As Cicatrizes Mentem escrita por Sereia Literária


Capítulo 5
Capítulo 5 - A Volta de Oito


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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(John)

–Anh?... Amigão, acho que descobriram a gente- comento, e BK late, já se transformando em um gigantesco animal: tem corpo de leão, cabeças de cobra, chifres de cabra e mede no mínimo uns 5 metros de altura. Parece que ele prestou atenção nas transformações de Oito.

–Então, vamos distrair esses monstrengos para dar mais tempo a Sam e Marina.

BK rosna em resposta. Quando me viro, para minha surpresa, não vejo nenhum mog.

–Parece que não fomos nós que ativamos o alarme... Mas, então, quem foi?- Estou realmente confuso.

(Sam)

Já sabemos quem se encontra lá dentro. Só nos resta entrar.

–Vamos-Marina pede, e coloca a mão na maçaneta, abre a porta e entramos.

(Marina)

Assim que entramos descobrimos uma sala ampla, cheia de botões, painéis e tubos de ensaio. Então um mog se vira. Ele está na frente de uma maca, e nela está Oito. O mog vem correndo em nossa direção com uma adaga levantada. A raiva me invade. Oito sofrendo e sendo torturado. Meu novo Legado começa a se manifestar.

(Sam)

Tudo começa a esfriar e quando o mog se aproxima de Marina com a adaga levantada, ela ergue os braços. Uma enorme estalagmite de gelo se ergue do chão e atravessa o braço do morg, que grita de dor, soltando a adaga. Então, com telecinesia, Marina pega a adaga e a joga para longe. Eu atiro nele. Depois do incidente do rouba-bandeira em que acertei Seis, não ouso atirar antes de ter certeza de que o alvo não irá se mexer. Ela corre na direção de Oito e eu também, mas antes tranco a porta, mesmo sabendo que isso não impede nenhum mog de arrombá-la ou explodi-la. Digamos que eles não são nada discretos ou delicados quanto a isso. Tudo começa a esquentar novamente.

(Marina)

Me aproximo de Oito e começo a tirar todos os equipamentos parasitas que estão ligados a ele. Em seu corpo estão colocadas milhares de agulhas, e uma máscara presa a seu rosto solta uma fumaça que ele é obrigado a respirar. Acho que é um tipo de droga que dá sonolência, pois quando tiro a máscara de seu rosto e a fumaça começa a se espalhar, meus olhos começam a ficar pesados e é quase impossível deixa-los abertos. Sam entende e cobre o nariz com a camisa enquanto desliga a fonte da fumaça.

(Sam)

Depois de eu ter desligado a fonte de gás, quando Marina volta ao normal, ela passa o braço pelas costas de Oito e segura a sua cabeça. Ele faz um enorme esforço para abrir os olhos, mas quando vê Marina, ele sorri.

(Marina)

–Sabia que podia contar com você- ele diz, arrumando uma mecha de meu cabelo para trás da orelha.

–Claro que podia- sorrio- Pensei que o tinha perdido-digo, quase chorando.

–Você não lembra?- ele pergunta, voltando ao seu tom casual de brincadeira, mas sua voz ainda soa cansada e abatida- Naquele dia, em Chicago, prometi que te daria mais dias como aquele... Eu sempre cumpro minhas promessas.

Sorrio, e é nesse momento que uma bomba explode e um recinto próximo. Ele arregala os olhos e olha para mim

–Precisamos sair daqui.

Ele está muito fraco para andar sozinho, e ainda mais fraco para nos teleportar para fora da caverna, então ele se apoia em nossos ombros.

–Valeu Sam- Oito comenta enquanto saímos.

–Não foi nada cara.

Quando chegamos perto da porta, Quatro entra e logo atrás dele vem BK.

(John)

Quando entro na sala, me deparo com Sam, Marina e Oito! Ele realmente está vivo!

–Oito!- Digo, animado-Você está vivo!

