–E..eu não sabia como te falar. –falei aos prantos.

Assim que disse isso,Derek se levantou da cama furioso e com as mãos fechadas deu socos no sofá de meu quarto.

–Aaaaaar como você pôde? – rangiu sem deixar de socar o sofá.

–Derek pare!

Mas ele não parou, parecia ter ficado ainda mais zangado, a expressão em seu rosto era de ódio, raiva ou qualquer coisa semelhante. Eu não sabia se ele sentia isso por mim, ou pela situação que estávamos. Não consegui parar de chorar, ver Derek assim destruía meu coração e o quebrava em migalhas.

–Como pôde fazer isso comigo Carrie?

Levantei-me rapidamente da cama e fui na direção de Derek, iria abracá-lo e esperar até que sua raiva passasse e pudéssemos conversar descentemente. Mas antes de eu poder tocá-lo, se afastou e num impulso passou sua mão por meu criado-mudo, derramando ao chão todas as coisas que estavam sobre ele. Meus cremes, livros, cadernos, perfumes e até meu abajour, que se quebrou em pedaços fazendo um grande barulho. Derek parou em silêncio analisando minhas coisas sob o chão, um silêncio se fez. Fiquei imóvel parada com minhas mãos em minha boca analisando a situação, eu estava com medo de Derek não sabia que ele poderia ser tão violento à aquele ponto. De repente, seus olhos fitaram os meus, as lágrimas continuavam a cair e vi em seu olhar um pedido de desculpas.

–Carrie! O que está acontecendo?

Gritou mamãe do outro lado da porta, preocupada com o barulho que acabara de ouvir.

Olhei novamente para as coisas caidas no chão e pensei a que ponto aquilo continuaria a acontecer.

–Não... não foi nada, mamãe! –falei com dificuldade. – não se preocupe.

Derek continuava inquieto, até que abriu a janela de meu quarto e saltou sobre a mesma. Corri até lá e vi ele correndo em direção de sua casa, queria gritar e pedir para que ele voltasse, mas minha voz estava tão falha que não saiu, então tive que ver Derek fugir pelas ruas, e quem sabe, fugir de minha vida.

Fiquei de costas para a parede e me escorrei nela até embaixo, sentando e colocando minhas mãos sobre a cabeça, não pude evitar e chorei a como muito tempo não havia chorado. Várias coisas se passavam em minha cabeça, a mais remota delas era a imagem de Derek chorando, eu havia o magoado muito. Eu sabia o que ele deveria estar achando, e sobre ele se afastar de mim.... talvez fosse o certo.

1 de março, 2009- Texas.

Seria tão ruim voltar para a escola depois de tudo aquilo, saber que Derek talvez jamais fosse olhar em meu rosto novamente, me deixava extremamente triste. Eu chorei durante a noite inteira abraçada ao meu travesseiro, a imagem de Derek não saia de minha cabeça por nenhum segundo, pra piorar ainda sonhei com ele.

Lauren, como minha melhor amiga, já sabia de toda a história que fiz questão de lhe contar assim que chegamos a escola, até para evitar situações constrangedoras.

–Carrie, você tá tão triste! Tem certeza que não quer que eu fale com Derek? –insistia ela.

–Lauren, o que você falaria à ele?

–Diria que ele deveria vir conversar com você, e que vocês deviam se acertar de uma vez.

–Entenda, vai ser melhor se ele se afastar de mim. -disse.

–Claro que não! –protestou Lauren. –Caramba, vocês se amam. E não é por causa de sua doença que você precisa se isolar de todo mundo, você mesmo disse que queria viver tudo o que um dia sonhou, e só de olhar pra você agora Carrie, dá pra ver que você não está feliz e só quem pode te trazer essa alegria de volta é Derek.

–Lauren, eu estou assim porque foi tudo muito recente, isso aconteceu ontem! É só deixar o tempo passar, que cada um seguirá o seu caminho. Eu não quero me isolar, só não quero vê-lo sofrer.

–Eu também vou sofrer por sua causa, isso você não conta? –Disse Lauren rindo.

