League of Legends: As Crônicas de Valoran escrita por Christoph King


Capítulo 26
Capítulo 25: Sejuani


Notas iniciais do capítulo

O ataque da Bruxa Gélida deixou marcas que nem mesmo a neve pode cobrir.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514939/chapter/26

Capítulo 25:

Sejuani Winters – Freljord – Acampamento da Garra do Inverno

Um corpo sem vida e congelado foi encontrado na floresta, logo no local onde, possivelmente, a Bruxa Gélida havia feito um ritual para invocar alguma coisa. O corpo estava sem olhos, como se tivessem sido arrancados, tinha mordidas apodrecidas nos braços, no pescoço, nas pernas e na orelha. Aparentemente, mordidas humanas. Os corpos do ritual haviam desaparecido, e a única pessoa encontrada no local foi o Ursine Raybear, que parecia inconsciente.

– Talvez a Bruxa Gélida esteja querendo trazer os observadores de volta – disse Mestre Reed, observando os detalhes do ritual. Ele se virou para Sejuani. – Por que não me trouxe até aqui antes, minha rainha?

Sejuani cruzou os braços.

– Me desculpe, mestre. Pensei que estaria tudo resolvido se eu me calasse quanto a isso – se agachou até o corpo morto. – Parece que eu estava enganada.

Volibear gritava algo com Raybear, que havia acordado há alguns minutos.

Sejuani se virou para os ursos.

– Voli, traga Ray aqui.

E o grande urso de armadura trouxe seu amigo menor, que parecia envergonhado. Se ursos pudessem fazer carinha de culpa, Ray estaria assim agora.

Sejuani encarou Ray com um olhar desprovido de emoção. Não parecia nervosa ou preocupada. Na verdade, ela tinha medo. Medo do que aquilo tudo poderia significar, na verdade.

– O que houve aqui? Sei que esse é o corpo de Tomen, e também sei que vocês são muito amigos – deu uma rápida olhada para o corpo. – Bom, eram, não é verdade?

Raybear engoliu em seco.

– Ele quis ver as pessoas mortas, e preferiu por virmos à noite, enquanto não havia ninguém acordado.

– E no que vocês estavam pensando quando vieram aqui?

Ray tremeu, não de frio, de medo.

– Não sei. Tomen queria uma aventura, e, bem, conseguiu. Eu assisti à sua morte, e foi horrível.

Sejuani e Mestre Reed arregalaram os olhos. O velho deixou de analisar o corpo e se voltou para o grande urso.

– Então você viu como ele morreu, jovem Ursine? – perguntou. – Nos conte!

O urso gemeu, como se não quisesse pensar naquela cena.

– Seja forte, Ursine! – rugiu Volibear. – Você não deve ter medo, lembre-se!

Novamente Ray engoliu em seco, parecendo mais calmo. Ele respirou fundo, e disse:

– Antes que eu pudesse entrar no círculo do ritual, fiquei preso atrás de uma parede de gelo. Bati nela várias vezes, gritando, e, aparentemente, Tomen não pôde me ouvir. Houve uma hora em que ele veio em minha direção, mas me atravessou como se fosse um fantasma, e depois... depois eu vi uma pessoa vindo em sua direção. A pessoa era pálida, sem olhos, e emanava uma energia gélida que me fez congelar por dentro – Volibear e Sejuani se entreolharam. – Vi mais três pessoas no mesmo estado foram em sua direção. Pareciam zumbis, andavam como tais, agiam como tais.

– As pessoas do ritual – comentou Sejuani a Volibear.

O grande urso de armadura fez que sim com o focinho.

Raybear continuou:

– Eles começaram a mordê-lo em todos os cantos do corpo, principalmente nos braços e no pescoço... até que eu senti uma energia sombria e gelada me atravessar. Foi quando desmaiei – ele fez uma pausa. – Desculpe, é o máximo que sei.

Volibear escoltou o amigo urso para fora do lugar; ao redor, soldados da Garra pareciam procurar por vestígios de seja lá o que atacou e matou Tomen, e Sejuani se virou para Reed.

– O que você acha, Mestre? – perguntou.

Reed hesitou, depois disse:

– Não tenho muito o que dizer. Na verdade, tenho medo.

Sejuani franziu a testa.

– Do quê?

– Essa energia obscura e gelada que o urso sentiu... eu já senti antes – ele suspirou. – Quando eu ainda era jovem, quando era Praeglácio, houveram vários casos de pessoas mortas, encontradas no mesmo estado desse jovem garoto, Tomen. Eles tinham seus olhos arrancados, pele pálida, quase que azulada, com aparência de zumbis. Depois disso, um triste caso de pessoas congelando e se tornando Gelo Verdadeiro começou a causar muitas mortes. Foi chamada de Febre Gélida. Alguns diziam que era uma maldição da Bruxa Gélida.

