Destruição | Amor Imortal 02 escrita por Lolli Blanchard


Capítulo 5
Capítulo 05




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Existia apenas algumas coisas que incomodavam Niffie quando seu marido decidia agir como um bastardo frio, mas a principal, que estava no topo dessa lista, era aquela em que Meridius parecia evitá-la mais do que seus próprios irmãos quando os anjos decidiam pressioná-lo para dizer algo que escondia.

Oh, não, isso era uma mentira, pois ela não estava incomodada, estava com raiva.

O fato de Gaia ter vindo atrás dele já não era algo bom e no momento que a angelical viu o que aconteceu na sala de artes, todas aquelas obras magníficas destruídas, ela soube que a notícia que a filha dos elementos trouxe não era nada agradável. No entanto, não importava o quanto procurasse por seu marido para descobrir o que aconteceu, nada importava quando ele não desejava ser encontrado.

Era claro para Niffie que, como um arcanjo, Meridius devia solucionar os problemas que envolvia sua dimensão e Gaia apenas podia ter vindo até ele para notificar que algo estava ocorrendo. Mas tudo ficou confuso no minuto em que a imperatriz viu todos os tenentes dele presentes no castelo e aquela sala com quadros que agora não passavam de cinzas.

E o que mais a incomodava era o fato do anjo não ter pelo menos avisado por aquela ligação inútil de mentes que ele não voltaria naquele dia, o que resultou nela dormindo e acordando sozinha em sua cama para descobrir os fatos ocorridos na noite passada, também sozinha.

O anjo insesível nem ao menos estava presente em sua mente para agarrar aquele link de comunicação e perguntar onde ele estava.

E nada poderia deixá-la com mais raiva do que isso, ainda mais quando o arcanjo do paraíso prometeu que ficaria sempre presente em sua mente, para o caso desejar falar com ele, agora que ela já não tinha mais acesso a todas as almas que formavam uma teia de mentes, um grupo único que a permitia se comunicar com quem quisesse das pessoas presentes que o seu arcanjo mais confiava.

No entanto, agora que sua alma estava brincando de esconde-esconde com todos os arcanjos, ela já não podia mais agir da forma que agia antes para encontrar Meridius. Antes, com a ligação que unia suas almas, Niffie estava sempre presente na mente dele, não importava se ele gostava disso ou não.

Niffie gemeu pelo ódio que cresceu dentro dela, não sabendo ao certo se ela sentia raiva de Meridius ou Diane naquele instante, mas considerando que ambos tinham o mesmo sangue, pelo menos metade dele, a imperatriz podia dizer que eram iguais o suficiente para sentir raiva dos dois sem ter nenhuma dor na cosnciência.

E a única coisa que ela sabia naquele momento era que chutaria qualquer pessoa que aparecesse em sua frente. Só não faria isso com...

— Lukan!— Niffie chamou o tenente de Meridius de maneira quase agressiva, o que a fez engolir toda a sua raiva para não destratar alguém que gostava.

E obviamente, a ideia de chutar qualquer pessoa que surgisse foi esquecida em sua mente quando o tenente loiro caminhou para se aproximar dela.

A imperatriz podia estar sentindo raiva, mas não se sentia idiota para se meter com um homem tão grande como Lukan. O soldado do paraíso quase ocupava um corredor inteiro com o seu corpo e sua aparência era tão bruta e selvagem que fazia Niffie desejar fugir ao invés de chutá-lo.

Era possível que ela quebrasse seu pé ao tentar agradir esse homem grande, mas que apesar de tudo, era dono de uma beleza incrivel.

O tenente era tão loiro quanto Maximus, mas diferente do arcanjo, seus cabelos eram longos até quase alcançar seus ombros. Hoje eles estavam presos em um rabo rente a nuca, mas normalmente Lukan os usava soltos, o que apenas fazia com que a cor dos seus olhos azuis, como o céu, se destacassem em meio do tom da sua pele beijada pelo sol. E sua beleza se tornava ainda mais incrivel por causa da barba rala que estava em volta do seu rosto e, obviamente, pelas asas em suas costas.

Niffie movimentou seu queixo para cima com a intenção de encontrar os olhos daquele tenente, normalmente ela não se considerava baixa, mas mudava completamente de ideia quando estava próxima desse homem.