–Com você é diferente, te conheço a tanto tempo, que se tornou minha irmã seria impossível eu me afastar de você, mas com Derek é tudo muito recente sinto que ainda dá tempo para que ele me esqueça e tudo volte a ser como antes.

–Eu acho que não. –disse Lauren se afastando.

Olhei surpresa para ela, enquanto ela se afastava mais e mais.

–Lauren, espere aqui! Onde está indo?

Dei apenas dois passos na direção dela, até que alguém segurou firme em meu braço me impedindo de caminhar, Virei-me rapidamente para trás e vi Derek que não soltava meu braço.

–Precisamos conversar. –Disse ele de forma calma.

Eu havia ficado nervosa de repente, Derek realmente me deixara sem ação.

–Vem comigo. –Disse ele me puxando para fora do portão de entrada da escola.

–O que está fazendo? –perguntei.

–Não podemos conversar em paz na escola. –Disse ele sem parar de me puxar.

–Está sugerindo que eu vá fugir da escola?

Derek parou de caminhar, e se parou em minha frente.

–Não estou sugerindo nada, você não vai à escola hoje só isso.

Disse na maior cara de pau, e voltou a caminhar me levando consigo.

–Tudo bem, mas já pode soltar o meu braço e parar de agir como se eu fosse uma criança.

Nesse instante, Derek soltou meu braço e eu fiquei lado a lado com ele.

–Onde vamos?

–No parque aqui perto, lá é calmo e dá pra gente conversar.

Fiquei em silêncio apenas o acompanhando, Derek parecia bravo ainda, porém estava bem mais calmo o que me tranquilizava. Eu não devia estar matando a aula, jamais fiz isso na minha vida e o pior é que as faltas tinham que ser justificadas por algum responsável. Fiquei imaginando a quem eu pediria uma justificação, pois à meus pais eu não poderia.

Caminhamos algumas quadras e logo chegamos, lá era realmente um lugar calmo e bonito haviam poucas pessoas por lá, e as únicas estavam lendo livros ou fazendo uma corrida. Nos sentamos em um banco embaixo da sombra de uma árvore enorme, Derek jogou sua mochila ao chão e me fitou. Ver seus olhos assim esperando por uma resposta, fez meu sangue ferver e eu já sentia meu rosto queimar.

–Então. –Disse ele. –Não tem mais nada pra me falar?

Fiquei quieta por alguns minutos pensando no que falar, eu estava nervosa e Derek me deixava ainda mais nervosa, o que só piorava a situação.

–Eu acho que já disse tudo. –falei por fim.

Derek suspirou respirando fundo.

–Eu sei que eu agi muito mal com você ontem, me senti um lixo por ter quebrado suas coisas e ter agido como um imaturo. É que eu fiquei tão.... chateado, e tão surpreso que parecia não ser verdade, eu fiquei confuso e a única coisa que fiz foi me descontrolar. –Ele olhava atenciosamente a cada reação minha. – Foi um choque, parece que a ficha ainda não caiu. Só depois em minha casa, eu pude perceber que tudo fazia sentido... as manchas em seus braços, o dia em que nos conhecemos no hospital...

–Derek. –O interrompi. – Eu sei que errei com você, eu sei e entendo tudo o que você passou, eu no seu caso, ficaria chateada da mesma forma, porém, você me deixou assustada, eu fiquei com medo de você Derek!

–Eu agi por impulso, fiquei totalmente descontrolado, fugi da minha razão e minha intenção não era te assustar muito menos te amedrontar.

–Eu sei. –disse apenas.

–Quero que você me conte exatamente tudo, desde o começo quando você descobriu que estava doente. Por favor, me diga eu preciso saber.

Suspirei fundo e revirei meus olhos.

{...}

Derek agora segurava minhas mãos e nossa aproximação já era mais intensa. Eu não tinha como resistir a ele, eu estava sentindo uma falta tremenda dele, e precisava ouvir tudo o que ele tinha a me dizer.

–Eu vou estar sempre com você Carrie, você querendo ou não! Não vou me afastar de você e fingir que não quero mais nada com você, até porque é o que eu mais quero, ser seu namorado e te ajudar a passar por tudo isso. O fato de você estar muito doente não mudará nada entre nós, porque o amor que eu sinto por você é o mesmo.

