I'm Aquarius escrita por Tom


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem da leitura.



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O som que vinha do automóvel era alto. Ela, que se encontrava como o piloto daquilo, cantava aquela música agitada e dançava em seu assento tirando, na maior parte das vezes, as mãos do volante. O cheiro que tinha a maior presença ali era o de álcool, não só das diversas garrafas de bebidas espalhadas pelo carro como da própria garota.

Ela realmente não se importava se o que estava fazendo era errado. Na verdade, ela nem mesmo sabia o que estava fazendo. E, com essa perspectiva, ela não viu quando entrou em alta velocidade em uma rua que brilhava com as luzes do estabelecimento, luzes amarelas e nuas, rua onde se encontrava carros diferentes do seu. Carros mais conhecidos como ambulâncias.

A garota apenas acelerou. Para ela aquilo era só um enfeite, não fazia parte da sua realidade distorcida e distante em que se encontrava naquele momento. O freio, que deveria ter sido pressionado a momentos antes, não adiantou muito quando, com um baque surdo, ela passou por cima de alguma coisa.

Alguma coisa viva.

Ouviram-se gritos, muitos deles. Mas ela não parou. Para a garota aqueles gritos faziam coro à sua música. E então continuou seu caminho como se não houvesse nada de estranho, como se tivesse passado por cima de mais um quebra-molas. Ela só percebeu que havia algo estranho quando luzes azuis e vermelhas começaram a aparecer em seu horizonte. Depois disso, tudo foi apenas um borrão.

* * *

Os jornais não poupavam as palavras. Queriam a condenação da pessoa que, na noite anterior, havia atropelado e matado pai e filho que estavam cruzando a avenida para entrarem no hospital que se localizava naquele mesmo local (nota-se que a criança, naquela noite, estava com uma febre excessiva e, com medo de ser um problema maior, os pais resolveram levá-lo para uma consulta).

– Foram as duas pessoas mais importantes para mim. - chorava a mãe e mulher, desesperada. - Eu quero justiça! Justiça! - soluçava e tentava gritar ao mesmo tempo, sendo amparada por algum familiar.

A polícia da pequena cidade, há poucas horas antes, haviam conseguido localizar o automóvel. O capitão não disse muito, apenas que o carro estava vazio e foram encontradas garrafas de cerveja e comprimidos de Exctasy. Isso foi tudo, mas não foi o suficiente para os habitantes daquele lugar. Eles queriam que quem quer que fosse que havia feito aquilo - eles ainda não sabiam quem estava dirigindo o carro - ganhasse, pelo menos, prisão perpétua. Mas eles esqueceram-se da razão, julgaram apenas pela emoção.

Se ao menos soubessem quem essa pessoa era.

* * *

Corinne Squarre não se lembrava de muito da noite anterior, apenas que tinha se divertido e estado feliz. Havia saído para esquecer que as pessoas a sua volta existiam; seu namorado, sua mãe, suas amigas. Parecia que todos, de alguma forma, estavam tramando contra ela. Tramando em favor de sua tristeza.

A boate estava lotada de pessoas estranhas. Afinal, ela nem ao menos em sua cidade estava. Ciente de sua beleza, vestiu-se de maneira provocante para, especialmente, atrair o olhar das pessoas. Ela adorava isso, ser o centro das atenções, principalmente quando ninguém a conhecia. E foi assim a sua noite.

Dançou, bebeu, beijou, bebeu, bebeu, dançou, beijou, bebeu.

Estava tudo maravilhoso, mas poderia ficar melhor ainda. Pelo menos foi isso que lhe disse um homem que possuía comprimidos milagrosos. Corinne, já fora de seu estado normal, não viu mal algum e não tardou a comprá-los.

Dançou, bebeu, drogou-se, drogou-se, drogou-se, drogou-se, bebeu, beijou, talvez tenha dado para alguns, drogou-se, dançou, bebeu, bebeu.

E ela estava feliz.

Estava se divertindo.

Comprou algumas bebidas, mais comprimidos milagrosos, enfiou-se em seu carro e foi embora. Agora Corinne encontrava-se sobre a sua cama, deitada com a cabeça em seu travesseiro de penas de ganso, sorrindo para si mesma e nem se preocupando com o fato de "como havia chegado ali".

Os minutos passaram e passaram até que ela decidiu que era melhor tomar um banho. Provavelmente estava imunda da última noite e só Deus sabe o quanto ela odiava imundices. Levantou-se, espreguiçando, e então começou a perceber que havia algo de errado.

Ao seu redor muitos de seus objetos estavam empacotados. Além disso, haviam muitas malas espalhadas e um sentimento dentro da garota lhe informava que aquilo eram suas roupas. Na cabeceira de sua cama haviam dois pedaços de papel. Um preenchido com a indiscutível letra de sua mãe e o outro era um recorte de jornal.

Ainda com raiva de sua progenitora, decidiu ler o recorte primeiro. Arrependeu-se logo em seguida.

"FILHA DA SOCIALITE MADDISON SQUARRE É SUSPEITA DE MATAR PAI E FILHO

Na noite anterior Corinne Squarre foi vista saindo da boate Cloox carregando algumas garrafas de conteúdo alcoólico e, em seguida, entrando no seu carro (um luxuoso Porsche). Duas horas depois os cidadãos de Westover que se encontravam na Av. Marshall, onde se localiza o Hospital da Criança, dizem que viram o mesmo carro vindo em alta velocidade do lado norte da cidade. Este carro foi o que atropelou James Clark e Léon Clark, respectivamente pai e filho, que tinham como destino o hospital.

Horas depois a polícia local soltou a informação de que haviam localizado o Porsche descrito no acidente, mas ele estava vazio"

E o recorte terminava assim. Corinne virou o papel para ler do outro lado, mas ali a notícia era sobre o campeonato de futebol estadual que se iniciaria dali a duas semanas. A garota deixou-se cair em sua cama completamente sem reação. Medo, se é que essa seja a palavra certa, tomava conta de todo o seu ser.

Ela tinha medo do que havia feito. Medo de si mesma.

Com as mãos suadas e frias, pegou o recado que sua mãe havia deixado. Eram poucas linhas, mas igualmente dolorosas.

"Conseguiu me decepcionar mais uma vez. O dinheiro que desperdicei com aqueles policiais fora muito, então espero que tenha a decência de ter um pingo de agradecimento à mim. Você vai embora hoje para a casa de seu pai e nunca mais, nunca, quero vê-la de novo."

Agora lágrimas escorriam pelo rosto perfeitamente moldado de Corinne. Ela chorava como uma criança, chorava de ódio, de dor, de medo.

Ela chorava porque era apenas isso que poderia fazer agora.


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Notas finais do capítulo

Beeeem, o que me dizem?O próximo capítulo, provavelmente, será narrado em primeira pessoa e começará com ela já na casa do pai. Beijos, gafanhotos. :*