Jogos Vorazes 74º- INTERATIVO escrita por Kath Adelaidd, Nani Mellark


Capítulo 16
Marquiss Uhll e Fenriz Eldritch - D6


Notas iniciais do capítulo

Oi tributinhos! (nuss)' Hj vou apresentar pra vcs dois tributos do D6 que mandaram fichas SUPER detalhadas e seria um desperdício eu resumir ou acrescentar algo ali numa ficha que ta praticamente pronta pra mim, facilitou muito o meu trabalho. Bom a escrita ta diferente do que vcs tão acostumados nos outros capitulos, mas se vcs gostarem a gente mantem dessa forma (foi a pessoa mesmo que escreveu). Vejo vcs la embaixo.

Marquiss: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSz0CEDuOnFKAW_15usbZ0VJhWwDDjEdku2-mxBbr35mN4ahVsU

Fenriz:http://i2.ifrm.com/15750/37/upload/av-150.jpg



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Marquiss Uhll, 18 anos, é o tributo feminino do D6. Jovem de bom coração, faz qualquer coisa para proteger a familia, mesmo que tenha que se arriscar. É sonhadora e idealista, reservada com quem não conhece, memso porque não costuma ter amigos. Sua principal arma é a foice, e usara seus conhecimentos em engenharia e medicina, alem da luta e conhecimento de plantas para sobreviver na Arena.

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Os bebês só começam a ter memoria a partir do segundo ou terceiro ano de vida, mas Marquiss jura que se lembra a primeira coisa que seus pais lhe disseram quando nasceu. “Sempre que estiver com medo querida, eu vou estar lá pra te proteger.”. Bom, essa historia acabou se revelando uma grande mentira, pois seus pais mal conseguiram proteger si mesmos, deixando-a independente antes do tempo.

Tudo começa em uma noite de chuva do Distrito seis. Nascida na família Uhll, sua própria avó foi quem a trouxe ao mundo, usando os conhecimentos de enfermagem que salvaram varias vidas durante o tempo em que trabalhou junto ao boticário do bairro. Puxou todo o físico da mãe, mas desde pequena apresentou características iguais ao do seu progenitor. Sempre fora curiosa, esperta e inconsequente. No período de sua vida que diz respeito aos primeiros sete anos, foi uma criança normal. Seu pai era engenheiro aeronáutico e sua mãe trabalhava como fiscal de uma fabrica de peças para os aerodeslizadores. Apesar do que possa parecer, a situação financeira não era confortável, eles conseguiam viver de forma modesta, sem muito luxo ou mimos.

No seu aniversario de oito anos, o seu pai não voltou para casa, algo havia acontecido. Alerie estranhou, e foi até o trabalho do marido para saber se ouve algum acidente ou problema e tudo que achara foi um prédio vazio. Já desesperada, foi atrás da segurança local. Eles se recusaram a responder qualquer pergunta dela e a mandaram de volta para casa. Nunca foi exatamente forte, então voltara para casa aos prantos, esperando que o pior acontecesse.

Seu pai estava desaparecido por dois dias quando os pacificadores arrombaram a porta de sua casa. Sem nem explicar o porquê, entraram derrubando tudo, vasculhando a residência e confiscando todos os pertences de Mortmer. Levara sua mãe e avó embora, deixando-a sozinha com seu irmão menor. A Menina chorou, esperneou, mas tudo foi em vão. Nenhum vizinho abria as portas para ela, ninguém oferecia ajuda nem respondia suas perguntas, mesmo aqueles que um dia seus pais chamaram de amigos.

Após duas semanas, elas voltaram. Sua avó havia perdido uma porção dos dentes e caminhava com dificuldade. Sua mãe estava catatônica e se limitava a balbuciar algumas frases. “Ele é inocente!”, “Não toque nos meus filhos!” e “Não encoste em mim”. Ela acordava de noite com os gritos da mãe que nunca mais foi a mesma desde então.

