Amor Doce – Os Selecionados escrita por Kiwriah


Capítulo 2
Com quem será?


Notas iniciais do capítulo

A festa de 18 anos



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POV’s Merida

— Acorde, alteza! Hoje é o grande dia!

Ainda meio dormindo, Merida sentou-se na cama. Antes que ela abrisse os olhos, as criadas já estavam penteando seu cabelo e jogando água em seu rosto mal-humorado.

— Hoje é o dia que me prometeram poder dormir mais?

— Hoje é 13 de setembro, seu aniversário, e já são 15 pra meio dia.

A princesa arregalou os olhos e, ao abrir a boca, engasgou com a água. Suas tossidas apavoraram as três moças.

— O que estão esperando? Vão ajudá-la! — Jeine ordenou à suas colegas.

— Não precisa, estou bem! —tossida— Só não sabia que já era tão tarde. Tenho tantas coisas a checar que devia ter acordado às seis horas! Checar a decoração, a lista de convidados, os doces que serão servidos...

— Então, nesse caso, pode ficar tranquila. — Katerine aliviou-a — Nós já cuidamos de boa parte das tarefas para você. — ela lambeu os beiços — Os cupcakes estavam tão bons...

— Vão servir cupcakes na minha festa?

— Eleanor! Venha me ajudar com o vestido! — pediu Jeine.

Enquanto as duas desamassavam e colocavam nela o vestido, Katerine lhe prendia os cabelos louros avermelhados. Merida tinha ficado até tarde cuidando de alguns assuntos urgentes do reino, mas graças a suas empregadas, a única tarefa que ela mesma tinha que fazer agora era escovar os dentes.

Essas eram suas criadas:

Jeine, a líder, que era muito mandona;

Katerine, a esquecida, que era engraçada;

E Eleanor, a perfeccionista que não falava muito, mas era talentosa.

Merida amava de coração essas três, apesar de não demonstrar muito. Elas tinham quase a sua idade e pareciam deixar tudo mais interessante, então se afeiçoou a elas rapidamente.

Em menos de dez minutos a princesa já estava pronta, se olhando no espelho. O vestido do dia era verde escuro, não preto, porque diziam que começar sextas-feiras 13 com essa cor era mau agouro. Merida simplesmente vestiu o que quiseram — apesar de não ligar para essas coisas — porque não custava nada. Além do mais, o vestido era de várias camadas, pesado e estufado: o tipo de vestido que ela mais gostava.

Como ainda estava atrasada, deu uma volta rápida e saiu em direção à porta do quarto.

— Alteza?

Era Eleanor. Merida se virou para escutar o que ela queria falar.

— Os tênis. Não seria melhor colocar salto alto, hoje?

Ela olhou para os seus pés e não conseguiu vê-los, pois o vestido era grande e pesado, como todos os outros que ela costumava usar com tênis.

— Eleanor... como você conseguiu ver?

—­ Pelo seu jeito de andar, pelo vestido arrastando no chão, pelo...

— Ah, tá bom. Vou tentar usar salto hoje, mas só porque é um dia especial.

Depois de fazer o que Eleanor pediu, ela saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

Enquanto o tinir de seus saltos ecoavam pelo longo caminho até o salão onde tomaria seu café da manhã, Merida pensou em sua vida, os 18 anos que se passaram. Ao ver os enormes corredores, intactos desde antes de seu nascimento, com ar cético... Parecia um lugar tão vazio... Quase paranoico. Aquele lugar não refletia nada dela. Era apenas um lugar que não mudou nada ao longo dos anos de sua vida, como se ela não tivesse conquistado nada e o mundo não se importasse com sua presença.

E simplesmente era aquilo.

Aos sons dos ecos dos corredores, teve vontade de sair dançando para aliviar o estresse, mas infelizmente isso não era adequado a uma princesa. Usar tênis também não era, e seu pai vivia dizendo que ela não deveria fazer isso, mas ela e sua mãe usavam e ele nem percebia — Essa era uma das muitas coisas que as duas tinham em comum.

America Singer era da casta 5 (uma antiga classe pobre) e tinha que lutar junto com os pais para a sustentação da família. Isso tudo mudou quando ela foi convocada para A Seleção, onde fez o Príncipe Maxon se compadecer da situação das classes inferiores. No fim, além de ter sido uma agente da liberdade, também conseguiu um marido.

Merida admirava profundamente sua mãe, mas às vezes imaginava como teria sido ter nascido como uma plebeia comum. Pensava se teria sido diferente. Se ela seria mais feliz hoje se tivesse tido mais liberdade quando criança, se seria uma adolescente normal sem a imprensa.

