Até o fim escrita por Isabella Cullen


Capítulo 5
É a vida que não tive ou não tive vida?




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Sue não iria ver Isabella até a tarde, ela ficou inquieta a manhã toda pensando em Edward e Isabella.

– O que está incomodando você amor?

– Você ontem percebeu o clima?

– Isabella e Edward?

– Foi meio nítido, acha que eles estão juntos?

– Querendo pelo menos. - Ela fechou a cara.

– Por que você está assim? Deixa a menina Sue! Você e Renné tem a mesma mania, ela não pode isso... não pode aquilo...cuidado com aquilo ali... Ela foi controlada e monitorada a vida toda.

– Edward não presta!

– Também acho, mas desilusão não mata!

– Não é sua filha por isso!

– Leah vai precisar aprender a escolher, eu não vou poder impedir isso. Só aconselhar. E outra, também me preocupo, mas acho que ela teve uma vida muito diferente para agora você querer se meter isso.

– Ela teve o melhor que nós pudemos dar!

– Vamos admitir que Reneé a criou para ser uma solitária igual ela!

– Não criou não!

– Ela tem 20 anos e o assunto namorado nunca surgiu... nem nunca ouvi falar nela se interessando em nada além de estudos, viagem ou intercâmbios. Ela precisa viver!

– Que viva fora desse país com outra pessoa!

– Agora você falou igual a Reneé.

– Você nunca vai entender que ela corre perigo, que ela deveria estar morta igual a mãe por um pai psicopata!

– Eu entendo isso, só não entendo porque não pode viver.

– Ela vive muito bem!

– Só você não percebe como ela se sente bem aqui conosco, com as crianças. O quanto parece ter sido privada de uma família normal, um relacionamento sadio ou até mesmo de uma vida não baseada no pai psicopata. Você precisa admitir que exagerou na dose, vocês duas! Mandar a garota para um colégio estranho na Alemanha, não deixá-la nem passar perto de Los Angeles . Deus me livre namorar!

– Não foi bem assim que as coisas aconteceram.

– Não? – o tom sarcástico irritou ainda mais Sue. Ela não queria admitir, mas Reneé e ela tinham exagerado.

Edward estava pensativo na aula de História do Direito. Ele ficou pensando que Isabella poderia não gostar dele porque a fama sempre ia à sua frente. Algo bom quando se tratava de amigos e farra, mas agora parecia errado. Ele seria errado para ela, mesmo sem conhecer Isabella sabia que ela não poderia ter feito tantas besteiras quanto ele... ela parecia correta demais, relembrou a conversa sobre bebida e direção, ela o fez parecer tão irresponsável. Nem sua mãe tinha conseguido algo assim. Edward pensou nas suas atitudes e nas possíveis histórias que poderia ter ouvido, nenhuma a animaria a ficar com ele. Na aula de Latim ele tentou se focar no slide que a professora estava mostrando, mas não foi nada mais que minutos de atenção frente às horas de verdadeira decepção com ele mesmo.

Numa manhã de segunda Isabella não resistiu aos próprios pensamentos e foi correr até onde tinha encontrado Edward na última vez. Ela não sabia ao certo o que iria fazer caso o encontrasse, mas não queria mais adiar o inadiável. Ela tinha certeza que iria encontrar com ele qualquer hora, que fosse numa hora que pudesse explicar a loucura do outro dia. Chegando perto da onde tinham se encontrado ela abaixou o volume o iPod, caso ele chamasse por ela. O plano era parecer distraída caso isso acontecesse, fingir coincidência. No entanto a corrida não deu em nada. Edward não estava ali e nem em lugar nenhum na praia. Cansada e com muito calor ela entrou no condomínio, passou olhando para a porta da casa dele, mas não tinha ninguém a vista também. Tomou um banho rapidamente e foi pintar os seus quadros estavam mais claros, as cores vibrantes e técnicas mais elaboras ajudavam a distrair. Ela queria muito não pensar em Edward na frequência que pensava e sua tentativa de não encontro não tinha dado um resultado positivo. Teria que refazer os planos, talvez correr outros dias ou... a porta. Carmem bateu na porta.

