De Repente Grávida escrita por Dul Mikaelson Morgan


Capítulo 9
Desejos


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões meus lindos :/ andei super ocupada essa semana :S vou compensar vocês por isso podem apostar =] sem demoras ai o capitulo.



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Quando Klaus chegou para jantar, Caroline logo percebeu que ele não estava bem. O sorriso, tão constante ultimamente, havia desaparecido de seus lábios, e um vinco pronunciado marcava o encontro de suas sobrance­lhas. Klaus nem tentara lhe dar um beijo de boa-noite e depois de todo o carinho que ele lhe dispensara naquele dia, na joalheria e no restaurante, já começava a sentir falto de seus beijos carinhosos.

Observou-o enquanto comia o camarão ao molho rose que ela preparara como entrada. Klaus comia automaticamente, co­mo se nem soubesse o que estava comendo.

Caroline tirou as taças vazias e perguntou:

— O que você comeu Klaus?

— Bem, camarão e mais alguma coisa — ele respondeu hesitante.

— E mais alguma coisa... — ela repetiu convencida de que Klaus estava a quilômetros dali. — Vou buscar o segundo prato.

— Vamos buscar o segundo prato — Klaus disse, levantan­do-se da mesa. — Gosto de comer em casa, mas não de vê-la me servindo.

Ele abriu o forno e tirou o assado. Apesar de fazer tanto tempo que conhecia Klaus, Caroline repentinamente se deu conta de que sabia muito pouco sobre sua vida. Por exemplo, não tinha idéia de onde Klaus comia à noite. Em casa? Num res­taurante? Claro que ele tinha poder aquisitivo para comer fora todas as noites, mas comida de restaurante, por melhor que fosse não substituía um bom jantarzinho caseiro. Era o que pensava, enquanto servia as costeletas de carneiro com batatas coradas. Para sobremesa, tinha queijos variados e frutas.

— Espero que goste de carneiro — Caroline disse, passando para ele o molho de hortelã que acompanhava o prato.

— Eu gosto de tudo.

— Klaus quer abrir o vinho?

Klaus a deixara profundamente comovida por seu empenho em agradá-la e quis demonstrar seu reconhecimento com um jantar bem gostoso, feito por ela mesma. Porém, desde que che­gara tão aéreo, dava a impressão de estar ou desejar estar a léguas dali.

Provavelmente não queria estar com ela. Talvez fosse muito cedo para bombardeá-lo com domesticidade. Também, o que poderia esperar? Até poucos dias atrás, Klaus era um solteiro convicto que, repentinamente, decidira se casar e assumir o filho gerado num momento de loucura. Ela mesma ficara em estado de choque quando percebera que estava grávida coisa que procurara negar a si mesma. Claro que Klaus teria de se acostumar à idéia de ser pai.

— Espero que não se importe de ir para casa logo após o jantar. Foi um dia agitado, cheio de emoções, e estou um pouco cansada — Caroline pediu, admirando o belíssimo anel de noivado brilhando era sua mão direita.

O anel que lhe dera... Um anel que nunca pensara ga­nhar de Klaus. Um presente com o qual nunca sequer sonhara. Klaus saboreava o vinho em pequenos goles.

— Mas você está bem, não? Acho que hoje exageramos! — Klaus concordou.

— Estou bem. O fato de me cansar com mais facilidade é natural. Damon afirma que muito em breve vou esbanjar saúde e vitalidade. Não vejo a hora que chegue esse dia!

— Vou me sentir melhor depois que falar com Damon na segunda-feira.

— Ele não vai dizer mais do que eu já disse. Eu tinha enjôos horríveis — lembrou, fazendo uma careta —, mas isso pratica­mente passou. Klaus, gravidez não é doença!

Dizendo isso, estendeu a mão e tocou o braço dele, retiran­do-a imediatamente, porque o calor que ele emanava provocou-lhe uma corrente elétrica pelo corpo inteiro.

— Está certo — Klaus disse ainda apreensivo —, mas gos­taria que Damon confirmasse que você está bem.

— Espero que você não venha a ser um pai super protetor — Caroline falou, olhando para ele com expressão travessa.

Naquele instante, cruzando cuidadosamente os talheres so­bre o prato, Klaus encerrou seu jantar.

— Sinto muito, mas acho que ainda não digeri o almoço.

— Eu também — Caroline disse, enquanto virava e revirava o anel no dedo, sinal de que estava nervosa. — Não quer queijo? Gostaria de uma fruta?

— Não, obrigado, Caroline. Estou satisfeito.

No momento em que escolhiam os anéis, durante o almoço, e depois no caminho para casa, Caroline chegou a pensar que poderiam ter um casamento feliz, porém, notando Klaus tão aborrecido, tão distante em seu primeiro jantar a sós, começou a duvidar disso.

Tirou a mesa, com a ajuda dele.

