Circus escrita por Black


Capítulo 4
Frio


Notas iniciais do capítulo

Tivemos nossa primeira recomendação *-*
Muito obrigado a Filha do Pescador (u/398760/) e sigam o exemplo dela ein pessoal. Esse capítulo é todo seu querida, espero que goste.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514039/chapter/4

Três dias, foram necessários três longos e dolorosos dias, na opinião de Perséfone, para que Hades fosse visitá-lá. O ar no quarto não era dos melhores, o céu do mundo inferior estava cinzento aquele dia e a própria Perséfone estava estirada na cama, dentro de um vestido cinza.

Por debaixo de algumas camadas de tecido, sua perna latejava, também não era para menos, o local onde Hades lhe fincará um lápis estava vermelho com alguns pontos roxos, não cicatriz por causa do lápis e não parava de verter icor. A morena nunca acreditou que deuses pudessem morrer, mas passou a ponderar a ideia de que teria de viver sem uma das pernas.

Se antes a presença de Hades a assustava e a deixava inquieta, agora vendo-o apenas alguns centímetros de si, percebeu que tremia dos pés à cabeça. O leve arrastar de sua capa negra no chão, fazia com que a pressão de Perséfone baixasse e que seu coração pulasse alto no peito, e isso não era uma coisa boa.

Nos dias que esteve em total repouso não recebeu a visita de Thanatos, e por mais que negasse, sentia falta de alguém para conversar. Não que Hipnos fosse uma companhia ruim, o problema era que, ele só ouvia, era um bom ouvinte, mas péssimo na arte de contar piadas e as únicas histórias que o loiro sabia, envolviam peixes e algodão. Então para Perséfone, esses três dias foram um saco.

Passou grande parte de seu tempo alimentando o ódio que sentia pelo deus do Mundo Inferior, se achava idiota por ter se deixado ser pega em uma armadilha tão simples, ou pior, ter cogitado a ideia de que um simples lápis de colorir surtiria algum efeito contra Hades.

Realmente era uma boba.

Mas, nada havia a preparado para vê-ló novamente cara a cara, todas as coisas que jurava fazer com o mesmo, caso o visse novamente, perderam força em sua mente. Engoliu as palavras, levando junto as letras e o discurso que havia preparado para o fundo da garganta, simplesmente estar na frente de seu tio a deixava estática, e isso de longe não era bom.

– Como está? - Hades perguntou a olhando, melhor, a devorando com seus olhos negros.

Poderia ser coisa de criança, ou só uma birra de adolescente que estava com raiva, mas Perséfone não respondeu aquela pergunta e não responderia nenhuma das outras que viriam a seguir, disso ela tinha certeza, e tal fato irritou e muito certo deus.

– Eu estou falando com você - Hades grunhiu - Não vai falar? Ótimo. Que grite então.

Sendo consumido pela raiva, sem delicadeza nenhuma Hades levantou o vestido cinzento da deusa, a deixando com as coxas brancas e leitosas de fora, mas no momento que o fez se arrependeu. Torceu o rosto olhando para o círculo vermelho e roxo, envolta do lápis fincado até a metade, na coxa da garota. A aparência daquilo era algo repugnante, mais do que ver cem cães infernais copulando, o odor que exalava de lá não era do melhores, as veias em volta estavam altas e o icor escorria por uma fina linha, até o lençol da cama.

– Morda algo - Hades ordenou antes de segurar na ponta do lápis e o puxar.

Perséfone soltou um grito de dor, apesar de ter trincado os dentes o máximo que conseguiu, não tinha sido o suficiente. Lágrimas subiram em seus olhos e um gosto salgado lhe invadiu a boca, com toda a certeza do mundo iria chorar, só não daria esse gostinho a Hades. Ele a fizera sofrer, a tirará de sua casa e agora a tratará como uma criança sem limites, ele realmente não merecia sua lágrimas.

– Não tente fugir novamente, não vou ser bonzinho por muito tempo - murmurou o deus, transformando o lápis em pó - O jantar é as sete.

E dizendo isso Hades a deixou no quarto.

A perna de Perséfone agora parecia bem melhor, seu poder acelerado de regeneração e ainda o fato de ser uma deusa imortal contavam bastante nessas horas. Se levantou lentamente, com um leve desconforto na perna, nada mais que isso e se arrastou até o espelho mais próximo. Sua pele estava pálida, mais do que o normal, quase que aparentando uma grave doença, seus cabelos já não possuíam o mesmo brilho e seus olhos estavam rodeados por olheiras roxas.

