Katniss e eu estávamos dentro de meu carro. Havíamos chegado mais chego hoje. E apenas observávamos as pessoas entrando na escola, com um sorriso no rosto. Havia sido tão fácil!

Foi necessário apenas dois dias para arrumarmos tudo. Eu arranjei as fotos em redes sociais, Katniss fez mágica com programas de montagem, e depois foi necessário apenas subornar o faxineiro noturno e pronto!

Marvel chuta meu banco.

–Ai. –reclamo e me viro para olhar feio pra ele.

–Por que diabos temos que ficar nesse maldito carro?! –pergunta irritado. –E por que nós chegamos tão cedo?!

–Vai ver Marvel. –diz Kat com a voz tediosa. –Tenho certeza que vai ficar feliz pela demora.

E continuávamos com os olhos atentos procurando por Cato. Rezo para que ele não resolva se atrasar hoje. Preciso ver a cara dele quando ele ver o que fizemos. Oh, como eu precisava.

–Ali, ali, ali! –Katniss soca meu ombro diversas vezes apontando para o mustang vermelho que acabara de estacionar. –Vamos!

Abrimos a porta bruscamente e saímos correndo em direção da porta do colégio. Marvel sai correndo tentando nos seguir. Assim que abrimos as portas de vidro da escola vemos nossa obra de arte. As montagem de Cato e de Josette estavam grudadas por toda parte, e também estavam nas mãos de vários alunos que choravam de tanto rir.

–Mas o que...? –Marvel pega uma das fotos que estava perto dele. –O que aconteceu com “eu não vou me vingar”?

–Nunca existiu.

–Cato a vista. –sussurra Katniss em meu ouvido nos puxando para longe do caminho do loiro. –Pega uma das fotos e finge que foi a primeira vez que viu elas.

E o que fazemos, mas espiávamos o rosto vermelho de Cato.

Ele arranca com mais força do que o necessário uma das fotos grudadas nos armários para ver mais de perto.

–Quem fez isso?! –grita ele, para que toda a escola pudesse ouvir, mas a escola toda estava ocupada demais rindo da foto de Cato Ludwig passando protetor solar em Josette em uma praia no Havaí.

Ele estava furioso de mais para prestar atenção em nós. Na verdade ele passa ao nosso lado sem nem ao menos virar o rosto, que estava mais vermelho a cada segundo.

Marvel ria.

–Depois dessa eu te perdoo Clove, só que rezo pra que ele não descubra que foram vocês. –vejo lagrimas de formando em seus olhos e ele continuava a rir sem parar. –Se descobrisse realmente não iria querer estar na pele de vocês. Merda, onde foi que Beete se meteu? Preciso mostrar isso a ele.

E sai cambaleando de tanto rir. Mas o que ele disse faz com que eu e Kat ficamos totalmente imóveis.

–Temos que nos preocupar com isso? –pergunto.

–Rick pode ser mal-humorado, mas com certeza não iria nos dedurar. –diz se referindo ao faxineiro que havia nos ajudado. Mas eu podia sentir certo tipo de hesitação em sua voz. –Além do mais pagamos ele.

–É, tem razão.

Mas nenhuma de nós sossego depois disso.

Marvel e sua língua grande, não tivemos tempo nem de ao menos curtimos o ódio de Cato. Durante a aula de literatura eu e Katniss ficamos mais pensativas do que o normal. Aquilo era eminente, uma hora Rick iria ter que dedurar alguém, já que eu tenho certeza que ele não perderia o emprego por causa de duas adolescentes querendo pregar uma peça.

O sinal bate e pela primeira vez não me sinto aliviada por causa disso.

–Sei que esteve pensando exatamente a mesma coisa que eu. –diz Kat assim que saímos da sala. –Olha, é só relaxar se...

–EU QUERO SABER AGORA QUEM FEZ ISSO, E QUERO QUE ESSA PESSOA SEJA EXPULSA! –os berros de Josette estavam sendo ouvidos na escola inteira. A professora gritava com o diretor Haymitch e Cato estava ao seu lado com uma carranca no rosto.

