Abdication escrita por oakenshield


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Observação para os leitores de Unapologetic: a segunda temporada da fic, Unforgivable, já tem seu primeiro capítulo. Estou esperando mais comentários para continuar.
Boa leitura.



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Por dentro o navio era aquecido e nem parecia que estava em alto mar. Melanie se sentiu melhor. O aquecedor estava bem quente, por isso ela foi até o banheiro feminino colocar uma roupa que ela havia trazido na mala de mão: uma blusinha branca de mangas compridas e uma calça montaria marrom. Ela viu pessoas usando shorts, como se estivessem em uma viagem de verão, mas ela não achou o ambiente tão quente para tanto.

Melanie se juntou a Beatrice e ao seu irmão mais velho, Benjamin. Eles são tão parecidos que se não fosse pela aparente diferença de idade entre os dois, provavelmente uns cinco anos, a morena diria que eram gêmeos. Os cabelos loiros e os famosos olhos verdes, tradicionais da família Beckering, eram encantadores. Junto aos irmãos Beckering, estava Andrew e um garoto de cabelos e olhos escuros que ela não conhecia, mas não perguntou. Ela se sentou em uma cadeira vaga na mesa dos companheiros de PMI e eles desenrolaram uma conversa sobre a vida na sociedade. Sim, ela estava de fora.

– Eu nunca entendi a fissura das mulheres por sapatos caros - Benjamin falou. - Bolsas também. Não basta ter uma?

– Eu não tenho fissura por nada caro - Beatrice retrucou.

– Você é diferente, Bea, mas a maioria das mulheres respiram coisas de marca - o garoto moreno falou.

– E você, Melanie? - Benjamin perguntou. - De onde você veio? Quem a treinou?

– Minha madrinha - ela conseguiu dizer. - Ela tinha armas e me treinou.

– E seus pais? - ele continua a perguntar.

– Nunca conheci meu pai - ela conta. - Minha mãe era casada com o pai do meu irmão desde que eu me entendo por gente. Ela era ocupada demais para nos treinar e também, eu nunca soube que ela sabia lutar.

– E o seu padrasto?

Benjamin fazia tantas e tantas perguntas. Perto do bar, ela viu Amber sorrir e piscar para ela. É claro que isso foi planejado por ela. A loira começa a se aproximar da mesa deles.

– Ele morreu.

– Do quê?

– Ben - Beatrice o repreende. - Ela está dizendo que o padrasto morreu e você pergunta como? Seja um pouco mais sensível.

– Nós não podemos nos dar ao luxo de sermos sensíveis.

– Ele estava doente e não aguentou.

– Por que vocês não foram ao hospital? - ele perguntou. - Comprar um remédio, sei lá?

Melanie se irritou, mas compreendeu. Ela e Benjamin eram faces diferentes da mesma moeda. Ele do lado rico da cidade, ela do lado pobre. Os dois muito curiosos e sagazes, sarcásticos e o tipo de pessoa que adora provocar o próximo. Sim, ela o entendia. Ela mais do que ninguém era capaz de compreendê-lo.

– Porque nem todas as pessoas podem abrir mão de milhares de notas para pagar por um remédio - ela diz. - Se o pai de Hillary não fosse tão ganancioso, com certeza meu padrasto ainda estaria vivo, com certeza meu irmão não estaria morrendo e com certeza muitas outras pessoas não morreriam infectadas pela Praga.

Sim, ela revelou tudo. Melanie não se importou nem um pouco de ter todos olhando para ela, provavelmente se ela também estava infectada. Ela não estava nem aí.

Porém ela percebeu que o choque maior foi pelas palavras proferidas contra Vincent do que pelo fato de que a sua família tem um histórico de morte por infecções que só afetam os pobres. Se o que ela disse chegasse a ouvidos errados, ela poderia ser presa.

Você precisa controlar a sua língua, ela diz para si mesma. Você tem um objetivo agora, Melanie.

Amber chega a mesa.

– Chris - ela dá um beijo no rosto do menino de cabelos negros e senta no braço da cadeira dele. Melanie percebe então, que o garoto é Christian Whitmore, irmão de Amber e Tyler.

– Eu acho que vou pegar uma bebida - Melanie se levanta. - Com licença.