— Estou procurando por Meridius.—
— Ótimo,— Ele sorriu de maneira sarcástica.— Eu também estou. O mald-... Arcanjo bloqueou todos os tenentes da sua mente e você sabe como Theo fica emocional quando Meridius faz isso, nem mesmo se lembra que Mitzi está ao seu lado ouvindo suas lamentações de traição matrimonial.—

Os olhos de Lukan brilharam de forma brincalhona, o que combinava muito bem com a real personalidade daquele soldado. Sendo um tenente, eram poucas pessoas que realmente conseguiam conhecê-lo, mas toda aquela casca de um homem frio e brutal acabava no momento em que Lukan estava entre amigos.

Ele adorava provocar qualquer um que se encontrasse em sua mira e como um provocador nato, o tenente se aproveitava do seu tamanho para intimidar as pessoas que tentavam atacá-lo.

Niffie normalmente adorava conversar com ele durante horas, mas naquele momento não tinha tempo pra isso.

— Eu não o vejo desde a manhã passada.—
— Não se preocupe com ele, Niffie.—A expressão de Lukan se suavizou naquele momento, toda a imagem de um menino bricalhão foi substituida pela de um tenente que poderia ser chamado de amigo.— Os humanos sempre dizem que notícias ruins chegam antes de qualquer coisa e me fere o orgulho em dizer que eles estão certos.—
— Eu acho que ele perdeu o controle dos seus poderes de novo, Lukan.— A angelical falou ao se lembrar de toda a destruição que invadiu a sala de artes.— Um arcanjo não conseguir controlar seus poderes já é motivo suficiente para me deixar assustada.—
— A mim também.— Ele concordou.— Arcanjos já são problemáticos demais para estarem perdendo o controle.—

Niffie movimentou sua cabeça para concordar com o soldado.

— Eu irei até Dimitrius para ver se ele consegue encontrar Meridius.— Ela disse depois de alguns segundos.— Talvez ele seja capaz de...—
— Você deveria ir até o local onde costumavam se encontrar no passado.— Lukan a interrompeu, cruzando seus braços a frente do seu peito e fazendo com que todos os seus grandes músculos se contraissem.— Aquele topo na beira da montanha é um ótimo lugar para se esconder.—

Niffie poderia tê-lo beijado naquele momento se não fosse casada, não podendo acreditar que havia se esquecido daquele lugar que serviu como um ponto de encontro para eles até Meridius a pedir em casamento.

Sorrindo para o tenente a sua frente e o olhando de maneira diferente para se certificar de que tudo estava bem, já que ele foi ferido no dia anterior, Niffie o agradeceu pelo conselho e saiu andando o mais rápido que podia para trocar seu vestido e saltos por uma roupa mais adequada que permitiria que ela montasse em um cavalo sem nenhuma dificuldade.

No passado a imperatriz costumava a ir até aquela montanha andando, já que morava próxima ao lugar não via motivos para usar cavalos, mas agora que sua casa era o castelo de um imperador, ela seria obrigada a montar em um animal mais rápido para chegar até lá. Ainda mais agora que estava preocupada com seu marido.


~

Niffie deixou seu cavalo amarrado em uma árvore próxima da entrada do caminho estreito que ela teria que pegar para chegar até o topo daquela montanha. Era uma caminhada segura e que não a preocupava nem um pouco sobre o fato de que poderia escorregar nas pequenas pedras que estavam no solo, o que poderia resultar em sua queda.

Mas diferente de Ellylan, a angelical não tinha medo de altura e nem ao menos pensava em suas consequências ao se encontrar em um lugar longe do chão. Afinal, crescer em um mundo de anjos a obrigou não temer estar mais próxima do céu.

A única preocupação dela naquele instante era se encontraria ou não o seu marido no final daquele caminho que estava caminhando fazia apenas alguns minutos. Niffie desejava mais do que qualquer coisa que Lukan estivesse certo sobre encontrá-lo naquela beira de penhasco e ficaria decepcionada se Meridius continuasse a evitando durante o resto do dia caso o conselho do tenente se demonstrasse errado.

Ou que ele a ignorasse mesmo depois de encontrá-lo, o que era típico de sua personalidade anormal e bipolar.

Era dificil compreender as vezes por que Niffie havia se apaixonado por ele considerando todos os problemas que esse arcanjo causava a ela, mas antes mesmo de fazer a pergunta que todos costumavam pensar sobre o casamento deles, a imperatriz se esquecia completamente dela ao lembrar o quanto o amava.

Niffie chegou ao topo depois de vários minutos e suspirou pela caminhada um pouco cansativa, mas suspirou principalmente por seus olhos terem encontrado um par de asas brancas que pertencia a um homem que ela reconheceria em apenas segundos, mesmo ele estando de costas.

