Gina e Ferdinando acabaram e comprar a aliança de noivado e saíram da joalheria das Antas. Dessa vez, Ferdinando não precisou nem pedir e eles já saíram de braços dados, com uma felicidade que não cabia neles mesmos.

–Nando, a gente vai tomá sorvete que nem das otra vez qui nois viemo por cá? - Perguntou Gina, que já estava começando a ficar com fome, pois já se aproximava da hora do almoço.

–Hum...Ieu sei que ocê gosta do sorvete daqui mai ieu num acho uma boa ideia não... - Respondeu Ferdinando, pensativo.

–Ara mai por que?

–Logo logo nois vai tá de vorta na vila com aquele frio, ieu num quero que ocê pegue nenhuma gripe, resfriado, quarquer coisa. -Respondeu, beijando o rosto de Gina. Não q

ueria de jeito nenhum que ela ficasse doente no almoço de noivado, que faltava três dias para acontecer.

–Ara mai que besterage Ferdinando...

–Ieu num jurei lhe protege de tudo? Intão...

–Ara Nando, ocê mi dexa sem jeito dizendo essas coisa... - Gina falou, ficando um pouco vermelha como ficava ultimamente sempre que ouvia algum elogio do engenheiro. - Mai ieu to ficando com fome, a essas hora já era di ta armoçando co pai e ca mãe.

–Num seje por isso, aqui tem restaurante, a gente pode armoça aqui mermo. - Ferdinando não queria voltar tão cedo daquele passeio.

–Tá bão meu frangotinho!–Gina respondeu.

–Frangotinho...– Ferdinando riu com o apelido que estava recebendo de Gina depois do início do namoro. Só esperava que ficasse somente entre eles.

Eles entraram num restaurante que tinha nas Antas e escolheram uma mesa. Ela tinha uma toalha branca e estava decorada com um vaso com algumas flores do campo coloridas, que se encontravam muito naquela região. Ferdinando pegou o pequeno cardápio que tinham e mostrou para Gina e disse:

–Ocê pode escolhe o que ocê quisé.

–Hum... - Gina olhou o cardápio, mas nada a animava quanto a comida de sua mãe. - Ai ieu num sei frangotinho...

– Dexa ieu vê. - Gina entregou de volta o cardápio para Ferdinando, que olhou as opções e falou para ela– Qui tal nois pedi frango, em homenagem a ocê me chama toda hora de frangotinho. - Ferdinando soltou uma gargalhada.

–Ara Ferdinando dexe de se besta! - Respondeu , puxando o cardápio - Mai vamo pedi frango mermo né, faze o que.

Enquanto almoçavam, Ferdinando não deixava de olhar Gina e lembrar do almoço que teriam domingo. Só esperava conseguir um jeito de convencer seu pai a aceita-la como namorada do filho e, futuramente, noiva.

–Gina... As aliança vão ficá comigo e ieu só vô lhe dá um poco antes do nosso almoço. Porque ieu quero oficializa nosso noivado nesse dia. - Ela não pode deixar de ficar feliz ao conversar sobre isso com o namorado, mas também não pode deixar de ficar mais preocupada do que já estava. Percebendo isso, ele comenta - I ocê dexe de ficá preocupada, ieu lhe garanto que tudo vai dá certo.

Depois de acabarem de almoçar, eles saíram do restaurante e voltaram a caminhar de braços dados pela cidade.

– Gina, a gente pode ir aonde ocê quisé agora. O que ocê quisé comprá, ieu compro. - Ela se lembrou que só tinha um vestido e precisava ir bem arrumada ao seu almoço de noivado.

–Ah Nando, tem uma coisa qui ieu queria comprá sim... Mai ieu num quero incomodá ocê.

–Imagine, ocê pode falá qui ieu já disse que compro.

–Ah... - Começou– Ieu só tenho esse vestido, que é aquele qui ocê mi deu di presente. - I pra i no armoço ieu preciso tá bem vestida i ieu já usei esse vestido bastante... - Gina foi interrompida com uma gargalhada de Ferdinando.– Ara mai o que foi agora?

–Nada não Gina, só to lembrando... Ocê inté ameaço pulá do trem pra num comprá esse e agora tá querendo comprá otro.

–Ara! Mai agora é diferente...

–Ieu sei menininha, ieu sei... - Disse, sorrindo. - Agora vamo pra loja i ocê pode iscolhe qual quisé.

Gina e Ferdinando entraram mais uma vez na loja de vestidos, agora com uma Gina mais conformada em usar um. Olhou os modelos e escolheu um azul. Experimentou e levou, numa caixa como aquela que levara da outra vez. Depois, decidiram voltar e entraram no carro.

–Gina, ieu quero que ocê finja que num sabe de nada, pruque ieu quero que seja uma surpresa pra todos.

–Mai Ferdinando, por que a gente num faiz isso na minha casa, lá todo mundo gosta do cê. - "Nem todo mundo" , pensou Ferdinando.

–Mai lá em casa, quem num gostá docê vai aprende a gosta! Meu pai tem que aprende que ieu lhe amo. I se num aceita, ieu saio da minha casa i vo morá na sua.

–Ara mai assim é muito mai fácil. I mior.- Gina disse, mas Ferdinando ainda tinha planos de levar Gina para morar em sua casa depois do casamento. A viajem seguiu, com poucas palavras, mas muitos beijos vindos dos dois. Chegaram na casa de Pedro Falcão e Gina subiu correndo para guardar o vestido. Quando voltou encontrou Juliana, Dona Tê e um Ferdinando um pouco incomodado.

–Fia ocê tá ai! Ocêis demoraro muito, ieu já tava ficando preocupada...

–Num precisa ficá preocupada, causo de que ieu e o Nando já tamo aqui são e salvos. - Respondeu Gina.

–Mas vocês já compraram as alianças?– Disse uma sorridente professora Juliana.

–Já!– Respondeu Gina. - Mas elas tão com o Nando.

–Exatamente professora. - Disse Ferdinando, pegando a mão de Gina e beijando. – Domingo agora, ieu vo te o prazer de coloca a aliança no dedinho da Gina.

–E vai ser como se vocês estivessem no altar? - Perguntou, curiosa, a professora.

–É Juliana, altar, altar ainda não... - Respondeu Ferdinando.

–E o nosso noivado vai ser na casa dele... - Disse Gina, demonstrando um pouco de preocupação. Mas, finalmente, estava feliz. Tinha descoberto o que era o amor e por mais que estivesse com receio do almoço, confiava em Ferdinando. E ele pensava em como conseguiu convencer seu pai a receber Gina em sua casa. Mas agora sabia que por mais que houvessem dificuldades, nenhuma era tão grave a ponto de separá-los.