Amor Doce – Os Selecionados escrita por Kiwriah


Capítulo 1
Introdução


Notas iniciais do capítulo

Conhecendo os candidatos



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POV’s Nathaniel

Desde que seu pai pegou a carta do correio e leu-a, ele já soube que não haveria como tirar aquela ideia de sua cabeça. Para ele, seu plano já era um sucesso, o único empecilho era Nathaniel, que se sentia o pior filho do mundo.

—Nathaniel, você sabe o certo a fazer, só está dificultando as coisas. — começou o pai. — Desde que Íllea existe, nossa família tem suas metas, seus deveres, sua honra. Desde os tempos mais antigos, os nossos primogênitos se casam com nobres monarcas, por não terem chance de se tornarem príncipes. Agora, quando finalmente temos uma Seleção masculina, a tradição é quebrada porque você se recusa a preencher um formulário?!

Ele olhou para o chão, envergonhado. Estava sozinho de um lado da mesa e seus pais juntos no outro, como em um debate. Enquanto ali se passava um momento sério, Ambre, sua irmã menor, assistia TV ao lado, sorrindo por dentro ao escutar tudo. Aquela pressão se estendia há vários dias e era horrível.

Em circunstâncias normais, Nathaniel nunca faria aquilo. Contrariar seu pai nunca era bom, e não valeria a pena, a não ser que fosse seu futuro que estivesse em jogo.

A Seleção era basicamente uma disputa entre várias garotas para conseguir o coração do príncipe e uma coroa, uma espécie de reality show em que o príncipe escolhe sua esposa — tudo muito explorado pela mídia. Esse era o primeiro ano em que os sexos foram invertidos.

Olhou para seu pai. Ele e a mãe eram da casta Dois, e não entendiam que hoje em dia existiam mais formas de subir na vida e alcançar a realização pessoal do que casar com alguém. E Nathaniel fazia faculdade de direito. Prestou vários cursos para investigador e já sabia o que queria da vida. Era arrasador pensar em desistir de tudo aquilo para ser príncipe só porque seus pais queriam.

Além do mais, ir para a Seleção significaria terminar com a Melody, já que quem está no castelo não poderia ter nenhum tipo de relação amorosa com alguém que não seja a princesa.

—Pai, o senhor já se esqueceu de como é ser jovem? Eu tenho meus próprios sonhos, uma namorada e já conquistei várias coisas. Não quero perder tudo isso.

—Isso é egoísmo da sua parte, só pensando em si mesmo. Por que acha que eu e sua mãe pagamos universidade de direito para você? Porque ser rei é um futuro muito melhor que essas coisas. Você não tem juízo, é uma decepção! Acha que sua irmã faria o mesmo?

Claro que não, porque Ambre não teria nada a perder.

Hoje era sábado, um dos únicos dias da semana em que os filhos tinham permissão para sair, mas ela preferiu ficar em casa ‘assistindo TV’ só para o ver levar bronca. Aliás, não deveria ter nada de bom passando, porque ela estava assistindo... Um documentário sobre filhos que morrem sendo espancados pelos pais.

Mesmo sem querer, ele olhou de relance para o cinto de seu pai. Vai se foder, Ambre!

No fundo, ele sabia que o que importava para seu pai era o status, o dinheiro, e quando se tratava disso, faria qualquer coisa para conseguir.

­—Sinto muito, mas me recuso a ser usado desse jeito.

Seu modo de abordagem mudou de uma hora para outra. Quando seu olhar cortou-lhe, Nathaniel forçou-se a ficar ereto. Seja o que ele fosse fazer, prometeu não se arrepender.

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Não acredito que fiz aquilo.

Tremendo em seu quarto, ele repassava todas as coisas erradas que já fez na vida, todos os erros para com seus pais e sua irmã. Já não se importava com o que iria perder, apenas com a sua ingratidão por tudo o que eles tinham feito por ele.

Iria corrigir isso, fazer-se digno.

Iria para a Seleção.

POV’s Kentin

Quando Kentin contou à mãe que queria participar da Seleção, ela começou a dar pulinhos e os levou na hora para o posto de inscrição mais próximo.

Por incrível que pareça, eles tiveram que andar mais para chegar ao final da fila do que para chegar ao lugar.

Parecia que todos os jovens de 17 a 21 anos de Illéa estavam lá para se inscrever, e aquilo era um tanto estranho. Haviam desde homens loiros a negros, de cabelos espetados até cheios de gel. Alguns até tinham passado maquiagem! Ele notou, desconfortavelmente, que a maioria vestia terno-pinguim. Ele estava de suéter.

