As Cicatrizes Mentem escrita por Sereia Literária


Capítulo 1
Capítulo 1




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Corremos, corremos, corremos... Corremos sem nos importar para a direção, apenas querendo nos afastar daquele local, dos sons das aeronaves, do pântano... da traição.

Estamos invisíveis, e não emitimos nenhum som que não seja o dos nossos passos desesperados. Corremos cerca de uma hora até que desaceleramos ao ver uma clareira. Seis fica visível e solta minha mão, depois senta Nove na base de uma grande árvore. Todos estão apáticos, mudos.

Caio de joelhos, e no mesmo instante passo delicadamente os dedos pelas cicatrizes de meu tornozelo.´´Um... Dois...Três...``meu coração fica apertado quando toco a cicatriz que representa Oito. A carne ainda queima e arde, mas nada dói mais do que meu coração, que parece ter desaparecido. Começo a me lembrar...Do nosso passeio por Chicago...De todas as conversas e risadas que ele me proporcionou...Lembro-me então do dia em que ele queria nos teleportar para outro lugar... Faria qualquer coisa para voltar aquele momento e aceitar o convite.... Se eu soubesse...Começo a chorar, muito alto... Grito, me lembrando de tudo...

–Marina... Ele se foi. Você não podia fazer nada...-diz Seis, colocando delicadamente a mão em meu ombro.

Eu sei que ela só quer me ajudar, mas essas palavras... Eu não quero consolo! Eu só quero voltar no tempo e salvá-lo! Impedi-lo de ir aos Everglades, impedir que Seis, John e Sarah fossem atrás de Cinco!...Enterro o rosto em minhas mãos. Não queria que me vissem chorando, que vissem minha fraqueza. Seis e Nove são os Gardes mais durões... Mas eu não consigo. Nem a morte de Adelina ou Héctor me abalou tanto... Seis se ajoelha diante de mim, e, quando encaro seus olhos, fico surpresa ao encontrar lágrimas brotando e seus lábios tremendo. Ela me abraça e chora comigo. Deixo as lágrimas levarem tudo... A raiva da traição, a surpresa de um novo Legado...Mas, infelizmente, elas não conseguem levar nem um pouco da dor da perda.

´´Marina...``Ouço um sussurro ao longe. Tudo está escuro, nebuloso... Me viro em todas as direções, tentando encontrar o local de onde vem o sussurro.´´Marina...``Dessa vez soa mais alto e claro. É Oito. Meu coração pula de alegria quando grito.

–Oito!!! É você!!!-Começo a correr afastando a neblina, até que, ao longe, vejo uma silhueta. Alta e magra, mas forte. Não acredito que seja ele realmente. Meus olhos se enchem de lágrimas quando corro em sua direção. Estou perto o bastante para ver o seu rosto, com seu sorriso encantador. Ele está de braços abertos, e eu o abraço sem hesitar.

–Pensei que o tinha perdido-digo, enterrando ainda mais o rosto em seu pescoço. Ele brinca com meus cabelos.

–Marina...-ele diz, afastando um pouco o rosto de e puxando o meu delicadamente para trás. Para a minha surpresa, seu semblante está sério.

–O que houve?-pergunto.

Ele abre a boca para responder, mas eu foco em seus olhos, e eu pareço mergulhar em seu olhar preocupado. Caio dentro de seu olhar, e estou em um lugar escuro, no qual nem minha visão ajuda. De repente, o som de uma batalha ecoa ao longe e eu o sigo até ver uma luz, e então acelero. Quando chego lá, vejo de novo a cena em que Cinco atravessa Oito com sua lâmina, como um flashback...Lágrimas começam a brotar, e mesmo sabendo ser uma tentativa inútil, tento segurar Cinco, mas minhas mãos o atravessam, como se ele fosse um fantasma. De repente me dou conta de que se trata de uma lembrança, algo que não posso mudar por mais que eu queira. Tudo depois disso passa rápido... Mas não parece a lembrança que meus olhos captaram, pois eu me via correndo para a floresta... Me assustei quando vi como a raiva e o instinto tomaram conta de mim quando arranquei o olho de Cinco, e mais assustada ainda com o estrago que meus novos poderes podem causar.