A noticia saiu, Mortmer foi executado. Aparentemente, informações vazaram para os rebeldes, mas a Capital nunca admitiria um erro tolo como esse, ela precisava usar alguém como bode expiatório. Ninguém no distrito acreditava que ele tivesse algum envolvimento com terrorismo, mas não existia um tolo para tentar explicar isso para as autoridades. Todos estavam com medo, qualquer um podia ser o próximo a sumir. Isso afetou a garota diretamente, pois agora todos a ignoravam com receio de serem associados a sua família, não havia mãos se estendendo, não ofereciam ajuda ou comida. Sua família acabara se tornando um bando de parias. Sua mãe perdeu o emprego e as crianças da escola fingia que ela não existia, como um cão sarnento.

“Filha do Traidor” era como chamavam-na pelas costas, ouviu esse termo mais de uma vez quando espiava conversas alheias. Comida faltava na mesa, não conseguiam os remédios que ajudavam seu irmão a melhorar e sua mãe não conseguia emprego. Marquiss não ficou sentada esperando a sua sorte mudar, não naquele lugar inóspito. Decidiu que arrumaria maneiras não ortodoxas de conseguir suprimentos para sua família. Roubo não era pecado, pelo menos não se ninguém descobrisse.

Lembra-se perfeitamente do seu primeiro roubo. Uma barraca cheia de frutas velhas, que era vigiada por um senhor já muito idoso, era o alvo perfeito (ou pelo menos foi o que pensara). Levou um tabefe ao tentar retirar uma maçã do monte, e diversas pauladas na mão para aprender. Bem, ela obviamente aprendeu algo: Se quisesse fazer aquilo, tinha que aprender a ser silenciosa e furtiva como um gato. Demorou a aprender como andar sem fazer barulho ou movimentos bruscos, quase foi chicoteada por um pacificador uma vez, só que por sorte ele era mais lento que ela. Alguns anos depois, ela conseguia caminhar sem que ninguém a notasse, então começou a furtar o máximo que podia dos lugares.

Em algumas ocasiões arranjou brigas com meninos de rua. Apanhou tanto no começo que perdeu a conta de quantos hematomas passou a possuir, algumas marcas até hoje enfeitam sua pele. Os idiotas que enfrentava eram maiores do que ela, mas passavam fome e não eram tão inteligentes quanto. Aprendeu que existem alguns pontos essenciais para se atingir quando brigava, como a garganta e os testículos. Deixou as unhas crescerem o suficiente para rasgar e passou a andar descalça. Com o passar do tempo, acabou se acostumando com a vida que levava e os socos que recebia nem doíam mais. A única arma que podia carregar era seu cérebro e corpo, e sinceramente, foi o suficiente para se virar.

As coisas começaram a se estabilizarem. Sua mãe conseguira ser empregada em uma fabrica, porém, o dinheiro é muito pouco mesmo pegando mais turnos que conseguia suportar. Começou a surrupiar peças avulsas e outras coisas sem que notassem, e começou a comercializar ilegalmente esses itens, expondo-se a vários perigos. Sua avó costura e vende roupas para os vizinhos, e seu irmão que não pode trabalhar tenta dar o mínimo de trabalho possível e se esforça bastante na escola.

Um dia, quando recém completara 13 anos, ela assaltou um açougue com um bando de meninos de rua. Os pacificadores chegaram tarde e cada um conseguiu escapar com pelo menos meia vitela. A Confusão causada pela correria gerou um tumulto tão grande que o grupo acabou se separando, cada um partiu para um lado da cidade. Marquiss entrou em uma ruela e esbarrou em um homem que automaticamente a reconheceu. Desesperada, atacou ele sem hesitar. Surpreso, ele não reagiu, dando espaço para que ela corresse.

Semanas depois, esse homem apareceu na sua porta. Ficou ainda mais desesperada quando sua mãe o reconheceu. Aquele homem era Tulius, e ele trabalhava com Mortmer. Ambos foram levados a capital junto com toda a equipe dos engenheiros, mas só uma porção deles voltou viva. Envergonhada, se desculpou e explicou sua situação. Ele prometera que faria o possível para ajuda-la, mas ela simplesmente duvidou.