Ela observou em silêncio os músculos de sua costas nua, todas aquelas linhas bem definidas a fazia desejar traçar cada uma delas com as pontas dos seus dedos, principalmente as que eram escondidas por suas asas, mas naquele momento a imperatriz do paraíso o odiava demais para ser tomada pelo desejo. O odiava ainda mais por não ter se virado para encontrá-la mesmo depois de ter sentindo sua presença.

O arcanjo provavelmente sabia que ela estava atrás dele no instante em que ela amarrou seu cavalo lá em baixo em uma árvore, na verdade, Meridius sabia que ela viria atrás dele no momento em que acordasse e mesmo assim decidiu ignorá-la.


Se ele realmente desejasse ficar sozinho, poderia ter ido para algum lugar que ninguém conhecesse ou que ela jamais poderia alcançá-lo já que não tinha asas. Meridius não deveria ter sido tão obvio ao vir em um lugar que até mesmo seus tenentes conheciam se não queria nem mesmo a companhia da sua própria esposa.

— Meridius.— Niffie disse o nome dele ao mesmo tempo que dava alguns passos para se aproximar ainda mais dele, mas parou no instante em que percebeu que seu corpo se tornou rígido com essa aproximação.
— Vá embora.—
— Você sabe que eu não irei.— Ela falou depois de alguns segundos para se conformar com o fato de que o anjo estava usando seu tom de imperador para que obedecesse sua ordem.— Só sairei daqui quando se lembrar que sou sua esposa.—

O arcanjo do paraíso se virou para encará-la e se não fosse a morte em seus olhos, Niffie poderia ter se distraído com a sua beleza, ainda mais quando não havia nenhuma camisa para esconder a parte superior do seu corpo.

— Eu não quero machucá-la.— O anjo disse no mesmo instante em que a angelical sentia um leve tremor a baixo de seus pés. Niffie desviou seus olhos para o chão, para se certificar de que nada estava errado onde pisava, mas seu olhar apenas se manteu ali por alguns segundos até perceber que aquilo era Meridius.

Ela também não desejava ser machucada por ele, mas também não era uma covarde a ponto de deixá-lo sozinho quando sabia que algo estava errado. O fato dos seus poderes estarem descontrolados e suas fortes emoções apenas piorarem a situação não a assustava. Na verdade, o dia que Meridius realmente a assustasse, Niffie saberia que o arcanjo já não a amava mais como no inicio do relacionamento deles.

Eles se encararam em silêncio durante alguns segundos e conforme o olhar mortal e frio do seu marido se tornava ainda pior, ela não resistiu em ficar calada.

— Você não irá me dizer o que aconteceu?—
— Não.— O arcanjo rosnou aquela palavra.— Então, vá embora.—
— Não me peça coisas inúteis.—

Meridius resmungou algumas palavras sem sentidos em um tom que poderia fazê-la correr para longe dele, mas tudo o que o arcanjo conseguiu foi receber uma expressão de desdém. Em seguida, ele se virou novamente para não ter mais que encará-la e caminhou até ficar próximo da beirada daquele penhasco.

Esse silêncio e o fato dele ignorá-la apenas a fez lembrar dos dias em que se encontravam nesse lugar antes do anjo fazer o seu pedido de casamento. Niffie não entendia o motivo dele vir até o seu encontro se era para fingir que ela nem ao menos estava ao seu lado, mas tudo isso a fez se tornar muito paciênte quando se tratava de Meridius.

Para lidar com esse arcanjo, ela tinha de ser teimosa e paciente, mas acima de tudo, nunca ouvir o que ele ordenava.

Nunca.

Um pequeno sorriso cresceu em seus lábios, o que era errado para o momento, mas era dificil resistir a ideia de que ele desejava matá-la naquele momento e simplesmente não o fazia por não querer afastá-la dele.

— Nada me impede de ficar o dia inteiro esperando.— O arcanjo movimentou suas asas, um leve movimento, mas que não passou despercebido.— E se você me deixar sozinha aqui, não voltarei para casa.—
— Você não tem para onde ir.— Ele sussurrou.

Seu tom a surpreendeu, pois não existia sarcasmo ou qualquer outro tipo de emoção que a faria sentir raiva dele. Era apenas... algo.

E de fato, ela não tinha lugar para ir. Sua família já não existia mais e tudo o que lhe restou foi o que o arcanjo deu para ela quando se casaram, mas esse problema não era algo que tornaria o arcanjo pensativo.

