Derek parou-se ao lado da minha cama, e levemente passou sua mão pela minha cabeça. Sorrindo, ele pediu se eu estava bem, apenas afirmei com a cabeça. Então, ele se sentou na cadeira e trouxe a mesma para mais perto.

–Você vai ganhar alta logo.

–É. A Lauren também me disse isso, eu estou um pouco tonta ainda, não me lembro de muita coisa.

A verdade era que, eu me lembrava de algumas coisas antes de desmaiar. Dentre elas,quando Derek disse que não parava de pensar em mim. Mas eu achei que ele nem tocaria no assunto, então preferi ficar quieta quanto a isso. Porém, Derek é imprevisível e ele sim foi direto ao assunto:

–Você lembra do que eu estava te falando?

E agora, mentir?

–É...de algumas coisas.

–Que coisas?

–Quando você disse que... não parava de pensar em mim. –soltei por fim.

–Que bom que se lembra, porque era exatamente isso que eu disse antes de você desmaiar.

–Porque disse isso? –quis saber.

–Por que é a verdade.

Minha cabeça latejou, eu precisava digerir essas informações.

–A verdade é que eu te acho linda, o que você realmente é. Você é diferente das outras garotas, tem algo em diferencial, porém eu ainda não sei o que é. Mas sei que preciso ficar perto de você, pois me sinto bem. – parou apenas para respirar. – aquele dia no hospital,você foi muito simpática comigo, sem nem me conhecer. Eu vi sinceridade nos seus olhos a cada palavra dita, e acreditei que por algum momento, você era o anjo que foi enviado para que eu ficasse bem naquele momento tão dificil.

Eu estava imóvel, em choque. E Derek me olhava nos olhos, sem vergonha nenhuma do que estava dizendo. Sorriu, e pegou minha mão.

–Então, você não tem nada para dizer?

Pensei um pouco antes de responder, buscando a melhor resposta.

–Eu... eu te conheço faz menos de uma semana!

–Eu sei disso, e não estou pediando para você namorar comigo, até porque o pedido não seria em uma enfermaria.

Me fez corar.

–Então, por que me disse isso?

–Porque achei que você precisava saber. Você não gostou de saber o que sinto?

–Eu só achei meio...forte.

–É exatamente isso, sinto uma coisa forte por você. E não quero que se afaste de mim!

Nesse momento, meus pais entraram na enfermaria aflitos. Vi nos olhos de minha mãe que ela não gostou quando viu Derek comigo, ele, levantou-se e completamente cavalheiro, se despediu de mim e de meus pais.

–O que esse garoto estava fazendo aqui com você? –perguntou.

–Esse garoto é meu amigo, mãe.

–De mais confiança do que Lauren? –fez uma pequena pausa.- Pois ela estava sentada sozinha lá fora.

–Ele só queria me ver, nada de mais. –disse tentando mudar de assunto.

–Você está bem? –perguntou meu pai.

Salva pelo gongo!

–Estou sim pai, foi só uma bolada.

Depois de conversar muito, recebi alta e pude sair da observação. A aula já esatava acabando, e na saída pude me despedir de Lauren.

–Derek mandou um beijo para você. –cochichou ela em meu ouvido. –você precisa me contar o que anda acontecendo entre vocês dois.

–Lauren, eu preciso ir agora. Até amanhã, beijo.

–Beijo!

Entrei no carro e fomos indo para casa, eu estava pensando em tudo o que aconteceu quando minha mãe quebrou o silêncio:

–Suas seções de Químio começam daqui a um mês.

–Huhum. –apenas murmurei.

–Eu sei que vai ser difícil, afinal será para todos nós. Mas você precisa ser forte filha!

–E eu serei mamãe, não se preocupe.

Depois que chegamos, eu fui até meu quarto e tomei um banho, me vestindo logo em seguida. Fiz uma xícara de café, e sentei-me na cama para ler O Vale Dos Anjos. Havia lido apenas dois parágrafos, quando meu celular vibrou em cima da escrivaninha.

Marquei a página a ser lida, e joguei o livro ao lado. Coloquei a xícara de café na escrivaninha e peguei o celular, era um número que eu não conhecia, mesmo assim resolvi atender.

–Alô?

–Carrie?

–Sim, é ela. Quem fala?

–Sou eu, Derek.

Arregalei os olhos.

–Como tem meu número?

–Pedi a Lauren. –disse rindo.

–Você vai ficar me ligando sempre agora?

–Só quando eu sentir saudade da sua voz, prometo.

–O que você quer?

–Além de te ouvir, quero te convidar para ir ao cinema comigo amanhã depois da aula. E então, quer ir?

–Não. –respondi friamente.

–Nossa, porque?

–Por que eu preciso estudar para a prova de biologia.

–Não tem prova nenhuma, esqueceu de que estudo na mesma turma que você?

Mas que droga!

–Enfim, eu preciso estudar. Então não vai dar.

–Poxa, queria tanto que a gente fosse, tenho certeza que você adoraria o filme.

–E qual será? –curiosa.

–A Culpa é Das Estrelas.

Era o filme que eu queria muito ver!

–Tá, você me convenceu. –ouvi ele vibrar. – primeiro tenho de pedir permissão aos meus pais.

–Ok, você pergunta a eles, e depois me liga.

–Tá bom, tchau.

Corri até o quarto de meus pais, por sorte os dois estavam sentados na cama vendo algumas contas a serem pagas.

–Posso ir ao cinema amanhã depois da aula? –pedi ansiosa.

Minha mãe me fitou.

–Com quem?

–Com... éé... Com um amigo meu, Derek. –disse.

–O que estava com você na enfermaria? –assenti com a cabeça. – você não irá!

Minha mãe foi grossa, fazia tempo que eu não via ela assim.

–Porque?

–Por que você não vai e pronto!

Meu pai resolveu interferir.

–Deixe ela ir, que mal tem?

Minha mãe nada respondeu, apenas lançou um olhar maligno para ele. Eu entendi aquele olhar e sai do quarto, já pensando em ligar para Derek e desmarcar o cinema. Enquanto estava caminhando pelo corredor, ouvi meus pais discutirem.

–Não quero aquele garoto perto dela! Quem ele acha que é para convidá-la ao cinema! –gritava minha mãe.

–Pelo amor de Deus, deixe ela viver! ela está quase morrendo!

Ao ouvir aquilo, corri para meu quarto, me atirei na cama e chorei, como a muito tempo não havia chorado.