Tulius passou a frequentar a casa dela quando podia, tentou aplicar alguns testes para ver como ela se saia academicamente. Sua inteligência nunca foi surpresa, mas a facilidade que possuía de entender e decifrar fórmulas eram formidáveis na opinião dele. Não hesitou em convidá-la a ingressar um programa especial que treinava novos engenheiros de aeronáutica. Enquanto sua avó amaldiçoou o homem por fazer aquele convite, sua mãe aconselhou a não aceitar. Marquiss pretendia fazer aquilo mesmo, porém, uma oportunidade daquelas poderia tirá-la das ruas. Elateve que aceitar, pelo bem geral. O Processo de admissão demorou alguns meses, e algum tempo depois ela foi movida para uma classe especial.

No começo foi difícil ignorar os olhares e comentários que todos faziam. Mesmo o tempo tendo enterrado aqueles acontecimentos, as pessoas ainda se lembravam de quem ela era e de quem o pai dela fora. Ela era a prova viva de que qualquer pessoa estava à mercê da Capital. Todos os seus colegas eram mais novos, mas ela não fazia por menos e se provou como uma das mais talentosas de sua classe. Começou a pegar paixão pela ciência e todas as suas aplicações noveículos que ali criavam e desenvolviam.

Atualmente, Marquiss estuda para se tornar uma Engenheira. Os estudantes recebem uma ajuda mínima para manutenção, e somando com as tésseras que ela e seu irmão pegam frequentemente, sua família não passa mais fome. Ela tem esperanças de continuar a viver sua vida de forma modesta e tranquila, sem ter que passar por mais traumas como os da infância. Mas bem, querer não é poder, e parece que o destino vai se por em sua frente novamente.

[Parentes]

Sua mãe,Alerie Uhll. Não é segredo para ninguém que pega mais turnos do que aguenta nas fábricas. Sua saúde é incerta e sofre de fadigas e cansaço. Ela também costuma surrupiar algumas coisas de vendas e peças sobressalentes, ainda não foi pega, mas se expõe bastante ao fazê-lo. Conhece de cor o nome de todos os pacificadores desde muito tempo, pois sustenta sua mãe e filhos com o dinheiro que recebe por contrabandear itens roubado. No mais, é uma mulher triste que tenta passar uma imagem de felicidade e motivação inexistentes.

Ölanna Uhll, sua querida avó materna, é provavelmente a pessoa mais odiosa que já conhecera. Mas como uma senhora de 64 anos poderia ser tão ruim? Bom, dentre suas inúmeras qualidades encontra-se o fanatismo desenfreado por uma religião que sequer tem adeptos ao redor do país, incapacidade de sentir empatia pelas pessoas, possui uma língua ardilosa e falta de bom senso aos montes.

Seu pai, Mortmer, era um homem inteligentíssimo que trabalhava no desenvolvimento de microchips e outros tipos de dispositivos rastreadores. Ele morreu quando ela tinha 8 anos, suspeito de vender segredos bélicos para os rebeldes. Foi levado a julgamento e executado algum tempo depois. Quando vivo foi um pai excelente, preocupado, e que fazia questão de ensinar tudo o que sabia para os filhos. Alguns costumam chamá-lo de traidor, apesar das circunstancias incertas em que o julgamento havia sido feito.

Seu irmão mais novo se chama Taubt e tem 15 anos. É Um menino bondoso, educado e independente na medida do possível. Apesar de muitas qualidades nasceu com defeitos congênitos que não podem ser tratados. Sofre de constantes ataques epilépticos e delírios. Tal condição impossibilita-o de trabalhar ou de viver uma vida normal.