Ele, que está apoiado nos ombros de Marina e Sam, sorri e fala:

–Até parece que eu ia deixar vocês salvarem a Terra e Lorien sozinhos! Ainda vão ter que me aturar... Por um bom tempo!

É bom ter de volta o humor de Oito. Ele nem se aguenta em pé e está a beira da morte e ainda assim faz piadas e ri! BK volta a sua forma de beagle e lambe Oito, que sorri e diz:

–Também senti sua falta amigo.

–BK pode te ajudar você a andar- Sam fala. É uma boa ideia. Peço para que ele vire um tigre, e ele o faz. Ajudamos Oito a subir em BK, que o carrega com prazer e sem esforço.

–Mas, se vocês estão aqui, quem ativou o alarme?-Marina pergunta, arregalando os olhos.

Pela nossa expressão, ninguém havia pensado nisso.

–Tem mais alguém ou alguma coisa nessa caverna-concluo.

(Marina)

Então ouvimos um urro... Um urro familiar e medonho. Um piken.

–É um piken- minha voz falha, mas todos compreendem o por que.

Temos apenas um Chimaera, um humano, três Gardes e um deles não se encontra em condições de batalhar.

–O que faremos?- Sam pergunta- Lógico que além do piken deve haver um enorme exército nos esperando!...

É nesse segundo que a parede ao nosso lado é derrubada, jogando-nos no chão. Uma pedra vai cair em cima de Oito, mas Quatro a desvia com telecinesia. Estou grata, mas temos que deter esse monstro. Deve medir uns 12 metros e não imagino como possamos sair daqui com vida. Parece que a batalha vai ficar nas mãos de Nove e Seis afinal. Mas eu não me arrependo, e vou lutar.

Fico de pé e começo a esfriar tudo. Descobri como controlar esse Legado.

(Sam)

Marina se levantou e já começo a sentir frio. John corre até o poço de líquido quente e verde, o maneja e começa a lançar no monstro, que urra de dor. Marina está realmente concentrada, e a caverna deve estar com a temperatura abaixo e 0. Seu cabelo começa a se mexer, como se quisesse fazer parte dessa nevasca.

–Uau...-Oito comenta ao meu lado.

Enquanto ela cria paredes de gelo sólido que fecham as passagens para o centro da caverna (onde nos encontramos), John ataca. Nenhum mog que entrou pode sair, e todos que ficaram do lado de fora não conseguem entrar. Marina cuida dos que ficaram aqui, criando estalagmites e um frio tão intenso que é quase impossível se mexer. BK se transforma em um urso polar e vai ajudar Marina.

A essa altura, a besta está com tanto frio que não se mexe, deixando assim a parte de Quatro mais fácil. Ele somente para, caindo assim na fonte de ácido verde, urrando ao ser corroído.

As paredes que Marina construiu são tão fortes que nem mesmo os canhões conseguem abrir um buraco suficientemente grande para a entrada de morgs, mas Setrákus Ra deve estar a caminho, então acho melhor sairmos daqui.

–ISSO AÍ MARINA!-Oito comemora com um grito feliz. Marina se vira, sorrindo constrangida, mas confiante.

(John)

–Acho melhor sairmos daqui. Não vai demorar muito até que cheguem mais pikens e até mesmo Setrákus Ra.

Todos concordam.

–Mas por que caminho?-pergunta Marina, se aproximando de Oito e ajudando-o a levantar.

Pensamos, mas nenhuma ideia parece boa. Na hora em que ouvimos mais urros de pikens e passos de kraus, decido que a ideia de Sam parece melhor.

–PARA CIMA!-Digo, e BK se transforma em um dinossauro alado, um pterodátilo, para ser mais específico, e todos nós montamos nele.

BK começa a voar para cima, para o teto da caverna, e quando estamos bem perto de bater, eu e Marina usamos a telecinesia para fazer com que as colunas de madeira que sustentam a caverna caiam. A caverna desaba imediatamente, e pedras só não nos atingem por que as desviamos.

