League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 45
Capítulo 44: Sejuani


Notas iniciais do capítulo

O encontro de Ashe e Sejuani no monastério causou um grande confronto entre as duas forças. Agora terão que agir como aliadas para um bem maior: a salvação de seu povo.



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Capítulo 44:

Sejuani Winters – Monastério no Topo do Mundo

O monastério era grande. O salão principal era todo escuro, com candelabros de velas acesos e dando uma pequena área de visão. Havia um círculo no centro da sala, um círculo mágico, onde alguns monges vestidos de mantos longos davam as mãos e parecia recitar um antigo cântico em uma língua que Sejuani não reconheceu.

Nunu se assustou com os monges, que pareciam assustadores aos olhos do garoto. Uma bizarra energia brotava do centro do círculo, algo azul, que tingia o ar como se fosse tinta em água. Os olhos do garotinho brilhavam de medo e espanto.

Seguiram Udyr para dentro do monastério, passando pelos monges e indo para uma outra sala, um corredor. Haviam quartos, vários deles. Udyr parou.

– Todos os homens podem se acomodar em nossos quartos.

Thaynam sorriu.

– Ótimo! – e já ia para seu quarto, quando Ashe o impediu.

– Desculpe, mas não temos tempo. Precisamos da cura para a febre e partir imediatamente.

Sejuani riu.

– Olhe para seus homens, Ashe – havia deboche em seu rosto –, todos cansados. Menos o grandão – apontou para Braum –, esse aí é um monstro.

Braum abriu um grande sorriso e colocou os punhos na cintura.

– Mamãe me alimentou com a melhor carne e melhor leite de cabra!

Sejuani se segurou para não rir.

– Vê, Ashe? Seus homens não passam de piadas.

Ashe olhou para Olaf e Volibear, que a poucos minutos estavam querendo dilacera-la, sem dó nem piedade. Volibear me mataria rapidamente e depois comeria minha carne, pensou. Já esse Olaf... Vikings são todos iguais, ele iria, no mínimo, me estuprar e depois me decapitar. Tentou expulsar esses pensamentos de sua mente, senão sentiria medo e, confrontando Sejuani assim, de tão perto, sentir medo era seu maior medo. É possível ter medo de sentir medo?

Udyr fitou Sejuani com um olhar furioso.

– Fale menos, mulher!

Sejuani recuou, olhos semicerrados. Uma pata de urso imensa se pousou sob seu ombro. Volibear sussurrou algo, o que é difícil visando sua imensa boca que ruge os sons mais altos. De toda forma, ouvir o que o imenso urso dizia era difícil.

Sejuani cruzou os braços.

Ashe se virou para Udyr.

– Mas os quartos não são reservados para seus monges?

– Eles raramente dormem – respondeu o grande homem. – Ficam em meditação por dias, semanas. Por exemplo, estão lá há cinco dias.

– Cinco dias?! – exclamou Nunu.

Shhhh! – Udyr se inclinou para o garoto, assustando-o. – Faça. Silêncio.

Nunu recuou.

– Nesse caso – Ashe se pronunciou –, podem ir para os quartos.

– Só recebo ordens de minha rainha– Olaf rangeu os dentes.

– Não falei com vocês.

Nunu entrou no quarto, depois Thaynam, e por fim Braum, que teve que colocar primeiro o seu escudo e depois tentar entrar. Ironicamente, o escudo entrou com mais facilidade que o próprio Braum. Olaf e Volibear entraram em um outro quarto, destinado à Garra.

Sozinhas com Udyr, Sejuani e Ashe se viraram para o monge e falaram quase que juntas:

E agora?

Se entreolharam, irritadas.

Udyr cruzou os braços.

– Agora, vocês irão encontrar a cura.

[...]

Udyr as levou para fora do templo, numa outra saída que dava para um campo aberto, cheio de flores e com círculos no chão. Alguns monges com roupões e capuzes bancos as esperavam numa roda ao redor dos círculos. Ventava muito, mas o local parecia ser protegido por algum tipo de proteção contra todo aquele vento congelante, tanto que Sejuani começou a sentir calor com toda aquela roupa que usava.

Ela percebeu que haviam símbolos no chão, dentro e perto do círculo mágico. Observou-os e, de alguma forma, conseguia entende-los. A volta das rainhas... das três... Avarosa... Serylda... Lissandra...

– Consegue ler? – perguntou Ashe, interrompendo-a.

Sejuani se virou para ela com uma expressão irritada.

– Estava conseguindo até você me interromper.

