Contando estrelas escrita por Andreas
Notas iniciais do capítulo
Voltando um pouco no tempo, para que tudo se esclareça.
Catorze anos antes...
Reino das Luzes.
O sol já estava para nascer, mas ele não seria o único a ganhar vida naquele dia. O sino bateu três vezes ao alto da torre, eles já sabiam seu significado, trabalhadores pararam seus serviços e foram todos para frente do castelo, os portões estavam fechados, mas podiam ver o alvoroço por detrás das janelas. Aos poucos, a multidão foi se aglomerando, chegavam com presentes e bênçãos.
***
Quatro batidas apresadas na porta foram o suficiente para faces nervosas surgirem e a balburdia começar. Um grito suficientemente alto vindo do quarto trouxe alguns minutos de silêncio para o local, pés impacientes andavam de um lado para o outro, o tumulto recomeçou.
– Andem logo com isso.
– A rainha não pode esperar!
– A parteira chegou.
– Graças aos deuses.
– A coloquem dentro do quarto, dêem o que for necessário. – O rei ordenou.
Foram trinta minutos que mais pareceram anos de agonia, ouvia-se gritos de dor e a parteira rezando aos deuses, em um minuto tudo se cessou, não havia mais grito, mais clamor, era apenas um silêncio preocupante que arrepiava a espinha, o rei parou de andar, olhou preocupado para a porta, outros olhares suplicavam por respostas, até que um choro trincou o silêncio. Todos começaram a aplaudir e saltitar de alegria. A porta se abriu e a parteira cheia de sangue disse com um sorriso no rosto.
– É um lindo principezinho.
O rei empurrou a porta e viu sua esposa sentada na cama segurando uma pequena manta branca manchada com alguns pingos de sangue. A rainha estava sem condições para receber visitas, mas não hesitou em deixar seus serviçais e todos aqueles que estavam na porta, entrarem. Olhos curiosos tentavam ver o bebê que com tanto amor ela segurava nos braços. Ele chegou mais perto e beijou a sua testa, ela sorriu e descobriu a manta que revelou os olhos cor de mel que brilhavam a luz do sol que entrava pela janela.
– Veja nosso pequeno raio de sol.
– Ele tem os olhos da mãe. – O bebê sorriu ao toque do Rei.
– E o sorriso do pai.
Aquele dia, era sem duvida um dia de festa, o castelo se encheu de amor e cantoria, podia-se ver no rosto de cada serviçal a alegria que carregavam consigo pelo nascimento do mais novo herdeiro do trono. Saudável e cheio de energia a criança foi batizada como Roger, pensando em seu futuro, como um grande guerreiro que se tornaria. Mais tarde naquele mesmo dia a rainha já estava pronta para receber seus súditos que com muita bondade entravam um a um pelo portão do castelo e entregavam a ela e ao novo herdeiro lindos presentes.
– A rainha Eleonor é sem duvida a melhor em anos. – Comentavam alguns trabalhadores.
Todos a viam como a salvadora, era admirada por todo o Reino das Luzes e por todos da capital, não havia uma pessoa sequer que lhe amaldiçoava, desde quando ela foi coroada rainha, herdeira do trono por parte de seu pai e rei Arthur, nenhuma guerra foi despertada contra o reino, eles eram respeitados não apenas pelo coração bom da rainha, mas também pelo conhecimento de seu poder e seu exercito que se apresentava leal e forte a qualquer circunstâncias.
– Vossa Majestade. – Uma menina de aparentemente uns dez anos se curvou. – Mamãe me disse que hoje é um dia de união, um dia especial, o novo herdeiro fez o céu e o sol brilharem mais forte e gostaria de entregar a ele o meu presente. – A garotinha se atrapalhou ao falar algumas palavras, ela usava roupas bem simples e estava descalça.
– Qual o seu nome garotinha ? – perguntou a rainha.
– Anya. – A garotinha respondeu olhando para o chão.
– Sua mãe esta certa Anya, hoje é um dia especial, por isso você será minha convidada de honra para a festa da união neste sábado. – A garotinha olhou para a rainha com um sorriso radiante, Anya subiu correndo os três degraus que separava o saguão dos tronos e abraçou Eleonor.
– Obrigada Vossa Majestade. Obrigada. – Ela passou a mão suja de carvão pelos cabelos compridos cor de mel da rainha, que naquele dia estavam soltos.
– Você gosta ?
– São lindos Vossa Majestade. – O sino da igreja bateu as três horas. – Preciso ir. – Disse a garotinha apresada, ela já estava no meio do caminho quando voltou correndo e tirou do bolso uma pequena pedra azul e colocou perto do berço onde estava o bebê.
– Você tem um belo coração Vossa Majestade. – Disse sua dama de campainha – Sua mãe teria orgulho de te ver assim.
Na mesma hora, ordenou que fizessem convites para um baile de agradecimento e que os espalhasse por todo lugar. Seria uma festa da união.
– Vossa majestade. – Uma senhora de aparentemente uns noventa anos se curvou – Não trouxe tecidos ou ouro, ou pedras preciosas, trouxe comigo a benção dos deuses. Se me permite. – Ela vagarosamente subiu os três degraus, os soldados quiseram intervir, mas a rainha levantou a mão e eles pararam. A senhora foi até o berço onde o bebê estava e esfregou as mãos, alguns raios de sol escaparam pelos dedos, mas ela os segurou com força, fechou os olhos e fez uma reza, soprou todo aquele poder para a face da criança que gargalhou. A senhora sorriu, desceu os três degraus e olhou para a rainha. – Agora seu bebê tem a proteção dos deuses.
