A tampa do Milk Shake caiu longe e tentei me desviar do que, mais tarde, viria à me atingir. Quando tentei desviar, me joguei pra trás e caí da cadeira em cima do meu braço. Sofie viu e veio correndo na minha direção.

– Você tá bem? Desculpa. - Ela tapou a boca.

Uma rodinha se formou à nossa volta. Quando viram que eu estava bem, se afastaram. Sofie e Isa me botaram sentado quando vi Clarissa se aproximando e se apoiando na cabeça de Sofie.

– Tá tudo bem aê? - Ela perguntou depois de beber um gole de refrigerante.

– Não sou seu apoiador. - Sofie tirou a mão de Clarissa de sua cabeça.

Clarissa ficou de joelhos no chão e pegou no queixo de Sofie.

– Eu vi tudo, então, me escute bem. Ou você cuida bem do seu amiguinho ou cuido eu. - Ela largou o queixo de Sofie, deu uma piscada para ela e veio até mim me ajudando a levantar.

Ficamos todos de pé e vi Sofie correndo. Fui atrás.

Consegui alcançá-la. A segurei pelo braço, mas ela se recusou a se virar então abracei-a por trás.

– Desculpa. - Ela disse com a respiração ofegante.

– Tudo bem, mas... por que você me odeia tanto? - Fechei os olhos.

– Jonna, você está usando a palavra errada. Não é ódio, é... - Ela não terminou a frase.

– Ciúmes?

– Claro que não. - Ela me empurrou e voltou para aula.

Pelo horas que seguiram eu não consegui falar com ela, ela me ignorava como podia. Na saída, Sofie saiu mais rápido do que eu e quando cheguei em casa ela não estava na dela. Mais tarde soube que ela tinha ido pra casa da Isa. Terça e quarta, Sofie faltou a escola. Na quinta, depois da aula, bati na porta da casa dela e a mãe atendeu. A mãe dela estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo apertado e usava uma blusa como se fosse vestido. Ela sorriu para mim.

– Entra. - Entrei. - Quem é você?

" Ela deixou eu entrar sem saber quem eu sou? " - Pensei.

– Jonna. Amigo da sua filha, Sofie. Ela tem faltado a escola então fiquei preocupado e vim visitá-la.

– Ah... - Ela desanimou. - Fez bem, fez bem. Suba e vá para o quarto dela. Sabe onde fica?

Assenti e subi as escadas. Tirei os sapatos na porta do quarto dela e abri a porta, subindo as escadas. Quando cheguei no topo da escada vi ela deitada. Tentei não acordá-la, mas tropecei em uma pilha de cd's que caíram no chão. Quando ela se levantou percebi o cabelo dela roxo.

– O que você tá fazendo aqui? Quem te deixou subir. - Ela parecia desesperada. Sua voz estava fraca.

– O que aconteceu? - Coloquei uma cadeira ao lado da cama dela. Olhei fixamente o cabelo dela.

– O que está olhando? - Ela perguntou. Segurei o cabelo dela na frente de seus olhos, para ela ver o que tanto me intrigava.

– Que que tem? Não posso pintar o cabelo? - Ela tirou o cabelo da minha mão.

Bufei.

– Por que fez isso?

– Por que eu queria, agora me dê licença. - Ela deitou na cama e se cobriu, virando pra parede. Um suspiro me escapuliu e sorri do nada.

– Você é linda.

– Como disse? - Ela se virou para mim.

– Você é linda. Não precisa tentar ser que nem a Clarissa.

Sofie sentou na cama e ficou virada pra mim, olhando para o chão. Aquela garota me enlouquecia. Passei a mão pela bochecha dela e parei no queixo. Me aproximei até sentir a respiração dela. Sofie se inclinou um pouco para trás, mas eu me inclinei para frente.

– Não...não faz isso. - Ela sussurrou com a voz quase sumindo. - Por favor...

– Desculpa! - Falei e a beijei. No começo ela tentou negar, mas depois acabou cedendo e me puxou para perto.

***

Duas semanas depois do beijo, Sofie me evitava. Não estava mais vendo ela em casa. E quando eu chegava em casa ela estava saindo com a mãe. Nas aulas ela sentava longe de mim e não falava com ninguém. Com o tempo percebi que ela estava ficando pálida. Ela tinha cortado o cabelo, agora estavam um pouco abaixo de seus seios. Um dia, quando cheguei da escola e vi ela saindo, a puxei pela mão. Sua mãe percebeu que eu havia parado Sofie, e para nos deixar a sós, continuou andando.