Sejuani fez uma careta.

– Então você acha que ela está querendo pôr um fim ao meu exército, é isso?! – cerrou os punhos. – Eu vou encontra-la, e vou matá-la. Depois, a darei de comida ao Bristle!

Reed riu.

– Não pense que será fácil, minha rainha. A Bruxa Gélida se esconde pelas sombras. Não se pode prevê-la.

Olaf se aproximou. Ele utilizava sua velha roupa de viking, com seu capacete de chifres, barba grossa, e músculos maiores ainda. Usava botas de pelo, e tinha seus machados duplos presos em um cinto.

– Bruxa Gélida, é? – soltou uma gargalhada. – Conta outra, Mestre Reed. Isso não passa de um conto criado pelos homens para atormentar as crianças.

Reed levantou uma sobrancelha.

– Como eu sempre digo: as pessoas deixam de acreditar na Bruxa quando se está no verão, pois quando o mais frio inverno chega... – preferiu por não terminar a frase.

– Baboseira – zombou Olaf.

– Eu também pensava isso – retrucou Sejuani –, até encontrar isso – e apontou para o corpo de Tomen, que tinha uma expressão de medo profundo, como se tivesse congelado enquanto agonizava. Sua dor deveria ter sido terrível. Sejuani percebeu que em sua testa, havia algo diferente. Como que um desenho de um floco de neve na pele, como se tivesse sido feito com uma faca, sangrado, e secado. Era extremamente bizarro, e parecia que se espalhava por alguns outros lados do rosto. Seus olhos fundos, escuros e vazios davam calafrios.

Olaf franziu a sobrancelha.

– Tudo bem, talvez não exista outra explicação para o ocorrido.

– Pois bem – disse Reed. – Devemos ficar atentos, não andar sozinhos durante a noite, na floresta.

Olaf riu.

– Sozinhos? Esse garoto estava acompanhado de um Ursine e mesmo assim foi morto. Embora Ray não seja o mais forte dos de sua espécie, ainda é um urso de armadura, não é mesmo? Não tão feroz quanto nosso amigo Volibear, mas é um urso.

Sejuani continuava a observar o corpo morto, com um rosto sério, braços cruzados. Ela disse:

– Olaf tem razão, Reed. Não devemos frequentar essa floresta sozinhos, nem acompanhados. Irei advertir o exército sobre isso essa noite, para evitar que algo de ruim aconteça... novamente. Odiaria perder um outro bom arqueiro para a bruxa.

– Sim, minha rainha – concordou Reed. – Estamos nos preparando para lutar contra os avarosianos, logo não podemos perder nenhum soldado sequer.

– Se essa bruxa quer tirar o trono de mim, quero que ela saiba que fracassará. Quanto ao que ela talvez tenha invocado, espero que não esteja mais por aqui. Talvez tenha ido para as cidades próximas. Piltover, Zaun... Noxus.

– Espero que seja Noxus – comentou Olaf; riu, e continuou –, odeio aqueles caras metidos a fortões.

Sejuani sorriu.

– É, Olaf, eu também espero isso.

Sejuani sempre gostou das histórias sobre a Batalha das Três Irmãs. Gostava da parte da batalha de Serylda e Lissandra contra Avarosa, mesmo que ela tivesse ganho. Mas a parte mais assustadora era a dos Observadores Gélidos, já que não existem muitos pergaminhos e nem livros que contem mais sobre eles. Só se sabe que eles eram seres celestes e imortais, com poderes semelhantes aos dos deuses. Eram Glacinatas, ou seja, pessoas que podem controlar e criar gelo.

Lissandra foi uma das Três Irmãs que mais se apegou a eles. Ela utilizou mais dos poderes dados por eles, e se tornou uma feiticeira poderosa. Alguns dizem que ela ainda pode estar viva, depois de tantos anos. Outros dizem que foi ela quem matou a Lady Mauvole, mãe da Lady Lissandra, que por acaso tem o mesmo nome que a bruxa gélida.

Mauvole era uma grande “fã” da bruxa, por isso dera tal nome para a filha. Mas por que? Por que ela foi morta? Tudo não fazia sentido. Sejuani tentava entender tais coisas enquanto deitada em sua cama, em sua tenda. Ela estava revestida por três camadas de cobertores que a impediam de sentir qualquer frio.

Ela olhava para o alto, esperando o sono chegar, mas nada. Odiava sentir insônia, mas nos tempos atuais dormir era algo difícil.

Liderar era difícil, e Sejuani já estava recebendo as recompensas por isso. Ver seus soldados crescerem era a melhor coisa para ela, vê-los ficarem fortes. Pois ter um exército poderoso era seu maior objetivo, e não poderia tolerar fracotes, de jeito algum.

