League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 27
Capítulo 26: Katarina


Notas iniciais do capítulo

Katarina sonha com seu pai, sentindo que algo de ruim aconteceu com ele. Mas o que teria sido? O que aconteceu?
Quando ela acorda, tem uma grande surpresa.



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Capítulo 26:

Katarina Du Couteau – Kalamandra

Katarina sonhou com seu pai. Sonhou com quando eles foram fazer um piquenique no campo. Ele, ela, Cassiopeia... e Phildora, a governanta.

Diferente de todos os dias em Noxus, aquele estava bonito e ensolarado. A brisa esvoaçava seus belos cabelos vermelhos, e também fazia as folhas voarem aos céus.

Talon ainda não havia sido contratado pelo general, Katarina ainda era uma garota pré-adolescente, e Cassiopeia ainda era criança. O pai dela era mais carinhoso e presente na vida das duas, logo, aquela lembrança era uma das únicas lembranças felizes que Katarina tinha.

Naquele dia, eles todos se sentaram em uma toalha que forrava o chão. Phildora trazia com ela uma cesta de piquenique cheia de hambúrgueres, frutas, sucos em jarras e outras coisas. A governanta era velha, beirando os sessenta anos, cabelos negros, pele enrugada, xale, vestido de idosa, e olhos castanhos.

Tudo parecia perfeito: o tempo, a comida, as expressões nos rostos de todos... Katarina sorria o tempo todo, e sua visão mostrava seu pai com roupas normais, Cassie com seu cabelo preso num rabo-de-cavalo, e Phildora comendo uma banana. Tudo parecia estar em câmera lenta, sem som; a única coisa que Kat conseguia ouvir era um estranho ruído, como se seu ouvido estivesse entupido de sangue.

A sua visão começou a se tornar turva, escura. Sua felicidade foi se esvaindo, sendo tomada por uma sensação terrível de angústia. Sentiu um gosto estranho na boca, como se algo a sufocasse. Era terrível. Já não via mais um céu azul, mas sim um céu vermelho-sangue, como se chovesse sangue.

A expressão no rosto de seu pai mudou; agora ele estava com um olhar desesperado, os olhos escurecidos, os lábios costurados um no outro, algo terrível. Katarina quis gritar, mas não conseguiu. Olhou para Phildora, que chorava sangue, e depois, para Cassie, que tinha a mesma expressão de desespero, como se ela também estivesse sonhando com aquilo.

...

Katarina acordou gritando, suada, descabelada, tremendo de medo. Teria sido aquilo um sonho, ou um presságio? O sumiço de seu pai teria algo a ver com aquele sonho? O que a boca costurada tinha a ver com tudo isso?

Seu coração palpitava à uma velocidade surpreendente, e ela percebeu que estava chorando. Limpou as lágrimas com as costas da mão, quando percebeu que estava nua. Ela sempre dormia de camisola, então por que...?

Ao olhar para o lado, ela percebeu o porquê de estar nua. Ela não estava sozinha na cama: Garen Crownguard ocupava o seu lado, dormindo desleixadamente com o braço jogado de lado. Ele também estava nu, deixando a mostra seu peitoral forte, seu abdômen definido e braços musculosos. Ela tentou não ficar olhando, mas não conseguiu se conter. Não faça isso, Katarina, disse a si mesma, mas não foi forte o suficiente. Deslizou os dedos por seu abdômen, curtindo o momento.

Ele resmungou algo sobre não deixar Luxanna namorar com qualquer um, e se mexeu na cama, ainda dormindo. Ela pensou que ela estava prestes a acordar, mas tornou a fazer a cara de dorminhoco retardado de antes.

Katarina olhou por baixo de seus lençóis, e percebeu que todas as suas piadas sobre os demacianos terem pênis pequeno eram em vão. De repente queria se lembrar do que acontecera na noite anterior, mesmo que tivesse sido com um demaciano.