— Isso não vai me fazer mudar de ideia.— Niffie olhou de relance para as pedras que estavam próxima dela e caminhou até elas para se sentar na que mais se adequava como um asento, pois ela não tinha planos de passar o dia todo em pé até Meridius se convencer de que era correto dizer o que estava acontecendo.— E nada me impede de ir até Dimitrius também, ele seria um ótimo anfitrião.—

Meridius movimentou seu queixo para o lado, para a direção dela. Era covardia usar contra ele o pequeno ciúmes que sentia do seu próprio irmão mais novo, mas a angelical estava sem muitas opções de como fazê-lo dar atenção a ela.

Niffie cruzou suas pernas e arqueou uma das suas sobrancelhas para mostrar que não estava se sentindo intimidada por ele, o que apenas deixou o imperador do paraíso com mais raiva.

— Essa situação me lembra o dia em que me pediu em casamento.— Ela comentou ao se lembrar do seu passado com ele.— Você parecia estar sendo ameaçado de morte enquanto eu esperava por suas palavras.—
— Pare de lembrar do passado.— Ele a repreendeu, fazendo com que Niffie ficasse surpresa.— Não faça isso.—

A expressão dela se suavizou naquele instante, vendo que aquele momento ainda não era o certo para cutucá-lo até perder a paciência e abrir a boca.

— Meridius, se você está tendo problemas com os seus poderes, nós encontraremos uma forma de melhorar tudo.— Niffie falou.— Eu não sei o que Gaia disse que o deixou tão irritado, mas da mesma forma que conseguiu controlar tudo isso que existe dentro de você quando era uma criança, pode fazer isso novamente.—
— Não é sobre os meus poderes.— Ele murmurou depois de desviar seus olhos para a incrivel paisagem que estava a sua frente.
— É sobre o que?— Ela questionou.
— Eu não posso falar do que se trata agora.—

Essa resposta a matou, principalmente por ser obrigada a compreender que Meridius, como um arcanjo, sempre teria segredos e a maioria nunca poderia ser compartilhado com ela.

Niffie suspirou para se concentrar na única coisa que realmente importava agora que ficaria curiosa por não saber o que o tinha irritado tanto.

— Eu não perguntarei mais sobre esse problema até que esteja permitido me contar.— A angelical falou.— Então... Você pode parar de me evitar?—

Meridius se virou e até mesmo caminhou em direção dela, mas não o suficiente. O arcanjo do paraíso ainda estava longe demais para o seu gosto.

— Eu não estou a evitando.—
— Nós sabemos que isso é uma mentira.—

O imperador doparaíso deixou sua postura fria de lado e caminhou até estar de joelhos em frente de Niffie, suas asas foram abertas o suficiente para que ele pudesse ficar naquela posição, mas ao invés de estendê-las completamente para que não esbarrassem no chão, Meridius fez tudo ao contrário do que ela esperava. Suas penas brancas encontraram o chão e ele simplesmente não se importou com o fato de que elas poderiam se sujar.

Ele apoiou seus braços ao lado do corpo de Niffie quando se inclinou para se aproximar ainda mais dela. O arcanjo não a tocou, em nenhum momento sua pele nua entrou em contato com a dela, mas aquela aproximação foi o suficiente para que seu corpo se esquentasse.

Meridius irradiava poder, uma energia que apenas um tolo não notaria e que parecia crescer a cada segundo. A imperatriz já não podia mais sentir a vibração da alma dele e muito menos vê-la, mas imaginava que a luz que ficava em volta dela poderia cegar qualquer um que tentasse encará-la.

— O que é uma mentira,— O anjo falou de forma suave, fazendo com que todas as respostas defensivas dela acabassem agora que viu que seu arcanjo estava de volta.— é o que disse sobre eu parecer estar sendo ameaçado de morte quando fiz minha prosposta.—
— Eu posso corrigir minhas palavras ao dizer que parecia estar sendo ferido por ter que admitir que gostava de alguém que considerava insuportável na infância?—
— Creio que isso soa muito melhor.— Meridius sorriu, um sorriso sincero e limpo da irônia que ele costumava usar com ela.
Niffie levou seus dedos até sua boca para contornar seus lábios, apreciando aquela imagem o máximo que podia.— Eu amo o seu sorriso.— Ela sussurrou.
— E eu amo quando você não se veste como uma dama.— O arcanjo desviou seus olhos dos dela para observar as roupas que Niffie usava, fazendo com que ela acompanhasse seu olhar também.

Niffie apenas usava botas de canos altos com calça de montaria e uma simples regata preta que considerou agarrada demais em seu corpo. Além do mais, não existia nenhuma cor além do preto, o que fazia o tom da sua pele se tornar ainda mais clara.