(Marina)

O ar fresco e a brisa da madrugada nos acolhem enquanto voamos.

–UHUUUUL!!!-Oito grita, animado, levantando os braços

–CONSEGUIMOS!

Eu rio e o abraço. Ele retribui o gesto.

–Seis vai ficar uma fera- Quatro comenta.

–A se vai...- Sam complementa.

Eu rio. Não estou nem aí para Seis. Salvamos Oito e estamos vivos... Eu sei que é grosseira de minha parte, mas eu mal posso esperar para esfregar na cara dela e de Nove que ele está realmente vivo e que eles deveriam ter me ouvido.

BK pousa perto da entrada da caverna. Oito já consegue andar sozinho, mas às vezes perde o equilíbrio. Eu o sustento, e ele sorri. Andamos juntos até a entrada da caverna, onde Seis e Nove esperam de braços cruzados e com semblante de desaprovação. Mas, quando veem Oito, correm até nós e nos abraçam.

Lágrimas, pedidos de desculpa e sorrisos correm soltos. Estou muito feliz, mas, para ser sincera, gostaria de não ter que dividir Oito com ninguém. Depois dos cumprimentos e apresentações, voltamos para dentro da caverna, e decidimos sair de lá logo pela manhã.

Depois que todos dormem, eu me aproximo do fogo e o fico olhando crepitar. Depois, me levanto e saio da caverna. Me sento debaixo de uma árvore e observo o sol nascente. Fecho os olhos, e quando volto a abri-los, Oito está ao meu lado. Rio para ele.

–Nem vi você chegando.

Ele sorri e me olha. Depois, encolhe os ombros como quem diz 'fazer o que?'.

–Meus poderes estão voltando-ele diz, animado.

–Senti muita falta do seu sorriso.

–E eu de você.

Fico vermelha e olho para baixo.

–Marina... Marina... –Ele para e cruza os braços-Por que você tem que me salvar sempre?- Eu rio enquanto ele continua.

– Você não se cansa disso?

Enquanto eu rio, ele se levanta e estende a mão para mim. Ainda está um pouco machucado. Eu aceito e me levanto.

–Por que não consegui te salvar, lá nos Everglades?-pergunto.

Ele pensa. Nós estamos cara a cara, mesmo ele sendo mais alto. Estou muito feliz.

–Vi como você congelou tudo lá dentro...- ele começa- Talvez tenha confundido os Legados.

Faz sentido. Nos abraçamos. Depois de um tempo, eu começo a curá-lo. Agora tenho mais controle sobre meus Legados.

–Obrigado, enfermeira Marina- ele diz, sorrindo.

E nos beijamos. Um beijo tão calmo... Finalmente meu coração está em paz quanto a Oito. Estamos juntos, isso é que importa.

–Eu te amo- ele diz. Olho em seus olhos... São lindos e vejo a sinceridade estampada neles. Ele sorri.

–Agora você pode considerar a minha ideia?-ele pergunta.

Sorrio, sem entender muito bem.

–Que ideia?

–Quero uma folga, lembra? Vamos, posso nos teleportar para qualquer lugar...- ele sorri e pega a minha mão.

Quando estou pronta para dizer que não devemos abandonar nossas tarefas, que os outros contam conosco, eu penso melhor. Nunca se sabe o tempo que temos para ficar com aqueles que amamos, e eu quase o perdi. Respiro fundo, como quem vai negar, e o encaro. Depois de alguns segundos de suspense, digo:

–E para onde vamos?

Um sorriso largo e lindo se estampa em seu rosto.

–Para onde você quiser.

–Me surpreenda- peço, fecho os olhos e nos beijamos.

Quando volto a abrir os olhos, estamos em uma linda praia... Parece aquela de meu sonho.

–TCHARAAAAM!-Ele diz, erguendo os braços e sorrindo.

Eu sorrio.

–É lindo! Já havia sonhado com este lugar...

–Sim, eu sei. Eu te trouxe aqui.