´´Marina..``Ouço Oito novamente, e uma imagem desfocada de seu rosto surge em minha mente, e tudo fica claro, tão claro que tenho que estreitar os olhos. Volto a abri-los quando vejo Cinco sendo ajudado por três morgadorianos, sendo levado para a nave, e mais deles levando o corpo de Oito para dentro da nave. Ver aquilo me enoja. Não sei o que é pior, Cinco, aquele traidor ou os morgs, levando Oito para fazer alguma coisa horrível, experiências com seu corpo... Tudo isso me deixa com raiva, e a imagem vai ficando embaçada e distante quando sou levada para outro local, dessa vez, uma caverna, úmida e abafada, onde vejo um ser horrendo. Com uma enorme cabeça, altura impressionante e uma grotesca cicatriz roxa que pulsa em seu pescoço... Pendurados em seu pescoço estão três pingentes lóricos, que provavelmente pertenciam a Um, Dois e Três. De repente, uma porta se abre atrás de mim, e dois morgadorianos entram em passos apressados, e simplesmente passam por mim, assim como eu atravessei Cinco alguns minutos antes. Eles reverenciam seu líder com rapidez, que lhes revela um olhar esnobe, mas que claramente presta atenção. Eles falam em um idioma que não compreendo, mas, no final do diálogo, um largo sorriso se estampa no rosto da figura sombria, revelando dentes desalinhados e pontudos, lembrando a arcada de um tubarão.

Depois de alguns segundos, um morgadoriano entra no recinto empurrando uma maca. O corpo que ele transporta está coberto por um manto, e, quando ele o levanta, o rosto de Oito se revela. Inerte. Lágrimas brotam em meus olhos enquanto o sorriso de Setrákus Ra se alarga ainda mais quando ele estende a mão e arranca, sem nenhuma delicadeza o pingente de Oito e o coloca em seu pescoço.

–Seu monstro!-Eu grito e pulo em cima dele, sem ao menos me dar conta de que isso era inútil. Como esperado, eu o atravesso, caindo de bruços. Fico assim por alguns segundos, tentando me conformar, e quando me viro, levo um susto ao perceber que Setrákus Ra está virado em minha direção, com os olhos sombrios que parecem me enxergar ´´Ele não pode me ver`` tento me acalmar, mais isso não adianta quando ele se ajoelha perante mim, apoiando o braço sobre a perna, com um sorriso nojento e olhar vitorioso.

–Não se preocupe garota-Ele diz, olhando diretamente para mim e mexendo no pingente de Oito, que agora pende em seu pescoço junto aos outros três. -Você o verá em breve.

E então ele começa a rir vendo o medo em meu rosto. Meu medo se transforma em raiva quando tento agarrar o seu pescoço, mas tudo começa a se afastar, como se eu estivesse sendo puxada... E então sinto uma mão em meu ombro, que me faz acordar repentinamente, como quando caímos em um sonho. É Seis.

–Marina, acalme-se - diz ela, e é então que me dou conta de que foi um sonho. Estou suada, ofegante, e mal consigo respirar. Olho em volta, e Nove me encara, com o olhar que parece um misto de emoções; preocupação, medo, dor... Mas o sentimento mais claro em seus olhos é a culpa. Ele sabe que se ele tivesse ficado quieto, estaríamos com Oito e talvez até com Cinco. Seis tira a mão de meu ombro.

–Sonhei com ele-digo assim que me recupero. Olho para Nove e depois levanto o olhar para Seis, esperando uma resposta.

–Olha Marina, é super normal que você tenha sonhado com ele, afinal você e ele meio que... Bem... -Ela faz uma pausa, coça a cabeça e volta seu olhar para mim, continuando.

–Quando alguém importante para nós morre, é normal pensarmos nele. Eu sonhei muito com Katarina depois de sua morte e...

–Não. Não foi um sonho Seis... Foi uma visão - pelo o jeito com que ela me encara, percebo que ela compreende, mas que não acredita, então apelo para Nove.

–Ele queria se comunicar conosco...

Como nenhum se manifesta, falo com desespero:

–Ele precisa da nossa ajuda!

–Marina, eu sei que é difícil de aceitar, mas as cicatrizes não mentem!

–Não Seis!

–Marina, olha, tudo bem, pode não ter sido um sonho, mas quem disse que não era Setrákus Ra?-Ela diz.

–Não... Era ele... Depois eu vi Setrákus e...

–Por favor, aceite! Tudo fica mais fácil se você aceitar e usar essa situação para ficar mais forte, Marina!

