New World escrita por Dawn_Love, Stefany01


Capítulo 8
Ave atque vale


Notas iniciais do capítulo

Chaos! ^^
Capítulo 8 terminado em cima do prazo, mas aqui está~
Capítulo narrado pelo Riku, por sinal. Capítulo significa "Saudações e adeus" - algo que se fala quando um Caçador morre, em The Mortal Instruments, e parte de um poema (que aparece no capítulo, com tradução lá embaixo).
Espero que gostem~



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O que eu faço com duas garotas chorando?

Suspirei, observando elas abraçadas. Eu já tinha dito tudo que conseguia pensar, mas agora… Não podemos ficar aqui, do lado de um cadáver, em baixo de chuva e no meio de uma cidade destruída.

— Não queria ter que tirá-las daqui agora, mas… — comecei, desviando o olhar. — É melhor encontrarmos abrigo.

— Concordo. — Tê adicionou. — Vocês podem passar um tempo no meu… castelo. O tempo que precisarem…

Miko ergueu o olhar para mim, parecendo mais inteira que a Luna, mas mesmo assim, não muito boa. Seus olhos estavam vermelhos, e a expressão era de uma desolação que eu nunca pensei que fosse ver em seu rosto.

— Ele precisa de um enterro decente primeiro. — rosnou, parecendo machucada. Encolhi os ombros, concordando com a cabeça. — Ele não merece ficar solto no ar assim.

— Sim, se for do desejo de vocês… — suspirei.

— Façam o que quiser. Eu só quero passar mais um tempo com ele. — foi como um último suspiro. Sem controle, Luna voltou a chorar.

Cocei o rosto sem saber o que fazer, notando pela primeira vez em um bom tempo que eu estava só de cueca, na chuva e no vento. Olhei pra baixo com a cara franzida, mas logo Miko se ergueu para afastar a Luna do corpo.

— Luna. — chamou com uma mão em seu ombro. — Por favor, deixe que a gente o enterre. Antes que o corpo volte a… — estremeceu, e me perguntei sobre o que falava. — Volte a se decompor.

Ah. Isso. Concordei mentalmente que não era uma boa opção, e tentei ajudá-la a convencer a garota de cheiro de lua que passei a acompanhar (há menos de um dia!).

— Luna, odeio ter que dizer isso, mas é verdade. O corpo dele estava em um estado de decomposição avançado agora há pouco… Não sei quanto tempo vai demorar para voltar a ficar daquele jeito.

— Vocês estão com nojo ou o que? Ora, façam o que quiserem. Eu já falei que sim. — ela deu de ombros. — E… eu não consigo andar. Papai sempre me deixa fraca.

Mordi o lábio para não dar uma risada nervosa, e ajudei Miko a levantá-la.

Inccubus, segure ela. — entreguei pro maldito intrometido. — Deixe-nos cuidar disso, Luna. É difícil enterrar alguém com você em cima do corpo.

— Vamos Luna. — Tê a pegou no colo, levando para dentro do covil dele. Ela chorava, escondendo o rosto. Não sei mais o que fazer...

— Vem, Riku. Me ajude a cavar esse buraco. — Miko já estava abaixada. Caramba, ela faz tudo em tempo recorde!

Sacudi a cabeça e me agachei ao seu lado, observando-a se transformar na forma animal para cavar mais rápido. Segui sua ideia e me transformei também, sentindo a familiar sensação de ossos sendo triturados, antes de finalmente enfiar as patas e garras na terra para lhe ajudar.

Demoramos longos minutos, mas, quando terminamos, tinha no lugar um buraco de tamanho adequado para um homem adulto, o que já era mais que a altura do Dimitri, quase.

Voltamos à forma humana, e Miko se posicionou ao lado do corpo, que tinha os olhos fechados, apesar de eu não saber se ele os fechara ou se fora a Luna…

Ave atque vale, frater.¹ — murmurou suavemente, antes de empurrá-lo para o buraco. — Deveríamos dar a ele um funeral ou só um enterro rápido?

A encarei, tentando decidir se ela falava comigo ou sozinha. Levando em conta que ela me encarava, acho que era a primeira opção.

— Não sei. O que você quer fazer? — arqueei uma sobrancelha, não que eu saiba muito a diferença.

— Hm… — pensativa, girou de volta para o buraco. Observei seu vício nervoso de morder o lábio inferior, notando quão diferente ela parecia assim daquela jovem animada… — Certo.

