Nico’s P.O.V

Cinco minutos...

Cinco minutos...

Trezentos segundos...

Trezentos segundos sem Thalia por perto... Pareciam ser trezentos anos!

– Cento e vinte e um... - Continuei contando os segundos. Se a fênix disse que ela viria em exatos cinco minutos, eu tinha que me prevenir. Programei o relógio de pulso (sim. Ele faz isso... Cortesia do Valdez) e contei os segundos... Andando de um lado para o outro. Jason também contava. Mas seus pés estavam tão arrebentados que ele nem conseguia mais ficar de pé. - Cento e vinte e dois... Cento e vinte e três...

– Nico, deixa disso! A Thalia já vem. - Disse Percy. - Senta. Descansa.

Olhei para ele por exatos cinco segundos. Ele já havia se afastado, esperançoso de que eu pudesse me sentar.

– Cento e trinta e dois... Cento e trinta e três... - Voltei a caminhar de um lado para o outro. Percy bufou.

Enquanto eu ainda contava, minha contagem foi interrompida quando a abertura perto do teto da caverna se iluminou com o brilho das chamas da fênix. Ouvi Thalia gritar e me desesperei. Estava quase chorando. Meu coração corria uma maratona.

Minha respiração acelerou. Mas, no fundo, eu sabia que Thalia ainda estava viva. Meu coração ainda não havia desistido de bater... Então ela estava viva.

– Nico... Acalme-se... - Pediu Annabeth. - Ela está bem... A fênix vai curá-la...

Assenti com um nó na garganta...

Estava tudo em silêncio. Até que Leo o quebrou.

– UOU!

– O que é agora, Valdez? - Questionei.

– Cara... Olha o que eu fiz! - Ele invocou fogo na palma da mão. Mas não era fogo comum. Era um fogo dourado, que espalhava um calor confortável ao seu redor. As chamas tremularam e se transformaram em um pássaro feito de fogo.

Agindo por reflexo, toquei o pássaro, mas não me queimei. Senti que as chamas cobriam meu braço sem me queimar. O calor percorreu todo meu corpo, mas eu não senti dor. Os outros me olhavam como se eu fosse um suicida. Cheguei até a rir baixinho quando as chamas pareceram fazer cócegas.

Leo parou o fogo e me encarou.

– Cara. Você enlouqueceu?

– O que? - O encarei. As chamas nem fizeram cócegas.

– Leo... - Começou Annabeth. - As chamas não ferem pessoas que não merecem ser feridas. Elas curam os merecedores, assim como podem lhes trazer conforto. - Ela apontou para mim. - Olhe para Nico, os arranhões que ele fez na subida pela encosta do vulcão e na descida pela cratera sumiram. E as roupas dele estão restauradas... Mas... - Ela ficou vermelha como um pimentão. - Ele... Ainda continua sem... Camisa.

– Então eu posso ajudar! Mas que dez! - Ele hesitou. - Mas seria mais legal se o poder não estivesse em mim. Seria mais legal ter uma fênix.

– Sério? - Questionei. - Tipo o Alvo Dumbledore?

– Isso aí! Já pensou? Eu gostaria de ter um dragão e uma fênix! Eu seria o cara! E teria mais pessoas para conversar!

– Por que não pede para a fênix?

Ele hesitou.

– Isso é... - Ele parou por um momento. - UMA ÓTIMA IDEIA! CARA! JÁ PENSOU SE EU TIVER UMA FÊNIX PARA ME FAZER COMPANHIA? QUE DEZ!

– Só não vale dar o nome de Fawkes...

Ele bufou baixinho...

Ouvi o pio melodioso da fênix. Ela apareceu na abertura do topo da caverna e planou até o solo.

E meu coração quis sair pela boca quando Thalia desceu de suas costas. Seu sorriso radiante quando seu olhar encontrou o meu.

Sem hesitar, ela correu em minha direção e eu corri na dela. Quando nos alcançamos, eu já envolvia sua cintura e a beijava, girando-a uma vez.

