As Cicatrizes Mentem escrita por Sereia Literária


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Por favor, comentem! Quero muito ouvir a opinião de vocês e suas ideias! =)



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(Marina)

Agora, depois de Nove ter se comunicado com Quatro, estamos a caminho de West Virgínia.

–Por que escolheu este local?- Perguntei para Seis.

–É perto da caverna dos mogs. Assim podemos monitorá-los um pouco... Além de que eles não desconfiariam de um local tão próximo deles.

Concordei. A engenhosidade de Seis sempre me surpreende.

Estamos agora a somente duas horas do nosso destino. Daqui a 15 minutos pularemos do trem e ficaremos por conta própria.

Chegou a hora. Nunca pulei de um trem... Me sinto como em um filme.

–Prontos?-Seis grita para ser ouvida.

Eu e Nove fazemos que sim com a cabeça.

–Ótimo... 1,2,PULEM!-e ela pula. Depois Nove e por último eu.

Quando no ar, caindo, lembro-me de Oito... Seu sorriso... Ouço sua voz...Me sinto feliz. Tenho certeza de que, se ele estivesse vivo, me pegaria ou ajudaria... Quanta saudade... De repente, algo me apara. Forte, musculoso... Não acredito. É...

(John)

O chão começa a tremer devagar e aos poucos vai ganhando intensidade. Todos ao redor começam a prestar atenção, e de repente Adam surge, fazendo com que chão praticamente se levante. Logo metade dos guardas e policiais vão atrás dele. Os que ficaram são por minha conta e risco. Eu e BK aparecemos. BK assume a forma de um animal que lembra um dragão; corpo de lagarto, cabeça de cobra e chifres de bode. E deu certo; Todos os guardas que restaram vão atrás de nós ou saem correndo. Enquanto isso, Areal sobrevoa a prédio em forma de morcego, e quando tudo está livre, vem como uma borboleta e pousa no ombro de Sarah, que já está a dez metros da entrada mais discreta do prédio. Ela entra e tem que subir a escadaria, mas eu infelizmente não posso ajudar mais.

Depois de algum tempo, começamos a ouvir terremotos. Aquela equipe é muito fácil de segurar. Estava lá somente para conter a multidão, não portavam nenhum tipo de arma além dos cassetetes e armas de choque. Me viro para Adam, que faz o sinal com a cabeça. Agora que helicópteros se aproximam, Sarah está sem cobertura. Saímos correndo, e nenhum policial nos alcança, e nem sequer tentam. Estão muito apavorados para qualquer coisa.

Nos escondemos em um local de onde podemos ver com clareza a janela de nove; quebrada, tudo apagado. Fico calmo, até começar a ouvir disparos de armas e clarões vindos lá de cima. Me desespero, e entro em colapso quando vejo um corpo se jogando do andar peja janela. Meu Deus.

–SARAH!!!

(Marina)

Não acredito. Meu sonho se concretizou. Abro os olhos e me preparo para beijá-lo. Me viro e o abraço e digo:

–Sabia que você não ia me abandonar.

–Que recepção amistosa!-ele comenta. É então que me dou conta: não é Oito, é Nove

Eu o solto quase que imediatamente. Ele começa a rir de mim e me coloca no chão. Estou envergonhada e fico vermelha.

–Você, ah, quase se declarou!-Nove diz entre risos. Seis continua sem expressão, como quem espera Nove parar de ser tão infantil.

–Vamos- Seis fala, e começa a entrar na floresta. Nove e eu a seguimos, mas ele não para de zoar de mim. Fica rindo, e eu simplesmente paro de dar bola depois dos primeiros 5 minutos.

Começo a pensar em Oito... Em como ele era... E me lembro da cicatriz. Com certeza é a mais doída para mim, a que traz a sensação mais amarga... Mas parece que ela ainda queima... Parece que a minha perna ainda não parou de arder...

Quando chegamos a caverna Nove sai para caçar e eu e Seis ficamos sozinhas.

–Seis...-chamo

Ela se vira para mim com um meio sorriso, e entendo que ela está disposta a me ouvir.

–Sabe, ahn, a cicatriz? A que representa a morte de...-o nome dele fica entalado na garganta- de Oito.

Seis faz que sim com a cabeça.

–Eu não sei, mas parece que a minha ainda arde... Que ainda queima...

–Sim, eu sei como é... Também sinto isso...