As duas se encararam, fuzilando uma a outra com o pensamento, até que Udyr interveio.

– Precisamos saber se são mesmo dignas da cura glacial – disse o monge, que não parecia sentir frio. – Somente as herdeiras das antigas rainhas podem resgatar o poder.

– Mas me disseram que era um tipo de poção – comentou Sejuani.

– É um feitiço – retrucou Ashe –, você deveria saber.

Sejuani cerrou os punhos e quase avançou na inimiga, mas sentiu uma energia estranha rodeá-la. Percebeu que vinha daqueles monges bizarros que as observavam. Era como se não houvesse absolutamente nada embaixo dos capuzes. Isso a deixou com um pouco de medo.

– B-Bom – Sejuani gaguejou –, estamos com sorte, hoje, Udyr. Até por que, nós somos as herdeiras de Avarosa e Serylda. Agora, a de Lissandra...

– A Princesa Lissandra não pôde vir – explicou Ashe. – Eu e meus homens tivemos que sair às pressas do castelo, não pudemos busca-la. E o pior é que ela se tornou cega devido à cristalização.

A cristalização não cega, Ashe ouviu uma voz em sua mente, virou-se e percebeu que o som vinha de um dos monges encapuzados que somente a observava. Sejuani pareceu ouvir, também, mas não entendeu muito.

– E daí? – perguntou. – Quem liga se a engomadinha ficou cega? Nunca lutou de verdade, é uma fraca. Viu que a batalha estava aí e foi logo para baixo da saia de Ashe e dos avarosianos.

– Eu ainda estou aqui – exclamou Ashe.

– Como se eu não soubesse!

Caladas! – rugiu Udyr. – Precisamos certificar que vocês têm o espírito de Avarosa e Serylda em suas almas.

Sejuani recuou de testa franzida.

– Ué, ninguém nunca me falou nada sobre essa parada de alma. Quer saber se somos reencarnações de nossas antepassadas?

Udyr não respondeu, mas pela expressão, as duas preferiram não perguntar mais e fazer o que ele iria mandar.

– Fiquem no centro do círculo e deem as mãos, uma de costas à outra, para que os anciões possam utilizar o feitiço de verificação de alma.

As duas fizeram o que ele mandou, mesmo que com um pouco de hesitação. Odiavam a ideia de ter que ficar juntas, o que diria de mãos dadas. As mãos de Ashe estavam quase congeladas, enquanto que as de Sejuani estavam quentes, de alguma forma. Isso causou um incômodo imenso a ambas as duas, que sentiam o choque térmico total.

Os monges encapuzados entoaram um tipo de cântico, extremamente bizarro, numa língua que Sejuani não entendia. Algumas palavras pareciam familiares. Avaross, Gelyidus, Ursanais, Lokfar, Warryors... Deveriam dizer alguma coisa, pois o círculo mágico começou a brilhar, as letras naquela língua também, e logo elas todas começaram a fazer sentido de um jeito tão frenético que Sejuani não conseguiu processar direito. A luz as engoliu, começaram a sentir a força as puxando para cima. Segurou a mão de Ashe com mais força. Os olhos de ambas começaram a brilhar e puderam ver coisas que aconteceram há séculos e séculos, antes mesmo de Shurima ser engolida pelo deserto, antes do início da rixa entre Noxus e Demacia... Viram as irmãs: Avarosa, Serylda e Lissandra. Viram os observadores: seres imensos, como estátuas de puro gelo negro, aparência esquelética e poder supremo. Viram a batalha sanguinária contra eles, viram Avarosa assassinar o líder dos observadores e seus aliados os jogarem no fundo de Howling Abyss. E, por fim, viu Lissandra, a terceira irmã, já cega devido à batalha, amaldiçoar as irmãs e assassiná-las, aprisionando-as em gelo negro. O ponto principal de suas vidas, quando a irmã bruxa aprisionou a alma das irmãs nos corpos de suas herdeiras, para que pudessem lutar um dia e para que trouxesse os observadores de volta.

Quando Sejuani acordou, estava sentada no chão, de costas para Ashe, as mãos ainda entrelaçadas. O círculo mágico perdia poder e os monges encapuzados recuavam. Udyr, pela primeira vez, parecia surpreso.

– Vocês são mesmo as herdeiras – ele tremia. – Finalmente...