Eu estava com os olhos marejados, ter contado uma boa parte da minha história e ouvir as palavras calmas e doces de Derek me deixava derretida e ainda mais apaixonada.

–Eu vou fazer com que você tenha, os melhores dias de sua vida! –Disse Derek selando meus lábios.

Eu não poderia deixar de Derek, eu simplesmente não conseguiria ser feliz daquela forma. Mas ainda havia um problema.

–Derek, meus pais... eles não vão aceitar nosso relacionamento.

–Eu me entendo com seu pai. –disse ele.

–Você não entende, ontem depois que você.... fugiu. Meus pais entraram em meu quarto e viram toda aquela bagunça, viram o meu estado e decretaram que eu não poderia mais nem se quer te ver. Até meu pai concordou com isso, eles me querem longe de você Derek muito antes da gente começar a namorar. Falaram várias coisas como: ele não é um bom rapaz, mantenha distância dele, somos seus pai e você ainda terá de nos obedecer...

Derek estava rindo, mas o assunto era sério.

–Se eles sonharem que eu perdi a aula por sua causa, me prendem em uma jaula.

–Não se preocupe amor, a gente dará um jeito nisso!

Derek voltou a me beijar, agora com mais vontade e tudo o que eu fiz, foi entrelaçar meus braços em seu pescoço e beijá-lo da forma mais apaixonada possível.

{...}

Cheguei em casa na hora certinha como se eu realmente tivesse ido à aula, para que ninguém desconfiasse. Meu pai ainda estava no trabalho, e minha mãe estava sentada na sala de estar, de braços cruzados e parecia me esperar.

–Oi mamãe. –disse me aproximando.

–Como foi a aula filha?

–Foi... ótima.

Ela levantou-se da cadeira e veio até mim.

–Mentirosa! –Estendeu-lhe a mão acertando em meu rosto. –Como pôde mentir de forma tão descarada?

Coloquei minha mão sobre meu rosto, ainda sentindo a mão de minha mãe formigar sobre ele.

–Você estava com aquele garoto não é mesmo? –ela gritava de uma forma assustadora.

–Sim. –disse olhando para o chão.

Minha mãe, caminhou pela sala de forma impaciente sua expressão era de total decepção.

–Você tem noção do que acabou de fazer? –Gritava ela. –Você fugiu da escola! E ainda mentiu para mim! Isso não será um castigo qualquer, eu já cansei de dar chances a você Carrie, e desta vez nem seu pai te defenderá! Ou você esqueceu que ele ordenou distância daquele rapaz? Aquele rapaz é um mal caminho, filha! Quantas vezes já dissemos a você?

Eu chorava de forma baixinha, ouvindo minha mãe gritar em meus ouvidos. Eu sempre fui castigada quando fazia algo de errado, como ficar alguns dias sem sair de casa. Mas eu sabia que desta vez seria bem pior. Meus pais não aturavam mais Derek em minha vida, e eu não entendia o porquê;

–Vá para o seu quarto agora, e não saia mais de lá até eu mandar! –Ordenou.

Subi as escadas correndo, enquanto lágrimas desciam descontroladamente, fechei a porta do meu quarto com força e deitei-me sobre a cama.

{...}

Acordei com meu pai batendo na porta, assim que a abri ele entrou. Achei que com meu pai seria diferente, mas não. Ele também falou coisas que eu não gostaria de ter ouvido, e pra piorar me deu um castigo terrível.

Tirou de mim meu celular, meu notebook, todas as formas de comunicação com o mundo exterior, e ainda ficaria 3 semanas sem sair de casa. Me deu mais alguns sermões e depois saiu de meu quarto batendo forte o pé.

Aquilo só podia ser um pesadelo! Eu me sentia culpada, e agora não sabia mais o que fazer. Eles não me desculpariam tão cedo, seja lá o que eu fizesse.

A noite estava linda, e eu fiquei pensando no que Derek poderia estar fazendo agora. Sentei-me na janela e fiquei observando o movimento lá fora, temendo quando poderia me divertir novamente.