Vejo que Haymitch segurava o riso enquanto Josette quase esfregava a foto em seu rosto.

–Merda. –murmuro.

–Vimos nas câmeras, foi o faxineiro noturno quem prendeu. –diz Haymitch e eu e Kat nos entre olhamos. –Mas ele se recusa a falar quem foi que pediu a ele fazer isso.

–E O QUE EU TENHO A VER COM ISSO? QUERO QUE QUEM FEZ ISSO TENHA A PUNIÇÃO NECESSARIA, QUE É A EXPULÇÃO!

–Senhorita Bernard, pode ,por favor, se acalmar? –pede o diretor.

Ela passa a mão por sua camisa e respira fundo.

–Desculpe, senhor diretor, mas eu acho isso um ato totalmente repugnante e digno de expulsão.

–Foi só uma brincadeira Josette.

–Brincadeira? –indaga Cato. –Isso é considerado Bullying em todo o país, além de estar denegrindo a imagem de uma professora. Acha realmente que isso é uma brincadeira senhor Abernaty?

Havia uma multidão de alunos escutando aquele conversa, só que a maioria fingia estar procurando alguma coisa em seu armário ou de repente percebera como o cadarço de seu tênis era interessante.

Nós duas estávamos grudadas em uma das fileiras de armários ao lado da porta da sala de literatura. Simplesmente ficamos congeladas ali.

–Disse que foi uma brincadeira, senhor Ludwig, não que sairá impune. –percebo o tom incomodado de Haymitch. O diretor nunca foi fã de bater boca com alunos, muito menos com a escola toda assistindo.

–Se não pegarem quem fez isso o mais rápido possível –começa Cato com um sorriso malicioso que eu acabei aprendendo a odiar do fundo de meu coração. –Sinto que as consequências não sejam nada boas.

Josette apenas o encara com um certo orgulho no olhar. Depois, Cato simplesmente vira as costas ao diretor e começa a se afastar. Começa a se afastar vindo em nossa direção.

Seus olhos encontram os meus e sinto que uma luzinha se acendeu em seu cérebro, se é que ele tem um. E se vira novamente para o diretor e a professora, e ainda andando fala:

–Quem sabe se não ameaçar o emprego do tal faxineiro ele não nos conte quem foi.

E finalmente desaparece no fim do corredor. Parecia que a escola inteira estava em silencio apenas esperando o que Josette e Haymitch iriam fazer.

–Bom. –suspira Josette. –Concordo com o garoto. Isso é uma humilhação publica e eu como profissional não aceitarei isso como uma simples brincadeira.

E ela também vai embora, com seu salto batendo seco no chão do corredor. E Haymitch fica ali no mesmo lugar, tinha uma expressão pensativa, preocupada e irritada. Por um momento parecia estar em outro planeta.

–Isso é uma enorme e gigantesca merda. –geme Kat se virando para mim. –Rick vai contar, se o emprego dele esta em risco, cinquenta pratas não vão significar nada.

Mordo o lábio. Minha mente explodindo tentando pensar em uma solução.

–E se dermos a ele mais dez pratas? –palpito.

Katniss apenas me olha feio.

–Precisamos de um plano, um plano genial e perfeito. –começamos a andar para longe de Haymitch.

–Vocês estão total e completamente fodidas. –diz Marvel andando em nossa direção seguido de Beetee.

–Não acredito que fizeram isso! –exclama ele alegre.

–SHH! –repreendo. –Beetee, ninguém vai pode saber disso, se não estamos ferradas.

–E já tem algum plano? –pergunta Marvel.

–Nadica de nada. –murmura Katniss. –Eu quero quebrar aquele loiro dos infernos! Olha no que ele nos meteu.

–O que acha que ele quis dizer com “Sinto que as consequências não sejam nada boas.”? –pergunto.

–Ele é rico. –responde Beetee. –Seu pai é um dos melhores advogados de toda a costa oeste, deve saber como ferrar uma escola.

