desejava vai destruir a sua querida Fênix. — disse ele enquanto acionava o aparelho, o preparando para explodir em dois minutos.

— Eu não vou permitir isto. — mesmo caído, Edgar apanhou sua arma e apontou para Kate. Imediatamente, Ryan entrou na frente — Se você não sair da frente, vai morrer.

— Eu não vou deixar você machucá-la. — afirmou Ryan se mantendo entre Kate e Edgar.

— Eu não imaginei que você tivesse mudado tanto. Sacrificaria a sua vida por essa garota. —suspirou Edgar fascinado — Graças a você eu estou à beira da morte, se eu atirasse agora o condenaria ao mesmo destino que eu. — Edgar segurou firme o revolver, parecendo prestes a atirar mas repentinamente a soltou no chão.

— Mas... O que está havendo? — murmurou Kate o olhando confusa.

— Por mais difícil que seja de acreditar, eu sou incapaz de te matar, Ryan. — Ryan ficou abismado ao ouvi-lo — Durante toda a minha eu me dediquei unicamente a Fênix, graças a essa minha obsessão eu perdi minha esposa e minha filha. Eu prometi a mim mesmo que não me permitiria perder você e a Fox.

— O que pretende com esse teatrinho? — indagou Ryan com desprezo.

— Você me odeia e eu entendo isso. Eu cometi muitos erros, entre eles estava ter transformado você e sua irmã em assassinos mas agora eu vejo que vocês conseguiram mudar e se tornarem seres humanos de verdade, capazes de amar.

— Ryan, poderíamos tentar salvá-lo. — disse Kate, observando que o estado de Edgar piorava cada vez mais. Ryan ainda permanecia inerte diante das palavras de Edgar.

— Não se preocupe comigo, Srta. Collins, enfim, chegou a minha hora. Você é muito parecida com sua mãe. — disse Edgar fazendo com que Kate lhe desse breve sorriso — E você, Ryan, me lembra tanto sua mãe. Eu sei que ela ficaria orgulhosa de vocês. Sabe, eu não fui um bom avô mas do meu jeito eu sempre amei você e a Fox, vocês sempre foram mais importantes do que a Fênix pra mim.

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Kate observava Edgar ainda sem acreditar no que estava acontecendo. Ele estava à beira da morte, mas não parecia dizer aquilo apenas para conseguir ser perdoado e poder morrer em paz. Pelo contrário, aquilo era apenas uma confissão vinda do fundo de seu coração. Ela pensava se Ryan estava acreditando em suas palavras, ao levar o olhar até ele, ela ficou boquiaberta com o que viu.

Mesmo tratando Edgar com tanto frieza e parecendo não acreditar no que ele dizia. Algumas lágrimas surgiam em seus olhos, ele as secava mas elas continuavam a se revelar. De repente, ele deu alguns passos em direção e abaixou ficando frente a frente com aquele que havia sido seu grande inimigo durante estes longos meses.

— Apesar de você ser um velho ranzinza que só sabia me dar ordens, durante todo o tempo em que eu estive na Fênix, eu pensava que se eu pudesse ter um avô eu gostaria que ele fosse como você. Houve momentos em que eu te odiei de verdade mas apesar de tudo eu tinha esperança que você e um dia eu pudesse dizer que eu amo você. — era evidente que para Ryan aquilo não algo de se dizer mas mesmo assim Edgar as recebeu com alegria, enquanto fechava seus olhos pela última vez caindo nos braços de Ryan.

Ryan apertou os olhos, enfim permitindo que as lágrimas escorressem por seu rosto. Apesar de tudo o que Edgar havia lhe feito, ele ainda sentia por sua morte, durante os anos em que viveu na Fênix Edgar acabou se tornando alguém muito importante, ele lamentava que as coisas tivessem que chegar a tal ponto de ser ele o encarregado de tirar a vida do próprio avô.

Ela sofria ao ver Ryan naquele estado, ela nunca o havia visto tão triste, mas não havia tempo o suficiente para que eles pudessem continuar ali. Ryan também sabia disso, ele deitou Edgar no chão e o olhou com ternura, como se dissesse adeus. Ele se levantou e observou quanto tempo faltava para que a explosão acontecesse. Eles tinham menos de dez segundos para escaparem. Ele caminhou com Kate até o lado da grande janela.

— Segure-se em mim. — De imediato, Kate o abraçou sem entender o que ele pretendia fazer — Você confia em mim?

— Claro. — afirmou ela, notando que só havia uma maneira de escapar.

— Feche os olhos, Kate. — pediu Ryan, ela os fechou tentando pensar em como eles sobreviveriam aquilo.