Ela se levantou da cama lentamente, sem fazer qualquer ruído, não querendo acordar Garen.

– Bela bundinha – ela virou a cabeça lentamente, como quem é pego em flagrante. Garen estava deitado de lado, com uma cara de safado, totalmente nu. – Curti aquela massagem na barriga. Poderia fazer de novo?

– Desgraçado... – murmurou Katarina, virando-se completamente, cerrando os punhos.

Logo percebeu que se virar fora um erro. Ele a olhara completamente, e ela estava nua. Ela pegou rapidamente o cobertor que estava caído no chão, cobrindo as partes íntimas.

– Seu tarado! – urrou Katarina.

Ele riu.

– Olha quem fala! – e deitou-se normalmente, colocando os braços atrás da cabeça. – Aposto que você não se lembra de nada de ontem à noite.

Ela desviou o olhar de Garen, fechou os olhos e tentou se lembrar de algo. Se lembrou da briga do bar, a quase expulsão de Noxus nas escavações, ela bebendo de raiva, ficando bêbada...

– Você se aproveitou de mim! – gritou. – Seu demaciano estúpido.

Ele se sentou ereto.

Eu me aproveitei? Eu lembro muito bem de você me seguindo até aqui, gritando comigo com aquela voz bêbada, resmungando coisas sobre eu ser um demaciano estúpido, ser tudo culpa minha, o Rei Jarvan III ser um filho da... Você sabe! – sua expressão era tão furiosa, que Katarina se afastou. Ele se levantou da cama, andando em sua direção. – Quando eu vi que meus irmãos de guerra vinham para descansar, te escondi em meu quarto – agora ele estava a prensando na parede, olhando-a de baixo, já que ele era bem mais alto que ela, com uma cara de raiva. Ele engoliu em seco, parecendo mais calmo, e continuou: – E então eu te prensei na parede, igual estou fazendo agora.

Os dois estavam próximos o bastante para sentirem a respiração um do outro.

Katarina estava ofegante, com um olhar quase apaixonado. Ela disse:

– E depois?

– E depois? – ele repetiu. – E depois nós nos beijamos... – os dois estavam se aproximando lentamente, a mão de Katarina subindo pela nuca de Garen, a mão dele descendo por seu quadril, os lábios quase se encostando...

Um berrante urrou pela cidade. Katarina o conhecia bem, e sabia que era sinal de que uma carruagem estava chegando. Jericho. Ela se afastou de Garen, que se sentiu como se tivesse sido desconectado do mundo. Ela percebeu que deixara o cobertor cair, e que estava nua à frente dele.

– Preciso ir, o General Swain chegou – falou lentamente.

– Tudo bem – ele disse, um pouco chateado, talvez. – Também preciso ir.

As roupas dos dois estavam jogadas no chão. Katarina se perguntou se ela havia se despido tão rapidamente assim, e, mesmo que bem no fundo, queria que acontecesse de novo.

Os dois ficaram de costas um para o outro, como ela pediu. Queria cortar seus relacionamentos com ele, começando por não se verem mais quando nus. Ela vestiu sua calça de couro preto colante, a que sempre usava. Ajeitou seu sutiã preto de couro em seus grandes seios e pôs seu pequeno casaquinho, também preto, que deixava sua barriga a mostra. Quando se virou viu que Garen ainda tentava ajeitar suas calças – talvez seu pau não quisesse entrar.

– Estou indo – anunciou.

Ele fez uma rápida comemoração ao pôr sua calça por completo, logo se virou para vê-la. Ainda estava sem camisa, com um olhar quase que desolado.

– Tudo bem. Nos vemos depois.

– É – ela concordou.

Respirou fundo, mas os dois ainda ficaram se encarando.

Ela deu rápidos passos em sua direção, segurou seu rosto áspero devido à barba ter sido feita, e deu-lhe um forte beijo. Depois deu meia volta, abriu a porta e foi embora. A partir daquele momento, Garen Crownguard não passava de um demaciano qualquer.