Por ultimo e não menos importante,Besouro, um cachorro deformado que foi encontrado nas ruas, por ser corcunda e ter o pelo esverdeado (provavelmente por causa da poluição) ganhou esse apelido.Tulius, um antigo amigo de seu pai que um dia salvara sua vida. Atua como mentor da garota e foi ele que conseguiu fazer com que ela estudasse Engenharia. Acredita em seu potencial, mas teme por ela, afinal, sabe que um dia a Capital poderia colocar os olhos nela assim como fez com Mortmer.

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Fenriz Eldritch, 17 anos, tributo masculino do D6. Calado, evita expor seus pensamentos. Apesar disso tem facilidade formular frases e fala muito bem sobre assuntos que domina. É um pouco apatico e odeia se intrometer em conversas. Desconfiado pois a vida lhe ensinou a ser assim.

Uma história sem muita beleza, eu diria. Não os conheci muito bem só sei que olhavam para mim de uma forma que ninguém nunca mais olhou, como se não precisassem de motivos para gostar de mim, como se o ápice da felicidade deste mundo amaldiçoado estivesse ali, embaixo da mesa, brincando com o cavalo talhado em madeira. Não sei nem seus nomes, mas gosto deles mesmo assim. Um sentimento que existe dentro de mim antes mesmo de qualquer outra coisa.

Triste como nunca tive a chance de dizer isso a eles, como nunca tive chance de conversar com eles. Saber do que gostam e como gostam... Saber o que sonhavam para o meu futuro... Como imaginavam o que eu deveria ser... Perdi a chance com apenas uma fagulha distinta durante o verão mais seco que o distrito sete já enfrentou. Ninguém teve culpa, a casa apenas se acendeu e cedeu prendendo nós três lá dentro em meio a fumaça e fogo. Eles não eram pequenos o suficiente para sair, e até hoje não entendo por que os obedeci e fugi por entre as vigas de madeira incandescidas, como ordenado por eles. O que eu tinha a ganhar vivendo sem ninguém ao meu lado.

Escapei com apenas algumas queimaduras nas costas. Queimaduras que guardo até hoje como lembrança da vida que eu um dia tive chance de viver. Todas as noites, sinto o calor da mesma forma, como se viesse para me assombrar. Essa cena vivida jamais me abandona e é muitas vezes a culpada dos meus maiores pesadelos.

Seria engolido pelas ruas e morreria de fome se não fosse encontrado pelo supervisor das fábricas de veículos e aerodeslizadores. Mero fantoche aquele senhor. Acostumado com as regalias de comandar faz de tudo para manter o cargo e o prestigio. Seu serviço consiste basicamente de manter osoperáriosna linha fabricando peças e montandoveículossempre mais em menos tempo indiferentedos riscos que correm. Um verdadeiro tirano odiado por todos osoperários.Seguir as ordens dos pacificadores locais como um cachorro adestrado é de praxe, mas há quem diz que as ordens vem direto da Capital. Não sei como ele se tornou importante ou como conseguiu o emprego e todos que você perguntar dirão que ele sempre esteve ali, só sei que mesmo o prefeito tinha respeito por ele.

Mas o que uma pessoa amarga assim estaria fazendo ao adotar uma criança de rua? A resposta é simples: conseguindo seguidores fieis. Seja por agradecimento ou qualquer motivo, essas crianças adotadas passam a ter respeito por seu mais novo pai. Respeito que é um sentimento poderoso demais se comparado com as migalhas destinada aos empregados.

Ser filho do supervisor não era tão ruim se olharmos pelo lado financeiro, tínhamos comida suficiente para saciar nossa fome, tínhamos pequenos luxos como eletricidade uma vez por mês. Até conseguíamos as melhores barganhas nas roupas e utensílios que eram vendidas nos comércios do distrito. Entretanto, dinheiro não era tudo e nós não tínhamos nada além disso, sempre odiados por onde quer que passemos.

Nossa família era constituída de um total de quatro pessoas, tendo apenas um responsável pelos outros três membros. Eramos eu e meus irmãos sozinhos sempre. Não importa a situação, tínhamos apenas um ao outro para contar, mesmo que nunca tenhamos realmente nos dado bem. Klaudiuz, por sua vez, vivia sempre ocupado, seja em seu escritório ou durante suas patrulhas pela fabrica.

