Terceira Dimensão escrita por Felipe Costa


Capítulo 11
O Confronto


Notas iniciais do capítulo

Bem, esse capítulo demorou dentre outros fatos, por meu computador ter bugado e ter perdido grande parte dele. Mas acho que vou recompensar vocês com esse, que é o maior capítulo da fic. Espero que gostem!



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Morto. Ainda não conseguia acreditar que Ludi estava morto e que tinha morrido em meus braços! Ele se declarou para mim... Por que ele não me falou antes que nutria uma paixão por mim? Quem sabe se ele tivesse dito antes, poderíamos ter uma vida mais feliz? Certo que houve um tempo que eu andava meio indeciso, mas hoje já me resolvi. Se ele tivesse falado o que sentia naquele tempo...

Sai daquele quarto que me trazia várias recordações e fui em direção ao refeitório. Ao chegar às escadas, sentei-me nos primeiros degraus e repousei minha cabeça entre meus braços apoiados nos joelhos. As lágrimas continuavam a descer pela minha face.

Ouvi passos se aproximarem.

– Harry? É você, cara? – era Josh quem perguntava.

Não respondi. Ele sentou-se ao meu lado. Foi quando levantei meu rosto e ele pode ver que eu estava chorando.

– Oh, cara, não fica assim. – ele disse passando seu braço esquerdo pelos meus ombros.

Não pude me controlar. Minha cabeça caiu direto em seu ombro, e ele me abraçou.

– Não foi você que viu um amigo morrendo em seus braços. – consegui falar.

– Ei, para com isso! Vingue a morte dele. Entre nessa guerra com gosto de gás!

E ele se levantou, deu uma mexida no meu cabelo e desceu as escadas. Tempos depois, ele voltou com três copos de chocolate quente e deixou um comigo. Piscou o olho e só então que ele voltou para seu quarto.

Naquela noite, diferente das outras duas nas quais eu estava dormindo na porta do quarto somente com um cobertor, dormi novamente em minha cama, pois Michael tomou o lugar do irmão na outra cama. Tomei meu chocolate e repousei.

No dia seguinte, antes mesmo que o sol acordasse, Michael e eu estávamos treinando no campo de treinamento e paramos somente para nos alimentar. Tínhamos que vencer aquela batalha, tinha que vingar a morte de Ludi.

À tarde, algo estranho aconteceu.

Um pequeno raio pairava no ar, no meio do campo. De repente, uma garra apareceu no meio do raio, transformando-o em uma pequena elipse. Depois, uma mão com as outras garras apareceu e abriu a elipse em um retângulo de cinco metros de comprimento e dois de altura. Desse portal, saíram três demônios.

Os guerreiros que estavam no campo, davam passos para trás, não acreditando no que estava acontecendo.

Mais monstros passaram pelo portal, e depois que o portal se fechou, eram cerca de cinquenta criaturas que estavam no campo de treinamento.

– O que estão esperando? Ataquem! – Michael falou.

Cada um de nós, com sua espada, saímos correndo em direção aos monstros.

Garras para um lado, cabeças para o outro e vários monstros sem os membros continuavam a tentar causar pelo menos algum ferimento na treinada equipe de guerreiro. Claro que um ou outro ficou com uns arranhões, mas nada que os interferissem de lutar.

Enquanto eu travava um duelo contra um demônio, outro veio por trás de mim e arranhou meu braço. As garras penetraram e a criatura vez com que o corte aumentasse. Meu braço parecia que estava em chamas de tanto ardor. Dei um grito.

– Aaaahhhh! – ouvi um grito vindo chegando mais perto de mim. – Não vai fazer mal pra ele! – era Michael que tinha acabado de matar o monstro, fazendo-o desaparecer.

Dei um golpe final no que eu enfrentava e, assim como o outro, desapareceu. Olhei em volta e tinha somente sete criaturas no campo. Rasguei uma parte da minha camisa e coloquei em volta do braço machucado.

– Obrigado. – falei.

– Temos que te proteger a todo custo! – ele concluiu.

Afirmei com a cabeça. Foi então que percebi que os outros já haviam matado os demônios restantes.

– Virão mais. Tenho certeza! – disse.

– É claro que virão, sua besta! – Michael falou batendo em minha cabeça. – Isso foi só um teste para eles.

– Quanto tempo?

– Não mais que dois dias, acredito. Precisamos de uma estratégia de batalha agora.

– Alice. – disse por fim.

Corremos até o local onde Alice se encontrava. Assim que estávamos chegando perto, ela nos avistou e saiu de perto do seu grupo com um tipo de pergaminho muito grande em suas mãos. Ela nos conduziu pela floresta até pararmos em frente a um tronco de árvore, onde ela abriu o pergaminho e revelou sua tática de batalha.

