Abdication escrita por oakenshield


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Recompensei vocês com um capítulo GIGANTE por não ter postado nos últimos dias e pela demora que provavelmente enfrentaremos daqui para frente. O Nyah! marcou mais de 4.000 palavras. Espero que não se cansem e boa leitura.



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– Alguma coisa está errada - Melanie reclamou. - Eu me sinto muito desconfortável. Está frio!

– Mulher para ficar bonita tem que sofrer - Heather fala, ajeitando os cabelos dela. - Aliás, você está maravilhosa.

– O vestido é na maior parte fechado, Melanie. Só há o decote nas costas. Eu comprei de acordo com o que você pediu.

A morena não podia reclamar, afinal. Além de estar bancando o seu visual, Heather ainda topou ajudá-la a se arrumar. O vestido tomara-que-caia é preto e fechado na frente, mas nas costas não há nada além das correntes metálicas prateadas que sustentam o decote. O salto meia pata vermelho é alto e não há detalhes, ainda bem. Nos lábios de Melanie, Heather passou um gloss e ela só destacou os olhos verdes da morena com lápis de olho e um discreto delineador. A parte da frente do cabelo foi preso para trás e os cabelos que já eram lisos foram ajeitados para se comportarem. Ela se olha no espelho.

– É - ela sorri para a garota. - Heather, você fez um ótimo trabalho. É a modelo aqui - ela aponta para si mesma - que não favorece o modelito e a maquiagem.

Heather ri.

– Você está brincando, não é mesmo? - ela dá um tapa leve na bunda dela. - Se olha no espelho, Melanie. Você é maravilhosa.

Ela agradece e se senta na cama de Andrew, esperando ele terminar de se arrumar. As duas conversam por um tempo até que Heather diz que vai se arrumar para uma festa. Elas se despedem e enquanto Heather vai para o seu quarto, Melanie começa a vasculhar o quarto de Andrew.

A morena começa pelos livros. Grandes, pequenos, de capas duras, verdes, azuis, vermelhos, amarelos e de todas as outras cores. Ela procura apenas pelo título, para saber em que ele se interessa, porém ela não reconhece nenhum deles. Depois ela vai para o guarda-roupa, interessada a descobrir qual é o estilo dele. Andrew varia bastante, usando coisas mais discretas em casa, mas há várias camisas sociais de vários tons claros no guarda-roupa.

– Já disseram que é feio mexer nas coisas dos outros? - uma voz conhecida fala com ela. - Invasão de privacidade, é assim que chamam.

Josh está apoiado no batente da porta com os braços cruzados. Ele está usando um smoking que o deixa lindo, mas Melanie não diz isso. Ela sente que pode quase ver os braços musculosos dele.

– Aonde você vai? - ela pergunta.

– Ao mesmo lugar que você.

– Não sabia que os treinadores haviam sido convidados.

– Os treinadores sempre são convidados.

Josh entra no quarto e fecha a porta. Melanie sente o seu corpo se desfazer como se ela fosse uma massa de modelar. Ele se aproxima dela e a morena respira fundo. A mão de Josh toca a dela e levanta o seu braço, a fazendo girar.

– Você está linda - ele lhe dá um beijo na bochecha.

Melanie toca o ombro dele e fica na ponta dos pés para sussurrar em seu ouvido:

– Eu adoraria que os seus lábios me tocassem em outro lugar.

Ela sente Josh se contrair embaixo da sua mão e não consegue segurar um sorriso. As mãos grossas dele tocam as costas nuas da morena e ela arfa. Os lábios macios dele roçam o pescoço dela e Melanie sente que realmente estava certa em se sentir uma massa de modelar porque as mãos grandes de Josh estavam a modelando conforme ele percorria desde a sua cintura até os seus ombros.

Melanie não consegue deixar de sorrir ao perceber que ele deixou um chupão no seu pescoço.

– É melhor você não me provocar, Melanie - ele murmura, mordiscando a orelha dela. - Você não vai aguentar depois.

Ela dá um sorriso safado.

– Você não faz ideia do que eu posso aguentar.

A garota de olhos verdes ouve passos na escada e se afasta de Josh. Pouquíssimos segundos depois, Andrew entra no quarto com um terno.

– Josh, oi - ele cumprimenta o irmão e então olha para ela. - Melanie, uau. Você está linda.