Por vezes estranhos engomados apareciam em casa, entravam no escritório e, horas depois, saiam. Nunca entendi quem eles eram. E não eram apenas eles que visitavam nossa casa constantemente, o prefeito jamais deixava de aparecer também. Nossa casa vivia cheia, e o velhote parecia sempre atarefado com coisas estranhas. Sabíamos que ele era importante, mas nunca entendemos o quanto.

Contratava fiscais e capangas, não media esforços para controlar os empregados, era tirano e sempre dava medo com seu semblante autoritário. Para nos entretanto ele era apenas ausente. Tínhamos tudo para sobreviver e crescíamos vendo as atrocidades de nosso pai adotivo como algo normal. Não me surpreenderia se até mesmo o prefeito abominasse as ações do velhote. Não demoraria para que alguém tentasse o matar, até mesmo os capangas mais bem pagos que ele possuía. Faz sentido ele querer três ajudantes cegos, cegos pelo respeito e pela divida de vida que tem com ele.

Eu tinha 10 anos quando comecei a patrulhar a fabrica junto com meus irmãos. E não apenas patrulhar, passamos também a enviar mensagens de um lado para o outro, fazendo tudo que precisava ser feito: seja ajudar a levar as peças para o estoque, seja ajudar a levar um acidentado até a enfermaria. Corríamos de um lado para o outro sem parada e eu tenho que admitir que passei a gostar de fazer isso, era meu trabalho.

Não precisava de amizades e não queria correr o risco de sofrer novamente o que sofri quando era criança. Abandonei qualquer tipo de chance que tinha de criar amizades e me foquei apenas em ajudar na fabrica. Era constantemente reprendido por Ebner, um de meus irmãos, que odiava me ver trabalhando daquela forma. Porém eu, pessoalmente, não me importava de trabalhar demais, nem mesmo quando Klaudiuz criou os "algozes".

O distrito seis estava começando a ter problemas com fugitivos. Tentavam manter a cerca sempre ligada diariamente, mas não eramos nenhum distrito cinco. Tentavam colocar Pacificadores em todos os cantos, mas nossa produção e mão de obra não é tão valiosa quanto as do distrito onze. Por isso, vez ou outra, umoperáriocismava em tentar fugir para os bosques afastados e viver do natural.Os Pacificadores não podiam permitir isso, mas a quantidade de pessoal treinado para perseguir pela floresta era pequena e a maioria se recusava a se arriscar. Foi neste cenário então que o velho Lokhart acabou sendo comandado de resolver esse problema pelos homens bem vestidos que, mais uma vez, passaram em nossa casa.

Sua primeira medida foi aplicar severas punições para quem tentasse fugir, mas isso não era suficiente, pois os que conseguiam nunca mais voltavam. A segunda medida então foi criar um grupo pequeno de perseguidores treinados que seguiriam os rastros dos fujões e os traria de volta para serem executados. Dando exemplo do que aconteceria com quem tentasse fugir.

Seriam enviados Pacificadores, mas nem mesmo eles queriam se arriscar. Por isso coube aos três filhos do supervisor aprenderem uma nova profissão. Ficamos conhecidos com o pseudônimo dealgoze nosso serviço era se embrenhar na floresta e trazer de volta os fujões para a execução. Aprendemos na raça a trabalhar dessa forma, cada um tinha sua função e nos organizamos como uma verdadeira equipe. Ebner tratava de capturar e imobilizar os fujões com suas força física, não era muito bom em mais nada a não ser bater nas pessoas. Geert, o irmão mais velho, cuidava de caçar e estudar o terreno para nos manter vivos durante a perseguição, sua função era nos alimentar e zelar por nossa segurança. Já a minha função era a mais simples, ir na frente como um batedor rastreador. Em resumo, meu trabalho era encontrar o esconderijo do fujão e trazer meus irmãos até ele. Eu tinha tudo para fazer isso. Sempre fui observador, sempre fui rápido. Tudo que eu precisava aprender era como ser silencioso.