A área demaciana da estalagem estava vazia. O berrante era típico noxiano, então eles nem deviam ter se incomodado em levantar.

As lembranças do dia anterior voltavam a sua mente, e ela não conseguia esquecer de Garen. Seu cheiro, seu beijo, sua pegada... tudo dele vinha a sua mente. Estaria ela apaixonada? Esperava que não. Ele fora o homem que lhe dera aquela cicatriz, embora não seja algo ruim, já que 50% do respeito que Katarina tinha das pessoas era por ser uma Du Couteau, e o resto era pela tatuagem... ou seria o contrário?

Ninguém podia saber do ocorrido. Ela já tinha fama de ter saído com um demaciano quando garota, agora, transar com um? Isso daria uma péssima repercussão. Talon iria repreendê-la, Jericho iria lamentar, LeBlanc iria rir, seu pai... seu pai iria coloca-la de castigo, se é que ainda funcionava; Sir Lyam iria dizer: Eu avisei. Pois se a memória de Katarina não havia falhado, ele a havia alertado que Garen ainda a levaria para a cama. Odiaria ver um sorriso maléfico em seu rosto, ou talvez um olhar depressivo de coração partido, quem sabe.

Saiu rapidamente da estalagem, percebendo que devia ser cedo, pois a relva ainda era visível, deixando o tempo frio, e o céu nublado com névoa. Logo o sol começaria a esquentar tudo, mas Katarina não precisava disso. Já se sentia queimando toda vez que pensava na noite anterior.

Chegando na praça de Kalamandra, avistou uma carruagem negra com detalhes verdes, típica de Noxus, sendo carregada por dois dos melhores cavalos: cavalos de Boram Darkwill. Ou seja: ou o próprio Boram estava ali, ou Jericho recebera uma promoção. E Katarina preferia que não fosse a segunda opção.

Swain saiu da carruagem, apoiando-se em uma bengala. Ele usava seu velho sobretudo preto, com uma grande bandagem estirada por seu peito. Havia sangue seco nela, e ele parecia sentir dor ao pisar no chão. Darius e alguns poucos homens da guarda real noxiana apareceram, escoltando Jericho, que andava mancando e se apoiando na bengala.

– Jericho – disse Katarina. – Foi atacado por um urso?

Swain fez algo que a surpreendeu: ele a olhou com um olhar sério, quase que de desprezo, algo que ele nunca fazia. Ele era sarcástico às vezes, e também era um pouco sério, pensativo, mas nunca a olhou daquele jeito. Havia algo diferente nele, algo sombrio. Na última vez em que Kat o viu ele estava um pouco mais legal.

– O urso não é nem dez vezes o que me atacou – seu olhar era sombrio e vazio, como se ele tivesse passado por uma lavagem cerebral.

Darius cruzou os braços.

– Um homem morreu nesse ataque.

– Fiquei sabendo – respondeu Kat.

Beatrice, o corvo, pousou no ombro de Swain e grasnou para Katarina, que recuou um passo.

– Fale para sua amiguinha que se continuar grasnando na minha cara – disse ela –, eu a depeno.

Swain sorriu.

– Faça isso e eu te rebaixo em sua patente – e seguiu mancando em direção às minas, ignorando todas as coisas bonitas que tinham na cidadela de Kalamandra. Seu objetivo era fixo: ir às minas. Darius e sua guarda pessoal o seguiram, deixando Katarina em seu lugar.

– Se eu fosse você – Swain parou –, eu me seguia.

O trabalho nas minas havia começado, mesmo que já fosse cedo. Os homens acampados – os trabalhadores – já trabalhavam arduamente na mineração, usando capacetes, picaretas, e algumas ferramentas tecnológicas exportadas de Piltover e Zaun.

Swain andava determinadamente até o acampamento noxiano, onde Talon deveria estar fazendo o trabalho de Kat, e com certeza iria brigar com ela por ela ter acordado tarde, sendo que não deveriam passar das oito da manhã.