— Caroline, vamos conversar um pouco — Klaus disse, enca­minhando-se para a sala. — Sei que está cansada, mas são apenas oito e quinze. Quero conversar com você.

— Sobre o quê?

— Sobre onde vamos morar, por exemplo.

Caroline estranhou. Onde iriam morar? Em Londres, natural­mente. Ela trabalhava em Londres. Klaus, embora viajasse mui­to para produzir seus filmes, tinha seu quartel-general em Lon­dres. Além do mais, era notório que Klaus não apreciava viver no campo e nunca fizera segredo disso. Não atinava com o que ele queria dizer.

— É... É melhor irmos para a sala.

— Eu vou fazer um café para nós. Você pode tomar café?

— Posso — Caroline respondeu curiosa sobre o que ele iria dizer, e seguiu-o até a cozinha. — Você não sabe onde estão as coisas. Olhe, aqui está o pó, a cafeteira...

— Deixe comigo. — E, segurando-a pelo ombro, empurrou-a gentilmente para fora da cozinha. — Você já fez muito por hoje. Era verdade. O dia tinha sido exaustivo para Caroline, mas no momento em que Klaus, logo depois, entrou com o cafezinho, fumegante e cheiroso, seu cansaço desapareceu. Tudo que que­ria era ficar ao lado dele, desfrutando um momento de doce convívio.

— Que café gostoso! — Caroline falou ao tomar o primeiro gole. E brincou com. ele: — Já pode casar!

— Não fique tão espantada — Klaus retrucou, sentando-se ao lado dela no sofá. — Um homem que viveu sozinho por tanto tempo deve pelo menos saber fazer café.

Caroline estranhou aquelas palavras. E as mulheres que sem­pre pensara terem existido em sua vida? Não serviam nem para fazer um café?

— Klaus...

— Não faça nenhum comentário, Caroline, sobretudo porque sabemos muito bem que não é bom viver assim.

Claro que ela sabia que aquele não era o melhor modo de viver. Sabia por que, quando não estava trabalhando, sentia o peso da solidão no silêncio de seu apartamento, e nessas horas a dominava uma vontade imperiosa de correr para a fazenda, onde teria companhia. Compreendia Klaus.

— Mas...

— Nada de, mas, Caroline. Vivi por minha conta minha vida inteira. Estou certo de que você achará que tenho maus hábitos, como deixar o banheiro em desordem, apertar o tubo de pasta pela metade...

— Eu sempre começo a apertar o tubo de pasta por baixo.

— Está vendo?

— Bem, isso não é nada diante do que teremos pela frente. Vamos ter que nos adaptar... Então, você já está pensando onde vamos morar?

— Em uma casa, claro. Quero que nossos filhos tenham es­paço para brincar e ar puro para respirar. Vamos procurar uma casa com jardim e árvores, num bairro afastado, pouco movi­mentado, onde mais tarde eles possam andar de bicicleta sem perigo de ser atropelados. Ah, e vamos comprar um cachorro!

Caroline ficou espantada. Como um homem que detestava o campo podia mudar assim?

— Quero que meus filhos tenham tudo que eu não tive — disse Klaus.

Quanta coisa ela teria que descobrir a respeito daquele ho­mem! Nunca soubera nada de sua vida. Quem foram seus pais, se tinha irmãos, como transcorrera sua infância. Sua mãe sem­pre lhe dizia que não fizesse perguntas. Se Klaus quisesse con­tar alguma coisa, contaria o que nunca acontecera. Agora, como sua futura esposa, poderia perguntar tudo que quisesse?

Milhões de dúvidas atormentavam sua mente e, na verdade tudo que queria, o que mais queria, ia ser feliz e fazer feliz aquele homem que amara toda sua vida.

Klaus percebeu que Caroline o estava olhando como se nunca o tivesse visto. E não a culpava por isso. Ela havia aceitado seu pedido de casamento, e, apesar de não amá-lo, estava, ob­viamente, conformada com o fato de que eles em breve seriam marido e mulher, embora não fosse o que planejara para si. Das três irmãs, só Caroline colocara a carreira em primeiro lugar. Fora a criancinha que geraram que colocara sua vida num com­passo de espera. Caroline precisara de tempo para se acostumar com a gravidez e, portanto precisava de tempo para se acostu­mar com a idéia de ser sua esposa. Se dependesse dele, ela não trabalharia mais. Cuidaria dela e do bebê. Mas não queria in­terferir. A decisão caberia a ela.

— Pense onde gostaria de morar — Klaus encorajou-a. — Podemos procurar um condomínio fechado, com piscina, quadra de tênis, cavalos, perto de Londres, com todas as comodidades para que você não tenha que ir à cidade fazer pequenas compras.

Caroline não respondeu. Estava tão emocionada que nem con­seguia falar.

— Caroline! Esqueci-me de dizer que tenho que fazer uma rápida viagem à Alemanha, mas voltarei em tempo de irmos ao médico. Estão tendo problemas com a filmagem. Devo ficar fora no má­ximo quatro dias.