Sejuani levantou-se do chão e, por algum motivo, ajudou Ashe a se levantar. Aquela visão mostrara quem era a verdadeira inimiga: a Bruxa Gélida, que iria voltar, e já estava se reerguendo. Lembrou-se de Tomen, um de seus melhores arqueiros, morto por uma armadilha ardilosa dela. Aquele homem que pensou que intimidaria uma feiticeira das trevas com um Ursine como Raybear.

– Viu o mesmo que eu? – perguntou para Ashe, que ainda parecia atordoada.

– Sim, eu vi – ainda tentava se recompor. – Então quer dizer que a Bruxa aprisionou a alma de Avarosa dentro de meu corpo.

– E de Serylda no meu.

– Vocês sabem o que isso significa? – perguntou Udyr.

Ashe olhou para as próprias mãos: por um segundo podia ver as mãos de Avarosa, podia senti-la dentro de si, duas almas dentro de um corpo. Talvez fosse por isso que ela sempre teve tal habilidade com arco e, dentro daquela caverna, há cinco anos, quando encontrou o arco, a tumba ancestral tenha despertado o espírito de Avarosa dentro dela. Sentiu uma felicidade. Sempre estive ao seu lado. Agora entendia como sempre soube o que fazer, entendeu que nunca esteve sozinha, nem mesmo quando sua mãe a punia de formas terríveis.

Sejuani, por outro lado, se sentiu fraca. Podia sentir os pensamentos de Serylda em sua mente, sempre sussurrando o que deveria ou não fazer, como um anjo da guarda. Mesmo assim, toda a sua habilidade com mangual, sua força que a mantinha viva desde sempre, tudo isso fora somente uma farsa. Poder e força que provieram de outra pessoa. Sempre se gabara de ser forte, de ter sobrevivido sozinha, sem ninguém... Seriam seus ideais somente dela? Ou seriam de Serylda? Sua personalidade era própria?

Não poderia demonstrar fraqueza, jamais. Você é forte, simplesmente forte.

– Não – respondeu a Udyr, com sinceridade. – Não sei o que isso significa.

[...]

À noite, Ashe se uniu a Thaynam, Braum e Nunu à frente de uma fogueira. Ainda ventava lá fora, e muito forte. Parecia ventar mais forte do que nunca, com um frio capaz de congelar instantaneamente. Ashe agradeceu por estar segura naquele monastério.

Udyr dissera que o tomo de cura ficaria pronto até o fim da noite. Como seriam feitos dois, um para ela e outro para Sejuani, demoraria um pouco mais. Enquanto isso ficou pensando nas visões que havia tido. Havia visto uma era tão antiga, mas tão antiga, que não tinha nem ideia da data em questão. Viu muito mais do que podia descrever. Viu Anivia, viu um tipo de yordle com um bumerangue, viu os exércitos monstruosos de Serylda e os de Avarosa, contra a magia dos observadores gélidos. Não sabia se estavam lutando um contra os outros, ou somente contra os observadores. Só viu que, naquele dia, a neve branca havia sido manchada de sangue.

Viu Avarosa erguendo seu arco e carregando um feitiço poderoso. Asas celestiais brotaram de suas costas e uma energia espiritual, do mais puro gelo, exalou do arco. Uma flecha gigante, feita de Gelo partiu em direção ao imenso castelo onde os observadores habitavam, destruindo tudo. O poder dela era inestimável. Não carregava aljavas. Criava flechas de puro Gelo e atirava. Aquela batalha foi travada, também, por Glacinatas, magos do gelo, há tempos extintos. O poder deles era destrutivo ao extremo. Criavam esquifes de gelo capazes de perfurar milhões de homens. Não tinha palavras para descrever a carnificina que fora aquela batalha. Milhões morreram, mas os observadores foram derrotados.

Pôde ver bem o rosto de Lissandra, da antiga Lissandra. Era bastante parecida com a atual, só que tinha cabelos branco-platinados, como os de suas irmãs. Cabelos trançados, um longo vestido feito de gelo negro com pedras que brotavam do chão, ao redor de seus pés. Ela usava um tipo de visor em forma de bigorna na cabeça, feito de gelo negro e que cobria os olhos.

Lembrou-se de quando a Princesa Lissandra mostrara a ela a adaga que havia assassinado Mauvole, sua mãe. Era feita de gelo negro, mas mesmo assim ela não queria acreditar que fora a Bruxa quem matara. Logo percebera que não eram só contos infantis de terror, ou um simples mito. Era de verdade. A Bruxa Gélida existia e estava vagando por aí... há anos, e anos, e anos.

– Ashe?! – Thaynam a acordou de seus devaneios com um estalar de dedos. – Ainda está aí ou já viajou para o Fantástico Mundo de Nunu?