Ela sorri, mas não exatamente para ele, mas sim para o irmão que está atrás dele.

– Vamos? - Andrew chama, oferecendo o braço para ela. Melanie aceita e vai na frente com Andrew, enquanto Josh fica para trás, alcançando os dois depois.

Seria uma longa noite.

+++

Melanie achava que a casa dos Duninghan era grande, mas aquilo... aquilo era uma mansão. Há um enorme portão preto e vários seguranças. Eles pedem o nome deles e os seus identificadores. Depois de examinarem o sistema do governo, eles devolvem os identificadores aos seus donos e liberam a passagem dos dois. Andrew dirige até a porta da mansão e eles descem do carro. Josh vem com seu carro logo atrás. Melanie ajeita o vestido ao ver os seguranças olhando para suas pernas.

– Sejam bem-vindos - uma mulher com um terninho azul marinho diz a Andrew e a Melanie, mas quando vê Josh, bate uma continência. - Comandante Duninghan.

Josh também bate continência.

– Dispensado, soldado - os dois voltam a ficar relaxados e sorriem um para o outro. - Não sabia que você estaria aqui, Paige.

A garota que Josh chamou de Paige tem os cabelos loiros brilhosos presos em um coque, olhos verdes e um sorriso grande e muito bonito. Ela usa uma sombra do tom dos seus olhos e um batom da cor da pele nos lábios, tudo muito básico. Ela parece ser mais velha que os dois novatos, mas provavelmente um ou dois anos mais nova que Josh.

– Eu sou da guarda pessoal do Lorde Vincent agora - ela diz. - Nós normalmente não jantamos com os participantes do PMI, mas o nosso bom Senhor de Meurer abriu uma exceção para mim.

Josh parece lembrar da presença dos dois que vieram com ele.

– Paige, esse é meu irmão Andrew e... - ele olha para a morena. - bom, Melanie é uma amiga nossa. Os dois passaram na prova. Drew, Melanie... essa é Paige Beckering. A conheci durante o PMI de cinco anos atrás. Uma ótima soldado.

A loira parece reparar os dois pela primeira vez.

– Parabéns. A prova é difícil, mas devo alertá-los que o PMI é mil vezes pior.

– Esse ano teremos várias surpresas - Josh fala. - Estou chocado que você não tenha sido convidada para ser uma das treinadoras.

– Eu fui - Paige diz -, mas eu terei que optar entre ser treinadora e ser da guarda de Lorde Vincent. Um cargo de três meses pode me trazer fama, mas o meu cargo para a vida toda é que trás o meu sustento.

Como se uma Beckering precisasse do dinheiro de um cargo para se sustentar, Melanie bufa.

– Qual é o seu parentesco com o Duque Conrad Beckering? - Melanie pergunta.

– Ele é o meu pai - Paige responde. - Sou a filha mais velha.

– Seu pai parece desempenhar muito bem sua função como duque, não é mesmo? Gerando riquezas para Vincent...

A loira inclina a cabeça de leve.

– O que você está querendo dizer?

– Suposições, provavelmente - Josh diz antes que Melanie possa responder. - Bom, acho melhor nós entrarmos.

Paige olha feio para Melanie por mais algum tempo, mas logo a esquece.

– Por que você adora mandar indiretas para as pessoas? - Andrew sussurra em seu ouvido.

– Porque se eu tivesse um facão aqui e agora, muitas pessoas não sairiam vivas.

Andrew dá risada e Melanie faz o mesmo para descontrair, mas o que ela falou é verdade. Mesmo assim, ela preferiu deixar a verdade para si mesma.

Paige os conduziu por um enorme salão de festas vazio e abriu as duas portas grandes e pretas. Melanie nunca havia visto portas pretas daquele tamanho. Apesar das portas, não há nada muito escuro na casa. Não é como ela imaginava, com certeza.

Por trás das portas, havia uma mesa de mogno comprida, cobrindo boa parte da sala de jantar. Criadas entravam e saiam com rapidez, carregando pratos e bebidas diversas, seguranças se amontoavam perto das paredes e a maioria dos lugares já estava ocupada.

– Chegou quem estava faltando - Vincent se levantou da sua cadeira na ponta, assim como uma mulher loira, que veio da outra extremidade da enorme mesa para cumprimenta-los. - Comandante Duninghan.

– Lorde Vincent - Josh faz uma pequena reverência. - Me permite apresentar ao senhor meu irmão Andrew e uma amiga da família, Melanie.