Apesar de seus desenhos serem um pouco difíceis de decifrar, pude compreender perfeitamente seu plano. Ela propôs que fizéssemos dois grupos de batalha. Um de guerreiros a frente e outra de arqueiros atrás, as duas com magos pelo meio para fortificarem as armas durante a batalha. O único problema é que algumas pessoas teriam que tomar conta delas mesmas e dos magos por quem ficariam responsáveis.

– Tem certeza que é a única chance que temos? – perguntei.

– É claro! Estudo uma estratégia desde quando chegamos neste lugar e foi a única que consegui ver um modo de destruí-los e voltarmos para casa logo. – ela respondeu.

– E não será mais difícil cuidar de você próprio e de um mago? – Michael perguntou. De fato, ele tinha razão.

– Você não se garante na luta não? – ela questionou em resposta.

Uma pontinha de raiva se apoderou de Michael, mas ele conseguiu se controlar e falou:

– Posso proteger até três magos.

– Perfeito! Colocamos três magos pro fortão aqui proteger e sobrarão mais guerreiros para lutarem despreocupados! – ela disse sorrindo.

Michael deu um risinho irônico.

– Não. Um mago para alguns guerreiros e arqueiros tá de bom tamanho, afina o número de magos é beeem menor que o resto de vocês. – Alice disse por fim.

– Sei que vai dar certo. Confio em você. – falei.

Enrolei aquele pergaminho, dei um beijo na testa dela e saí com Michael de volta para o campo de treinamento. Mostrei e expliquei a todos o plano de Alice. Muitos tiveram uma expressão de espanto quando mencionei a parte que alguns de nós iríamos proteger alguns magos, mas logo concordaram. E então, voltamos a treinar, já que não podíamos mais perder tempo.

Dois dias depois, antes de o sol acordar, comecei a me preparar para o confronto. Vesti a armadura que nos deram no dia anterior. Encaixava-se perfeitamente no meu corpo, e vista a certa distância dava a impressão que não estava usando nada. Era estranho como aquela armadura tão resistente e tão fina ao mesmo tempo não pesava, pelo contrário: parecia dar mais agilidade a quem a usava.

Caminhei pelas ruas de Richworld, ainda iluminadas pelas luzes dos postes. Fui para o Quatro Copos, que era o local marcado para encontrar o resto dos guerreiros, arqueiros e magos. Já havia certa quantidade de pessoas quando eu cheguei. Trinta minutos depois, os últimos chegaram. O sol já brilhava nas armaduras quando saímos do bar e assumimos nossas posições para irmos ao campo.

Queria que Josh estivesse sob minha proteção, mas Alice não aceitou minha ideia. Disse que se eu fizesse isso, iria estragar com seu plano, e que eu tinha que ficar na frente de batalha. Por sorte, Michael ofereceu-se para proteger Josh. Era bom que ele ficasse sob a tutela de alguém de confiança.

Quando estávamos próximos ao campo, pude ver alguns monstros voando e entre eles, dois que soltavam fogo pela boca. Mesmo vendo os voadores, que eram cerca de duas dezenas, não nos intimidamos e continuamos nosso caminho. Ao chegar mais perto, percebi que havia cerca de trezentos demônios a nos esperar. A frente do grupo, reconheci a policial de corte de cabelo masculino que estava comandando a vistoria pelas ruas de onde eu morava. Ela segurava uma moça pelos cabelos, tão forte que a garota estava encurvada de dor. Ao lado dela, havia um tipo de jaula com três pessoas dentro, um homem e duas mulheres. Pude perceber que era Felix o cara que estava aprisionado e uma das garotas era Mariah, mas não reconheci a outra. Os quatro estavam com marcas de queimaduras nos braços e pernas e Felix tinha uma que cobria metade do rosto.

Ficamos frente a frente com os demônios, em nossas posições de batalha.

– Finalmente você chegou, Jackson! – a policial falou e logo reconheci aquela voz masculinizada.

– Harry! – Miranda gritou agonizando.

– Cale a boca! – a policial falou puxando mais o cabelo de Miranda e tirando um grito de dor dela.

Estava com a raiva se apoderando de meu corpo.

– Vamos fazer um acordo. – ela continuou com sua voz grave. – Você vem conosco e eu solto seus amigos e essa vidente que me ajudou a chegar até aqui.

– Se eu for com vocês, irão deixar em paz esse povo e os terráqueos? – perguntei.

Ela deu um sorrisinho debochador.

– Então... Gueeerraaaaa! – gritei.