Nunu riu.

Ashe suspirou.

– Não é isso. É só que... ando pensativa desde as minhas visões. Sei que Sejuani também está.

– Também, não é sempre que alguém tem visões da Bruxa – disse Nunu.

Braum fez uma cara feia.

– Maldita bruxa. Uma vez eu salvei um garotinho preso numa armadilha feita por ela. É um ser rancoroso e malévolo, sem qualquer bondade no coração, isso sim. Mamãe sempre me disse para tomar cuidado com essas coisas.

– A minha também – comentou uma voz desconhecida –, mas no final das contas ela morreu e eu estou bem aqui.

Todos se viraram para ver quem era, e foi quando se depararam com Sejuani, que, pela primeira vez se apresentava sem seu elmo com um chifre de Gelo, ficando de cabeça a mostra. Ela tinha um cabeço curto, cortado como de meninos, tendo somente algumas linhas grossas de cabelo que lhe desciam pela orelha, o que lembrava que ela era uma mulher. Ao seu lado estava Olaf, que utilizava a sua roupa viking que não parecia deixá-lo sentir frio. Nunu sentiu nojo da barba mal lavada dele e de seu cheiro.

Ashe pensou que se sentia irritada com a presença da inimiga, mas sentiu outra coisa. Talvez empatia, quem sabe. Pela primeira vez sentiu-se conectada à ela, por mais que só por um feitiço, mas talvez por um laço familiar, quem sabe.

Nunu quase avançou nela.

– Volte para o lixo de onde veio, Seju...

Olaf encarou o garoto.

O

NUNU! – gritou Ashe. – Deixe-a em paz. Hoje nós não somos inimigos, somos pessoas que procuram a cura para milhões de outras pessoas.

Sejuani engoliu em seco, juntamente de Nunu, que recuou. Ela colocou o braço à frente de Olaf, impedindo-o de prosseguir.

– Obrigada.

Sentou-se do lado de Ashe, tentando ficar o mais longe possível de Thaynam e Nunu, que a encaravam com frustração. Quanto a Braum, ele não parecia olhar para ela, mas para um pequeno inseto que ficava pousando em sua cabeça pelada. A desvantagem de se ser completamente careca, de cabeça lisa.

– O que veio fazer aqui? – perguntou Thaynam.

– Vi que estavam comentando sobre a Bruxa e vim, sabe...

– Se intrometer na conversa? – perguntou Nunu, debochadamente.

Sejuani sentiu um impulso de avançar no garoto e esganá-lo, mas se conteve. Teve um impulso maior por sentar ali e conversar civilizadamente. Odiava a ideia de se conectar de tal forma com Ashe, mas era o que havia ocorrido, deveria aceitar as visões e, talvez, entender quem era o verdadeiro inimigo.

– Não, Nunu – respondeu –, talvez, mas preciso, mais que isso, dividir uma situação com vocês. Na verdade, algo que ocorreu comigo e com um homem de meu exército.

Ashe, hesitante, sorriu.

– Claro, Sejuani, você pode contar o que quiser para nós – se virou para seus homens –, que iremos ouvir sem interromper!

Olaf parecia hesitante em se sentar ao lado de inimigos. Ainda não entendia por que diabos Sejuani queria contar a Ashe o atentado da Bruxa a Tomen e de sua terrível morte.

– Bom, para começar – Sejuani disse de forma séria –, minha horda de Ursines encontraram, durante uma ronda, um bizarro ritual. Haviam várias pessoas mortas, olhos arrancados, os corpos rodeando um canteiro cheio de olhos cristalizados, havia muito sangue no local e eles tinham partes do corpo mutiladas. Haviam vestígios de magia negra naquele lugar.

– O ritual da visão – Udyr chegou mais perto, interrompendo a líder da Garra. – Permite que uma pessoa tenha a visão de volta após ser removida por métodos mágicos de contrato.

Ashe franziu a testa.

Como assim? – ela e Sejuani perguntaram ao mesmo tempo.

– Aparentemente, a pessoa que fez o ritual havia conseguindo poder através de um contrato que removia a visão, e para tê-la novamente por um curto período de tempo, fez o ritual.

Sejuani bufou.