Um minuto de silêncio.

–Pode querer dizer alguma coisa...

–Marina...

–Não Seis, escute, por favor!- Ela concorda, se endireita e me encara, então eu continuo.

– Olha, isso pode ser um sinal... Ele pode estar vivo!

–Se ele estivesse vivo, não teríamos a cicatriz.

–Sim, mas a cicatriz parece incompleta, veja- eu aponto a cicatriz- Parece ainda não estar pronta, e parece não parar de queimar! Ele pode estar morrendo!

Seis parece pensativa e seus olhos brilham de repente. Então eu percebo que ela entendeu minha ideia e está pensando nela.

–Faz sentido...

Meu coração se alegra.

–Me conte dos seus sonhos... Como eram?

Estou feliz! Ela realmente vai me ouvir! Então eu conto. Tudo, cada detalhe, e ela me ouve com o máximo de atenção.

Quando Nove chega, contamos tudo a ele. Ele ouve tudo com atenção e depois vai assar os coelhos que ele caçou. Não sei como ele consegue falar com os animais e depois comê-los.

Depois de algumas horas, os dois já estão dormindo, mas eu não consigo. Estou muito feliz. Não consigo parar de pensar em reencontrar Oito. Em seus olhos, seu sorriso, seus braços me envolvendo... Nunca me senti tão feliz. Depois de muitas tentativas, consegui finamente dormir.

´´ Vejo Oito. Está em uma maca. Me aproximo rapidamente dele.

–Oito!

Ele está fraco, com fundas olheiras, e parece a beira da morte. Instantaneamente posiciono as mãos sobre seu corpo, mas elas o atravessam.

Logo depois, Setrákus Ra entra na sala, seguido por um séquito de mogs que parecem ser médicos, cientistas e cirurgiões, com máscaras, agulhas e apetrechos. Um deles se aproxima de Oito e enfia uma seringa grossa e grande em seu braço para coletar sangue. Seus olhos verdes se arregalam de dor e ele grita e urra. Os mogs ao redor riem com deboche. Quando a seringa é retirada de seu braço, ele solta seu corpo na maca, virando o rosto em minha direção, como se me visse, e depois desmaia. Os morgs que estão ao redor continuam seu trabalho, e Setrákus Ra vem em minha direção enquanto eu me afasto.

–Vocês não vão machuca-lo!- grito na cara do monstro.

Ele sorri com deboche, como quem ri de uma criança ingênua com maldade. Um frio familiar começa a se espalhar pelo meu corpo, e começa a envolver o ambiente. A imagem vai ficando mais lenta, e eu vou me afastando involuntariamente, e isso apenas me deixa com mais raiva. Quero salvar Oito e acabar com Setrákus Ra, mas isso é somente uma visão.

De repente, estou nas ruas de Chicago, o sol quente me envolve, os barulhos de uma vida normal... Fecho a minha mão, e ela está envolta pela a mão de Oito. Abro os olhos e me viro para ele. Ele sorri, e seus lindos olhos verdes me prendem. Quero guardar a sua imagem para sempre. O tom de sua pele de cobre; seus olhos, que tem um tom de verde fascinante, um tom que eu nunca havia visto; os seus cabelos negros e cacheados; sua boca; seus ombros.

–O que?- ele sorri para mim- Tem molho de pizza na minha cara?

Eu rio.

–Quero guardar na memória.

Ele sorri para mim e aperta a minha mão. Eu retribuo o gesto.

–Eu senti tanta a sua falta... Da sua voz...-eu digo, esquecendo o fato de que é como se eu houvesse voltado no tempo, então, logicamente, ele não entende muito bem o que eu quis dizer. Eu o viro e passo a o braço pelo seu pescoço e ele me abraça.

–Por favor-peço-Não me abandone.

Ele olha em meus olhos e diz com a maior sinceridade e um lindo e encantador sorriso:

–Nuca faria isso.

Eu sorrio, e fecho os olhos.``

Acordo com um susto. Ouço alguma coisa se aproximando.

(John)

Não sei o que fazer. Sarah vai morrer.

–AREAL!-grita Adam.

De repente, uma grande águia surge. Sinceramente, só vejo a sua sombra, assim como a de Sarah. A águia a segura com as garras e se afasta.

–Areal irá leva-la em segurança para a estrada que pretendíamos usar para fugir. É um lugar calmo e sem movimento, com muita vegetação que cresce em volta. É o lugar perfeito para se esconder uma águia de 2 metros.