—Meu orgulhinho! —exclamou sua mãe, lhe dando um abraço. — Quem diria que estaria hoje aqui, prestes a se tornar nosso príncipe?

­—É, mãe... — Kentin disse, pensando exatamente o contrário. Aquela parecia uma realidade muito distante. — mas não estou seguro de que vou ser selecionado. Olha só quanta gente!

— Que bobagem se preocupar com isso! Sabe o que você tem que mais ninguém aqui tem? Amor! E o amor sempre vence!

Ele deu um sorriso fraco e voltou a olhar para frente. Admirava a confiança de sua mãe, mas era realista. As chances de o escolherem naquilo deviam ser uma em mil. Ou mais. Não dava pra saber! Sim, ele amava a princesa de tipo, primeira vista, mas não sabia como isso poderia ajudar.

Aliás, aparentemente, amor à primeira vista era coisa normal entre sua família: com seus pais foi assim (ele militar, ela empregada doméstica). Kentin nunca contara para ninguém que isso aconteceu com ele também. Era idiota demais!

Então ele viu um pôster da princesa colado na parede e sorriu. Depois começou a rir. É, ele estava mesmo ferrado!

POV’s Lysandre

A vida se resume em escolhas

A felicidade ou a tristeza, a vida ou a morte

Alguns têm mais portas abertas que outros

No meu caso só é preciso de um pouquinho de sorte

Para ter a chave de um novo horizonte

Um mundo encantado de cachoeiras de mel

Um céu de olhos azuis

A honra de poder se afogar

Naquele sorriso:

As portas do paraíso

Ao terminar de escrever o poema, releu a criação. Céus, ficou tão bobo! Rapidamente ele virou a folha para tentar de novo.

Depois de olhar durante um tempo para o papel em branco, elevou os olhos para além da varanda, onde se via o céu estrelado sobre a natureza viva. Os pensamentos que Lysandre tinha enquanto olhava as estrelas não eram decifráveis, mas ele amassou o papel e começou a tocar gaita. Isso o ajudava a esquecer da vida.

Aquela era uma cena muito pitoresca – alguém tocando gaita na varanda de um pequeno sítio, à melodia do coaxar de sapos ao fundo e estridulares de grilos, com um monte de insetos rondando a lamparina usada para iluminar o local. Então ele começou a improvisar um som que representasse aquele momento.

— Lindo poema, mano!

Lysandre engasgou e quase cuspiu a gaita de susto. Ele virou para se deparar com sua irmã Lisa: ele tinha quase caído da cadeira e ela estava sorrindo!

— Desculpe Lys, mas... É o amooor!!!

— Mana, por que você não vai procurar meu bloco de notas?

Ela lhe dirigiu uma cara emburrada.

— Mas você perdeu o maldito bloco de novo? É incrível que não esqueça sua cabeça por aí! Além do mais, estou aqui para te avisar que o Jornal Oficial está prestes a começar, e todo mundo está lá te esperando. Portanto não tenho tempo para essas coisas. Espero que você se lembre de que hoje vão anunciar os selecionados, né? Aliás, posso ficar com esse poema?

— Pode.

—Uhúúú! Legal! Agora vamos, pare de fazer corpo mole que já deve estar começando!

Ao chegar na sala viu a cena de toda a família apertada no sofá. Essa era a adorada população da casa: seu pai, sua mãe e os irmãos Leonardo e Lisa. Antes eles eram seis, mas há pouco tempo o filho mais velho (Leigh) arranjou um emprego de departamento de moda na província de Clermont; então Lysandre era o irmão mais velho dali e o único que tinha idade suficiente para se inscrever na Seleção.

—Sente, filho. Hoje lhe garanto que não vai cair o sinal da TV! Passei a tarde arrumando aqueles cabos velhos para não perdermos nada.

—Apenas cruze os dedos, Lys. — sua mãe brincou com o marido.

A família estava muito animada para saber se ele obteve sucesso, e conforme ele se aproximava, se espremeram ainda mais para ele poder sentar também, mas nessas circunstâncias Lysandre preferiu se sentar no braço do sofá.

Quando ouviram o hino nacional, todos se ajeitaram em seus lugares e fixaram os olhos na tela.