Estou morrendo, foi o que a pequena pensou, mas deuses não morriam, não por doença.

Então lhe veio a mente que estava tão infeliz ao ponto de que seu próprio corpo já notará isso, dando as costas ao espelho olhou a cama, o lençol branco e imaculado agora possuía manchas douradas e sua própria perna estava pegajosa de icor. Optou por ir tomar um banho, uma vez que havia sido intimada para comparecer ao jantar.

De sua sala principal, Hades ponderava se havia ou não feito o certo quando aceitou ajudar seu irmão Zeus, bebericava um martini calmamente, enquanto seus pensamentos voavam longe. Lembrou-se da segunda vez que virá Perséfone, isso uns dois anos depois de sua apresentação aos outros deuses.

Hades não fazia questão nenhuma de demonstrar amor para com sua família e afins. Ele amava seu trabalho e isso já estava de bom tamanho. Mas, aquela garotinha era algo intrigante. Como, os deuses do Olimpo a aguentavam? Ainda mais agora com três anos e muitas remelas nos olhos, e claro, algumas melecas no nariz? Era sem sombra de dúvida repugnante, fora o fato de que ela chorava, e as vezes tanto que ele se perguntava como os mortais não ouviam.

A melhor parte de sua visita no Olimpo, era o inverno. Ah o frio, congelante e cortante, era tudo que Hades pedia, se possível nos 12 meses do ano, mas nada em sua vida como deus o preparou para um garotinha, de exatos três anos e olhos multicoloridos, que na certa havia fugido de Deméter e por um equivoco do destino ter parado na sua frente.

– Oi - a pequena disse, balançando as perninhas de um lado para o outro.

Hades torceu o rosto, Perséfone parecia terrivelmente adorável dentro de uma roupinha laranja de frio, um casaco azul e botinhas marrons, realmente um graça.

– Ocê não vai falar oi? - perguntou a pequena, puxando a capa do moreno.

– Sai - Hades murmurou, puxando uma das trancinhas da garota. - Suma daqui, praga.

E para a total surpresa, ou desespero de Hades a pequena Perséfone sorriu, mostrando que estava sem os dois dentinhos da frente e lhe estendeu os bracinhos. Aquilo de certo modo o chocou, e muito. Não era natural das pessoas, ou mesmo de deuses, lhe pedirem um abraço, a última que conseguiu tal feito foi Héstia e isso foi a muito tempo. Meio sem jeito, Hades a pegou no colo e a garotinha se embrenhou em seus braços e puxou seus cabelos negros.

Ainda espantado com o ato da pequena Perséfone, Hades a colocou no chão e olhou ao redor para ver se ninguém os observava afinal, não era bom para o deus dos mortos ser gentil.

Enquanto a água quente corria por suas costas, Perséfone lembrava das palavras de Hades, ele disse que não seria bonzinho por muito tempo, então se ele ainda estava sendo bonzinho, a deusa não queria nem saber quando ele deixaria de ser.

Após o banho tomado e devidamente vestida, Perséfone prendeu os cabelos em um coque e seguiu pelo corredor, andava sempre de cabeça baixa, não por respeito ou medo de Hades, longe disso. O fato era que odiava olhar para as paredes do castelo de mármore negro, as pinturas sempre retratavam a morte, em seu pior aspecto, quadros e mais quadros de pessoas sendo degoladas, desmembradas, queimadas, escaldadas, cortadas e por assim vai.

Aquilo causava arrepios na garota, que muito pouco sabia da morte. Enquanto descia as escadas e sentia o frio lhe assolar a pele, mesmo contrariando tudo que tinha pensado e até mesmo prometido, somente uma coisa passava na mente de Perséfone, ela deveria correr, correr para longe dali, correr das garras de Hades, antes que ela fosse só mais uma morte na parede.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois bem, pois bem, eu tenho uma meta para o próximo capítulo e algumas perguntas a fazer, será que posso?

A meta é, vocês são 36 leitores, eu queria dez reviews. Então é isso, cinco reviews para o próximo.

Agora as perguntas (e não deixem de responder u.u)
1- O que você quer ver em Circus? Digo, algo que queira que role por aqui.
2- Entre Hipnos e Thanatos, qual o melhor e por que?
3- Se você pudesse escolher, o que seria, céu ou inferno?

Beijos e aguardo vocês.