– Pode entrar.

– Bom dia Isabella. Correspondência.

– Deixe no meu quarto, já estou terminando.

Ela ainda enrolou um pouco antes de ir para seu quarto, o quadro estava quase pronto. Com as mãos ainda um pouco sujas ela folheou a pilha de cartas e viu um envelope prata. Limpou as mãos rapidamente na calça jeans. Era um convite para um jantar beneficente, não entendeu quem poderia tê-la convidado. Procurou pelo quarto o celular e ligou para Sue.

– Sue eu recebi um convite...

– O jantar beneficente, eu sei. O nosso também chegou hoje.

– Mas eu não sei quem poderia me convidar.

– A Esme que está organizando, ela provavelmente imaginou que você iria conosco.

A mãe de Edward a convidou, ela olhou a data e percebeu que tinha sido convidada de última hora. Era daqui a duas semanas.

– Fomos convidados de última hora.

– Não, ela me avisou que os convites iam atrasar, na verdade o de todo mundo chegou hoje. A filha do embaixador francês acabou de ligar perguntando se eu levaria as crianças.

– Eles vão?

– Ainda estarão fazendo os exames finais. Não quero deixá-los dormirem mal.

– Aqui diz que o traje é de gala.

– É um evento muito importante aqui na cidade.

– Será que eu...

– Ele não vai estar lá não. Charlie já verificou.

– Como assim Charlie já verificou?!

– Quando eu soube que você ficaria mais um tempo eu o mandei verificar a lista de convidados de alguns eventos que eu e Billy pudéssemos ser convidados. Esse com certeza estava na lista, vamos todos os anos. E seu pai nunca foi, mas o mandei verificar. Ele não é convidado há uns anos.

Isabella estava surpresa demais para expressar alguma coisa.

– Você quer que eu te ajude com a roupa?

– Não... acho que.. Jacob estará aqui nesse final de semana. Vou levá-lo como acompanhante.

– Que bom! Você anda meio sem companhia. Será bom ele vir aqui.

– Acho que vou pedir para ele pegar um vestido que encomendei antes de vir. Deve servir.

– Hum... qual a cor?

– Azul. Adoro essa cor.

– Combina mesmo com você.

– E você quer ajuda?

– Esse evento é muito cotado, encomendei o meu há uns meses atrás.

– Vou precisar da caixa que está no cofre.

– Vou buscar amanhã de tarde para você ver se algo interessa.

– Não precisa ser amanhã não.

– Preciso ir, vou dirigir e não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo. Passa aqui de noite.

– Tenho uma reunião com uns acionistas. Estou cansada disso!

– Estamos em momentos de adaptações, depois você vai conseguir administrar melhor, ver suas prioridades e assim ir a reuniões mais importantes. Agora é importante manter a presença e se fazer ouvir. Reneé sempre foi muito participativa.

– Toda vez que entro numa sala ou começo uma reunião percebo as expectativas quando me apresento. Ela deixou um grande legado no mundo dos negócios. Vou lá, preciso de um banho.

Isabella ficou pensando no grande evento que iria, estava acostumada a tudo isso, mas nenhum evento tinha Edward. Se ele tivesse uma namorada ela estaria ali e poderia conhecê-la, imaginou que ele gostasse de loiras. Imaginar ainda não descreve, ela tinha certeza que se houvesse alguém seria loira, isso assustou um pouco. Por que ela tinha tanta certeza? Quem estaria do lado dele? Sozinho ele não iria. Alguns amigos de bebida também estariam ali, no mundo poucos são os que se envolvem com pessoas que não tem o mesmo gosto ou senso de humor. Então ali deveria haver no mínimo metade dos amigos de farra dele. Jacob estaria ao lado para conseguir aguentar uma noite de conversas sem graça e apresentações. Assim que saiu do banho longo foi ligar para Jacob. Ele ficou animado com a festa, no geral ele ficaria animado com tudo, era alguém no mínimo animado.