No fundo, um clima de festa pairava sobre o palácio todo decorado em dourado, com o logo do Jornal Oficial de Illéa escrito em um painel de luzes. À frente, a apresentadora conseguia ter o mesmo jeito informal de sempre mesmo vestida de noiva. Seus curtos cabelos repicados estavam presos em um coque solto enquanto seu microfone fora adornado com flores. ChinoMiKo deu uma piscadela simpática antes de começar a falar:

— Boa noite, Illéa! Como sabem, hoje é uma ocasião muito importante para todo o país. Durante o último mês, os filhos com idade suficiente de cada família se inscreveram nos postos de suas cidades, aturaram filas e reservaram esperanças de, nesse dia, terem seus nomes anunciados aqui. Bem, podemos dizer que o pessoal por aqui também está animado com tudo isso! – enquanto ela andava, mostrou, no fundo, o rei e a rainha. Eles pareciam, de fato, tão nervosos quanto a gente. — É agora que eu passo o buquê para Gus, nosso repórter do castelo.

ChinoMiKo passou o microfone para Algust Illéa, o apresentador das reportagens que envolviam o palácio desde que Gavril Fadaye se aposentou. Ele tinha os cabelos curtos cheios de gel, usava uma gravata com estampa de estrelas e continuou, bem objetivo:

— Boa noite, Chino. Boa noite, Illéa. Em todo esse tempo, desde que Illéa existe, o príncipe escolhe a moça com mais carisma, senso de justiça e habilidade de governar para ser sua esposa. Quando o príncipe atinge a maioridade, tem a oportunidade de escolher dentre as 35 moças selecionadas qual será sua esposa e, consequentemente, a rainha, por meio da Seleção. Mas essa é a primeira vez na história em que uma princesa se submete a esse método.

“Estamos aqui presentes com o rei e a rainha, Maxon e America Scheave, para saber o motivo dessa ousada decisão.”

Algust se aproximou dos dois, respeitosamente sentados em seus respectivos tronos, sorrindo e de mãos dadas. Lysandre não conseguiu deixar de sorrir também. O fato era que todos amavam esses dois, pois livraram o país do regime de castas e do governo opressor imposto por Gregory Illéa nos antigos Estados Unidos depois da 4ª Guerra Mundial.

Mas o estranho era que a princesa que iria escolher seu futuro marido não estava sentada junto com eles.

— É uma honra termos vossas majestades hoje no nosso jornal, Rei Maxon.

— A honra é toda nossa, Gus. — ele disse, nervoso.

— Como sabe, essa é a primeira vez que ocorre uma seleção masculina em Illéa. O que os levou a decidir que assim seria?

— Após a decisão de minha esposa e eu de não termos mais filhos, percebemos que o mais sensato a fazer seria deixar nossa primogênita como herdeira do reino. Nada então mais justo que favorecer ambos os lados deixando nossa filha escolher seu marido e dando a oportunidade de um jovem comum se tornar rei.

— Além disso, a Seleção se mostrou um método eficaz de encontrar o verdadeiro amor, e queremos isso para nossa filha. — completou a Rainha America.

—Muito lindo, majestade, mas vocês acham que os moços apresentados satisfarão suas expectativas?

— Pelo menos quanto à aparência, sim. Mas a personalidade só teremos como saber depois.

— Tudo bem, então poupar-lhes-ei de esperar mais. —Algust virou em direção à câmera. — Agora eu lhes apresento... Os Selecionados!

Sua voz animada contrastou com o silêncio na sala. Nunca antes eles estiveram tão quietos.

— Peter Lodon, de Waverly.

A tela mostrou um jovem de cabelos encaracolados e olhos claros. Seu sorriso cobria apenas metade do rosto.

— Dakota Martins, de Miami.

Quem veio a seguir foi um jovem de pele bronzeada e cabelos loiros. Lysandre achou que o fato dele estar sem camiseta foi chantagem.

– Rodrick Korman, de Carolina. Allam Smith, de Hansport. Castiel Keeper, de Kent. Wesley Lerangis, de Allens... — a partir daí, Lysandre parou de prestar atenção nos nomes para observar os rostos de seus pais. Será que eles realmente esperavam que ele ganhasse aquilo? Tomara que não se importassem tanto com isso, embora eles realmente merecessem uma condição de vida melhor.

— Aaah!!! É ele! – gritou sua irmã.

Lysandre virou no susto para olhar a TV. Não! Era mesmo ele?

— Leigh Portland, de Clermont.

Em seguida a TV parou de pegar, e, diante do chiado, o queixo de todos caiu. Seu irmão? Ele nem tinha avisado que se inscrevera!

Os pais começaram a dançar, Lisa a pular e Leonardo a andar de um lado para o outro, mas Lysandre só ficou parado no lugar. Aquela situação era estranha — ele se sentia estranho.