Andrew também fez uma rápida reverência, mas Vincent lhe pegou a mão e a chacoalhou.

– Seja bem-vindo, Andrew e - ele finalmente olha para a garota. - Vejam só o que temos aqui. Melanie do que, minha jovem?

– Hemingski - ela responde com a voz firme. - Melanie Hemingski.

Todos esperam que ela faça uma reverência, mas ela não o faz. Melanie nunca se curvaria diante de alguém como ele. Joffrey é o rei regente na capital e em breve a rainha Katerina assumiria ao trono depois de se casar com Erik Le Lëuken. Ela seria sua rainha e Erik seria o seu rei. Vincent não é nada além de alguém responsável por uma porção de terras. Bom, uma boa porção de terras. Meurer é a maior cidade do norte e a segunda maior do país, só ficando atrás da capital Frömming, que recebe o mesmo nome do país. As outras cidades do norte são minúsculas e Vincent age como se fosse o Senhor do Norte e não Senhor de Meurer.

Percebendo o veneno nos olhos da garota, Vincent pegou a mão bronzeada dela e depositou um beijo demorado na parte externa dela. Melanie não se surpreendeu. Muitas pessoas falavam sobre as cantadas do Senhor de Meurer, de como ele costuma frequentar bordéis e fazer bastardos por ai.

– Seja bem-vinda, srta. Hemingski.

A mulher loira chega até eles. Uma bela mulher, na casa dos trinta e poucos, com os cabelos na altura dos ombros soltos e ondulados, olhos azuis claros e sorriso amigável.

– Deixe apresentar a vocês minha esposa. Kimberly, esse é o Comandante Duninghan - ele aponta para Josh - e os novatos do PMI, Andrew e Melanie.

Ela sorriu abertamente para os três, mas não os cumprimentou mais de perto.

– Fiquem a vontade. Creio que não poderão se sentar juntos, afinal só há lugares dispersos.

– Uma jovem tão bonita quanto Melanie deve se sentar perto do seu lorde, não é mesmo? - Vincent sorriu e a puxou pela mão antes que ela pudesse responder. O Senhor de Meurer puxou a cadeira para ela se sentar e depois voltou a se sentar na cadeira na ponta da mesa. - Diga-me, Melanie, o que você deseja comer essa noite?

– Qualquer coisa - ela chama uma criada. - Que prato você me recomenda?

– Os cozinheiros prepararam um pato assado maravilhoso essa noite, senhorita.

– Então que seja pato assado - ela pede, sorrindo. A criada sorri para ela e se retira.

– Olá, Hemingway - uma voz diz ao seu lado.

Não, Melanie diz a si mesma. Por favor, aqui não.

É claro que ele estaria aqui. Tyler Whitmore foi convidado para ser um treinador do PMI nesse ano.

– É Hemingski - ela o corrige pela centésima vez em sua miserável vida.

– Você a conhece, Capitão Whitmore? - Vincent pergunta.

– É claro que conhece, milorde.

– E de onde?

– Melanie é uma conhecida - Tyler diz com um sorriso malicioso. - A conheci aqui mesmo, no setor Fieldmann. Em uma festa.

Por baixo da mesa, Melanie sentiu a perna de Tyler por baixo da calça roçando a sua perna nua. Ela se afastou, porém ficou mais perto ainda de Vincent.

Que diabos eu vou fazer? Ela se pergunta.

– Melanie parece que tem muitos conhecidos militares, não é mesmo?

– Sou uma pessoa extrovertida - ela diz, se levantando. - Me desculpem, mas eu preciso ir ao toalete.

Ela pede a uma criada onde fica o banheiro e ela lhe aponta para uma porta branca ao lado da porta que leva a cozinha. Melanie caminha até lá calmamente para não cair dos saltos e nem tremer, mas quando fecha a porta atrás de si, ela se joga em um pequeno sofá amarelado que tem lá ao lado de uma planta.

Como que eu vou lidar com esses dois? Ela se pergunta, de olhos fechados.

Ela ouve mulheres entrando e saindo do banheiro feminino, mas não faz questão alguma de sair do seu lugar. De repente, o barulho parou. Melanie abre os olhos. Amber está na sua frente, com um vestido branco, maquiagem escura ao redor dos olhos azuis e um olhar assassino.