A única coisa que se destava nela naquele estado eram seus olhos azuis, a única cor presente que era diferente do preto, considerando que seus cabelos amarrados em um rabo de cavalo acompanhavam o tom da sua roupa.

— Eu não me sinto bem com essas roupas.— A angelical admitiu com sinceridade.
— É bonito.— Meridius murmurou, se movimentando para que uma das suas mãos envolvesse sua panturrilha coberta pelo couro e tecido em um aperto agradável. E apesar de existir dois itens no caminho do seu toque e sua pele, ela pode sentir o quão quente era aquele aperto.— Muito bonito.— Seus olhos se encontraram com os dela depois que o arncajo desistiu de encarar sua perna.

Niffie sacudiu sua perna até que Meridius a soltasse e o fuzilou com seus olhos claros.

— Nós não iremos fazer nada indecente aqui.— Ela o avisou.— Qualquer anjo que esteja voando por perto pode nos ver. Além do mais, você se demonstrou muito capaz de controlar seus desejos masculinos quando não apareceu em nosso quarto na noite passada.—

Os olhos de Meridius brilharam com a irônia que parecia ser reservada para ser usada apenas com ela.— Acredito que perderia minha fama de insensível no momento que vissem a maneira que minha esposa me trata.—
— E você a recuperaria em segundos por vários motivos que não preciso citar.— Niffie rebateu, decidindo que poderia ter elaborado respostas ainda melhores desde que ela odiava o fato desse anjo ignorar a existência dela quando estava com raiva. Mas suas boas ideias foram embora no instante que seus olhos viram que várias penas das suas asas já estavam sujas de terra.

A angelical gemeu em frustração, pois sabia que quem teria que limpar esse desastre no final da noite seria ela.

— Você está sujando suas penas.—
— Eu não me importo.—

É claro que ele não se importava, não era Meridius que limpava essas penas tão suaves que faziam o desejo de Niffie crescer para se deitar em cima delas.

Ela estendeu seu braço para poder acariciar a borda de uma das asas, sentindo o músculo forte que existia a baixo daquelas plumas tão macias. Seus dedos traçaram uma linha reta de maneira lenta até sentir a asa se mover ligeiramente para cima em direção da mão dela.

Era um pedido de mais, um pedido silêncioso que até mesmo os felinos faziam com suas cabeças contra a caricia das mãos dos seus donos. Niffie apenas achava lemantável o arcanjo não poder ronronar como um gatinho pequeno, pois seria algo realmente agradável de se ouvir.

Seus olhos, que antes estavam em seus próprios dedos, encontraram aquele olhar escuro de um marrom que chegava a ser quase negro. Qualquer pessoa, ao ver os olhos do seu marido, diria que a cor era comum e muito simples, que Maximus com seus olhos azuis, que chegavam ao tom de uma piscina exposta a raios solares, era um tom muito mais bonito. O que era verdade, pois o anjo do inferno possuía olhos de uma cor quase rara e ela também não podia discordar quando o assunto era Patrick.

No entanto, não eram nos olhos daqueles homens que ela via o amor que existia neles quando olhavam para ela. Então, não importava o quão diferente fossem as cores que existissem nos olhos dos mortais ou imortais, a imperatriz sempre iria escolher os de Meridius.


— Niffie,— O anjo sussurrou seu nome, o que fez com que ela depositasse toda a sua atenção nele.— Me desculpe por não cumprir meu papel como um marido muito bem.—

Ela franziu o cenho.

— Do que esta falando?— A imperatriz tirou sua mão da asa em sua frente para que voltasse a colocá-la sobre seu colo.— Eu conheço sua personalidade, Meridius, e o fato de todos dizerem que nosso casamento é um desastre não é algo que me afeta.—
— Eu estou sempre a machucando.— Ele sorriu de maneira seca, o que a fez pensar que provavelmente milhares de memórias antigas passavam como um filme em sua mente naquele instante.— E sei que a machucarei ainda mais no futuro.—
— Você não faz isso por que deseja.—

Meridius tocou suas mãos, seu toque grande e quente contra a sua pele fez com que a imperatriz quase suspirasse.

— Me prometa,— Ele voltou a falar.— Prometa-me que você nunca irá esquecer isso.—

Niffie desejou perguntar por que o arcanjo estava agindo de forma tão estranha, desejou fazer várias perguntas sobre o motivo de estarem tendo essa conversa, mas ao invés disso, ela apenas prometeu.


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