Não acredito nisso. Seis está muito gélida (e eu pensando que era eu quem controlava o gelo). Ela não queria me ouvir! Quando ia começar a falar, ela começou:

–Olha, não importa agora. Eu vou procurar uma estrada... Uma cidade próxima, alguma coisa que nos dê apoio. Não saiam daqui. -E ela fica invisível.

Estou surpresa com seu comportamento, e fico quieta, lembrando-me do sonho. Seria mesmo um truque da minha imaginação? Quando penso nisso, lembro-me de Nove. Ele não disse nada desde a morte de Oito. Levanto os olhos e o observo. Está com a cabeça baixa e olhos tristes. Tenho rancor quanto as suas atitudes, mas me aproximo.

–Deixe-me examinar sua coluna-Digo secamente. Ele levanta o olhar, envergonhado e triste, depois faz que sim com a cabeça. Uso a telecinesia para virá-lo e levanto sua camisa, passando as mãos por suas costas. Fecho os olhos. Do lado esquerdo, três costelas quebradas; Do direito, cinco. Que ironia! Oito costelas quebradas. Começo a me lembrar daquele momento... Se Nove soubesse a hora de calar a boca!... Quando abro os olhos, os pontos em que minhas mãos tocam estão gelados, ficando roxos. Levo um susto e afasto as mãos rapidamente.

–Sinto muito-Digo rapidamente. Depois, pouso de novo as mãos. Dessa vez me concentro, e sinto as costelas voltado ao lugar... Nove geme de dor.

Depois passo para a coluna. Muitas vértebras quebradas... Praticamente todas as últimas, que parecem ter sido moídas! Me concentro, e quando o frio flui de meus dedos, Nove começa a gritar de dor. Ele respira fortemente, oque me faz lembrar de quando salvei Oito na caverna... Lágrimas escorrem de meu rosto, e alguns segundos depois que Nove para de gritar, tiro as mãos, percebendo que ele está curado. Diferente da maioria das vezes, meus dedos continuam gelados, mesmo depois de alguns minutos. Me encosto em uma árvore próxima e começo a abrir e fechar as mãos. É então que me dou conta de que Nove me encara.

–Sinto muito-Ele diz finalmente, me olhando de uma maneira diferente, que eu nunca havia visto em seu rosto, um olhar vulnerável.

–Eu... Não queria- continuou ele. Desvio o olhar. Estava surpresa com a demonstração, mas isso estava acabando comigo.

–Se eu pudesse voltar no tempo...Eu não...

Começo a soluçar e tento segurar as lágrimas. Nove se levanta com dificuldade e vem até meu lado, e me olha.

–Sinto muito-Ele me abraça e me deixa chorar. Eu não esperava, mas isso me fez bem.

Depois de algum tempo, Seis retorna. Está segurando uma mochila. Nove e eu já estamos mais calmos, mas ele continua ao meu lado. Eu nunca havia conhecido seu lado vulnerável. Eu olho para ele, perplexa... Ele é realmente um enigma.

–Estamos a 345 km de Nova Orleans. Vai escurecer daqui a algumas horas, então, sugiro que andemos... Depressa. - Enquanto diz isso, ela abre a mochila e joga para nós alguns saquinhos de batata e duas latas de refrigerante.

–Tem uma rodovia que passa aqui perto... Uns 5 km... Se pegarmos uma carona em uma caminhonete ou caminhão levaremos algumas horas para chegarmos à cidade. -Nove concorda, reassumindo sua postura ´masculina`, grosseira e autoconfiante. Ele se levanta.

–Então acho bom andarmos rápido, mocinhas-Ele diz com sarcasmo-Lógico, se vocês conseguirem. -Ele completa a frase com um sorriso maldoso.

–Se você continuar desse jeito eu quebro a sua coluna e não deixo que Marina o cure!-Adverte Seis. Então ela começa a andar e nós a seguimos floresta afora.

Quando nos aproximamos da rodovia a ponto de ouvir os carros e caminhões, ela estende as mão e nós as seguramos. Pulamos na carroceria de um caminhão que deve nos levar à Nova Orleans.

(John)

O apartamento está todo devastado... Ainda não acredito que eu tenha confiado em um morgadoriano, depois de tudo o que aconteceu...