– Credo, menina, que susto.

– Eu sou uma mulher, não uma menina. Ao contrário de você.

Melanie percebe que não há ninguém no banheiro além dela. Todas as portas das cabines estão abertas. Amber tranca a porta.

– O que você quer? - ela pergunta.

– O que eu quero? - Amber sorri. - É simples. Eu quero que você fique longe do Josh.

– Difícil, afinal eu estou morando na casa do irmão dele. Bom, seria bem mais fácil se ele não fosse lá todos os dias, não é mesmo? Eu soube que fazia algumas semanas que ele não visitava a família e desde que eu me hospedei lá, ele simplesmente aparece sempre às duas horas da tarde.

– Ele vai ver aos irmãos, não a você.

Melanie se levanta.

– Eu acho que está na hora de você dizer isso ao seu namorado.

– Sabe o que está na hora? De você tomar vergonha nessa sua cara e parar de dar em cima do meu noivo - ela dá ênfase na última palavra. - Você sabe o que é isso? Noivo? Nós vamos nos casar - Amber aponta para o anel de compromisso no seu dedo. - É claro que você não sabe o que é isso. Você é uma prostituta e vagabundas como você nunca saberão o que é um casamento, a não ser quando são convidadas para a despedida de solteiro de algum tarado.

– Eu não me importo se ele é comprometido ou não - Melanie chega perto de Amber. - Eu sempre consigo o que eu quero.

– Pois saiba que eu também.

– Você perdeu, porque o seu namorado me quer tanto quanto eu o quero - Melanie afasta os cabelos. - Você sabe o que é isso? - ela pergunta, mostrando o chupão que Josh deixou nela mais cedo. - É a marca do desejo de um homem. Aposto que você nunca conseguiu com que Josh lhe marcasse com um desses, não é mesmo? Você é uma tábua, Amber, branquela e sem graça. Homem gosta de cor, de fartura. Você não tem nada disso.

– Eu tenho um anel de compromisso.

Melanie sorri.

– Promessas ao vento. Aposto que Herbert Duninghan e Frederick Whitmore estão por trás desse casamento, não é mesmo? Alguém como Josh nunca casaria com alguém como você se não fosse obrigado.

Amber se aproxima da morena.

– Eu não me importo que ele fique com você ou qualquer outra mulher. Juro que não me importo. Porque você pode tê-lo por uma ou duas vezes, mas eu o terei a vida toda. Ele pode lhe fazer juramentos de amor ou promessas para o futuro, dizer que vai desistir do casamento para ficar com você enquanto vocês estão no calor do momento, mas ele irá voltar para a sua esposa. Todos os homens sempre voltam - ela sorri. - Com você não será diferente.

É então que Melanie explode. Ela pega a cabeça de Amber e a joga contra o espelho, o quebrando. A testa da loira começa a pingar sangue e ela vem até a morena, com um olhar raivoso. Amber puxa seus cabelos e lhe dá um soco certeiro nos ossos abaixo do olho e Melanie fraqueja. A loira a empurra contra o chão e começa a chutá-la com a ponta do seu salto fino. A morena sente sangue saindo do local do soco e sente o seu estômago se contrair dentro dela, machucado. Logo os hematomas roxos nas ruas pernas irão aparecer, mas não antes dela fazer algo.

A morena se arrasta até os cacos de vidro e pega o maior. Amber a chuta mais uma vez quando ela tenta se levantar, a fazendo cair de joelhos. Melanie tosse sangue e se levanta com dificuldade, apontando o caco de vidro com as mãos trêmulas para a loira.

– Mais um passo e eu a corto.

Alguém bate na porta.

– Melanie? - é a voz de Josh. - Amber abra isso aqui.

– Não - a loira rosna.

– Amber abre essa porta.

– Não! - ela grita.

– AMBER ABRE A PORRA DESSA PORTA!

Josh começa a dar socos na porta, Amber fica com os pés colados no chão.

– Eu passei pelo PMI com nota seis. A maior nota de toda a história foi a de Vincent: nota oito. Você não é párea para mim.

– Você se surpreenderia com as coisas que eu sei fazer.

– Eu vou arrombar - Josh avisa. Ele começa a empurrar a porta com o ombro, mas ela não faz nada além de dar uma leve sacudida.