Ela vê Andrew vindo atrás dela, mas o dispensa. Ela diz que está bem e que ele deve voltar para a mesa e ficar com os amigos. Ele volta e ela caminha para longe. Há tantos corredores e andares e sempre há muitos quartos e salas e portas, em todo canto há um bar e ela caminha, caminha e caminha sem parar, sem descansar e com dor, ela para em frente a uma porta de madeira.

Piscina térmica, está escrito na porta. Ela entra porque vê um homem sozinho na enorme piscina.

O clima lá dentro é mais quente do que no corredor do navio. Agora ela se arrepende de não estar usando um short. O homem levanta e ela percebe que é Josh, mas ele ainda não a vê. Melanie sorri para si mesma e caminha até as escadas, descendo na piscina quando Josh nada para longe. A água é ainda mais quente.

Ele volta para buscar ar e fica parado por um tempo, respirando ofegantemente. Melanie se aproxima devagar, sem mexer a água e torcendo para que ele não se vire. Ela então tampa seus olhos, um com cada mão, e beija o seu pescoço.

– Adivinha quem é - ela sussurra enquanto enlaça suas pernas em sua cintura.

A calça que ela usava que já era grudada está tão agarrada ao seu corpo que Melanie mal consegue se mexer e ela se lembra que estava de blusa branca no momento em que Josh se desvincilha das suas mãos e para com o olhar nos seus seios. Era uma blusa soltinha, por isso ela estava sem sutiã.

– Você é impossível - ele diz para ela, a empurrando contra a parede da piscina. - Eu estou te avisando, Melanie. É melhor você parar com isso.

– Eu não quero parar. Eu não vou parar.

– Se você me provocar mais uma vez...

– Você vai fazer o quê? - ela pergunta, divertida. - Falar algumas besteiras no meu ouvido? Deixar um chupão no meu pescoço? Tocar minhas costas? Sinceramente, Josh, eu acho que coloco expectativa demais em cima de você.

Ele não consegue controlar o riso. Sua risada é tão ridícula que Melanie não consegue segurar o seu também.

– Como é? - ele pergunta.

– Eu estou lhe dando muito crédito - ela diz. - Provavelmente você nem é tudo isso.

Ela sorri para ele de forma maliciosa. Josh está incrédulo.

You know my motivation – ela cantarola enquanto se aproxima dele. - Given my reputation.

Ela retira sua calça apertada com muito sacrifício e suas mãos param na sunga que ele está usando, mas ela não a retira, apenas o toca por fora. Ele arfa e ela sorri diante daquilo.

– Você não é o treinador do PMI com melhor fama, você sabe disso, não é mesmo?

Melanie roça sua perna na dele, coxa com coxa, e coloca suas mãos nos seus ombros. Ela sente a respiração dele acelerada não só por estar o tocando, mas porque ela consegue ouvi-lo. Josh provavelmente estaria ouvindo o coração dela acelerado se não estivesse tão preocupado ouvindo os seus batimentos. Suas veias pareciam que iam estourar em qualquer momento de tanto pulsarem.

– Você tem fama de destruidor, sabia? Comandante Duninghan, o Destruidor, é como lhe chamam. Eu adoraria saber o porquê.

Josh está parado diante dela. Ela o ouve respirar e sente a sua tensão, mas ele nem pisca. Parece uma estátua. Está tão parado que ela pensa no que pode fazer para que ele a ataque, não ao contrário. Melanie não quer simplesmente ficar com ele, ela quer que ele a agarre, que a deseje.

– Aposto que se tivéssemos uma cama aqui ela estaria quebrada - ela murmura e sorri ao se lembrar de um detalhe. - Pena que você não é Tyler Whitmore.

Josh parece ter despertado.

– Como é?

Melanie toca a barra da sua blusa branca já colada no corpo e a retira com cuidado, ignorando o fato de que está sem sutiã. Josh parece não ter feito o mesmo, já que seus olhos se cravam nos seios grandes de Melanie.

– Tyler Whitmore - ela fala, sorrindo. Melanie aperta os seus seios e morde seus lábios. - Ele sim sabe como fazer - suas mãos descem e ela percebe que os olhos de Josh acompanham seus movimentos. - Nunca tive alguém como ele em toda a minha vida - ela toca sua intimidade por cima do pano da calcinha rosada e geme fracamente. - Tyler foi o único homem que conseguiu fazer com que eu me sentisse uma mulher de verdade.