Duas flechas subiram e, felizmente, abateram os dragões, nos dando mias chances na batalha. Eu e os guerreiros corremos para atacar os demônios. A policial, juntamente com Miranda e a jaula com os outros três, desapareceu. Minha espada percorria os demônios com tanta rapidez que cerca de cinco minutos depois, eu teria matado uns sete. Vi Michael ter uma certa dificuldade em proteger Josh e fui fazer proteção para ele também. Estávamos precisando de uma ajuda e por sorte Josh conseguiu certar um feitiço em um demônio. Ele esticou o braço direito para o monstro e de seus dedos saíram uma rajada de um tipo de fogo azul que matava fazia com que nossos inimigos evaporassem.

– Não acredito que fiz isso! – ele falou olhando para sua mão.

– Para de se admirar. Estamos no meio de uma batalha! – Michael falou afugentando um demônio e lhe aplicando o golpe fatal.

Josh continuou a atacar os monstros com sua magia, mas logo se enfraqueceu e caiu ao chão. Michael, como ficou encarregado de protegê-lo, não deixava que nada se aproximasse de seu protegido enquanto se recuperava. Nesse meio tempo, matei mais dez.

Assim que Michael matou outro, protegendo Josh, mais uma criatura tentou lhe dar um golpe fatal por trás. Pulei por cima de um demônio e ataquei aquele que tentava matar Michael antes que o fizesse.

– Valeu cara. – ele falou. Confirmei com a cabeça.

Mais sangue dos monstros correu por minha espada e, quando todas as criaturas tinham sumido e pensávamos que tínhamos vencido, uma outra esquadra, com a metade dos que estavam antes, apareceu para a batalha. Esses eram notadamente mais fortes e traziam consigo espadas e foices. A policial também estava naquela equipe e a jaula, agora com Miranda dentro, estava sob a proteção de dois deles, do outro lado do campo.

Josh conseguiu se recuperar.

Voltamos para a guerra. Esperava mais ajuda dos arqueiros contra os que estavam com foices, pois os de espadas davam para serem combatidos. Fui correndo lutar contra aquela policial que estava no meio dos monstros. Pelo caminho, consegui matar dois, mas eles não desapareceram como os outros. Ficaram mortos no chão. Antes que eu pudesse chegar ao meu alvo, duas criaturas seguraram meus braços e outra vinha com uma foice para me dar um golpe fatal.

– Não! – ouvi o grito da policial assim que ela atravessou suas garras matando o demônio. – Eu mato o Jackson!

Por mais que eu tentasse me soltar, não conseguia. Ela vinha ao meu encontro com um olhar triunfante. Antes que ela chegasse até mim, uma flecha vinda de trás de mim atingiu sua barriga. Enquanto ela olhava a flecha e a tirava de seu corpo, uma rajada de raios verdes a atingiu, fazendo com que ela voasse cinco metros e parasse arrancando gramas com suas garras. Consegui me soltar dos monstros e os matei. Ao me virar, vi Miranda com uma balestra em suas mãos e Josh ao seu lado.

– Os tirei daquela jaula depois de ter matados os guardas. – Michael falou quando chegou ao meu lado.

Confirmei com a cabeça.

A policial vinha com a raiva em seu rosto. No meio do caminho, transformou-se no maior e mais forte deles. Começou acorrer com as patas traseiras e as garras até nós. Peguei minha espada que tinha caído no chão quando estava preso por aqueles dois demônios e corri para o combate contra aquele que era o mais forte deles. Michael me acompanhou.

Começamos a tentar cortar aquele monstro, e com um golpe de suas garras, toda a minha armadura se quebrou. Estava à mercê de qualquer um agora. Antes que pudesse ser atingido por mais um golpe, pulei nas costas daquele bicho e saí rasgando-o com minha espada. O demônio se ergueu com a dor, jogando-me no chão. Levantei-me rapidamente e Michael me jogou para cima num impulso que me fez chegar até a cabeça da criatura. Não consegui decapitá-lo, pois já estava caindo, mas enfiei minha espada abaixo de onde seria seu pescoço e fiz um corte até embaixo. O monstro deu outro grito e caiu ao chão na forma da policial com os cortes que eu havia feito.

Percebi que agora eu tinha os dois braços, o peitoral e a testa cortados.

Já que tínhamos muitos demônios mortos e a policial agonizando, abri o portal para a Terceira Dimensão cortando o ar com minha espada. O portal se abriu e, como Johanna tinha dito, puxou todos os demônios para si. Pude ouvir os gritos de protesto da policial, mas isso não impediu que ela também desaparecesse.

Assim que os demônios foram banidos, percebi que tínhamos cerca de uma centena de pessoas, dentre elas arqueiros, guerreiros e magos, que estavam mortos. Mesmo com os mortos, o sorriso preenchia os rostos daqueles que viviam.

Deixei minha espada cair ao chão e me ajoelhei ofegando.

– Vencemos. Venci por você, Ludi. – sussurrei.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Comentem, please. Ah, e não deixem de ler o próximo capítulo.



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