– Algo aconteceu no dia em que eu estive fora? – perguntou Swain à Katarina.

Ela pensou em falar sobre a briga no bar, mas não se sentiu segura em contar. Talvez o novo Swain fosse punir a todos que brigaram, então ela disse:

– Nada de muito grande.

– Entendo.

Katarina percebeu que iria se arrepender de ter mentido, pois o Prefeito Ridley vinha em sua direção, junto de sua guarda pessoal e Fiora Laurent, que exibia um sorriso sarcástico irritante no rosto.

– Jericho Swain – exclamou Ridley –, como é bom vê-lo. É bem mais imponente pessoalmente do que nas histórias que me contam.

Swain deu um pequeno sorriso.

– Então eu estou em histórias?

– Nossas crianças sonham em serem tão inteligentes e a maioria gostaria de ser um Mestre Tático Noxiano como você.

Fiora deu uma gargalhada.

Francamente, Ridley, parre de puxar o saco de Jerricho – e revirou os olhos. – Faça o que deve fazer.

Swain franziu a testa.

– Fazer o que deve fazer? Como assim?

Katarina já sabia do que Fiora estava falando, e só de olhar nos olhos maléficos da duelista, já dava para ver que ela contaria algo terrível a Jericho. Ela e Ridley.

– Katarina não te contou? – Fiora fez uma expressão de deboche e malícia. – Ela e seus soldados noxianos arrumaram briga com os meus demacianos ontem, no bar. Houveram três feridos, e a taverna de um pobre gordinho está destruída.

Swain fez uma cara irritada, cerrou os punhos, e olhou para Kat com um olhar furioso.

Antes que pudesse dar uma bronca nela, Garen apareceu.

– Espere, Lorde Swain – ele usava sua armadura demaciana, e parecia suado de tanto correr. Ele se posicionou ao lado de Fiora, como era de se esperar, mas além de olhá-la com repreensão, desmentiu o que ela disse. – Katarina não teve nada a ver com a briga. Ela foi uma peça chave para apartar a quase guerra que se formou por culpa de dois bêbados brigões.

Swain ainda não parecia satisfeito. Era como se soubesse que tinha mais.

– E é só isso?

– Na verdade, não – disse Ridley. – As pessoas de Kalamandra estão apavoradas e com medo de que possa se findar uma guerra entre Demacia e Noxus por aqui, por isso decidi que somente uma cidade-estado poderá escavar nossas minas. E Noxus já perdeu um ponto após essa briga.

Beatrice grasnou, raivosa, enquanto Swain sorria como se visse graça nisso. Kat não entendeu o porquê, mas sabia que ele diria algo interessante.

– Beneficiar Demacia por uma briga que ela participou, e eliminar a concorrente. Claro, por que não?

– Não estou beneficiando Demacia, Lorde Swa...

Swain bateu com a bengala no chão; pode se sentir um tremor. Ele se virou para Fiora.

– Aposto que está por trás disso, Fiora Laurent.

Ela riu debochadamente.

– Eu estou por trás disso? Francamente, Jericho Swain. Seus soldados fazem a farra e eu que pago? Isso é tão injusto.

– Realmente, Jericho – disse Anson Ridley. – Não culpe essa pobre donzela...

– Não exagere! – exclamou a Lady Laurent.

– Não culpe essa incrível duelista – melhorou, murmurou Fiora –, sendo que foram os seus homens que começaram a briga.

Swain se apoiou em sua bengala.

– Tudo bem. Prometo que situações como essas não acontecerão novamente, meu senhor – disse.

Anson Ridley sorriu.

– Espero que nada aconteça, pois se acontecer, terei de tomar medidas drásticas e removê-los das escavações, sem receber uma moeda de ouro sequer.


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Notas finais do capítulo

Noxus terá de andar na linha caso queira continuar escavando as minas de Kalamandra. O que será que acontecerá a seguir?



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