– Ah, deuses... - Murmurou. - Pensei que nunca mais te beijaria outra vez. Como eu te amo...

– Você por acaso tem o direito de assustar os outros dessa maneira? - Eu ri baixinho. Lágrimas de felicidade não foram contidas. - Olha que contrato Annabeth para ser minha advogada!

Ela riu.

– Oi... Prazer, meu nome é Jason. Sou o irmão que estava mega preocupado com você. Tudo bem?

– Jason... - Thalia riu e o abraçou. Percy e Annabeth também a abraçaram.

Ela voltou para meus braços depois de alguns minutos com os outros.

Olhei para a fênix...

– Nem sei como agradecer.

O pássaro baixou sua cabeça.

– Não vê nenhuma forma?

Pensei por um momento.

– Você já saiu daqui? Voou livre por aí?

O pio da fênix foi melancólico. Ela me estendeu uma perna e, pelo leve reflexo brilhante, vi que uma algema transparente a prendia.

– Nunca... Estou presa a este lugar...

– E não há uma maneira de fugir? De quebrar as correntes? - Hesitei por um momento. - Porque estou disposto a quebrá-las. A libertar você!

A fênix piou alegremente.

– Está disposto a fazer qualquer coisa para me salvar?

– É o mínimo que posso fazer. Você a salvou. Merece algo em troca... Há uma maneira?

– Há... Você deve quebrá-las onde estão presas. Aquele é o ponto mais frágil da corrente...

– Ótimo! E onde fica?

– Abaixo do rio.

Engoli em seco... Tomara que não seja o rio em que estou pensando!

– Q-que rio?

– O rio de lava que corre pelo vulcão...

Droga!

Thalia me olhou. Os outros também...

– Ninguém nunca tentou te libertar?

– Nunca. - A fênix piou melancolicamente. - Muitos recuaram... Outros morreram tentando.

– E... Há uma maneira de entrar lá em segurança?

– Sim... A minha chama pode lhe proteger...

– Pode? Mas por que muitos morreram tentando se estavam protegidos?

– A chama não dura para sempre. A lava o consome... Mas não o destrói. É como se afogar.

– Se afogar em fogo? Que... Estranho.

– Beba apenas um gole, e terá minha proteção. Beba um gole a mais... E agonizará.

Engoli em seco. Ótimo! Vou adorar voltar a beber fogo! No Tártaro era uma delícia! Fogo que te mata afogado deve ser melhor ainda!

– Ainda vai me ajudar?

Engoli em seco.

– Vou.

– Que bom... Os outros poderão ajudar você também. Se quiserem...

– Eu vou! - Percy se levantou prontamente. Fiel como sempre... Ninguém merece!

– Eu também vou! - Ofereceu-se Annabeth.

A fênix piou novamente.

– Vocês três descerão até a parte mais profunda do rio. Não se preocupem com o oxigênio... Não será problema. Não tentem inspirar pela boca debaixo da lava. Se engolirem mais um gole, morrerão. Apenas a lâmina negra e a lâmina de bronze poderão quebrar a corrente trabalhando juntas. E é só por ali que é possível quebrar. Vocês terão meia hora!

Que maravilha!

(...)

O calor na beira do rio já estava insuportável... Minha vontade era de ficar pelado. (N/A: Não faça isso, ou uma inundação de baba vai cobrir o planeta e matar todos nós!)... Respirei fundo. Mergulhei as mãos em concha no rio e bebi um único gole. Experimentando novamente a sensação de beber do Flegetonte, que não era nada agradável por sinal...

Assim que engoli com MUITO esforço, um círculo de chamas douradas me envolveu. E em segundos uma luz laranja incandescente circulava meu corpo. Assim como os de Percy e Annabeth.

– Odeio ter que fazer isso... - Comentou Percy. - A viagem de férias não foi nada agradável!