–Temos que sair logo daqui-aviso. Adam pega as arcas e alguns rifles, o que me assusta.

–Calma-ele diz, jogando um deles para mim, que continuou desconfiado e apático em relação a ele.

–Você não é meu alvo-Ele sorri, tentando uma piadinha para aliviar, mas vira o rosto quando percebe que eu não estou brincando.

Me abaixo e levanto a barra da calça. Toco a cicatriz... Quem será? Seis? Oito? Sete? Eu sei que é ruim, mas eu acho que quem eu menos me importaria que morresse é Cinco... Depois de meu sonho... Depois do jeito com que ele nos trata... Então me lembro: Bernie Kosar!

Levanto em um salto, o que assusta Adam.

–O que foi?-Ele pergunta. Nem me dou ao luxo de responder, vou correndo pela escada de emergência até o terraço. Quando chego lá em cima, o vento frio me recebe. Montes de poeiras, cinzas, rifles...

–BK!!!!-Grito, esperando uma resposta. Então eu penso ´´Vamos BK, vamos!... Por favor amigão!...`` Começo a correr pelo terraço quando Adam surge atrás de mim. BK não está aqui. Em lugar nenhum. Me viro para Adam, e vejo quando ele estende o braço flexionado para o céu, e uma águia pousa nele.

–BERNIE!-Por um lado, não entendi o motivo de ele ter pousado em Adam, mas não importava. Quando me aproximei, o pássaro bateu as assas e quase alçou voo, me fazendo recuar.

–Bernie?...-nesse segundo, soube que não era ele.

–Esse é Areal-Começa Adam- Meu Chimaera.

Meus ombros caem ao mesmo tempo que caio sobre meus joelhos e começo a chorar. Adam se aproxima, e eu me viro instintivamente para ele, de maneira tão brusca que até eu me assusto. Ele olha para Areal e faz uma movimento afirmativo com a cabeça e o pássaro sai voando.

–Vamos- Ele começa-A polícia já vai chegar...

Ele é insensível, ríspido, mas eu sei que ele está certo; temos que sair daqui, não há escapatória.

–Combinei de encontrarmos Sam, Malcolm e Sarah no zoológico - Adam faz que sim e pega as arcas.

Quando me viro de costas, porém, ele pede:

–Espere um segundo- Hesito em esperar, afinal, meu primeiro instinto para quando um mog diz para que eu espere é correr, mas eu faço o que ele pede. Vejo o vulto de Areal chegar, mas, dessa vez, ele traz algo em suas garras. ´´Estique a mão`` ouço em minha mente, e eu o faço. Areal solta em minha mão uma lagartixa, a mesma que, a muito tempo atrás me observava na Flórida.

–BERNIE!-Lágrimas de alegria voltam a brotar, e meu sorriso nunca foi tão largo. Aperto a pequena lagartixa (quase morta) em minha bochecha, e logo começo o trabalho de cura. Enquanto curo BK, olho na direção de Adam, e faço um movimento de agradecimento com a cabeça, expondo um breve e pequeno sorriso. Ele retribui o movimento. É então que ouvimos o elevador se abrindo e muitos passos entrando.

Nos olhamos ao mesmo tempo. A polícia chegou.

(Marina)

´´Por favor...``Começo a olhar em volta, de repente, vejo o monstro parado diante de Oito, deitado em uma maca e preso pelos pulsos e pernas.

–Preciso de você vivo, garoto-Setrákus começa - Será muito útil.

Encho-me de raiva.

–O que você quer de mim?...-Ele pergunta com a voz fraca, fazendo um enorme esforço para dizer essas únicas palavras. O monstro somente sorri, um sorriso maléfico, medonho.

Tudo começa a escurecer, e quando pisco meus olhos, estou nos braços de Oito, naquele abraço, no momento em que eu mergulhei nos seus olhos. Uma lágrima escorre de meus olhos, e ele a limpa, sem deixar de me abraçar.

–Eu prometo-digo, olhando para baixo, mas logo levanto os olhos e continuo

–Que vou atrás de você. Juro.``

Eu acordo com um solavanco e um susto.

–Sonhou com ele de novo?-Nove pergunta. Levei um susto, e sorrio meio sem jeito.

–Ahn, como sabia?-pergunto, coçando a cabeça.

–Você falava enquanto dormia... E... Bem... Teve uma hora, que você começou a meio que...Congelar...

