Eu simplesmente não estava acreditando no que tinha acontecido ontem! Parecia tudo tão surreal e mágico de mais para ser verdade; ainda mais para alguém como eu, que vivia arrastada por este mundo sem nunca alcançar um nível extremo de felicidade... Porém tudo isso é passado! Por mais que nunca venham as coisas boas que aconteceram antigamente de novo; os momentos bons e felizes (principalmente os que passei com o meu irmão); acho que estou mais do que pronta para viver coisas novas!

E lá estava eu; em plena tarde, na cidade que é coberta por nuvens e tem um clima chuvoso denso. Sentada em minha cama, tentando ler um livro que André me deu. Um que havíamos achado no chão ontem; ele estava todo molhado na frente de uma casa de madeira fúnebre.

O livro tinha um título muito agradável e chamativo. Pelo menos para mim que gostava um tanto de poesia... Ele se chamava: Brilhantes Memórias de uma Mente sem Lembranças. E tinha uma carta na capa; algo que de certa forma, também me chamou a atenção. André é mesmo incrível! Eu nunca teria encontrado este livro se... Na verdade foi ele quem encontrou o livro! Como eu disse, incrível!

Ótimo, até ai tudo bem. O único problema é que eu não conseguia le-lo; por conta de tudo o que aconteceu ontem... Sério, não consigo parar de pensar nisso! Pois eu tenho mania de me pegar pensando e rindo sozinha enquanto estou lendo; porém não por conta da história; mas sim pelas memórias que flutuam em minha mente embaralhada.

E quando finalmente eu iria começar a prestar atenção no que estava escrito no livro; meu celular toca. Logo um sorriso aparece em meu rosto, quase sem caber; quando eu vejo a foto dele, a qual havíamos tirado ONTEM. E sem pensar duas vezes, atendo:

–Oi, é a garota mais linda desse mundo? - disse André com sua voz doce e alegre.

–Não. - menti imitando e voz do meu pai. - Aqui é o pai dela.

–Ah... - ele caiu! - Eu sei que é você! Acha que não conheço todos os tons da sua voz? - Ou não...

–Ah... Não vale! Poderia ter pelo menos fingido!

–Me desculpa... Mas e agora que tal um... - eu o corto.

–Nada disso! Sou eu quem escolhe desta vez!

–Tudo bem... Só me diga a hora e o lugar.

–Hm... - penso. - Então, é surpresa!

–Isso sim não vale! - ele parecia desapontado.

–E quem está dizendo? Não é o rei das surpresas? - o lembro.

–Mais ou menos... Que tal o psicopata que tem problemas de respiração? - ele mesmo se zuava...

–Fofo, agora tenho que desligar. - não queria mesmo desligar!

–Mais já? - disse manhoso.

–A surpresa se lembra? E antes que pergunte, se arrume e fique na frente da sua casa em alguns minutos.

–Mais alguma regra senhora?

–Sim, não demore e... Nada de motos!

–Nada de motos?

–Isso mesmo, caminhar é sempre bom; e também muito menos assustador.

–Está dizendo isso só porque é uma medrosa.

–Sou mesmo; só com as motos!

–Sei...

–Tudo bem, então até daqui à pouco psicopata lindo, estou ansiosa.

–E eu mais ainda! Tchau marrentinha, estarei aonde você mandou.

–É claro que estará.

Desligo; antes que ele pudesse dizer mais algumas das suas frases lindas; e eu tivesse que supera-lo; até que nunca sairíamos do telefone.

Mas agora tinha um problema maior; onde eu iria leva-lo? Sei que disse que sabia, mas eu menti; só queria pelo menos uma vez surpreende-lo.

Então levantei da cama em um pulo; me olhei rapidamente no espelho e decidi me arrumar; afinal não estava muito apresentável. E também, talvez tivesse alguma ideia olhando para meu guarda roupa; sendo a roupa com que me sentir melhor, ser a base para o lugar onde iriamos; um bom jeito de ter ideias... Nossa nunca pensei que poderia gostar tanto assim de roupas! Sou eu mesmo? Estou me sentindo muito diferente até para mim mesma! Mas isso não deve ser ruim, afinal é um diferente bom.