–Vem cá, garoto, como sabe tudo isso? –pergunta Katniss com a testa franzida.

–Internet, minha cara Everdeen, internet.

Ela parece pensar em algo por alguns instantes.

–Acho que vou excluir meu Facebook depois dessa.

–Os dados nunca serão excluídos por completo.

Nós três olhamos para ele por alguns instantes, com a testa franzida.

–Podemos esquecer essa baboseira e pensar em como vamos sair dessa? –pergunto bufando.

Cruzo os braços sobre o peito. Ainda teria mais duas aulas e só depois poderia estar com a cabeça totalmente livre para pensar em uma saída brilhante. Sei que ela existe e está por ai só zombando de mim.

–Não tem saída. –Marvel ri.

–Obrigada pela ajuda, patetão. –ironiza Katniss irritada.

–Só estou sendo realista. E vou fingir que não me ofendi com isso, Katniss.

–Não me importo.

–Se eu fosse vocês me entregaria. –os braços de Marvel passam sobre meu ombro e ele empurra minha cabeça contra seu peito. –Maninha e amiga da maninha, sabe que se houvesse um plano totalmente impossível e fodasticamente foda que pudesse tira-las dessa enrascada sabe que eu ajudaria, não por vocês é claro, mas por ser impossível e fodasticamente foda. E eu posso dizer, sem sombra de duvida, que não existe uma maneira de vocês duas saírem disso.

–E por que, senhor sabichão?

–Bom... –é Beetee que retoma a falar. –Cato é um mauricinho, metido que adora confusão, não da a mínima pra nada e adora ferrar as pessoas. Um por cento do dinheiro que o pai dele tem no banco poderia comprar os seus pais, junto com uma BMW esportiva e um campo de futebol profissional, ou seja, Cato tem dinheiro suficiente para ferrar com Haymitch e com o faxineiro que ajudou vocês nessa incrivelmente engraçada,porem tristemente mal elabora façanha.

Katniss se aproxima de mim.

–Ele esta me assustando. –sussurra em meu ouvido.

Empurro Marvel, fazendo-o me soltar e tento pensar sobre o que Beetee disse. E acabo concluindo duas coisas. A primeira era: ele também me assustava. E a segunda: Ele estava certo.

–Olha, Beetee, não vamos nos entregar. –começa Kat. –Não podemos deixar aquele loiro aguado ganhar essa. Isso não seria justo, ele merece cois muito...

–Vamos nos entregar. –digo a ela.

–O que? –exclama com a voz aguda. –Você enlouqueceu, vamos estar ferradas!

–Não, vamos estar ferradas se Rick nos entregar. –rebato. –Se nos entregarmos por vontade própria, Haymitch vai achar que estamos realmente arrependidas e todo aquilo, e talvez não sejamos expulsas.

–Minha maninha falou tudo.

–Para de me chamar de maninha, Marvel. Então o que acha Katniss?

Ela joga a cabeça para cima e suspira.

–Ai, como eu odeio ele. –grunge. –E como eu odeio você por estar certa. –ela volta a olhar para mim. –Vamos acabar logo com isso.

...

Josette, Cato, Haymitch, Katniss e eu estávamos na sala do diretor. Nós duas sentadas nas duas cadeiras em frente da mesa. Haymitch estava sentado em sua cadeira de diretor atrás da mesa, e na sua direita estava Josette e na sua esquerda estava Cato com seu olhar convencido.

–Então, vocês admitem a culpa por terem chantageado Rick, o faxineiro noturno e a denegrirem a imagem de uma professora e de um aluno? –pergunta Haymitch.

–Não denegrimos ninguém, foi só uma brincadeira! –rebate Kat mal-humorada.

–É. –concordo. –Não sabíamos que ia os ofender tanto.

–E vamos mesmo acreditar nisso? –pergunta Cato.

–Por favor, senhor Ludwig. É minha escola, pode deixar que eu resolvo.

Não ria da cara de Cato, Clove, não agora.

–Então qual serão as atitudes que tomaremos? Expulsão?

–Bernard, por favor, acalme-se. E não, não irei expulsá-las.