– Claro que não vou me esquecer de passar no seu apartamento. Peça para Jane deixar a chave no lugar de sempre, por favor, isso vai facilitar as coisas.

– Você comprou esse vestido comigo, acha que...

– Vai ficar linda! Essa é a melhor escolha. Que bom que você me avisou hoje, terei tempo para me preparar.

– Não vá com nada extravagante, não podemos chamar atenção. Nada de ternos rosa ou aquele azul metálico!

– Sei ser hétero melhor que eles!- ele soltou uma gargalhada alta e Isabella lembrou-se de uma festa que ele fingiu ser o namorado dela para afastar um admirador grudento em Londres. Sabia que ele estava lembrando do beijo que ele deu nela numa hora imprópria, passando a mão pela sua cintura e quase chegando na sua bunda. Sendo interrompido antes que chegasse lá.

– É para se comportar Jacob.

– Sempre me comporto, sou um cavalheiro.

– Eu que o diga.

– Mas me conta mais sobre esse Edward.

– A Claire não sabe ficar de boca fechada!

– Ela falou alguma coisa sobre você finalmente se apaixonar, isso é novo.

– Eu não estou apaixonada, só gostando eu acho.

– Finalmente você vai conhecer o amor.... o amor minha linda! Aquele que fez Romeu e Julieta morrerem ou melhor...- Isabella ficou assustada com a comparação, Romeu e Julieta, no que ele poderia estar pensando?

– Nada disso! Eu nem sei direito o que é isso que estou sentindo e se for algo nesse sentido não sei se ele sente o mesmo.- A voz de Isabella ficou mais triste. – Até onde sei ele é um desses que não tem nada na cabeça. Não é como nós Jacob.

– Acho que você está julgando um livro pela capa.

– Talvez, ele bateu bêbado com o carro no meu carro. Você queria que eu pensasse o quê?

–Que ele precisa de você na vida dele.

– E eu preciso disso na minha vida?

– Precisa! E muito! Isso que você chama de vida só passou de um esboço mal feito. Você sempre foi alguém responsável, perfeccionista e estranhamento madura! Você só tem 20 anos e nunca... nunca aproveitou nada de maneira natural.

– Como assim? Eu me divirto muito com vocês, nós sempre fomos tão divertidos.

– Nós sim... mas você parecia sempre aguardando algo... se preparando para algo...Não sei, simplesmente é diferente.

Isabella pensou muito naqueles dias. Tinha certeza que Jacob tinha em partes razão, ela nunca realmente se deixou levar por emoções, criou barreiras indestrutíveis e viveu ao redor das histórias de seu pai. Lembrou-se de Reneé explicando sua história quando ainda era muito pequena para entender a gravidade da situação, dos pesadelos dele a seguindo ou fazendo mal aos seus amigos. O medo sempre foi seu maior companheiro, ela deveria estar preparada para o caso dele a descobrir, deveria estar preparada para a vida que aguardava fora da escola, deveria estar prepara para tantas coisas que tudo ficou cada vez mais claro. Ela nunca realmente viveu, só sobreviveu. Sobreviveu na barriga da mãe, no caminho para o convento e depois com Reneé, só foi instruída de tudo que poderia ou não, de suas possibilidades. Ela não tinha ainda aproveitado, saboreado ou vivido.


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Notas finais do capítulo

Eu percebi que tinha meninas perguntando pelo Charlie... acho que ficou um pouco mais claro... um pouco só! kkkkkkk E agora meninas? Viver ou sobreviver? Romeu e Julieta?! Isso me assustou! E a vocês?



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