Desvio o olhar e toco minhas mãos. Geladas. Quando eu respiro, consigo ver o ´´vaporzinho`` de quando falamos e está fazendo frio. Olho para cima, e depois para Nove.

–Ele queria me dizer algo. -Nove parece desconfortável, por isso, mudo de assunto.

–Cadê Seis?-pergunto.

Do nada, ela aparece do meu lado.

–Temos que descer em cinco minutos. Iremos ao aeroporto e entraremos invisíveis no avião.

–Iremos para Chicago?-Pergunto.

–Eles já devem ter detonado a cobertura-diz Nove.

–É, mas temos que ir para a cidade. Duvido que John e os outros tenham saído de lá - conclui Seis.

Depois de alguns minutos, pulamos do caminhão, pegamos alguns bondes e andamos muito a pé, até que chegamos a uma placa que indicava o aeroporto. Seis está uns 20 metros na frente quando Nove se manifestou:

–Sabe, ele tinha uma afeição especial por você, Marina-Eu viro a cabeça para ele, que me olha com tristeza, e depois continua.

–Não foram poucas as vezes que ele mencionava você com carinho e ternura. Você notou como ele sempre te protegeu? Desde o nosso jogo de rouba-bandeira até as batalhas, como nos Everglades-ele para e depois continua-Enfim, ele se importava muito com você.

–Sim, eu sei...-Um sorriso se forma em meu rosto.

–Mas, você tem que aceitar que ele morreu!-De volta o Nove grosseiro com quem me acostumei.

–Ele está vivo e quer se comunicar-digo.

–Marina, eu sei que dói, mas isso é idio...

–Ei, vocês dois! Quietos, estamos chegando ao aeroporto.-Ela estende as mãos.

Embarcamos no primeiro voo para Chicago e decolamos. Por sorte, haviam algumas poltronas vazias.

(John)

–Por onde vamos?-Pergunto.

–Por aqui-responde Adam, saltando do terraço. Ele é doido, mas eu seria ainda mais se ficasse aqui. Salto também, com Bernie Kosar em meu bolso se recuperando. Uso meu poder telecinético para me segurar, e Adam faz o mesmo. Ele se aproxima de mim.

–Precisamos usar a telecinesia para nos leva ao lugar onde deixei minha caminhonete. Está a 1 km daqui.

–Não sei se consigo, é a primeira vez que faço isso- Digo, meio receoso.

–Bom, Quatro, você não tem alternativa. -E começa a se afastar. Eu o sigo.

Tenho que manter a mente muito calma e concentrada-isso é muito difícil levando em conta a nossa situação- mas eu consegui. Depois de uns 5 minutos chegamos a caminhonete, estacionada em uma rua pouco movimentada.

Quando abrimos a porta, um monte de insetos sai de lá, mas logo começam a mudar de forma.

–Mais Chimaeras!!!-Digo surpreso-Onde achou elas?

Adam olha para baixo e depois para mim.

–Invadi uma base morgadoriana e os salvei de experimentos.

Estou de queixo caído. Ele invadiu uma base do próprio povo?! Experimentos? Qual tipo de experimento?!

–Experimentos?-Pergunto finalmente.

–Sim. Explico tudo no caminho. Onde estão os outros?-Pergunta Adam.

Entro na caminhonete, que fica apertada até todos os animais conseguirem se metamorfosear em uma espécie de porte pequeno.

–Os mogs pegaram todos os Chimearas que encontraram e começaram a fazer experimentos...-Ele suspira, e eu presto atenção-Eles querem extrair as moléculas do DNA dos Chimaeras e reproduzi-lo, de modo que possam utilizá-lo nos soldados nascidos artificialmente, para que, durante as batalhas, eles possam assumir a forma que quiserem, assim como os Chimaeras.

Estou mudo. Estático. Sem palavras. O que acontece se eles conseguirem? Se eles conseguirem, será impossível vencer!

–O que vamos fazer? Como você sabe disso?-Pergunto, um pouco mais indignado e apavorado do que eu gostaria.

Quando Adam vai responder, um veículo bate no nosso. Outro nos cerca na frente e outro, pelo lado. Eles começam a descer dos carros, e nós nos entreolhamos. Temos somente uma alternativa: lutar.


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Notas finais do capítulo

Está é a primeira parte, espero que tenham gostado e que comentem!