Clary acordou entrelaçada com Jace em uma cama grande. Olhou em volta, e o quarto estava estritamente organizado como deveria estar. Afinal era o quarto dele.

Levantou, foi ao banheiro e lavou o rosto. Ao voltar para a cama percebeu uma sombra saindo da porta do quarto, Sebastian. Desceu as escadas e foi atrás dele.

—Está me controlando agora, irmãzinha?

—De jeito algum! É que te vi na porta do quarto.

—Estava só conferindo se estavam dormindo ainda. Não precisa se preocupar, não vou sufocá-los com um travesseiro.

—Seu senso de humor logo cedo é impressionante.

—Vou sair daqui a pouco, irmãzinha. Volto de noite.

—Posso saber para onde vai?

—Assunto meu.

Clary subiu as escadas correndo, tentou fazer o mínimo de barulho para não acordar Jace. Vestiu-se e foi atrás de Sebastian.

No início não sabia ao certo onde estava, pois eles nunca ficavam em um lugar por muito tempo, mas logo reconheceu, estava em Veneza.

Era tudo tão lindo, a cidade era o símbolo do romantismo. Ela sempre sonhara em visitar Veneza com Jace, quer dizer, com o Jace verdadeiro. Começou a se distrair com a beleza do lugar e se esqueceu do que realmente importava, o destino de Sebastian. Acabou perdendo ele de vista, o que consequentemente fez ela se perder e não fazia a menor ideia de onde estava.

Clary começou a andar por um beco escuro, pois ainda não havia amanhecido totalmente . Sentiu-se aliviada ao ver os cabelos brancos de Sebastian, o qual estava andando rapidamente em direção ao que parecia ser uma casa abandonada. Esperou Sebastian entrar e logo depois entrou também. Ficou parada escondida ao lado da porta onde ele estava.

—Como assim ele não conseguiu? Seu inútil! –Sebastian gritou tão alto e friamente que a fez pular de susto–

—Desculpe, mas aquela garota o seduziu e quando ele estava caindo, ela o chicoteou, logo o irmão dela apareceu e o matou, mas com muita sorte eu consegui escapar. –No momento em que ele falou isso Clary paralisou, o homem estava falando de Izzy e Alec. –

—Eles estão bem? Não saíram nem um pouco machucados?

—Não, senhor. -Clary se sentiu aliviada. -

— Você é um inútil, não sei como confiei em você e muito menos sei por que deveria ter piedade de você agora!

—Por favor, não me mate!

—Tarde demais. –Sebastian pegou a adaga do cinto raspando em sua calça de couro deixando uma marca e com toda a força a enfiou bem no coração. –

Clary percebeu então que ele iria embora e recorreu que estava passando perigo, porém não tinha mais tempo de correr até a porta, então entrou em um cômodo perto de onde estava e se escondeu. Sebastian parecia ter adivinhado. Entrou no cômodo, ligou a luz e ficou analisando detalhe por detalhe.

—Sabia que viria Clarissa.

Ela continuou onde estava paralisada.

—Estou ouvindo a sua respiração, irmãzinha.

Sebastian caminhou até o fim do cômodo e abriu um armário.

—Sério? Um armário foi a única opção de esconderijo?

—O que vai fazer comigo?

—Nada.

—O quê? Eu te sigo até esta casa abandonada e vejo você matar um homem por não fazer o serviço completo, ou seja, não matar Izzy e Alec e você não vai fazer nada comigo?

—Exatamente. Somos irmãos Clarissa, além disso, Jace sofreria muito.

—E desde quando você se importa com o quê Jace sente?

—Desde que eu sinto tudo o quê ele sente.

—Afinal, o quê você quer?

—Eu quero incendiar o mundo.

—Nossa, pensei que fosse algo mais terrorista, como: “Eu quero matar cada pessoa da terra com as minhas próprias mãos.”

—Que tentador! Mas eu tenho outra coisa que eu quero também.

—Que seria?

—Você.

Clary ficou congelada, um calafrio passou por sua espinha e ela teve vontade de gritar que ela ama o Jace mais que ela mesma e que ela nunca desistiria dele, mas nenhuma palavra saiu, ela apenas ficou encarando-o boquiaberta.

—Vamos para casa, Jace irá sentir nossa falta.