Quando chegamos, Sarah já está lá. Vejo que tem alguns cortes no corpo, a maioria sangram.

–Sarah-vou até ela.

Sarah me abraça.

–Eu disse que ia se machucar...

–Mas estou viva.

–Ahn, desculpem interromper o momento de drama do casal, mas, Sarah, conseguiu o bilhete?-diz Sam, meio sem graça.

Ela coloca a mão no bolso da jaqueta e tira de lá papel.

Todos comemoramos com o olhar, e logo depois começo a curar Sarah.

–Estou muito orgulhoso de você-digo a ela.

Sarah sorri. Depois de curada, ela começa a contar sobre como foi.

–O apartamento estava cheio de mogs. Para todos os lados...Consegui me esconder bem nos primeiros minutos mas depois... Eles me acharam. Por sorte, a maioria se dispersou quando John surgiu na rua.

–Vamos, os Chimaeras podem nos levar a essa caverna-diz Adam.

Então, como em um filme, todos os Chimaeras se transformaram, e cada um se encarregou de algo. BK me levou junto com Sarah, Areal levou Adam, mais dois Chimaeras levam Malcolm e Sam, e os outros ajudam levando as arcas, computadores e tudo o que salvamos da casa de Nove.

Passamos o resto da noite voando e chegamos na caverna ao amanhecer.

(Marina)

Quando abro os olhos, Seis e Nove já estão na porta da caverna. Eu me levanto apressadamente e vou até lá.

–Vocês ouvi...

–Shhhhh-Seis interrompe, levando o dedo a boca-Esperem aqui.

Ela se torna invisível e sai da caverna.

(John)

Ouvimos algo se aproximando.

–Se escondam. Vou ver quem é.-diz Adam. Nós obedecemos. Ele vai andando na direção da árvore.

(Marina)

Estamos escondidos e vemos o mog se aproximando.

–Temos que avisar a Seis-digo com medo.

–Eu é que não vou ficar aqui parado vendo uma garota lutar-rosna Nove, que pega seu bastão e vai correndo para cima do mog.

(John)

Um enorme borrão derruba Adam com uma força impressionante. Adam cai com um gemido e começa a levar fortes socos. De repente, reconheço o borrão.

–NOVE! PARE!-Grito, saindo dos arbustos. Ele para de socar Adam está com a pele pálida cheia de hematomas.

–Esse é Adam, o morgadoriano que nos ajudou a escapar-interfere Malcolm.

Nove reconhece a história e levanta-se, erguendo Adam pela gola da camisa e colocando-o no chão diz:

–Foi mal, mermão.

De repente, Seis surge dos arbustos. Eu a vejo e me encho de alegria, mas me contenho.

–SEIS!-Sam fala animado. Ela sorri

–Oi Sam- e ela se aproxima e dá nele um abraço apertado. Um sorriso largo se abre no rosto de Sam, e não posso deixar de sorrir. Depois, ela me abraça, abraça Sarah e Malcolm.

Depois, começamos as apresentações.

–Adam, estes são Nove e Seis.-ele os cumprimenta.

–Cadê Marina?-pergunta Sam.

De repente, dos arbustos, surge Marina. Ela está com um sorriso, mas depois de examinar a nós, o medo se espalha por sua expressão.

–Cadê Ella?!?-grita ela, levando as mãos aos cabelos.

Todos ficamos sem jeito, e ela entende. Seus olhos se enchem de lágrimas. Todos ficamos calados.

–CADÊ ELLA?!-Ela pergunta de novo, agora mais alto e entre soluços.

Eu dou o primeiro passo. Afinal, foi por minha culpa que a pegaram.

–Sinto muito, Marina... Eles a levaram. A culpa foi minha.

Ela desvia o olhar e depois me encara. Então, se aproxima de mim, e olhando fixamente, e diz, com decepção e amargura:

–Você... Você deixou que eles a levassem?

Abaixo a cabeça. Estaria mentindo se dissesse que não. Faço um movimento afirmativo. Ela leva as mãos ao coração e começa a chorar.

–Marina, eu... -tento colocar a mão em seu ombro, mas ela sai correndo. Ninguém tenta impedi-la.

Expiro, tentando manter a calma, mas é inútil. Me sinto mais culpado do que eu esperava.


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Notas finais do capítulo

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