Melanie poderia abri-lá, ela sabe disso, mas perderia tempo e Amber poderia fazer algo. Ela também não é covarde. Não fugiria de uma briga assim. Já havia deixado muitas pessoas em estado grave por comida nas ruas. Ela não se importava em fazer mal a mais uma.

Os parafusos da porta começam a se soltar. Melanie percebe que vai cair e pula para a frente com o caco de vidro na mão no exato momento em que a porta cai no lugar em que ela estava poucos segundos atrás. Ela se distrai e Amber toma o caco de vidro das suas mãos.

– Venha - a loira diz. - Venha, vagabunda. Eu vou ter o prazer de fincá-lo nesse seu rosto escuro.

Além de nojenta é preconceituosa.

– Amber, larga isso - Josh diz, levantando as mãos. - Está tudo certo agora.

A loira olha para ele.

– Ela tentou me matar, Josh - Amber força as lágrimas a caírem dos seus olhos pequenos. - Ela ia me matar.

– Está tudo bem agora - ele se aproxima e arranca o caco de vidro das mãos dela e a abraça. - Está tudo certo.

Melanie não se comove nem por um segundo. Josh beija os cabelos dela e Amber sorri para Melanie e quando ele a olha nos olhos, ela volta a chorar.

Falsa.

Josh então olha para a morena. Não há nada nos seus olhos. Absolutamente nada. Nem descrença, nem a promessa de uma conversa mais tarde, nem medo, nem acusação, nojo, tristeza, dor... Nada.

Melanie pega um pedaço de papel e posiciona abaixo dos olhos, percebendo que o sangue apenas ameaçou escorrer, mas que isso não aconteceu. Ela está muito perto da loira agora.

– O meu erro foi não ter cortado a sua garganta quando eu tive a chance - Amber a olha com o seu olhar petrificado -, mas não se preocupe. Quando eu voltar do PMI, oportunidades não nos faltarão.

+++

– O que aconteceu lá dentro? - Vincent pergunta quando ela volta e então ele vê o vermelho abaixo dos seus olhos. - Você está bem?

– Amber caiu - Josh entra na sala de jantar dando uma explicação a todos, com a noiva embaixo do braço. - Melanie a ajudou, mas acabou se machucando com os cacos de vidro. Nada muito grave aconteceu.

As pessoas parecem acreditar. Bom, eles fingem tanta coisa que Melanie não sabe distinguir quando eles estão realmente acreditando ou quando estão fingindo acreditar.

– O seu pato está esfriando - Tyler avisa.

Melanie se vira para o prato, não percebendo que estava com tanta fome até o momento em que colocou um pedaço da carne na boca. Ela comeu devagar, mas não se sentiu saciada quando acabou, porém não pediu mais.

Vincent se levantou e chamou a atenção de todos. Todos fazem o mesmo e taças de champanhe são distribuídas.

– Gostaria de parabenizar novamente aos vinte participantes dessa edição do PMI - ele diz. - Se vocês estão aqui, é porque foram merecedores de estar sentados na mesma mesa que o seu lorde. A próxima fase não será mais fácil, garanto isso a todos vocês, mas se vocês realmente se esforçarem e tiverem potencial, com certeza passarão por ela e serão pessoas importantes lá na frente. Militares ou qualquer outro cargo, não importa, desde que sirvam o seu país e tenham lealdade para comigo e para com o povo - Vincent levanta a taça, fazendo todos seguirem seus movimentos. - O futuro pertence a aqueles que sabem a onde pertencem.

Uma citação do hino nacional.

– O futuro pertence a aqueles que sabem a onde pertencem - todos repetem e viram as taças junto com Vincent.

Depois disso todos sentaram e saborearam várias sobremesas. Melanie optou por um pedaço de pudim e torta de morango. As pessoas riam de piadas, jogavam conversa fora, trocavam telefones e se enturmavam, enquanto isso, Melanie conversava com Vincent e se obrigava a se aproximar mais dele para fugir de Tyler.

Uma mão toca a sua coxa. No começo ela pensa que é a mão de Tyler, mas ela percebe que aquela mão é maior do que as mãos dele e pelo canto do olho, vê ele tocando o rosto da irmã Amber. Com as duas mãos.

– Eu sei quem você é, Melanie - ele diz. - Eu sei sobre o seu passado, mas ele não me importa se você quiser ficar ao meu lado no futuro.

Ela se lembra das duras palavras de Amber no banheiro.