Ryan a apertou em seus braços e sem pensar duas vezes, pulou da grande janela de vidro que se quebrou violentamente no momento em que o dispositivo apitou e se iniciou uma gigantesca explosão, destruindo por completo toda a Fênix junto com seus agentes. Kate não fazia ideia do que acontecia, ela ouviu com clareza o som da explosão, mas se perguntava o porquê de eles ainda estarem vivo, criando coragem ela abriu lentamente os olhos e encarou a base sendo reduzida a cinzas.

— Ei, sua medrosa! — ela ouviu a voz de Anne, olhando para cima notou a amiga acenando de dentro do helicóptero. Ela descobriu o porquê de não terem caído, havia um capo de aço que os prendia no helicóptero.

— Uau! — ela murmurou impressionada.

— Acho que enfim poderemos ser normais. — ele sorriu ao vê-la discordar com a cabeça — Bem, talvez não normais... Mas pelo menos estaremos em paz.

— Isso sim. — suspirou ela, voltando o rosto para ele o olhando com admiração.

— O que foi? — indagou ele.

— E no fim, você acabou salvando o dia.

— Eu não sou nenhum herói. — retrucou Ryan.

— É claro que é. Você é meu herói. — disse ela aproximando seu rosto do dele e o beijando.

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Kate passou a mão sob a lápide de pedra. Algumas lágrimas escorriam por seu rosto, já fazia tanto tempo desde a última vez em que ela esteve naquele lugar. Ela se lembrava que quando tudo aconteceu ela não sabia como reagir, apesar de ser seu pai ela não sabia o que fazer ou sentir. Por anos ela o culpou por tê-la a afastado, ter se mantido distante dela, finalmente ela entendia o porquê dele ter feito o que fez. Assim, que eles voltaram da Fênix ela fez questão de visitar seu tumulo e se desculpar com seu pai que havia feito tantos sacrifícios para mantê-la segura.

— Enfim, tudo acabou. Eu não estou mais em perigo, eu nunca imaginei que você fosse um fabricante de armas super poderosas. — ela deu um breve sorriso — Me desculpe, eu sei que não foi fácil ter que se manter distante, deve ter sido tão difícil perder a mamãe e a Rachel, mas mesmo assim você não se esqueceu de mim e me protegeu até o último momento da sua vida. — sem que se desse conta as lágrimas escorriam por seu rosto, ela as secou brevemente e voltou a olhar com carinho para o tumulo de seu pai — Mas agora deu tudo certo, eu, a Anne, o James e o Ryan estamos bem. Sabe, eu tenho o Ryan agora, acho que você iria gostar dele. Obrigado pai, obrigado por tudo. Eu te amo.

Novamente enxugando suas lágrimas, Kate levantou-se e caminhou em direção a James, Anne e Ryan que a esperavam a alguns metros. Ao caminhar até eles, ela não pode conter o sorriso, depois de tantos problemas que pareciam não ter fim eles estavam em paz. Eles poderiam levar vidas normais e felizes de agora em diante.

— Então é isso, enfim estamos livres. — disse Anne extremamente entusiasmada batendo palmas, fazendo com que todos rissem — E quanto a Fox?

— Ela vai morar com o Jack. Para a infelicidade dela. — respondeu Ryan dando de ombros.

— Eu espero me acostumar com essa tal “vida normal”. — resmungou James, ele era o único que parecia infeliz com o fim da guerra contra a Fênix.

— Não se preocupe, você nunca terá uma vida normal ao meu lado, meu amor. — Anne agarrou seu braço e lhe deu um beijo no rosto.

— Era o que eu temia. — murmurou ele com cuidado para que Anne não o ouvisse.

— Bem, agora vamos dar início as nossas vidas normais. Começando por um almoço super especial na nossa nova casa. — disse Kate sorridente enquanto puxava Ryan em direção ao carro.

— Pobre, Ryan! Em breve a Kate vai arrasta-lo para o altar. — observou James.

Ryan estacionou o carro em frente a nova casa em que moraria com Kate. Assim como para James, uma vida normal também era algo desconhecido para ele. Todos saíram do carro e entraram conversando na casa, Kate e Anne não paravam um minuto sequer de falar e James lutava para conseguir fazer com que Anne largasse de seu braço, mas era inútil.

Enquanto todos estavam tão ocupados, Ryan subiu as escadas e entrou em seu quarto. Depois de tantos meses ouvindo aqueles três falando sem parar ele deseja pelo menos um minuto de completa paz e tranquilidade, ao se jogar na cama notou um envelope destinado a ele.

Ryan o abriu e se deparou com um relatório que continha todas as informações sobre ele, Ryan folheou algumas páginas sem entender o porquê daquilo estar ali. Mas algo lhe chamou a atenção, era uma folha detalhando uma de suas missões, uma missão que ele não se lembrava de ter realizado.

— Não pode ser! — murmurou ele sem querer acreditar no que havia lido — Eu sou um monstro.