Droga... Era pra esse ser um dia feliz.

A princesa estava tão absorta em seus pensamentos que só notou a presença de outra pessoa quando ela gritou:

—Merida! Estou tendo uma miragem?

Ao levantar os olhos, ela viu uma garota alta junto a sua equipe, ao longe. Rosalya estava no castelo de novo! O cabelão da menina balançava de um lado para o outro enquanto ela corria — para em seguida as duas se encontrarem num abraço.

— Meu Deus! Você que é uma miragem! Tem noção de quanto tempo esteve fora?

— Desculpe, não tenho, mesmo. Arranjei um emprego em Lindsey e, de repente, você está aí fazendo 18 anos!

— Ah, não é nada, não.

— É sim! Sou uma velha! Devo estar com Alzheimer, e agora estou com os cabelos brancos de preocupação de que você não me perdoasse por ter esquecido do tempo!

— Seus cabelos sempre foram brancos.

— Isso não conta!

As duas riram.

— Puxa! Eu estava te procurando por que, mesmo? — ela mordeu os lábios, tentando se lembrar, quando reparou na almofada de alfinetes que carregava no pulso. —Ah, claro! Voltando ao trabalho, trouxe alguns modelitos diferentes para renovar seu guarda-roupa nessa nova fase da sua vida. Vamos provar?

Merida levantou as sobrancelhas, e em resposta, Rosalya a puxou para perto de sua arara de roupas.

Os estilistas de sua equipe escolheram bons vestidos, entendiam das tendências e eram muito eficientes, mas Rosalya se destacava naturalmente — não só pelo cabelo e pelos olhos amarelos, mas pelo jeito dela. Teoricamente, era para Merida e Rosa terem apenas uma relação profissional, mas o jeito aprontão da menina fez com que se tornassem quase melhores amigas. Pena que ela vivia de um lado para o outro.

Naquela tarde, Merida provou muitos vestidos e tirou fotos em diferentes lugares para seu álbum de 18 anos. Ela também conferiu os detalhes, assinou alguns termos e respondeu a entrevistas. O dia foi corrido, mas não estressante.

Quando se deu conta, já era de noite. Então tomou um banho rápido para poderem lhe aprontar a tempo de receber os convidados.

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Após balançar a cabeça por alguns minutos, Merida se sentia um daqueles bonequinhos que colocam no carro. Ela tinha que recepcionar os convidados um a um com um aceno leve, e a fila parecia não ter fim.

Juntamente com os agentes da imprensa, a princesa cumprimentou os convidados no salão de entrada. Sua comitiva incluía, também, alguns guardas, pessoas que iram ajudar na diplomacia e os filhos dos amigos mais próximos (que também eram assistentes) de seus pais. Sua irmã mais nova, a Docete, também quisera estar lá naquele momento.

Quando o final da fila chegou às portas do castelo, foi bem a tempo de Diana, filha de Carter e Marlee, não explodir.

— Merida, você reparou em algum dos convidados em especial? — perguntou Diana, puxando seu melhor amigo Parker para junto delas.

— Como assim?

— Aff... Diana! — o menino cobriu o rosto com as mãos. — Vem, para com isso.

— Desculpe, Merida. Só me diga se não achou ninguém bonitinho. Tipo... Se você achou o seu príncipe encantado!

— O quê?! — ela começou a rir da brincadeira da amiga. — Qual é a sua, Diana?

— Ah, tá bom, desisto. É que eu e o Park achamos uns caras da fila mega-divosos...

— QUÊ?! Eu não tenho nada a ver com isso! — mesmo rindo, ele protestou.

—... E queríamos saber se você não achou também.

Diana deu um sorriso e Merida gargalhou. Não porque não achou ninguém da fila bonito, mas pelo jeito dela, que parecia nunca ter visto um cara bonito na vida! No castelo, isso não era novidade, e isso só provava que a menina não tinha nenhum jeito de realeza.

— Há, há! Acho que poderíamos falar sobre isso outra hora. Além de ser mais apropriado, ainda pouparíamos o Park.

— Obrigado, princesa. — ele sorriu.

Antes de ir para a festa em si, Merida passou no camarim para trocar de vestido. As empregadas lhe tiraram o usado no início da festa para receber os convidados e colocaram um vestido mais chique para a parte formal da festa.

O planejamento era o seguinte: A festa era dividida em três partes — recepção, formal e informal. O vestido laranja ornamentado usado no começo, o roxo colado usado durante, e o Lolita preto usado no final, simbolizavam, juntos, o pôr do sol e também as fases da vida.