As caçadas as vezes duravam dias. Quando retornávamos, acompanhados do fugitivo, eramos sempre recebidos com vaias. Todos os fugitivos capturados, predominantemente jovens, eram executados em praça publica. Nos culpavam tanto que passei a gostar mais da floresta do que da cidade, era insuportável trabalhar normalmente e eu rezava para a próxima vez que um adolescente estupido fugiria para a floresta.

Eu morri por dentro, a unica coisa que restava de compaixão com as pessoas era a lembrança de um tempo antes do fogo. Eu não me importava mais em ser odiado. Nem eu, nem meus irmãos. Agora eramos algozes e precisávamos aceitar nosso papel. Tínhamos um ao outro pelo menos, embora isso também estivesse fadado a acabar.

Devido ao constante stress Klaudiuz sofre um infarto. Entrando em coma. As coisas nas fabricas saiam do controle sem um supervisor com punhos de ferro para controlar os empregados. Cada vez mais eram presentes os Pacificadores que sofriam para controlar ambas cidade e fabricas. Eu e meus irmãos não sabíamos como contornar a situação. Nem mesmo os capangas pessoais de nossa família nos respeitavam. Precisávamos dar um basta, precisávamos recomeçar a punir os empregados, mas nenhum de nós tinha coragem de tomar o lugar de Lokhart.

Alguns dias antes da colheita dos quadragésimo quinto Jogos Vorazes, um grupo deoperáriosrebeldes encurralou e executou meus irmãos que planejavam visitar oprefeito naquele dia. Inacreditável como um mero grupo deopera riosacabou, de uma vez por todas, com o grupo dos algozes. Acho que tive sorte denão ter saído de casa, tive sorte de ser contra a ideia de conversar com o prefeito. O que ele poderia ajudar? Não era problema dele o que acontecia na fabrica. Demoramos demais para fazer alguma coisa. Pergunto-me se as coisas teriam acontecido de outra forma se eu tivesse decidido o que fazer antes.

A descoberta destruiu o que ainda restava do meu coração e em frenesi não me importei com mais nada. Coloquei-me a frente da supervisão enquanto Klaudiuz não se recuperava. Com influencia e intimidação descobri os cabeças do plano de extermínio dos Algozes. Informei os Pacificadores sobre o assassinato e executei os culpados na frente de todos, com minhas próprias mãos. Eu os odiava mais do que tudo naquela época, mas me arrependo de tudo. Conseguir minha vingança não acalmou em nada o meu espirito.

Vendo o retorno de um líder a revolta dos empregados começou a se dissipar com igual rapidez com a qual se iniciou. Colocar aquele lugar em ordem era meu trabalho e, dentro de um ano e meio, eu trabalhei para isso. Durante esse tempo descobri quem eram os bem vestido que vinham até nossa casa de tempos em tempos, descobri toda a história que o velhote nunca contou para ninguém.

Os dois homens eram mensageiros da Capital. Vinham obter relatórios sobre o estado de nosso distrito e transmitir novas ordens para o prefeito, para os pacificadores e, por incrível que pareça, para o supervisor da fabrica. Admitiram-me como supervisor temporário e me revelaram coisas que me deixaram perplexo. Depois da Guerra o distrito seis experimentou muitos problemas para controlar seus trabalhadores. O poder do Prefeito não alcançava as distantes fabricas ao redor da cidade. Os Pacificadores não eram suficientes para ocupar toda a área dos bosques. A constante expansão dificultava ainda mais a fiscalização do que acontecia. Era desconfortável para Capital mandar mais Pacificadores, mas também não podiam se arriscar e deixar uma nova revolução acontecer. Assim sendo, foi escolhido uma pessoa para morar próximo as fabricas e ficar encarregado de controlar os empregados, fazendo tudo que for necessário para isso. Dentro da linha de produção ele seria tão influente quanto o prefeito, mas também igualmente subordinado a Capital.

