League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 48
Capítulo 47: ???


Notas iniciais do capítulo

Uma carruagem, um diário, lembranças, uma lâmina. De quanto vale o preço da honra? E da morte? Segredos e más escolhas podem acarretar terríveis consequências, mesmo que as mesmas demorem para se concretizar. A paciência sim, vence tudo.



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Capítulo 47:

???

Boram Darkwill se acomodou em sua carruagem enquanto se dirigia à Kalamandra. Lia um de seus diários de séculos atrás, um diário antigo, que ele guardava a sete chaves. Lá haviam vestígios do fim do reinado de Jarvan Primeiro, há muitos anos.

– Esses tempos... – ele murmurou para si mesmo. – Tempos nos quais espero que jamais voltem.

Nesse diário estava registrado uma terrível experiência, o último trabalho da Rosa Negra para Boram, antes que ele os aprisionasse em estátuas, de tanta raiva pelo ocorrido. LeBlanc não fez muito, não demonstrou ira pelos seus terem sido aprisionados. Ela dizia que aquilo era somente um sono, e que eles acordariam um dia. Desde então, Boram não confiou tanto em Emília, não tanto quanto confiou naquela vez.

Lembrava-se de um soldado poderoso, um soldado que carregava os exércitos. A antiga Mão de Noxus, antes mesmo de Darius ter assumido o cargo. Naquela época, as cidades-estado de Noxus e Demacia lutavam mais furiosamente uma contra a outra, utilizando magias destrutivas. Eram chamadas Guerras Rúnicas, as guerras mágicas que quase destruíram o continente de Valoran. Mesmo assim, as cidades sempre tinham homens, soldados. Era chamado de O Equilíbrio. Diziam que era para ser assim. Um empate eterno. Nenhuma cidade poderia prevalecer.

Diziam, também, que as duas sociedades secretas, A Liga e A Rosa Negra, controlavam tudo. Tinham um acordo, A Liga prezava pelo bem de Demacia e do conhecimento eterno, da magia branca, do ouro, enquanto A Rosa prezava por Noxus, pelo poder, pela magia negra, a safira, e ambas tinham conhecimento sobre tudo que já havia ocorrido no mundo, desde a criação. Conhecimentos perdidos com o tempo.

O que realmente aconteceu com aquele soldado? Ninguém sabe, ninguém viu. Poderia se dizer que ninguém mais lembra... a não ser por Boram e LeBlanc.

Aquele soldado avançou pelas tropas demacianas, matando a todos no caminho com seu machado poderoso, não poupando ninguém, matava homens, mulheres, e todos os yordles que batalhavam ao lado de Demacia. Chegou a ter seu corpo coberto pelo sangue dos inimigos.

Chegou até o rei, Jarvan I, O Sanguinário. Ele era o rei mais habilidoso que já existiu em Demacia. Ele era forte, utilizava uma lança imensa e tinha uma coroa pontiaguda. Diziam que ele era cruel e de certa forma, mimado. O Mão de Noxus avançou no rei com seu machado. O fato mais incrível foi que ele conseguiu eliminar cada guarda do rei em pouco tempo, desafiando o rei logo em seguida. Estava cansado e logo foi superado pelo rei que atacava rapidamente. Decidiu então por se esquivar e se defender dos golpes do rei, não se cansando tanto e evitando ferimentos.

Quando, por fim, o rei ficou cansado, avançou nele, mas infelizmente perdeu seu machado com um golpe do rei. De mãos nuas, decidiu por colocar os punhos entre o pescoço do rei, esmagando sua garganta, furando a jugular com a unha, ensanguentando o rei e as próprias mãos. Ele quebrou o orgulho e sonho demaciano, e poderia muito bem sair de lá e eliminar mais soldados demacianos e levar a vitória à Noxus. Naquele dia, o contrato, O Equilíbrio seria quebrado... mas ao ver que sua barriga estava perfurada pela lança do rei, O Mão caiu, pereceu, porém, sua honra ainda estava intacta.

Boram decidiu recuar, pediu que trouxessem o corpo do homem de volta, para que pudesse ser velado em terras noxianas. Houve uma grande depressão em Noxus, todos o amavam, ele tinha fãs, família, esposa... Todos sofreram com a sua morte. Porém, ele havia aberto uma porta para que Noxus pudesse avançar e destronar os Lightshield. Seria a perfeita vitória.

– Naquele dia, Demacia atacou com a mais terrível covardia – lembrou-se Boram. – Jarvan I, que homem odioso. Ele marchou vigorosamente contra nossa cidade, dez deles para cada um dos nossos. Aquele maldito se esconderia atrás de seu exército e nos observaria ser varridos da face de Valoran por puro prazer. Nem mesmo A Liga iria ter poder para pará-lo. Muitos de meus covardes conselheiros me aconselharam a proteger os portões e forçar nossos inimigos a lutarem por cada pedaço de solo noxiano, aquele homem disse que nós deveríamos lutar pelo que era nosso. Deveríamos avançar e enfrenta-los. Naquele dia ele lutou com toda a bravura que um noxiano deveria ter. Foi o melhor soldado que já vi na vida.

Após o velamento, Boram exigiu que fosse feito um memorial àquele soldado. Uma imensa estátua, onde iriam eternizar sua bravura e todo homem que olhasse para aquele memorial, saberia que um homem lutou até a morte para proteger aquilo que acreditava.

