Acordo aos poucos, estou deitada em uma cama macia em um quarto que tem somente isso e uma porta. Não lembro do que aconteceu ontem depois da minha “conversa” com Caroline, só sei que acordei aqui, neste lugar.

Levanto bem devagar e cainho na ponta dos pés até a porta, como se estivesse com medo de acordar os mortos. Quando a abro encontro o mesmo lugar de ontem, um vazio de branco e Caroline ajoelhada no chão.

–Ora, ora, veja quem resolveu voltar pra cá. –diz ela de forma sarcástica.

–Acho que você devia abusar menos da ironia, isso te deixa mais irritante.

–E o que você tem a ver com a minha morte Hazel? –ela me lança um olhar cortante, daqueles que ontem eu teria medo, mas não agora, não hoje.

O olhar de Caroline desvia de mim para o chão, e meus olhos instintivamente focam para onde está sua atenção.

–Espere um pouco! –falo repentinamente. –Esse é o grupo de apoio não é? Claro que é! Olhe só o Patrick!

–Não fique tão feliz assim, ele está vivo ao contrário de nós!

Por mais que doa, o que ela disse é verdade e eu sei disso.

Vejo um rosto conhecido na imagem através do chão.

–Espera, aquela ali não é a Jessie? –pergunto meio confusa.

–É sim –fala ela com calma, mas isso me assusta. –e aquele dando em cima dela é o Gus.

–O Gus? Mesmo? O meu Gus não faria isso –dou uma risada sarcástica, mas me aproximo pra ver com meus próprios olhos.

Por um instante meu coração, que já não bate mais, parece saltar no peito. Era o Gus.

Do mesmo jeito de sempre, agindo da mesma forma que agia comigo, mas a única diferença é que ele estava agindo assim com outra pessoa. Com ela.

Com Jessie.

Não lembro de mais nada, apensa de Caroline correndo até mim.

Abro os olhos e a primeira coisa que vejo é um teto branco, não estou nas nuvens e muito menos num quarto. aqui é um hospital.

Tento me levantar e percebo que (1) a cama que eu estou, bem... flutua, e (2) Caroline está adormecida em uma cadeira ao lado da minha "cama".

Estranho, penso, anjos dormem? Se bem que ela está mais para um demônio, rio com a ideia de Caroline com asas ou com guampinhas.

A porta se abre com um estrondo, e dela sai um médico vestido de branco e com uma prancheta.

–Bom dia senhorita Hazel -diz ele em um tom amigável, e com isso acorda Caroline que o cumprimenta com um aceno. Seu crachá apresenta o nome de Chad Miles.

–Bom dia doutor Miles. -respondo meio sem jeito, e um sorriso estampa seu rosto. -pode me chamar só de Hazel, se preferir.

–Muito bem, Hazel, você só teve um pequeno surto de pânico, mas nada grave. Você vai precisar ficar internada só até de tarde, só pra ver se não encontramos nenhuma anomalia e depois está liberada, mas fora isso está tudo ótimo com você.

–Obrigada, Chad -Carolina responde, e com isso, como uma deixa, o médico se retira.

–Hazel eu preciso te contar uma coisa, é sobre o Gus -Caroline parece apreensiva, como se tivesse passado noites em claro pensando no assunto.

–O que foi? Aconteceu alguma coisa? Ele está bem?

–Sim ele está bem -diz ela, enquanto revira os olhos. -Quer dizer, mais ou menos. Hazel eu andei fazendo uma pesquisa por aqui, e eu descobri que na outra vida do Gus, ele foi muito, acredite, muito ruim e mal para as pessoas, tando que em vez de ir para o inferno os anjos resolveram perdoá-lo mas com uma condição: ele voltaria para a Terra como uma pessoa muito melhor e, como consequência de seus antigos atos, ele sofreria por uma maldição. Hazel, isso é um ciclo vicioso, nunca vai parar, todos a quem o Gus ama estão destinados a morrer.