Quando os olhos de Melanie se fecham, ela sente Josh a empurrar novamente contra a piscina, dessa vez com mais força. Ela abre os olhos apenas para ver a boca dele atacando a dela e volta a fechar os olhos. Os lábios do loiro são macios e tem um gosto de menta maravilhoso. Melanie sobe suas mãos para as costas dele enquanto as de Josh descem para a cintura dela. Ela crava suas unhas nele quando sente a mão do loiro arrancar a sua calcinha.

Melanie não sabe mais se é a temperatura do ambiente ou se é ela, mas ali e agora, o inverno lá fora parece tão inofensivo. A montanha de neve parece não existir mais, porque ali tudo está tão quente...

A morena fica de costas para ele e as mãos de Josh partem para a sua barriga, descendo devagar até a sua intimidade. Ela sorri e rebola devagar perto do seu membro.

– Eu a avisei sobre isso - ele a empurra contra ele. Melanie sente a excitação de Josh quando seu quadril toca o dele. - Não há mais como fugir.

– Eu não quero fugir.

Ela sente o queixo de Josh em cima do seu ombro sussurrando palavrões no seu ouvido enquanto suas mãos passeiam pela parte interna das suas coxas. Ela não aguenta mais, ela simplesmente não aguenta mais...

– Vamos acabar logo com isso.

E então ela abre os olhos e percebe que alguém está os observando. O garoto que a chamou na noite da festa de Vincent.

Ela cutuca Josh para avisá-lo.

– Temos visita - ela murmura.

– Matthew McNaughton - ele diz.

O queixo de Melanie cai.

– Ele é o filho do Primeiro Conselheiro?

Matthew se levanta da espreguiçadeira em que estava deitado e sorri para ela.

– Sempre fui um ótimo observador e meu trabalho fica mais fácil ainda quando as pessoas são descuidadas.

– Melanie, sai daqui - Josh murmura em seu ouvido. - Me deixe conversar com ele.

– Não há o que conversar - ela rosna e olha para o garoto de cabelos negros e olhos azuis. - Você vai nos chantagear?

– É claro que não, Melanie. Nós somos amigos, lembra?

– Parece que a sua lista de amizade só aumenta - Josh sussurra para ela.

– Sou uma pessoa muito requisitada - ela diz. - O que eu posso fazer?

– Nós podemos deixar a discussão de relacionamento para depois? - Matthew pergunta. - Vocês podem transar depois, não me importo. Agora temos negócios a tratar.

– Que negócios? - Josh pergunta. - Eu nem o conheço.

– Por favor, saiam da piscina.

– Situação inapropriada, amigo– Josh fala a última palavra com o nojo impregnado nela.

Melanie não se importa. Tantos homens já a viram pelada que ela nem liga mais. Ela pega suas roupas molhadas espalhadas pela piscina, mas sai dela nua mesmo. O sorriso no rosto de Matthew aumenta. Melanie o ignora enquanto veste suas roupas com dificuldade.

– Vamos logo com isso, Duninghan. É só colocar a cueca - Matthew roda os olhos.

Josh coloca a sunga e sai da piscina.

– O que você quer?

– Meu assunto é com ela, não com você.

– Então podemos conversar para lá - ela aponta a porta da saída. Assim que Matthew passa por ela, Melanie vai até Josh e dá um beijo demorado nos seus lábios. - Isso ainda não acabou.

+++

– Então você o odeia tanto quanto eu - ela diz depois da proposta de Matthew -, mas por quê?

– Creio que isso não afetará a forma como lidaremos com nossos negócios daqui por diante se você aceitar minha proposta.

– E o que nós podemos fazer contra o poderoso Vincent Fieldmann?

– Você já ouviu falar dos Apátridas?

– Os rebeldes? - ela pergunta. - Claro que sim.

– O grupo rebelde Apátridas está centrado em trazer melhorias para o povo do norte com acordos, mas isso não adiantou muito. Eles fazem alguns saques a hospitais, mercados, agências bancárias e tudo o mais. Coisas que trazem prejuízos a Vincent.

– E o que você tem em mente?