– Você tem sorte... - Comentei. - Houve um momento em que havia tantos monstros por perto, chegando perto de mim, que eu não tive outra escolha a não ser mergulhar no Flegetonte. Eu jurava que morreria.

– Suicida. - Comentou Annabeth.

– Ótimo, Annie... Agora me diga uma novidade.

Thalia correu até mim e me beijou ardentemente.

– Vê se volta pra mim...

Eu a beijei.

– Farei de tudo para voltar se souber que você vai estar me esperando.

Ela sorriu. Leo fez um gesto de quem vai vomitar. Eu dei-lhe a língua.

– Boa sorte, cara... Vê se não morre lá embaixo!

Assenti. Cheguei o lado de Percy e Annabeth. Eles se deram as mãos. Annabeth estendeu a sua para que eu segurasse. E eu a aceitei.

Prendemos a respiração e pulamos de uma vez.

A princípio, o calor quase me queimou. Era muito quente... Insuportável. Soltei o ar devagar conforme fui me acostumando. Puxei o ar pelo nariz, lembrando-me do que a fênix disse.

Annabeth chegou ao meu lado.

– Dá para falar...

Eu a encarei confuso.

– Estranho. Mas é bom assim.

Percy chegou ao meu lado.

– Não temos muito tempo. Lembrem-se... Não puxem o ar pela boca!

Assentimos e mergulhamos juntos para as profundezas de um rio de lava.

– Quanto tempo vocês acham que vai levar?

– bem... - Começou Annabeth. - Vamos levar pela lógica... Se a fênix nos deu meia hora de proteção, significa que, se formos rápidos, o máximo de tempo que levaríamos seria quinze minutos para ir e quinze para voltar... Acho que o mínimo de tempo que podemos levar se continuarmos nesse ritmo é de dez minutos de ida e volta.

– Hey, Einstein... - Chamei. - Não precisa calcular tudo... Vou ficar com dor de cabeça.

Ela revirou os olhos e continuamos mergulhando.

(...)

– QUE DROGA! - berrou Percy. - A FÊNIX PODIA TER AVISADO QUE TINHA UM MONSTRO GUARDANDO A CORRENTE, MAS NÃÃÃÃO! TEMOS QUE DESCOBRIR TUDO SOZINHOS!

A verdade é que estávamos mergulhando. E continuamos nadando (N/Dory: Continue a nadar, continue a nadar, nadar, nadar... Para achar a solução!) (N/N: Oi, te conheço?) (N/Dory: Oi eu sou a Dory! Você gosta de jogar! Eu adoro jogos!) (N/N: Dá para tirar essa coisa daqui?). Até que encontramos uma caverna. Nadamos até lá e descobrimos que havia um jeito de retornar à superfície... E foi o que fizemos...

Assim que emergimos, encontramos o local onde estava a ponta da corrente. Ela estava presa a uma parede. Mas assim que nos aproximamos, um lindo monstro resolveu visitar. Ele era grande. Era parecido com um dragão, mas pegava fogo e cuspia lava. Em alguns momentos, ele assumia a forma de um humano em chamas (N/Tocha Humana: Oiê, me chamou?) (N/N: Caramba! Já está virando invasão!). E nos golpeava com uma espada flamejante.

– Que droga, Percy! - Gritei. - Reclama depois!

A fênix nem avisou sobre um “guardião”. Que droga!

O guardião surgiu antes que eu e Percy pudéssemos quebrar a corrente, o que foi frustrante.

– Ninguém quebra as correntes sem passar por mim! - Sim. Ele sabia falar.

O monstro retornou à forma de dragão e cuspiu lava.

Uma ideia suicida me veio à cabeça. Lancei minha espada para Annabeth. Ela entendeu o que eu quis dizer e balançou negativamente a cabeça.

– Vai logo! - Gritei quando o dragão colocou a pata sobre mim.

– Vou fazer com que você prove outro gole!

Oh, droga!