O dia seguinte começou bem cedo. Ela supervisionou os novatos em seu treinamento diário, que consistia em treino com armas. Alguns usaram espadas, outros lanças, e todos eles pareciam saber como utilizar tais armas. Eram poucos os que não tinham domínio sobre a arma, mas depois de um treino de cinco horas seguidas, era impossível não aprender nada.

Quando o sol estava no topo do céu, bem no meio, todos foram se alimentar. Sejuani não se sentia com fome, então foi alimentar Bristle.

Ela dava pedaços de carne e água gelada a ele, que devorava seus “petiscos” com voracidade. Ela o adorava, pois ele era um amigo de longa data. Ele o salvara – ainda filhote – de morrer de fome, no frio das montanhas gélidas de Freljord, e o transformara em seu animal de estimação. Ela sempre o usava de montaria em guerras e embates, utilizando um mangual de Gelo Verdadeiro como arma.

– Sejuani – Olaf chamou à porta da “casinha” de Bristle, que era quase que uma cavalariça –, alguns homens avarosianos estão chamando à entrando do acampamento. São mensageiros de Ashe e Lissandra, querendo falar com você.

Sejuani se levantou lentamente, olhando para Olaf.

Ela cerrou os punhos e foi andando, quase que marchando até a entrada do acampamento. Seus sapatos faziam um barulho engraçado enquanto andavam pela neve.

Vários de seus soldados estavam ali, reunidos. Todos eles se afastavam enquanto a líder passava, e sua visão dos homens melhorava.

Logo Sejuani se deparou com dois homens vestindo uma armadura avarosiana, e outros dois vestindo uma armadura do clã dos Praeglacius. Sentiu uma leve irritação por ver isso, pois lembrava da aliança que Ashe fizera com Lady Lissandra.

– Quem são vocês? – perguntou Sejuani, de braços cruzados e com cara marrenta.

Um dos homens Praeglacius deu um passo à frente. Sejuani percebeu que os outros três homens estavam montados em cavalos, que carregavam um tipo de carroça com um pano imenso em cima, cobrindo-o. Os homens usavam armaduras quentes, e pareciam cansados. Talvez tivessem caminhado pela estrada de neve por várias horas, talvez dias. Sejuani só queria saber o que era aquilo na carroça.

– Sou Daryl, senhora Sejuani – disse o soldado praeglácio. – Vim em nome da Rainha Ashe, e da Princesa Lissandra, minha líder – ele fez uma pausa para respirar; devia estar cansado. – A Rainha Ashe gostaria de fazer propor que aceitem essa oferta de paz, enviando grãos avarosianos para que vocês nunca mais passem fome.

A comida na Garra era pouca, mas... passar fome? Sejuani se sentiu ofendida ao extremo. Como aquele maldito praeglácio ou avarosiano poderia chegar ali e dizer algo do tipo? O pior: Ashe pensava que conseguiria propor paz desse jeito. Ridículo, pensou Sejuani. Esses malditos avarosianos são fracos e insignificantes. Homens e mulheres que preferem cultivar a lutar. Seu desdém por eles foi absoluto.

– Como ousa chegar aqui, em meu acampamento de guerra, e me oferecer uma ridícula proposta de paz?! – ela parecia que avançaria no homem, que recuou, assustado. – Isso é um insulto. Nós jamais nos rebaixaríamos a tal nível. Francamente... Oferta de paz? – ela deu uma gargalhada. – É agora que eu quero guerra!

Todos os seus soldados vibraram, concordando com sua proposta de guerra.

Sejuani ordenou que os grãos enviados por Ashe fossem jogados numa grande fogueira, simbolizando que aceitar a oferta só traria fraqueza a todos eles. Seus homens cantavam uma vibrante canção de guerra enquanto queimavam os grãos, e a líder só observava, feroz.

Os homens de Ashe foram vandalizados, sendo enviados de volta sem roupa, com o recado de que deveriam provar serem fortes, pois somente os fortes podem sobreviver em Freljord. Junto deles Sejuani enviou uma mensagem à Ashe, dizendo que jamais aceitaria tal ridícula proposta, e que iria vencer essa guerra pelo Trono de Gelo.

– Ela vai se arrepender por ter me subestimado – disse ela ao Mestre Reed.

– Ela pode não gostar desse insulto – ele respondeu.

A luz da grande fogueira dos grãos aquecia a todos e ainda iluminava o rosto furioso de Sejuani, que respondeu:

– Que não goste. Quero provar a ela que posso, sim, vencê-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ter recusado a oferta de paz de Ashe foi uma má escolha? A guerra é, ou não, a melhor maneira de se resolver um embate do tipo?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "League of Legends: As Crônicas de Valoran" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.