O Diário de Uma Garota Perdida escrita por Lost Girl


Capítulo 16
Você está bem?


Notas iniciais do capítulo

Hey, perdidos! Tudo bem com vocês? Bom, eu estou postando antes ( Sexta/sábado) para compensar as duas semanas sem postar. Não sei se domingo eu conseguirei escrever e consequentemente postar. Mas, tentarei da mesma forma. Agradeço imensamente a MrsCarina e a Lília Saboya que comentaram no capítulo passado. Temos três leitores novos ( Se eu contei direito... Hhahaha), então muito bem-vindos. Eu creio que é isso. Nos vemos lá em baixo ;)



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A porta se fecha. Meu sorriso se desmancha. Não vejo nada. O peso sai das minhas costas, mas eu ainda me sinto empurrada ao chão. Deslizo sobre a parede e sento. Fecho os olhos procurando um novo jeito de ver as coisas. Mas, novamente, ao abri-los, vejo exatamente o que eu via antes. O reflexo do espelho não cumpriu sua função. Não tinha como prever. Apesar de negar, eu sei que eu poderia continuar. Porém, não anseio isso. Gotas em vermelhos surgem. Isso é apenas o começo.

–Você está bem?- uma das CNTS toca em meu ombro. Odeio essa pergunta. Falsa. Ridícula. Vazia. Ela representa um nada. Não importa o que eu diga; ela simplesmente não é de verdade. Eu estou péssima. Tudo o que eu mais queria era estar em casa, no meu quarto. Se eu dissesse isso para qualquer um, eu provavelmente iria ouvir um consolo idiota. Tudo vai dar certo. Fique forte. Fecho os olhos. Definitivamente, isso não funciona mais. E quando para de funcionar, a esperança, tudo para de funcionar. Nada mais faz sentido. Você para e começa a querer que as coisas parem também: as tarefas, a escola, as pessoas, a vida. – Wendy, você está me ouvindo?

– Desculpa... Qual é a próxima aula?- perguntei, desviando do assunto.

– Biologia!- resmunga. - Eu acho que ele vai trocar nossos lugares. - disse se referindo ao professor, Tadeu. Assenti com a cabeça. Esta parecia que ia explodir. De novo. As pessoas falam alto demais. E falam sobre coisas desnecessárias. Riem de tudo. Comentam de tudo. É por isso que não percebem as coisas a sua volta.

– Bom dia!- exclamou Tadeu, chamando a atenção da sala que parou de conversar. - Bem, como vocês já sabem: novo semestre, novos lugares. – algumas pessoas começavam a reclamar. Faltam trinta minutos para eu finalmente sair da escola. - Está bem, arrumem seus materiais e fiquem de pé.

Juntei os cadernos e coloquei os lápis e canetas dentro do estojo, ficando de pé. Senti meu corpo ficar bambo. Como se um suspiro pudesse me derrubar. As vozes ficaram mais longes e as coisas mais turvas. O estojo e meus cadernos pareciam pesar o dobro do meu peso. Novamente, uma CNTS toca em meu ombro: “Vamos Wendy! O Tadeu falou que é para ir para frente”. Não tinhas forças. Mas, muitas vezes, mesmo quando não a temos, nós fingimos. E infelizmente, fingimos muito bem.

Encostei-me na lousa. Não conseguia ver o relógio. Não sabia quanto tempo ficaríamos aqui ainda. Eu espero que seja rápido. As pessoas começavam a se movimentar. E, sem qualquer surpresa, eu continuei ao lado de uma CNTS. Conforme o tempo ia passando, minha cabeça parecia que ia explodir. Não consegui ficar. Pedi para ir à enfermaria. O caminho era curto e sem muitos atrativos. Tudo parecia creme. Como se eu tivesse me afogado em um balde de sorvete de creme. Porém, sem o maravilhoso gosto. Apenas, o frio.

A sala, desta vez branca, estava vazia. Sem, até mesmo, a própria enfermeira. Sentei em um sofá também branco e confortável. Meu cabelo caiu sobre meu rosto, minhas pálpebras se fecharam, deixando-me na minha tão conhecida escuridão. Estava quase dormindo, quando um maldito barulho fez com que eu levantasse. Era Pedro.

– Desculpa. Não queria te acordar. - assenti com a cabeça. Não queria falar. Talvez, se eu o fizesse, derramaria não só lágrimas, mas eu mesma. – Você está bem?- Novamente, a mesma pergunta. E cada vez que eu a escuto, o ódio parece aumentar. Totalmente sem escala e qualquer tipo de controle. Seria tarde demais fingir que eu estou dormindo?- Ei, eu falei com você!- disse, elevando a voz.

– Não, porra!- gritei no mesmo tom que ele. O relógio dizia que faltavam dez minutos para o fim das aulas. Levantei do sofá, deixando-o lá. Inquieto. Irritado. E talvez, culpado. Não esperava que este corresse atrás e pedisse desculpas. Por mais que a culpa doa, dói mais ainda tentar concertar algo que não tem concerto. É frustrante tentar; é mais fácil conviver com a culpa.

Andei sem pressa. Parecia que o balde de sorvete havia derretido e transformado-se em uma massa que dificultava tudo. Inclusive, os meus pensamentos. Eu ainda estava zonza. Minha cabeça continuava prestes a explodir. Fui ao banheiro. Colocaram um espelho novo. Intacto. Nem parecia que antes havia um quebrado. Talvez eu precisasse de uma nova alma, outro fim, um recomeço.

O sinal tocou, assustando-me. As pessoas começavam a surgir. Falando. Rindo. Vivendo a merda perfeita. Esbarro em muitas tentando chegar até minha sala. Elas não se importam em bater “sem querer” em mim. Elas estavam com pressa. Eu estava aliviada. Pego minhas coisas e saio da sala vazia. Avisto Pedro caminhando no corredor. Desvio meu trajeto. Odiaria encontrá-lo.

Boi Wendy saindo do matadouro. Eles definitivamente não se importam. Sou mais uma que morre todos os dias aqui e ninguém vê. Entro no carro da minha mãe. Ela está ocupada falando ao telefone. Em poucos minutos, estacionamos em casa. Pego minha mochila e entro no meu quarto. A porta se fecha. Meu sorriso se desmancha. Pergunto quantos dias irei viver sentindo-me morta ou quantas vezes terei de me esconder quando perguntarem se está tudo bem.


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Notas finais do capítulo

E aí, acharam um cobre? Bem, eu espero ver a opinião de vocês nos comentários. Almas que ainda não o fizeram nem uma vez, está ai um momento legal de se fazer ahahahha Adoraria sugestões... E é basicamente isso. Novamente, MrsCarina e Lília Saboya muitíssimo obrigada por comentarem e me apoiarem. De verdade. Só agradeço. Espero ver vocês em breve.
Mil Beijos :)))



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