Naquele verão escrita por Cyn


Capítulo 12
Amizade, Hem?




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Amizade, hem?

Depois desse dia tenho ficado com Travis a ajudá-lo a fazer o Gazebo. Ok, ajudá-lo não. Eu meio que o critico e riu sempre que ele falha um prego. Não me tenho rido muito, umas duas vezes no máximo e sempre que ele falha ele está a olhar para mim então…

Mas bom, a nossa amizade meio que foi bom para mim.

Já não passo a vida trancada no meu quarto, agora passo a vida com Travis a vê-lo trabalhar.

Sempre que acordo faço o pequeno-almoço para nós dois e comemos e falamos sentados no alpendre.

Zack juntou-se a nós um dia durante umas impressionantes duas horas para ver o trabalho de Travis, mas de resto somos apenas nós dois.

Em casa o ar é meio que pesado.

Zack e Jace parecem estar longe nos seus pensamentos e meu pai anda do estábulo para dentro de casa e de casa para o estábulo. Praticamente nunca pára um segundo.

Então, sim.

A minha amizade com Travis é muito melhor do que esperava.

Ele tem sido um grande passatempo.

– Devias trazer Louise um dia contigo. – Sugeri um dia enquanto ele cortava a madeira.

Ele olhou-me secando a testa com o braço. Ele tinha tirado a camisola e suor escorria-lhe pelas costas. Até todo suado ele me fazia perder a respiração e depois o seu corpo… Ó meu deus eu tenho de parar de pensar assim.

Amigos, Sam. Sois apenas amigos.

– Sim, ela também passa a vida a falar de ti. Todos os dias, sempre a mesma coisa.– Disse isso como se fosse um aborrecimento mas eu percebi pelo sorriso dele que apenas brincava.

– E eu também estou a precisar de alguém com quem passar o tempo. Está a tornar-se muito aborrecido gozar contigo.- Disse com fingida despreocupação deitando-me para trás na erva.

– Aborrecido? – Perguntou incrédulo.

Assenti e mordi o lábio para não rir.

– Eu não sou aborrecido.- Defendeu-se pondo as mãos na cintura.

Eu olhei para o céu fingindo ponderar.

– Ok, talvez um pouco… monótono?

Arrisquei um olhar para ele.

Ele abriu a boca e fechou-a fingindo raiva.

– Eu sou monótono?

Assenti e fechei os olhos aproveitando o sol.

– Monótono. – Ouviu repetir umas duas vezes.

– Vamos lá Travis. É suposto sermos honestos um com o outro e eu estou a ser completamente honesta.

– Monótono. – A voz dele estava mais próxima e abri os olhos para o olhar.

Meu erro.

Antes de me aperceber água gelada borrifou minha cara.

Gritei e levantei-me no segundo depois.

Quando a água acabou olhei-me. Estava completamente encharcada. Travis ria á minha frente como um louco.

– TRAVIS!

Ele foi parando de rir e olhou-me divertido.

– Monótono. – Disse.

Suspirei e corri atrás dele. Ele esquivou-se e fugiu de mim.

– Volta aqui.

Ele apenas continuou a rir e a correr de mim.

– Travis!

Ele escondeu-se atrás de uma viga do Gazebo e olhou para mim.

– Eu sou monótono, desculpa. Não posso fazer nada.

Suspirei e pensei.

Eu também era boa actriz.

Peguei uma garrafa de água quando ele não estava a ver e corri atrás dele apenas para fazer ver.

Quando vi que era o suficiente fingi tropeçar e cai no chão sem hesitar. Doeu, mas se é para representar representasse por inteiro.

– Sam?- Ele correu até mim e ajoelhou-se ao meu lado.- Estás bem?

Virei-me de costas levando a garrafa escondida no meu braço direito.

Olhei para cara de preocupado dele.

– Acho que torci o tornozelo.- Sentei-me e ele segurou meu pé.

– Dói?

Assenti e fiz um gemido quando ele o mexeu.

– Ei Travis?- Chamei-o.

Quando ele me olhou aproveitei e borrifei-lhe a água na cara. Levantei-me afastando-me dele e ri da cara dele.

Ele abanou a cabeça, o seu cabelo loiro caindo-lhe nos olhos.

– Desculpa, achei que estavas a precisar de refrescar. – Disse com a cara mais ingénua que podia.

Ele olhou-me durante um tempo e levantou-se correndo. Quase não tive tempo para reagir mas conseguir fugir dele.

Acontece que ele era mais rápido do que eu e apanhou-me á terceira vez.

– Quem precisa de refrescar agora? – Perguntou apanhando-me por trás.

– Travis estás todo molhado. – Reclamei tentando afastar-me do seu aperto de urso.

– Também tu.

Eu ri e virei-me para olhá-lo.

– E de quem é a culpa?

Ele fez beicinho e deu de ombros.

Ele olhou-me nos olhos. O Lindo cinzento dos seus olhos apanhou uma tonalidade de cinzento intenso, profundo e … belo.

Eu sei que nós somos apenas amigos e que… me devia afastar dele, mas sempre que ele me olha o meu coração parece reanimar para a vida. Sempre que ele me toca é como se houvesse fogo. Basta ele estar perto para o meu coração bater mais rápido.

Mas isto é um erro.

Travis é um erro.

O amor é um erro.

É um erro eu apaixonar-me por Travis.

Limpei a garganta e afastei-me dele.

– É melhor irmos.

Ele pareceu recuperar e afastou-se.

– Claro, claro. – A voz dele era rouca.- Vamos.

E voltávamos ao princípio. A nossa primeira semana da amizade foi praticamente assim.

Apenas nós dois durante horas a gozarmos um com o outro e falarmos de coisas que não tem interesse nenhum como “Achas que vai chover” ou “O que querias ser quando fores grande?”. Esta última era uma pergunta estúpida feita para crianças mas pareceu dizer muito a Travis. Apenas ele falou eu apenas disse o que senti-a.

– O que não sou hoje.

Ele sorriu-me e disse-me que era uma boa escolha. Não sei se ele me acusou de algo por eu ser o que sou, ou se foi um elogio mas também não me interessou.

Porque pela primeira vez em anos, eu divertia-me sem precisar de roubar ou fazer estupidez. Pela primeira vez em anos, eu era o que sentia. Dizia o que sentia e fazia o que queria.

E eu estava a gostar disso.


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Notas finais do capítulo

Bom? não bom?
bjx



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