– Eu mesmo me inspirava naquele memorial a cada dia que passava – pensou Boram –, pelo menos até aquele dia.

Boram não aceitou a perda daquele homem. Ao ver o sofrimento de sua esposa, decidiu pedir ajuda à sua sociedade secreta de tanta confiança: a Rosa Negra. Um poder como aquele não poderia ser desperdiçado, por isso, Petal Mirror, Thorn Zyra, Emília LeBlanc, Elise Blackwidow, Vladimir e Marcus Swain, os representantes da Rosa, começaram a pesquisar tudo sobre arcanismo: rituais de sangue e ossos, relíquias da Ilha das Sombras, e coisas ainda mais obscuras.

Em poucos dias um anúncio foi colocado nas ruas. Ele dizia: “Cidadãos de Noxus! Nossas forças permanecem unidas enquanto Demacia continua sem um líder. A hora de atacar é AGORA! Pela ordem do grão-general, marcharemos amanhã com o assassino de Jarvan no comando. TESTEMUNHEM!!”

Houve um grande alvoroço. Como o assassino de Jarvan I estaria no comando?

Naquela noite, Boram foi levado por LeBlanc até onde o soldado revivido estaria. Estava na base secreta da Rosa, um lugar sombrio e vermelho, algo demoníaco de tão sombrio.

Quanto encarou o ser revivido, se sentiu enojado.

– O que você fez? – perguntou.

LeBlanc fez uma cara de desentendida.

– Dei a você o que queria, nada mais.

– Não era isso que eu queria!

– Você buscava erguer esse cadáver para que fizesse sua vontade novamente. Nisso tivemos sucesso.

Boram começou a tremer e suar em frio; cerrou os punhos.

– Olha só para ele! Essa... “coisa” não tem lugar na liderança de um exército.

LeBlanc sorriu.

– Como um líder, não mesmo. Mas seu amigo nunca foi tão bom em liderar quanto foi bom em matar. E ele nunca foi tão adequadamente colocado neste papel quanto como está agora. Ele não teme, ele não questiona – os olhos de LeBlanc se tornaram sombrios, ela sorriu de forma maligna –, ele não morre!

– Maldita seja – exclamou o grão-general –, eu não tenho outra escolha.

[...]

Boram acordou de um sono profundo com um sobressalto. Bocejou e olhou para aquele diário em sua mão. Estava sujo e velho. Mesmo assim, era sua última relíquia, o último manuscrito que deixava explícito o que havia ocorrido com aquele soldado, o antigo Mão de Noxus. Preferia não deixar que ninguém soubesse sobre o que havia ocorrido a seguir.

Limpou um pouco de baba que descia por sua boca e olhou pela janela. Estava de noite e o vento frio soprava por todo o lado. Aquela estrada lhe trazia uma certa nostalgia. Lembrava-se do tempo em que era jovem e lutou ao lado de seu pai contra Noxus. Bons tempos, pensou. O único problema era que, definitivamente não se lembrava de Kalamandra. Teria aquele vilarejo nascido nesse meio tempo? Não sabia dizer, só tinha certeza que aquele local, onde estava indo, antes não passava de uma cidade fantasma, devastada por uma força maligna há muitos séculos. Ninguém nunca se atrevera a morar lá, diziam que era um lugar amaldiçoado pela Ilha das Sombras.

– Estranho estar aqui novamente – pensou. – Esse lugar não deveria existir.

De repente a carruagem parou. Percebeu que todos os cavaleiros ao redor também haviam parado, confusos com a repentina parada. Boram colocou a cabeça para fora da janela, perguntou a um cavaleiro.

– Por que pararam?

O homem virou-se para o Alto Comandante.

– Não sabemos, é só que... – ouviram vários gritos, tudo em poucos segundos.

O homem se virou para onde os gritos vinham e, do nada, ele teve a garganta cortada. Caiu para trás do cavalo, morto, o sangue empapando o chão. O cavalo se assustou e saiu a galopar para longe.

Boram ficou boquiaberto, suou em frio e tremeu. O medo cresceu em seu coração quando viu que todos os seus homens estavam mortos, somente ele estava vivo. Choraria, mas a última vez que fizera tal coisa foi no enterro de seu falecido pai, isso há séculos atrás.

– Não... não... não...

Se escondeu na outra extremidade da carruagem, na janela. Se prensou contra ela, como se pudesse se proteger do que estava vindo ao seu encontro. A porta da carruagem se abriu lentamente, como se fosse aberta com o vento... ou com um espírito.

Seu reinado acaba agora – ouviu um murmúrio em sua mente.

Nunca sentiu tanto medo em sua vida.

Quando sentiu sua jugular sendo cortada, o sangue descendo, ensopando sua roupa, viu tudo em preto-e-branco. Viu uma figura à sua frente, acima de seu corpo com uma lâmina ensanguentada na mão. Reconheceu a sombra logo de cara.

– V-Você...?! – conseguiu perguntar. – P-Porquê?

Viu o sorriso no rosto da pessoa, um sorriso maligno. E essa foi a última coisa que viu.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo deveria ser do Swain, mas será como um prólogo para o mesmo. Fiquem agora com a dúvida: quem assassinou Boram?



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