Aquele intervalo de quatro dias lhe faria bem. Precisava des­se tempo para pensar, não em seu casamento, pois Caroline era tudo que queria na vida, mas em como se livrar definitivamente da pessoa indesejável que o surpreendera pela manhã. Se ela desconfiasse de que ia se casar seria o fim.

Cerrou os dentes com raiva e seus olhos verdes escureceram. Isso sempre acontecia quando estava profundamente contrariado.

Aquela mulher horrível, que ele queria esquecer que era sua mãe, era responsável por todo seu passado infeliz, e não tole­raria que viesse interferir em seu presente. Considerava aquela inesperada aparição um verdadeiro azar. E que azar! Aquela sombra negra que pairava sobre sua vida costumava sumir por muito tempo e ele chegava a crer que não a veria nunca mais, depois, um belo dia ressurgia, sempre pedindo dinheiro, dinhei­ro, e o duro passado, que tanto queria esquecer, voltava à tona.

Pelo fato de, nas brumas de sua memória, perdurar uma lon­gínqua lembrança de que há amara um dia, sempre satisfazia seus pedidos.

— Vou estar de volta antes de segunda-feira. Não se preo­cupe Caroline.

Caroline engoliu em seco.

— Claro, eu compreendo que você tenha que ir. É seu tra­balho. — Ela sorriu.

Klaus, antes da despedida, teve vontade de colocá-la no colo, de acariciá-la como se acariciava uma criança e de contar-lhe tudo, tudo que durante anos guardara no recôndito de sua alma. Mas não podia. Ainda não. A única pessoa que soubera de Esther e de tudo que acontecera em sua vida fora Elizabeth, em quem sempre confiara cegamente. Sabia que Elizabeth jamais tocaria no assunto e que guardaria seu segredo cuidadosamen­te. Até o fim. Como realmente o fizera.

Passou o braço por cima dos ombros de Caroline, remoendo as múltiplas emoções que o acometeram desde a visita daquela ma­nhã. Uma parte de si rejubilava-se ante a idéia de que se apro­ximava o dia de seu casamento, enquanto outra parte aterrori­zava-se ante a perspectiva de esse casamento não se realizar.

— Klaus, estou muito cansada — Caroline disse. — Além do mais, tenho certeza de que você ainda tem coisas de última hora para sua viagem à Alemanha.

Klaus percebeu naquele momento uma grande frieza no olhar de Caroline. Na verdade, ela se perguntava se aquela viagem a negócios a Alemanha não seria um pretexto. Incrível como es­tava enciumada!

— O que você vai fazer enquanto eu estiver fora? — ele perguntou extremamente carinhoso, mas pelo olhar com que ela o brindou, compreendeu que a pergunta era, no mínimo, inadequada.

— Acredito que sempre me arranjei muito bem, antes de você chegar me atropelando em Maiorca — ela respondeu com ironia. — Vou continuar assim, pelo menos até você voltar da Alemanha. Respondi sua pergunta?

— Não quis me intrometer, Caroline, só estava querendo... Afastar a frieza do seu olhar.

Caroline levantou-se e, pegando-o delicadamente pelo braço, disse:

— Tudo bem, Klaus eu compreendo. Vamos precisar de tem­po para nos adaptar a esta nova situação.

As linhas do rosto de Klaus se suavizaram. Caroline, com seu jeitinho de falar, de fazer as coisas, lembrava muito Elizabeth, e como ele gostaria que ela estivesse ali, ao lado deles. Contando com o apoio dela, seria muito mais fácil revelar tudo a Caroline.

Mas não. Esse era um risco que ele não queria correr. Pelo menos, enquanto não estivessem casados.

Klaus levantou-se para sair.

— Eu telefono para você da Alemanha — prometeu, enca­minhando-se para a porta.

— Verdade? — Caroline perguntou com ar de dúvida.

— A mais pura verdade — Klaus retrucou. — Preciso saber se minha noiva está bem.

— Sua noiva grávida de três meses.

O comentário de Caroline implicava na idéia de que só por esse fato ele telefonaria, para certificar-se de que tudo estava bem com o bebê.

Klaus queria que Caroline se convencesse que era ela, sua saú­de e bem-estar que o preocupavam. Ela estando bem, o bebê também estaria.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e desvendado o segredo kkk inté o próximo bjs
—________

Próximo Capitulo

— Bem, tudo entrará nos eixos assim que Klaus voltar — disse Caroline. — Eu sinto muito a falta dele.
Era verdade. Klaus se tornara parte importante de sua vida, e essas dúvidas cresciam quando não o tinha a seu lado para dissipá-las.
Caroline pegou a bolsa e despediu-se.
— Adeus, Meredith. Obrigada pelo chá e pelo seu carinho. Klaus ficou de me telefonar esta noite e quero estar em casa.
— São só cinco horas — comentou Meredith. — Que pressa é essa? Fique mais um pouco.



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