Especialistas em maquiagem passaram nela pó e lápis, usando sombra roxa e prateada para chamar atenção aos olhos azuis. Uma seda púrpura lhe foi ajeitada aos ombros e do nada, ela parecia mais velha ao se olhar no espelho.

Quando se é uma princesa, chamar a atenção é inevitável, mas os outros não pareciam ligar muito para seus problemas quando faziam aquilo com ela.

De volta ao salão principal, ela encontrou seus amigos conversando com a família real italiana e foi logo para junto deles.

Durante a festa eles foram conversar com representantes de vários países, e, se tratando de convidados importantes, Merida tinha que tomar muito cuidado para não afetar as relações internacionais. Por isso não disse nada em resposta às risadinhas que lhe mandavam de atravessado. O humor dela foi ficando pior noite adentro, pois estava cansada de lidar com esse tipo de atitude.

— Diana, poderia me esperar por um tempo aqui com os Marrilyan? Já volto.

Depois de um educado pedido de licença àquela família com quem conversava, Merida se dirigiu à mesa de drinques e pegou uma taça de alguma batida alcoólica. Enquanto bebia aquilo pela primeira vez, apoiou-se na mesa para visualizar o salão de festas.

Observando as pessoas, viu que a maioria estava bem animada, com uma bebida na mão. Também havia mais jovens bonitos que o normal, e por um momento pensou no que Diana falara. Vários tinham pintado o cabelo de outra cor e pareciam ter saído de uma revista. Quando viu um menino de cabelo castanho olhando pra ela, ficou vermelha, mas em seguida ele desviou o olhar.

Aquilo estava muito estranho MESMO. Olhando melhor, percebeu que as pessoas estavam na sua, mas vez ou outra olhavam para ela com um sorrisinho. Parecia que todos sabiam um segredo que ela não sabia, ou que estavam fazendo uma conspiração para matá-la. O que estava acontecendo?!

— Alteza — chamou um dos funcionários, a despertando. — Já é meia-noite, e o rei e a rainha solicitaram sua presença no palco.

Ao subir na plataforma de luzes, Merida ouviu aplausos. Só ao ver seus pais, Maxon e America Scheave, percebeu que ainda não os tinha visto o dia inteiro. Eles sorriram e a encorajaram a seguir em frente com um microfone. Ela não sabia que teria que fazer um discurso hoje, e ficou indecisa entre dizer o que pensava da festa ou falar algo só para agradá-los.

— Boa noite a todos! Fico agradecida por terem reservado um espaço em suas agendas lotadas para virem a essa festa. — ah, eles a estavam olhando de novo com aquele sorrisinho! — O aniversário de 18 anos é sempre algo muito esperado por uma garota. Não só pela comemoração, mas também pela mudança de fase na vida que ele representa. Espero poder atender às expectativas de meus pais quanto às responsabilidades e ajudar no que puder quanto ao reino. — olhou para frente, sem saber mais o que falar. — Essa festa está tendo muitas surpresas para mim. Não sabia que teria que fazer um discurso!

Os convidados riram e Merida sorriu.

— Bem, é isso. Obrigada mais uma vez por terem vindo.

Tomando cuidado para não pagar um mico tropeçando ou algo parecido, entregou o microfone de volta aos pais.

— Obrigada, mãe. Obrigada, pai.

— Volte lá na frente, querida. Ainda não acabou.

Antes de seu pai terminar de falar aquilo, as luzes se apagaram. Assustada, Merida olhou na direção das pessoas e viu que as velas de seu bolo de aniversário estavam acesas.

Ela também não sabia que iam cantar parabéns!

Parabéns pra você

Nessa data querida

Muitas felicidades

Muitos anos de vida

Sorrindo, ela acompanhou a música. É que cantar parabéns não era algo comum em festas da realeza, então por um momento se sentiu uma garota normal. Aquilo era quase relaxante.

Algo depois a surpreendeu ainda mais.

Com quem será, com quem será...

Com quem será que a Merida vai casar?

Vai depender, vai depender...

Vai depender de quem, na Seleção, escolher!

Tampando a boca com as mãos, Merida sentiu a luz dos flashes em seu rosto. Holofotes se acenderam, destacando alguns garotos entre a multidão.

Ela se obrigou a permanecer em seu lugar, mesmo em estado de choque. Esperou o tumulto abaixar. Apenas assentia com a cabeça qualquer coisa que alguém falasse com ela.

Na primeira oportunidade, foi para o quarto e trancou a porta.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da Merida!
Espero, também, que não queiram me matar por ter demorado tanto para escrever o capítulo.
Quais as primeiras impressões dos personagens?



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