Dear You escrita por CClarice Phantomhive


Capítulo 2
Dear You - Second Letter


Notas iniciais do capítulo

Não se preocupem se estiverem no Anime Spirit e encontrarem essa fanfiction, eu estou postando ela nos dois lugares.



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"Querido Você,

Enquanto escrevo esta carta, estou sendo um pouco intoxicado com uma certa fumaça de origem desconhecida, que não sei como invadiu esse local. Nos últimos cem anos aproximadamente. Não sei há quanto tempo estou aqui, mas deve ser mais ou menos isso — eu estive procurando uma saída desse local estranho e nunca encontrei. É um local bem fechado. Sem janelas. Não faço ideia de como essa coisa entra aqui, mas não tem um cheiro muito bom.

É como sangue podre vaporizado. De uma alma podre, daquelas em decomposição. Eca.

Bem, inalando essa fumaça de origem estranha, não posso garantir que vou escrever essa carta em minha perfeita sanidade, mas quero deixar claro que eu não estou louco. Ainda. Eu acho.

Eu também gostaria de deixar claro que estou escrevendo minha segunda carta com um sorriso no rosto. Porque é importante. Você me disse uma vez que "As pessoas fortes devem sorrir até o fim", e eu quero ser forte. Eu quero ser como você.

Isso me lembra do desejo que fiz para aquela estrela cadente uma vez, lembra?

É claro que você não lembra. Escrever essas cartas é como registrar um monólogo insano ao passar do tempo, já que você não está aqui. E provavelmente nunca vai voltar.

Mas se estivesse aqui, eu perguntaria qual foi o seu desejo naquela noite. Você nunca chegou a me contar. É uma pena, porque eu gostaria de saber. Mas seja lá qual for, eu quero que ele se realize. Eu realmente gosto muito de você. E eu quero que você esteja bem.

E com certeza quero que esteja melhor do que eu. Porque francamente, ficar trancado em um cubículo esperando ser dominado pelas trevas e pela insanidade não é bem uma visão de uma vida feliz."

Eram aproximadamente 22:00 da noite, e Sebastian se encontrava em seu minúsculo quarto. Não era muito maior do que o quarto onde Claude estava quando escreveu aquelas cartas, mas pelo menos ele não estava preso e sendo dominados pelas trevas, escrevendo cartas sem esperança de que um dia elas fossem encontradas.

O mordomo demônio estava sentado sobre a cama. Ele não sabia exatamente quantas cartas seu finado irmão havia escrito enquanto estava preso, mas foram cartas suficientes para encher duas gavetas da pequena cômoda que estava reservada para ele.

E sim, Sebastian se lembrava do evento que Claude citou na carta que ele lia. Ocorreu quando ambos eram bem mais novos, há aproximadamente dois mil anos atrás.

–----------- Flashback ------------

— Onii-chaaan! Olha! Olha aquilo! Vem veeeer!! — o pequenino de olhos dourados pulava empolgado, deixando o irmão (não mais que alguns minutos) mais velho curioso e o fazendo ir em sua direção.

— O que é? — perguntou curioso o de olhinhos vermelhos, subindo a montanha logo atrás do gêmeo.

— Olha! Olhaaaa! O céu está tão bonito hoje!! Tem tantas estrelas que parece que elas vão chover na gente! Vem caaaá! — o menor apontava para o céu mostrando as inúmeras estrelas que podiam ser vistas. O outro sorria ao ver toda a empolgação de seu irmão. — Olhaa! A estrela está caindo!! — o pequeno arregalou os olhos dourados fazendo o mais velho rir.

— Não está caindo, bobão. É uma estrela cadente. — o mais velho tentava conter a risada enquanto o outro fazia um biquinho e uma carinha de curioso.

— Estrela cadente? — o mais novo enchia as bochechinhas de ar, fazendo um bico ainda maior e mais fofo.

— Sim. — o mais velho pôs-se a contar o que sabia, sempre com o ar elegante e intelectual que sempre possuíra — Dizem que se você fizer um pedido à ela, ele se realiza.

— Oh... então... eu quero ser igual a você, onii-chan! — o mais novo disse, fazendo o outro arregalar os olhos vermelhos com surpresa.

— E-eh?

O de olhos dourados sorriu calmamente.

— O onii-chan é tão forte, tão inteligente e tão rápido... você é incrível. E eu... eu não sou tão incrível. — ele olhava para o chão enquanto falava, ainda com um sorriso de canto — Mas se eu for igual a você... então... eu vou ser incrível também.

O irmão mais velho, ainda estava surpreso. Estava lisonjeado com a admiração do irmão para com ele. Mas antes que pudesse esclarecer algo como "você já é incrível", o irmão cortou sua fala.

— E você?

O de olhos vermelhos riu baixinho.

— Eu não posso contar. — um sorriso agora se instalava em seu rosto.

— Por que não? — perguntou o mais novo voltando a fazer bico e arqueando a sobrancelha.

— Senão o desejo não se realiza, bobo. — fechou os olhos segurando o riso.

— Eeeeeeeh?! E você só me diz agora?!

–------------------------

Sebastian riu baixinho.

Mas de fato, como Claude sitou na carta, Sebastian se deu conta de que nunca tinha contado a Claude sobre seu desejo. Talvez isso não importasse muito agora, visto o rumo que as coisas tomaram no final. Mas mesmo assim, Claude se lembrou. Enquanto as trevas o consumiam lentamente o fazendo esquecer até mesmo seu próprio nome, ele se lembrou que o irmão não havia contado seu desejo.

No fim, Sebastian não sabia muito bem se seu desejo havia se realizado. Mas quem sabe.

Naquela noite, o de olhos vermelhos pediu que todos os desejos de seu irmão se tornassem realidade.

" Bem, eu me pergunto se o seu desejo se realizou no final de tudo. Se toda essa espera silenciosa e todo o seu suspense pelo menos serviu para alguma coisa.

É engraçado, eu poderia simplesmente ter me esquecido de qual foi o seu desejo, já que já me esqueci de tanto ao longo dos anos. Mas tenho certeza de que eu nunca soube.

Mas será que isso realmente importa? Ou será que nada mais importa?

Pode ser ridículo, mas eu ainda sinto que vou te ver de novo. Uma pequena estrelinha de esperança em todo esse céu negro e sombrio. Uma estrela cadente, mas que lentamente desce. Bem lentamente. Como uma contagem regressiva para meu último adeus.

Uma contagem que já começou desde que escrevi est...."

A segunda carta terminou aí. A palavra não foi encerrada, apenas um rabisco, como se Claude tivesse caído antes de terminar de escrever. Não tinha mais nada nessa carta. Não haviam despedidas, e nem a assinatura do "Eu" do final da primeira carta.

Provavelmente, Claude foi intoxicado pela fumaça estranha que inalou por tanto tempo enquanto escrevia a carta.

Sebastian a dobrou e surpreendendo a si mesmo, abraçou a carta. Como se pudesse pegar um frágil e adormecido Claude nos braços, que tinha acabado de desmaiar sem terminar de dizer o que estava falando. Sebastian olhou pela janela de seu minúsculo quarto e pode ver uma estrela cadente. Suspirou.

E fez um desejo.


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