Era muito curioso, em todos os sentidos possíveis e imagináveis, aquela senhora não disse nada mais que isso, mas a rainha sabia que era um proteção de bondade e dada de muito bom grado. Seria útil que ele tivesse a benção de pessoas tão boas, Eleonor ficou imensamente feliz.
O dia estava acabando e o saguão estava cheio de presentes enviados e entregues pessoalmente pela maioria dos moradores do reino e por aqueles que a admiravam. Mesmo cansada, ela recebeu todos que foi permitido receber, e os agradeceu.
***
No mesmo dia...
Reino das Trevas
Todos os dias, um pouco depois do sol raiar, Derek o rei do Reino das Trevas ia até o seu oráculo em busca de futuras novas conquistas ou combates, e naquele dia, algo iria fazer seus pensamentos explodirem e planejarem coisas terríveis.
– O que tem para mim hoje neste dia horrível de sol, grande e sábio oráculo ?
Uma fumaça escura fechou o ambiente, só podia se ver dois olhos avermelhados no fundo da câmara, um voz estridente quase confundível com a morte começou a recitar uma profecia, a tempos o oráculo não profetizava nada e Derek esperava a meses uma nova ordem.
– Três badaladas soaram a um reino distante, a mão do herdeiro nos tempos difíceis o reino sucumbirá, a lamina maldita ceifará a alma do pai, não há como escapar, o juramento deve selar a um ultimo suspiro e assim o ladrão, o guerreiro e o desaparecido se apresentarão.
Derek ficou paralisado, uma profecia que mudaria toda sua rota. Os olhos do oráculo se apagaram e a fumaça escura começou a cessar e uma ar frio tomou conta do lugar. Ele piscou três vezes até sair do transe e correu para o escritório, ordenou que chamassem os conselheiros e lá estavam os sete, com o rei aos berros.
– O oráculo fez uma profecia terrível meus senhores, precisamos rever isso.
– Repita a profecia Vossa Majestade. Precisamos tentar encaixar as peças que faltam, para poder entende-lo.
– Entender o que senhor Watson ? Vocês já sabem, cada um de vocês já entendeu que “o reino sucumbirá”, não há mais o que encaixar, precisamos agora fazer algo para reverter a situação.
– O senhor também já entendeu que “não há como escapar” ?
– Como ousa contestar o rei.
– Um minuto, “três badaladas soaram a um reino distante” isso não lhe parece familiar ? – Os conselheiros forçaram a memória para tentar lembrar.
– Isso não importa, voltemos para o “reino su...” - O rei estava nervoso, tentou desviar a atenção dos conselheiros mas foi interrompido.
– Eu me lembro! Foi quando Derek estava para ser coroado. Depois de voltar da batalha contra o Reino das Luzes.
– Mas essa profecia não se concretizou. Algo foi mudado. – Falou triunfante.
– Mas o oráculo é articuloso meu rapaz, ele não usaria as mesmas palavras sem motivo. Algo aconteceu ao Reino das Luzes antes e agora. – A porta do escritório se abriu e um homem baixo segurando um pergaminho entrou a sala de um modo apresado.
– Vossa Majestade. – Ele se curvou e entregou o pergaminho a mão do rei. Ele pegou e estava abrindo.
– O que pensa que esta fazendo aqui ? Pode sair, não preciso mais do seu serviço. – O homem se curvou e saiu. Derek era muito rude com seus serviçais, ele foi ficando frio com o tempo e com o poder.
O rei abriu o pergaminho e correu os olhos nas palavras que lhe embrulhavam cada vez mais o estomago. Ele segurou tão forte o pergaminho que amassou suas pontas, os conselheiros preocupados quiseram saber, e então ele leu.
“Festa da união.
A Rainha Eleonor Raynes convida seus súditos e todos aqueles presentes nesse dia especial, que lhe acolheram e lhe parabenizaram para uma festa neste sábado no Castelo das Luzes, com o objetivo de festejar o nascimento do mais novo herdeiro do trono, Roger Rexton Raynes ”
– Um herdeiro. Isso soa familiar para vocês ?
– Isso é o que eu chamo de encaixar as peças Vossa Majestade.
– Três badaladas para o Reino das Luzes não significa nascimento ? O oráculo quis nos avisar sobre o futuro herdeiro do trono.
– Vossa Majestade, eu estava pensando, talvez o reino que o oráculo nos falou não seja o Reino das Trevas, porque veja “a lamina maldita ceifará a alma do pai” seguindo a lógica, o herdeiro matará o Rei.
– Mas por qual motivo ele mataria seu próprio pai, se ele é sem duvida o herdeiro ?
– A menos que o Deus do Dia não seja seu verdadeiro pai.
– Seria um escândalo para o Reino das Luzes! A queridinha Eleonor a maior traidora de todos os tempos.
– PAREM! Não devemos deduzir coisas que estão fora do nosso alcance... por hora. – O Rei pareceu nervoso.
– O que devemos fazer então Vossa Majestade?
– Nos infiltrar naquela maldita festa da união e tomar medidas drásticas.
– Mas Vossa Majestade, precisamos decifrar a profecia por completo.
– Já deciframos metade, e era essa a metade que me interessava. Meu reino JAMAIS sucumbirá a mão de um herdeiro do Reino das Luzes. Guardem minhas palavras senhores, se isso um dia chegar a acontecer, me levem direto para a guilhotina.
To be continued...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Pretendia fazer esse "catorze anos antes..." em apenas um capitulo, mas achei melhor dividi-lo em Parte l e Parte ll, para maior suspense, e também para não ficar uma leitura cansativa, depois que tudo ficar esclarecido, voltarei a contar o que tem no pergaminho do capitulo 2. Obrigada pelos que estão lendo e acompanhando, ficaria muito feliz com alguns comentários, aceito criticas e elogios, até mais