Buscou na bolsa — quanta coisa cabe lá?! — um livro de capa surrada, jogando-o no buraco com ele, e saiu à procura de algo que não entendi o que era até vê-la voltar com a espada que ele usou em mãos. O fim dela foi o mesmo que o do livro, e logo tinha um corpo, um livro, uma espada e um anel no buraco. Ela sorriu satisfeita, apesar de triste, e começou a entoar em uma voz fraca:

“Multas per gentes et multa per aequora vectus

advenio has miseras frater ad inferias

ut te postremo donarem munere mortis

et mutam nequiquam alloquerer cinerem,

quandoquidem fortuna mihi tete abstulit ipsum.

Heu miser indigne fater adempte mihi

nunc tamen interea haec prisco quae more parentum

tradita sunt tristi munere ad inferias

accipe fraterno multum manantia fletu.

Atque in perpetuum, frater, ave atque vale.”²

Não reconheci o que era, mas soava como um poema. Reconheci as palavras do final, e entendi algumas, mas latim com certeza não era meu forte…

Ela terminou o rito, ou sei lá como é chamado, após jogar um pouco de terra nele, e a ajudei a cobrir o buraco.

— Enterrado. — lhe dei um empurrão no ombro, e ela sorriu bem pouco para mim, mas foi um avanço. Senti-me útil por isso, e a acompanhei ao covil do Tê.

Era um lugar agradável até. Mas não vou falar isso pra ele, claro… Ainda é o covil onde prenderam a Luna. E onde eu tive de usar um vestido!

O maldito estava desamarrando o irmão. Tinha me esquecido dele!

Mas a Miko não, pelo visto, porque ela saiu rosnando em direção a eles. E uma selvagem pulando atrás.

Oi? Quando a Lian chegou aqui? A última vez que a notei, ela estava correndo com a gente pra ver a origem do barulho…

— Miko, deixe ele. — pedi com um suspiro. — Não vai ser bom se tivermos que cavar mais um buraco. Apesar de eu concordar que esse maldito aí também poderia encontrar um lar sete palmos abaixo da terra…

Ela deu algo próximo a um ganido e resmungou para a selvagem. Girou para me encarar, ignorando completamente os irmãos, e acenou, na hora em que senti o cheiro de Luna chegar perto.

— Ei. Deu tudo certo? — perguntou Luna com um sorriso fraco.

Miko deu de ombros.

— Bem, não sei como não daria… — respondeu com um suspiro. — Está bem?

— É. Estou. Mamãe também ta aqui. — apontou, deixando Flora dar o ar de sua graça.

— Lamento pela perda, crianças. — diferente da primeira vez, agora ela já não estava mais tão… animada. — Mas vocês ainda tem que ir dormir! Nada melhor do que uma noite de sono depois de um dia ruim. — sorriu.

— Ainda não é noite! — resmungou Uni.

— Agora é. — como num passe de mágica, a deusa do sol resolveu esconder… o sol.

Observei Lian caminhar para o corredor dos dormitórios (ela entendeu o que a Flora falou ou só saiu com o sol?). Com um dar de ombros, segui atrás, procurando um cômodo onde pudesse descansar. Realmente foi um dia cansativo afinal. Aos poucos, um por um, com um coro de boa noite, seguiu pelo mesmo caminho, não abrindo a boca para falar sobre as ordens de Flora, que era uma deusa afinal, e que havia decidido passar a noite conosco.




¹ — Saudações e adeus, irmão

² — “Carregado através de várias nações e sobre muitos mares,

eu chego, irmão, para esses miseráveis ritos funerários

de forma que eu possa lhe presentear com um último tributo da morte

e falar em vão para as silenciosas cinzas,

uma vez que a Fortuna carregou você, você mesmo, para longe de mim.

Ai, pobre irmão, injustamente levado de mim,

agora, entretanto, não obstante, essas coisas que dos antigos costumes dos antepassados

são dadas como um triste tributo para os ritos

receba, pingando com muito choro fraternal.

E para sempre, irmão, saudações e adeus.”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Reviews, por favor? Se houver qualquer erro, me avise, por favor.
O Riku saiu meio estranho, mas acho que ficou parecido com o que eu tinha em mente...
Bem, obrigada por lerem~
Ciao, ciao! o/
Bacio! ;*



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