O médico de corações escrita por Reh


Capítulo 1
Capítulo 1 - Mity: O curandeiro




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Em lugar distante, mais exato numa região chamada Elória, existiam muitas pessoas que aparentavam não ter problema algum em sua vida.

Esse fenômeno acontecia pois nesse lugar morava alguém que era diferente de todos os outros habitantes daquele local, e também era o único que tinha o que alguns chamavam de dom, e outros de prisão, cada um via à sua maneira.

Era ele um médico, um curandeiro, ou apenas um alguém solitário que ajudava as outras pessoas. Seu nome era Mity, e ele havia aprendido a fazer algo espetacular, Mity era um “curandeiro de corações”. Ele atendia em sua residência a qualquer pessoa que o procurasse com um problema, mas não estamos falando de pernas quebradas nem arranhões, Mity poderia fazer qualquer dor sentimental desaparecer.

No bairro de Elória onde Mity residia, não havia criatura alguma que fosse infeliz. Mity recebia visita de centenas de pessoas por semana, todas com algum problema "inusitado". Algumas não conseguiam suportar a perda de um animal de estimação, outras estavam chateadas com os pais, outras apenas iam visita-lo por precaução, para não se sentirem tristes ao decorrer do dia.

Seria perfeito se Mity não fosse o único homem naquela terra que não poderia se sentir como todos os outros se sentiam. Ele nunca havia conseguido curar seu próprio coração.

Mity era jovem, alto, magro, extremamente inteligente, não trazia expressão alguma em seu rosto, quase não conversava, e morava sozinho em sua casa onde atendia as pessoas com sua medicina maravilhosa; muitos até diziam que ele não tinha sentimentos, mas na verdade ninguém sabia quanta dor Mity carregava em seu peito.

Pobre Mity, a cada pessoa que ele atendia ele pensava mais em como todos eram mesquinhos, em como suas dores não eram nada perto do que ele sentia, e ninguém se importava na verdade com o que ele sentia. Todos chegavam, diziam o que desejavam, e depois que recebiam sua cura, seguiam seu caminho. Não havia ninguém que lhe dissesse um simples “obrigado” ou então “Bom dia Mity! Como você está se sentindo hoje?” ninguém.

Todas as noites antes de dormir, Mity se lembrava da vida que tinha quando era criança, como era feliz! Mity em sua infância morava com sua mãe, nunca conheceu o pai, mas também não sentia a necessidade de ter um. Sua mãe era sua fortaleza, ela cuidava dele, da casa, e ainda ajudava em sua cidade, apoiando financeiramente os mais necessitados. Mity era um garoto curioso, e aprendia as coisas rapidamente, sempre soube respeitar as pessoas e dar valor na vida que tinha. Ate que certa vez após sua mãe ter passado o dia fora, caminhando pelas cidades próximas de Elória levando alimentos aos pobres junto com uma caravana, ela entrou em contato com uma criança muito doente, uma doença até aquele fatídico dia, ninguém havia descoberto,  e infelizmente, por ter ficado com dó da criança por estar solitária em uma casa abandonada, resolveu abraça-la e dar lhe o que comer, ficando doente também.

A partir daí já se pode imaginar que o final desse abraço não foi dos melhores. A mãe de Mity foi adoecendo cada dia mais, ficando incapaz de se locomover, de sorrir, e em alguns meses se tornou incapaz de respirar, vindo a falecer.

Mity ficou sem chão, sua mãe sempre foi a vida dele, a única por quem ele moveria montanhas se fosse necessário, era a única pessoa que ele confiava, e agora ele já não a tinha mais.

Passou um tempo vivendo na casa de alguém que o treinava desde pequeno, o responsável também por ensinar a Mity os segredos que o tornaria curandeiro no futuro, Loan foi seu único amigo depois do falecimento de sua mãe. Mas Loan era um sábio e conselheiro de uma terra distante de Elória, e passado algum tempo teve que voltar para sua terra natal, deixando Mity em Elória, que por sua vez não quis se mudar com Loan, pois a cidade onde morava era a única coisa que ainda restava de sua mãe.

E foi assim que Mity iniciou a sua carreira de médico dos corações partidos, queria continuar o que sua mãe havia começado, então iria ajudar as pessoas assim como ela fazia, porém à sua maneira; e também para que ninguém sentisse uma dor tão grande quanto a que ele passou a sentir.


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