Cato bufa.

Sinto como se um enorme peso tivesse saído de meus ombros quando escutei aquilo.

–Mas, ficaram de castigo e terão que limpar toda a escola de suas...fotos.

–Tudo bem. –diz Kat relaxando na cadeira.

–Isso é justo.

–E seus pais ficaram sabendo disso. Já podem sair.

–Obrigada, senhor Abernaty. –digo tentando não sair rindo.

–É, valeu mesmo. –Kat da de ombros e nós saímos da sala.

Pude ouvir Cato resmungando, mas só espero chegarmos no corredor para comemorar.

–Panacas! –exclamo.

Katniss ri histericamente.

–Você estava certa!AH! Viu só a cara do Cato! Otário!

E nosso humor dá um salto considerável. Rimos durante o resto do dia. Assim que vimos Cato de cara emburrada com seu amiguinho Peeta, nossos sorrisos aumentam. Não me importava com o fato que não iria demorar muito para uma revanche chegar, pois a cara dele simplesmente iria me fazer sentir melhor.

E o dia podia continuar perfeito, até que eu cheguei em casa e me deparei com meu pai e minha mãe sentados no sofá. O café dos dois em cima da mesinha de centro esfriando. Eu e Marvel nos entre olhamos, da ultima vez que os dois estavam assim ele nos avisaram que iriam se separar. Ou seja, nada bom poderia vir daquilo.

–Olá... –diz Marvel fazendo com que eles olhem para nós.

–Crianças. –meu pai sorri, fingindo não estar tão apreensivo como eu sei que ele estava. –Podem se sentar.

Nós nos sentamos de forma hesitante no sofá que ficava entre os dois.

Minha mãe sorri. O sorriso em que eu confiava quando era pequena, mas que agora só me trazia lembranças de um passado destruído que não voltaria. Me irrito com a maneira de como isso soara melancólico.

–Precisamos conversar sobre uma coisa importante. –diz ela com a voz cuidadosa, examinando nossos rostos. –Indo direto ao ponto, acho que a separação esta afetando vocês. Sei que acham que não, mas eu posso ver que sim.

–Não esta afetando eles, Emma... –começa meu pai.

–Não estou falando só deles, Christopher.

Marvel segura a risada o que faz com que nossa mãe volte o olhar para ele.

–Marvel esta ficando viciado em videogames, você não escreve mais nada e ainda tem fotos minhas no seu quarto. –se refere ao meu pai. –E Clove, colocou fotos falsas de uma professora pela escola toda, além de ter se metido em uma briga na mesma semana!

–Como sabe disso? –pergunta meu pai.

–Não foi só ela que entro na briga! –reclama Marvel e eu chuto sua canela.

–O diretor me ligou hoje. –ela levanta nervosa. –Estava escondendo isso de mim?

Marvel e eu nos entre olhamos, se ela soubesse só da metade das coisas que aconteceram por aqui desde que os dois se separarmos ela provavelmente ficaria maluca e arrancaria os olhos de papai com os dentes.

–Não estava escondendo nada, só achei que não fosse importante. –mente ele.

–Clove se metendo em brigas e Marvel tirando zero nas provas? –questiona ela começando a andar de um lado para o outro como fazia quando estava irritada. –Eu sou a mãe deles, tenha que saber de tudo o que acontece com os dois!

–Esse falatório vai chegar aonde? –pergunta Marvel suspirando pesadamente.

Ela para de andar e se vira para nós três.

–Vocês precisam de ajuda profissional. –solta ela. –A consulta com a psicóloga é amanha.

Ela olha para o relógio em seu pulso, assim como sempre fazia desde sempre. Sempre foi uma pessoa ocupada, e eu sempre odiei aquele relógio. Vejo uma aliança em seu dedo. Uma aliança e tanto.

–Tenho que ir. Estou atrasada. –e essa era uma frase com a qual já estávamos acostumados. –E se não forem amanha, serei obrigada a falar com o juiz e dizer o que acho de você estar cuidando deles, Christopher.