Quando o telefone começou a tocar, pensaram que era Leigh querendo falar com eles; mas eram tantas chamadas ao mesmo tempo, que colocaram na caixa postal, onde foram cuspidas mensagens na frente de toda a família:

“Não acredito!”

“Casa comigo!”

“Parabéns!”

“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!”

“Lysandre Portland, Paloma, ...”

Essa mensagem era diferente. Pararam para ouvi-la.

“... É com grande prazer que anunciamos formalmente sua participação na Seleção.”

POV’s Castiel

Castiel atravessou o corredor a passos largos com o barulho dos telefones latejando em sua cabeça. Desde que anunciaram seu nome no Jornal Oficial os telefones não pararam de tocar. Aliás, porque ele tinha que ter se inscrito nessa coisa?!

Ao chegar ao quarto, bateu a porta atrás de si e despencou na cama. Ele não sabia se estava numa aposta, sonâmbulo ou bêbado quando fez aquilo — e também não se importava, apenas queria voltar ao passado para dar uns sopapos no seu eu do passado.

E se ele virasse príncipe? Tivesse que cuidar de negócios? Vivesse num castelinho de conto de fadas, aprisionado?

DIM DOM

Por reflexo, Castiel amassou seu celular num golpe.

DIM DOM

Droga. Era a campainha.

— Castiel, é visita para você. — sua mãe veio avisar.

— Manda eles irem se foder.

—Venha, é um funcionário da Seleção. Só vai fazer algumas perguntas e pedir para assinarmos as regras.

Enquanto eles andavam pelo corredor, não disseram uma palavra. O clima andava tenso entre eles. Castiel não queria falar com sua mãe, pois sabia que os dois nunca iriam se entender.

Ao chegar na sala, Castiel imediatamente desconfiou de algo: normalmente o cara que vinha trazia toda a comitiva junto, mas dessa vez o homem que estava sentado tinha vindo sozinho. Ele tinha o cabelo bem curto atrás, mas na frente era de tamanho médio. A luz revelava traços azuis em seu cabelo preto, e seu olhar, revelava impaciência.

— Bom dia, senhor Castiel Keeper. — ele se levantou para fazer uma reverência tão forçada que Castiel teve vontade de empurrá-lo no chão de vez. — Se não se incomodarem, teriam uma mesa para nos sentarmos? Tenho uns papéis que preciso que sejam assinados enquanto repasso umas regras importantes.

— Pode ser na cozinha então, Senhor?

O funcionário assentiu e para lá foram.

Enquanto o homem falava e sua mãe respondia, Castiel não dedicava àquilo o mínimo de atenção. Quem vinha falar com ele nunca dizia nada que lhe interessasse, já que estava pensando em alguma forma de escapar daquele pesadelo.

Ele se perguntava em porque ainda obedecia a sua mãe: ela e o pai sempre estavam fora de casa, pois trabalhavam em aviação (ele piloto, elacomissária), e apesar de ele ser quase independente financeiramente, eles tratavam de voltar achando que podiam mandar nele. Isso tudo era extremamente irritante!

Se ele pudesse pelo menos arranjar um jeito de não participar da...

—... Precisamos que confirme se é virgem.

Castiel levantou os olhos — como é? Arrependeu-se imediatamente de não ter prestado atenção no discurso do homem de cabelo azul. Sua mãe parecia igualmente surpresa.

— Sei que parece inadequado, — ele continuou. — Mas precisamos saber se os nossos candidatos são suficientemente dignos para a princesa. Esse é um ponto muito importante dos requisitos, e não devem mentir por uma questão de honra.

Aquilo não fazia muito sentido, já que a princesa obviamente não era virgem. Isso o teria deixado com raiva se não significasse uma oportunidade. Sua mãe se recuperou e começou a falar com a voz controlada:

— Sinto muito, mas acho que vocês não podem exigir isso se...

— Não sou. — a interrompeu.

A expressão nojenta no rosto do homem continuou a mesma enquanto sua mãe virava a cabeça lentamente. Seu rosto emanava perplexidade e decepção, deixando transparecer totalmente o que sentia.

— Castiel?

Ele engoliu saliva.

— Ah, que seja! Sou virgem sim, ok?

O homem anotou algo no papel e a mãe deu um suspiro aliviado. Por que ele fizera aquilo? Provavelmente não haveria uma chance dessas de novo!

— Illéa agradece a sua resposta. — disse o funcionário. — Bem-vindo à Seleção, Castiel.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?Aqui nessa fanfic, o garoto que vocês preferirem será o favorito do povo, então não deixem de comentar em todo capítulo qual paquera você prefere que fique com a Merida, ok?



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