– Dentro dos rebeldes havia um grupo que não concordava com a forma com que os Apátridas lidavam com essa situação. Eles queriam melhorias já e perceberam que a melhor forma não era negociando, e sim fazendo todos perderem. Os saques ficaram melhores até que eles começaram com as depredações e finalmente com os assassinatos. Essa pequena facção é pouco conhecida, pois Vincent faz de tudo para colocar a culpa nos Apátridas em si e não nesse grupo, que é conhecido como Indomáveis.

– E você quer contratar o serviço desses caras para matar Vincent? - ela franze a testa. - Esse é o seu plano.

– Se eu quisesse contratar alguém, por que eu viria até você? Sou eu quem possui o dinheiro, então que utilidade você me teria?

Melanie pensa por esse ponto de vista. Não havia sentido nisso tudo.

– Os Apátridas são formados por nortistas revoltados, alguns ex-militares ou coisas do tipo. Os Indomáveis são derivados dos Apátridas - Matthew diz. - Os rebeldes tentam recrutar participantes do PMI muitas vezes, mas tem sorte apenas com alguns de classes inferiores, que os entendem e tudo o mais. Nenhum nobre em sã consciência ficaria contra Vincent, é loucura.

– E mesmo assim você está aqui.

Ele concorda com a cabeça.

– Sei o potencial que você tem. Eu pesquisei sobre você antes de vir para cá, Melanie. Ando pensando nessa proposta há semanas, só precisava achá-la e fazê-la entrar para o PMI, mas parece que o destino fez esse favor para mim e aqui está você.

Ela não tinha nada a perder. Com o apoio de Matthew, tudo seria ainda mais fácil.

– O que eu preciso fazer?

– Dê o seu sangue no PMI, pois eu quero que você seja a primeira colocada. Quero que você tire uma nota maior que a de Vincent. Quero que tire um nove.

Ela dá risada.

– Você sabe que há cinquenta anos, desde que o PMI foi criado, a maior nota é a dele. Oito é o limite.

– Há dez números, Melanie. Dez chances para os outros, mas você só tem uma. Nove. Se você se sair tão bem quanto eu imagino que se sairá, eles tentarão recrutá-la para os Apátridas e você vai aceitar e dirá que quer o seu amigo aqui - ele aponta para si mesmo - junto com você. Entraremos para os Indomáveis a partir dai e com as informações deles, destruiremos Meurer aos poucos até Vincent cair.

– Por que eu? - ela pergunta depois de alguns poucos segundos em silêncio. - Só por que eu sou pobre e um alvo mais fácil para os Apátridas?

– Porque eu não preciso de alguém só com força física, preciso de força psicológica, que é o segundo estágio do PMI - Matthew diz. - Eu sei pelo que você passou e ainda assim você está aqui. Viva e inteira.

– Eu não fiz nada demais.

– Não consigo imaginar alguém com um psicológico melhor que o seu - o moreno fala. - E então, nós estamos juntos nessa?

Ela sorri de lado, grata em segredo pelos elogios nas entrelinhas.

– É claro que estamos.

+++

O navio atraca no cais. Eles descem e as bagagens são descarregadas. Empregados vem carregar as malas dos treinandos e seguranças aparecem. Os vinte estão em um píer e o sol está se pondo. Melanie se esquece por um momento de todas as coisas que estavam na sua cabeça ao ver aquele lugar.

Há um enorme refeitório no centro, com pelo menos quatro chalés em volta dele. Há uma casa grande mais atrás, um laguinho com botes ao leste, ao norte ela vê as montanhas com o topo coberto de gelo e apenas uma árvore de galhos entrelaçados de forma esquisita, parecendo com as famosas bristlecone pine, já a oeste havia tantas árvores com a copa tão alta que eram incontáveis. Ao sul, bom, havia o mar.

Não há como fugir. Não há para onde correr ou se esconder.

– Aos vinte selecionados: esse será seu lar por três meses - Frederick Whitmore chama a atenção deles e abre os braços, com um sorriso no rosto bronzeado como o de Tyler. - Sejam bem-vindos ao PMI. A vida real começa aqui.

A hora chegou.


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Notas finais do capítulo

Só pra deixar um gostinho de quero mais... Lembrem-se: sem comentários, sem próximo capítulo.



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