As aulas acabam de terminar para a pausa de almoço na Escola Privada Okane. Os alunos dirigiam-se todos para a cantina ou para o bar. Era não só a hora de pausa como também a de mais confusão, perfeita para os corajosos que tentavam a sua sorte em tentar sair.

Desde que o novo Diretor assumira funções que a segurança da escola estava muito mais apertada e apenas os "suicidas" se atreviam a tentar sair.

Anne encontrava-se numa mesa sozinha a terminar o almoço. Precisava de sair o mais rápido possível se queria chegar antes da hora do recolher.

Hinaichigo acerca-se da mesa de Anne com o tabuleiro na mão.

– Olá, posso sentar-me?

A rapariga observa-a atentamente.

– Senta-te.

Sorridente Hinaichigo ocupa a cadeira de frente para Anne.

– Então costumas almoçar sozinha?

– Às vezes.

– Não te importas?

– Nem por isso.

– Oh, interessante.

– Se o dizes.

Hatanne vai até elas acompanhado por Renan. Os quatro encaram-se em silêncio. Anne e Renan desconfiados, Hinaichigo furiosa e Hatanne confuso.

– Viemos confirmar que estavas por aqui. - Diz Hatanne a Hinaichigo afim de quebrar o silêncio desconfortável.

– Quantas vezes é que eu já disse que não preciso que andem sempre atrás de mim?! Não acredito que te juntaste com ele Hatanne!

– M-Mas... Eu só o trouxe comigo porque ele perguntou por ti. - Hatanne suspira tristemente.

– És demasiado inocente Hatanne. Não vês que ele só quer saber o que eu ando a fazer para ir contar ao meu pai?!

Aproveitando a discussão Anne levanta-se e afasta-se discretamente escondendo-se por entre a multidão.

Quando os dois jovens se dão conta da ausência de um dos indivíduos que lá estava Anne já se encontrava fora do edifico.

– Onde está a Anne? - Hinaichigo olha em volta.

– Saiu há um bocado. Se parasses de fazer escândalo tinhas visto. - Responde Renan sarcástico.

– Morre seu lixo!

Anne mete o seu plano em ação. Fugir pela parte menos vigiada da escola, os campos de ténis. Àquela hora do dia estavam sempre desocupados e quase ninguém passava por lá.

Para azar de Anne dois sujeitos seguiam-na desde que saíra da cantina. Isso iria atrasá-la.

Visto que fugir seria inútil a rapariga pára no meio do campo. Dois rapazes aparecem, cada um por um flanco.

– Ouvimos dizer que o teu pai é um dos manda-chuvas daqui da escola.

– É mentira. Aposto que os vossos pais são muito mais ricos.

– Até és bonita. Podias ser-nos muito útil. Não te irias arrepender fofa.

Anne dá o sorriso mais falso que alguma vez fizera. Já estava a ficar demasiado enervada e sem paciência. Aproveitando a distração daqueles dois idiotas Anne ataca.

Estando os dois inconscientes a rapariga, satisfeita consigo, prepara-se para finalmente sair quando ouve os funcionários da vigia a aproximarem-se. Em ato reflexo Anne deita-se no chão passando por estar inconsciente também.

Os funcionários ao verem a situação correm para avisar o Diretor que chega momentos depois.

Ao observar atentamente a cena Ryu sorri para si mesmo.

– Ora, ora. Que situação bizarra. Acho que vou esperar aqui até algum deles acordar. Está tanto calor hoje... Vou tirar a roupa um bocadinho. - Ryu começa a desapertar os botões da jaqueta.

Anne levanta-se abruptamente.

– Não se atreva seu pedófilo!

– Oh, e eu a pensar que estava desmaiada Miss Anne.

– Não se faça de parvo, Sr. Diretor.

Ryu sorri.

– Fazia conta de sair Miss Anne? É que só se pode sair nos fins de semana.

– Tenho algo a fazer que não pode esperar.

– Hum... Aceitaria uma proposta?

– O que seria?

– Se me vencer deixo-a sair amanhã.

Um sorriso insinua-se nos lábios de ambos.

– Venha!