Continuando... Na mesma noite, um arqueiro de minha guarda, chamado Tomen, foi até o local com um amigo Ursine. Eu havia proibido a ida de qualquer um até lá, mas ele me desobedeceu. Enfim. Quando os dois estavam lá, pelo que me foi dito, Tomen simplesmente desapareceu no nada e o amigo Ursine desmaiou. Quando acordou encontrou os corpos desaparecidos e o amigo no mesmo estado: mutilado, sem olhos, parcialmente congelado e, o pior, tinha uma expressão de pavor nos olhos. Raybear, o Ursine, me deixou claro que havia tido visões de uma bruxa com roupa de gelo negro.

– A Bruxa Gélida – disse Udyr.

– Maldita seja essa bruxa! – exclamou Braum numa voz mais grossa que o normal. – Lembro-me de quando a encontrei pela primeira vez, quando consegui meu escudo.

– Todos sabemos dessa história, trouxa – retrucou Olaf. – Você é famoso por todos os cantos de Freljord, por salvar dezenas de pessoas há anos.

– Milhares – corrigiu Nunu, aparentemente um fã de Braum.

Udyr suspirou.

– Vejo que a maldita deixa marcas por onde passa. Já tive uma situação com ela, algo que prefiro não dividir com vocês.

– Por que não? – perguntou Ashe.

Udyr a encarou com um olhar triste.

– Foi há muito tempo. Talvez um dia eu venha a dividir essa história com vocês – cruzou os braços. – Mas por enquanto, não tenho condições.

– Entendemos sua situação – comentou Thaynam. – Eu mesmo já tive um encontro com ela.

Ashe se virou para o tio.

– É mesmo?

– Sua mãe nunca te contou? – franziu o cenho. – Foi quando éramos jovens, quase fomos mortos, mas ela pareceu não querer matá-la pois ela já estava grávida de você, Ashe.

Ashe parou para pensar nisso. Era bem provável que a bruxa não soubesse qual princesa teria Avarosa dentro de si. Talvez fosse matar a mãe, mas viu que ela carregava Avarosa dentro da filha em formação. Só não entendia o porquê de encantar a linhagem avarosiana para que a líder ressurgisse anos depois. Talvez tivesse algo a ver com os observadores gélidos. Gelou só de pensar.

– Então todos têm uma experiência com ela – comentou Ashe.

– Basicamente – respondeu Thaynam. – Nunu não chegou a vê-la.

Nunu fez uma cara feia, aparentemente irritado por ser o único a não ter tido um encontro com a bruxa, mas pensou bem e viu que estava muito bem daquele jeito, bem longe da maldita. Deu de ombros.

– Eu só não consegui entender por que a bruxa fez tal ritual para ganhar visão. Então ela é cega e quer ver de novo? – todos pareceram pensar no que o garotinho estava propondo. – Mas por que?

Todos sentiram um frio na espinha, algo pior que toda a nevasca de antes. Quando a fogueira se apagou, sentiram uma terrível presença. Sejuani começou a tremer, sentiu medo, o mesmo medo que sentiu durante a visita aos restos do ritual da visão.

Todos começaram a se entreolhar, até mesmo Udyr parecia intrigado.

– Conseguem sentir? – Sejuani perguntou.

Não demorou muito para que um forte vento passasse por todos eles, esfriando a pele e deixando vestígios de gelo negro. Quando um esquife negro de gelo saiu de dentro do templo, congelando tudo ao redor, todos se preocuparam. Saíram correndo para dentro do monastério, no salão principal, onde os monges encapuzados estariam produzindo a cura.

Encontraram-nos mortos, pendendo de pontas afiadas de gelo negro que havia brotado do solo. Sangue descia deles, sangue ainda fresco. Possivelmente morreram tão rapidamente que nem tiveram tempo de gritar.

Sejuani olhou para o círculo no chão, onde o feitiço se desfazia, e o pergaminho de magia com a cura havia sumido. Olhou para o portão central e saiu correndo até ele, juntamente de Ashe.

Foi quando as duas se depararam com uma cena terrível. Uma horda de trolls armados com armaduras e armas de Gelo Negro rodeavam a entrada. Bristle estava preso, aparentemente ferido. Uma lágrima escorreu do rosto de Sejuani só de pensar na dor que seu amigo deveria ter sentido.

Trundle, o Rei dos Trolls colocou-se à frente. Em uma mão estava sua arma, um grande porrete de Gelo Negro, chamado Boneshiver, e em sua outra mão estavam os pergaminhos. Sejuani viu que em sua testa havia um símbolo, um olho rodeado de pontas afiadas de Gelo Negro, o símbolo mágico da Bruxa Gélida. Possivelmente fosse uma runa mágica.

– Isso – disse o rei troll – nos pertence agora.

Deu uma risada poderosa.


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