"Como é que isto chegou tão longe?!".

Desde que entrara naquele consultório Raven tentara manter-se o mais afastada possível daquele homem que se dizia ser médico, mas sem se aperceber, uma fração de segundo de distração, ficara encurralada entre ele e uma parede. Tentara usar uma das facas que trás sempre consigo mas fora desarmada num piscar de olhos.

Incubo encarava-a com malícia. As difíceis eram sempre as melhores.

O médico começa a subir a camisola da serial killer. Os dedos gelados tocavam a pele causando arrepios. Com um olhar cada vez mais feroz o médico começa a desapertar as calças a Raven.

No seu subconsciente ela só pensava que seria estuprada naquele consultório. Imagens de quando estava presa surgiram-lhe na memória. Ela matara criminosos selvagens e impiedosos sem pensar duas vezes com as próprias mãos e agora perante aquela situação estava a deixar-se vencer? Deixar-se vencer por um tarado sociopata? Ela era Raven, a serial killer mais perigosa da história, não se iria rebaixar perante um tipo como aquele!

Numa onda de fúria a mulher afasta as mãos do médico de si e dá-lhe um pontapé no estômago. Ao curvar-se perante a sensação da dor Raven finaliza com um golpe na cara que faz com que o médico caía no chão inconsciente.

Quando acorda vê-se deitado no chão com a sua suposta paciente sentada numa cadeira a observá-lo.

– Muito bem, apanhaste-me. Vejo que és diferente das outras que vem aqui.

– Os únicos favores que preciso de si, Dr., é que me veja a perna.

Incubo aproxima-se cauteloso. A cabeça doía-lhe e parecia que tinha comido um monte de pedras.

Com cuidado retira o penso. Raven tinha feito questão de cortar as calças à volta do penso para não ter de as tirar.

Com um pouco de água oxigenada e outro desinfetante que Raven não reconheceu ele desinfetou melhor a ferida e fez um penso mais cuidado.

– Quem te fez os primeiros socorros fez muito bem. Se não tivesse retirado a bala poderia infetar.

– Por falar nisso, tenho algo para si. - A serial killer levanta-se e entrega o envelope.

– De quem é?

– Da Informadora.

Incubo faz um olhar de espanto por segundos. Depois de recuperar sorri.

– O pagamento?

Raven mete duas notas na secretária.

Sorrindo o médico pega nas notas e atira-as para a trituradora de papel.

– Não aceito dinheiro. Mas um beijo...

Raven aponta-lhe a faca.

Com um sorriso ainda maior ele desarma-a e deita-a sobre a secretária. Os seus lábios estão quase a tocar-se. Raven contorce-se. Escassos milímetros os separam. Por fim...

A porta é arrombada e Kenji aparece no campo de visão de Raven. Ouve-se um suspiro de alivio por parte dela.

– Temos de ir.

Sem cerimónias eles os dois correm deixando Incubo na expetativa.

– O que aconteceu barman? - Raven corria atrás de Kenji em direção ao carro.

Minutos antes...

Sam ia a caminho da vila Red. Andava a entregar as notificações para a reunião.

Ao cruzar a fronteira é imediatamente intersetada. Um homem vai até ao carro dela e bate na janela.

– Perdoe-nos a rudeza Informadora mas temos noticias.

– Diz.

– Anda uma assassina a fazer perguntas nas vilas sobre a serial killer.

– Hum... Sobre a Raven?

– Exatamente.

– Onde é que ela está agora?

– Foi em direção a Black.

– Merda! Obrigado.

Com uma vénia o homem desaparece.

Sam pega no telemóvel:

– Estou? Kenji sou eu. Saiam de Black já! ... Para o bar não. Vão para Yellow. ... Vão até ao Johnathan. ... Agora! ... Andam atrás da Raven. ... Não interessa! Vão JÁ!

O carro é ligado e a trajetória totalmente alterada. Com algumas manobras violentas Sam segue para Yellow.

– Malditos! Sempre a fazer merda nas minhas costas. Morram!

Agora...

– Para onde vamos? - Raven cada vez entendia menos e a falta de resposta de Kenji não estava a ajudar.

O Ferrari arranca a 150km/h para fora de Black. A perseguição havia começado.