O velhote, desde o começo, não passava de um simples fantoche dispensável da Capital. E agora, comigo ali, os mensageiros preparavam um relatório pedindo que um substituto fosse enviado. Percebi que sem o velhote eu jamais poderia continuar ali. Tudo terminaria e eu não teria mais motivos pra viver. Cada vez mais eu me arrependia de minhas escolhas e se não fosse o velhote se recuperar naquele dia algo pior poderia ter acontecido.

Os mensageiros foram convencidos a esquecer a substituição. E só então foram embora. Klaudiuz ainda estava chocado com tudo que aconteceu, mas jamais deixou de agir com sensatez . Ficou desacreditado com a morte de seus dois filhos adotivos, mas por algum motivo isso nos aproximou como pai e filho. O velho passou a pensar seriamente em convencer a Capital a me nomear novo supervisor, tanto que começou a me ensinar sua maneira tirana de trabalhar. Aceitei com bom grado seus ensinamentos, mas já não tinha a mesma empolgação de antes. Lá no fundo eu sabia que era impossível, que eu seria descartado depois que o velhote morresse. Desejava que ninguém mais precisasse se rebelar ou matar uns aos outros, mas eu, finalmente, enxergava a ruína de nosso mundo. Enxergava os verdadeiros culpados de tanto ódio. Culpado que não poupa esforços para controlar as pessoas, nem que para isso tenha que criar algo como os Jogos Vorazes que somos obrigados a assistir todos os anos. Jogos que se baseiam exatamente nesse ódio sem sentido. Pessoas se matando, isso jamais deveria ser algo banal. Eu sei por que já matei também.

Eu já não tinha mais esperanças. Acreditava que não merecia mais viver e por isso durante o restante do ano fiquei pelos cantos me arrependendo. Eu entendia ambos os lados. Meus irmãos finados eram os extremos e ninguém mais os conhecia tão bem quanto eu. Eu sabia que naquela vida não existia mocinhos ou vilões, apenas dor e perda. Não importa quanta comida você tivesse na mesa, o sofrimento era o mesmo para todos. Sempre foi, sempre será.

[Parentes]

Perdeu ambos os pais quando tinha apenas cinco anos e por isso não possui lembranças muito claras do tempo em que viveu com eles. Não possuía parentes próximos nem nada que lembrasse uma família e por isso logo ficou sem rumo. Viveria na rua se não tivesse alternativa, mas por sorte foi encontrado e adotado por um homem chamado Klaudiuz.

Klaudiuz Lokhart, um senhor que não apenas supervisiona e gerencia todos os funcionários das fabricas mas também serve de ponte entre os trabalhadores com os pacificadores e o prefeito da cidade. Um homem influente que não poupa esforços para se continuar na liderança, nem que para isso tenha que adotar crianças para ajuda-lo a ter uma melhor imagem. Fenriz foi o terceiro que ele adotou depois de Geert e Ebner, mas nem por isso o pequeno traumatizado recebeu tratamento diferenciado de seus irmãos, pois para Lokhart aqueles órfãos não passam de ferramentas. Sua real ligação com a Capital nunca ficou claro para nenhum dos garotos, mas as pessoas dizem que ele é o gerente original da fabrica, escolhido a dedo pela Capital para controlar os funcionários de uma maneira mais sútil.

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Que vida esse dois tiveram hein? Boa sorte tributos do D6.


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Notas finais do capítulo

Achei essa forma de apresentação mais simples e ate mais organizada do que a nossa.Digam se gostaram. Pois faltam mais uns 3 ou 4 capitulos para fechar as apresentações, e podemos escrever dessa forma se vcs quiserem (so que menor). Falta um pouco de dialogo,mas gostei da escrita.

Quem mando essas ficha foi a Andy (id.141432). So tenho que parabenizar vc pelas ótimas fichas.

OBS. Eles não serão favorecidos nos Jogos por causa disso, kkkk ( e nem pelo menino ser o Harry Judd - rs) /aquelas