Ele cuspiu lava. Fechei os olhos e não abri a boca. O dragão saiu de cima de mim e tentou me golpear, mas arranhou meu braço, o que me fez gemer. Fiz o chão tremer e ele cambaleou.

Ele silvou e me segurou com sua pata. Depois apertou com força e me fez soltar um grito no mesmo momento em que me jogou de encontro à lava. Eu pude ouvir as correntes sendo quebradas, depois ouvi o monstro gritar e um estouro...

A lava me queimou por dentro. Eu havia engolido novamente. Tossi e gritei. Meu corpo todo parecia estar em chamas. Não conseguia respirar.

Senti os braços de Annabeth me envolverem.

Foi tudo que pude sentir antes de apagar.

(...)

– Um pouco mais de água, criança... - Ouvi a voz melodiosa da fênix.

Senti algo gelado descer por minha garganta. O que me refrescou profundamente. Foi como cair na cama depois de um dia inteiro de provas... Aconchegante, confortável... Um alívio para o corpo inteiro.

Abri os olhos devagar. Tobias segurava a pedra azul ao meu lado. Thalia estava com o rosto molhado, adormecida sobre meu ombro. A fênix estava empoleirada no meu guarda roupa. Estávamos na minha cabine...

– O... O que...

– Filho de Hades... Descanse sua voz. Está cansado... - A fênix piou. - Libertou a fênix...

– Mas a fênix não é você? P... Por que se refere a si mesma na terceira pessoa...

A ave riu.

– Não sou a Fênix de que você fala... Ela já voou para longe daqui... Finalmente livre... Mas ajudou a lhe curar antes que você morresse...

– A Fênix realizou o pedido de Leo? Você é a... Amiga dele?

– Não se envergonhe em dizer que sou a fênix dele, Nico di Ângelo... Por que eu me sentiria muito encantada se o fizesse... Ele deu-me o nome de Ignis...

– Ignis é chama em latim, não?

– Sim... - Ignis olhou para Thalia ao meu lado. - Ela chorou muito durante o tempo em que você ficou desacordado...

– Por quanto tempo apaguei?

– Dois dias... Leo ainda não conseguiu fazer com que a pedra o ajudasse a chegar à próxima...

Thalia moveu-se ao meu lado e acordou devagar.

– Oi... - Sussurrei. Ela me bateu de leve, mas tinha um sorriso.

– Ora... Como se atreve a me matar do coração dessa maneira e acordar me dizendo oi? Você acha que apenas duas letras são uma desculpa cabível para justificar todo o sofrimento pelo qual eu passei?! - Ela me beijou. - Seu idiota... Pensei que te perderia!

Eu a abracei forte. Ignis piou e voou para fora da cabine.

– Ah... - Tobias quebrou o silêncio... - A Bia vai entrar daqui a pouco... Ela também quer te ver...

Sorri e assenti. Tobias correu pela porta em direção à cabine de Percy. O resto da minha visão foi encoberta por uma massa de cabelos negros, que se jogou sobre mim.

– Papai! - Bia me abraçou forte. Ri com meu novo apelido. - Você está bem! Assustou todo mundo de novo!

Acariciei seus cabelos negros...

– E você me obedeceu e ficou no navio... Estou orgulhoso.

Ela riu sem jeito...

– Eu não ganho um abraço de bom dia também? - Questionou Thalia. Bia se jogou sobre ela para abraçá-la...

– Um dia... - Prometi a elas... - Todas as nossas manhãs serão assim... Juro pelo rio Estige.

Thalia me beijou e Bia sorriu.

– Que bom... - Thalia se espreguiçou. - Mas agora você precisa levantar...

– Ah... Espere um momentinho... - Olhei para Bia. - Bia... Eu e Thalia precisamos de um momento... A sós... Você pode dar uma licencinha?

Ela fez um biquinho e saiu. Tranquei a porta da cabine.

– Quanto tempo esse “momento a sós” vai durar? - Perguntou Thalia.

– Eu gostaria que durasse para sempre.

Ela sorriu e me beijou.