Sorrio. Só podia ser. Começo a entrar na água, e quando a água chega aos meus joelhos, eu mergulho. Vou até o fundo e deixo a água invadir meus pulmões. Quando me sento, um pequeno peixe se aproxima. Ele vai diminuindo a velocidade à medida que se aproxima de mim. Ele entra nos meus cabelos, fazendo com que eu sinta cócegas. Depois, para bem na frente de meu rosto. Então eu digo mentalmente que sei que é ele, mas Oito se aproxima ainda mais e quando vai tocar a minha boca, volta a sua forma normal. Nos beijamos. Depois ele nos leva a superfície.

–Como sabia que era eu?-ele pergunta, fingindo decepção.

–Acho que eu te conheço bem- digo, sorrindo e tento o abraçar, mas ele se teleporta. Como abraço o nada, o procuro, e o acho sentado calmamente na areia da praia.

–Marina!- ele grita- Você ainda está aí?- ele pergunta, levando a mão esticada para os olhos, como que procura uma coisa ao longe. Eu rio. Senti muita falta desses nossos momentos.

Mergulho e nado rapidamente até a praia, e quando chego lá, Oito está de pé.

Quando me aproximo dele, ele se teleporta meio metro para trás.

–Assim não vale-digo, rindo.

Ele encolhe os ombros enquanto um sorriso maroto se forma em seu rosto. Ele se teleporta e eu começo a correr atrás dele. Quando estou a centímetros de pegá-lo, ele some e reaparece mais longe. Não posso deixar de rir. É muito divertido. Quando paro para recuperar o fôlego me curvando e me apoiando em minhas pernas, ele para ao meu lado e dá uns tapinhas nas minhas costas, mas quando me viro para pegá-lo, ele já está longe. É muito difícil alcançá-lo, e é então que me ocorre uma ideia. Tento esconder o sorriso travesso que se forma em meu rosto. Quando estou prestes a pegá-lo, eu finjo que cai e me machuquei.

–Ai...-digo dramaticamente, mas sem exageros, enquanto esfrego minha perna ´´machucada``. E dá certo, pois meio segundo depois Oito está agachado ao meu lado.

–Se machucou?-ele pergunta aparentemente preocupado, procurando o machucado imaginário. É nesse segundo que eu o empurro na areia e saio correndo. Ele grita feliz e antes de cair no chão já se teleportou. Viro-me para checar sua posição, mas não o acho. É nesse instante que ele surge o meu lado e me abraça, e nós dois caímos rindo na areia. Estamos com ataque de risos, mas ainda abraçados. Quando a crise passa, estamos deitados na areia, um ao lado do outro.

–Foi um bom truque- ele diz, sorrindo- Realmente pensei que tivesse se machucado.

–Não tão bom quanto o truque de se teleportar...

Nós ficamos sorrindo um para o outro.

–Como eu passei toda a minha vida longe de você? - pergunto, e nos sentamos. Ele passa o braço ao redor de mim.

–Era exatamente isso que eu queria te perguntar, Marina.

Ficamos sentados, um ao lado do outro, apenas ouvindo as ondas do mar... Sentido o calor do sol... Esquecendo todos os problemas que pudessem nos incomodar. Recosto a cabeça em seu ombro.

–Não há nenhum lugar em que eu gostaria de estar a não ser esse e com você- eu digo.

–Idem. –Ele diz sorrindo.

E ficamos ali.

–Sabe, um dia, ouvi John falar para Sarah, que cada lorieno só ama uma vez, e que é para sempre-Oito fala.

–É- digo-Também já tinha ouvido isso.

–Eu queria dizer, que eu não sei se isso é verdade, mas sendo ou não, você é a única pessoa com quem eu quero passar o resto da minha vida.

Eu sorrio, e ele acaricia gentilmente o meu rosto.

–Eu também só consigo me imaginar com você.

Ele sorri e trocamos um beijo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixem comentários! ^.^



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