Ele pode lhe fazer juramentos de amor ou promessas para o futuro, dizer que vai desistir do casamento para ficar com você enquanto vocês estão no calor do momento, mas ele irá voltar para a sua esposa, ela disse. Todos os homens sempre voltam.

– Eu não sou mais a Melanie que você pode pensar que eu sou, Lorde Vincent - ela o chama pelo título de nobreza pela primeira vez. - Eu mudei.

– Ninguém muda a sua verdadeira natureza, Melanie. Soube que você é incrível no que faz. Eu adoraria que conversássemos mais ao respeito.

– Desculpe-me, mas eu não. Tudo o que eu fiz foi para sobreviver e eu gostaria que ficasse no passado.

– O passado sempre vem à tona.

– Eu quero levar o meu como exemplo, mas não pretendo continuá-lo. Sinto muito lhe decepcionar, mas sugiro que procure outra pessoa para satisfazer a sua curiosidade.

A mão de Vincent continuou na sua perna por um bom tempo, até que ele a deslizou, mas não para fora, e sim mais para cima, empurrando o vestido dela para o mesmo lugar. A toalha é escura e longa o suficiente para que ninguém mais visse o que ele está fazendo, mas Melanie se incomoda. Quem ele pensa que é?

– Lorde Vincent, eu sei que o senhor está acostumado a ter tudo o que quer, mas as coisas não funcionam assim comigo - ela tenta afastar a mão dele sem chamar a atenção, mas parece que ela está colada em seu corpo.

Quando ele tenta tocar a sua intimidade é o fim para Melanie. Ela lhe dá um tapa estalado na mão, fazendo algumas pessoas ouvirem. Ela o ignora pelo resto da noite e embala em uma conversa com uma garota loira a sua frente, que ela descobre ser Beatrice Beckering, que tem um irmão mais velho que também passou no PMI, Benjamin, e que Paige é uma irmã distante por causa do trabalho. Beatrice parece bem simpática, ao contrário da maioria das pessoas ricas em Meurer. Andrew finalmente a chama para ir embora e ela aceita de bom grado.

– Obrigada por me tirar de lá - ela agradece.

– Vincent não estava sendo agradável?

– Ele é exatamente como as pessoas diziam - ela murmura -, só que um pouco pior.

Andrew dá uma risada leve.

– Ei, espere - alguém grita atrás dele. - Melanie, não é? Espere.

– O que diabos ele quer com você? - Andrew sussurra.

– Quem é ele?

Antes que Andrew possa responder, o cara chega até eles. Ele tem a altura de Melanie, os cabelos pretos bagunçados e os olhos de um azul incrível e intenso. Seus dentes brancos são grandes e seus caninos são afiados, mas o seu sorriso a faz sorrir um pouco também. Ele parece ser bem musculoso por baixo da camisa social.

– Será que podemos conversar um pouquinho? - ele olha para Andrew. - A sós.

Ele olha para Melanie, que assente.

– Te espero no carro - ele beija a bochecha dela e some em meio aos carros rapidamente.

– O que você quer? - ela pergunta um pouco rude demais.

– Não ceda as investidas de Vincent - ele diz. - Ele é um homem perigoso e se você ceder uma vez terá que ceder outras também. Vincent ameaça a quem o contraria, então eu lhe digo para tomar cuidado.

– Como assim ameaça?

– Sugiro que a sua família se cuide enquanto você estiver no PMI, porque não importa onde quer você os esconda, ele irá encontrá-los até te persuadir a dormir com ele.

– Por que você está me dizendo isso?

– Porque eu o conheço bem mais do que gostaria.

Ele parece ter um olhar triste agora. Preocupado, porém ainda triste.

– Quem é você? - ela pergunta depois de um tempo em silêncio.

Ele começa a andar para trás, sem olhar por onde está pisando. Ele dá um sorriso fraco ao dizer:

– Um amigo.

E então desaparece na escuridão tão repentinamente quanto apareceu.


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Notas finais do capítulo

Continuamos no mesmo esquema: sem comentários, sem próximo capítulo. O Nyah! já marca dez acompanhamentos para a fanfic e eu posso contar nos dedos da mão quantos leitores comentam. Se manifestem, gente!
PS para os leitores de Unapologetic: postarei o último capítulo só amanhã ou depois. Estou ajudando alguns amigos a estudar e estou sem tempo. Sorry.



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